sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ANTES QUE O ANO TERMINE...


Pr. Raul Marques


Ufa! Quase tiramos este ano de um só fôlego ou, quem sabe, ele foi tão intenso que nem nos demos conta de que estava chegando ao fim... Em apenas alguns dias ele findará, e teremos cumprido mais uma etapa da nossa existência. Lembro-me perfeitamente da mística que aureolava a chegada do ano 2000. Lembro-me até de um cantor popular que dizia a plenos pulmões: “Só pretendo morrer depois de 2001...”. Mas, como tudo na vida passa – e é bem melhor que seja assim! -, estamos testemunhando a passagem de mais um tempo. Não podemos e nem devemos, sob quaisquer pretextos, ficar murmurando cantigas de chororô, revivendo páginas de melodrama ou, quem sabe, amedrontados com o espectro do que poderia ter sido e não foi. Estamos nos aproximando da reta de chegada de um novo ano, quem sabe, cheios de anseios, dúvidas, indagações, certezas, e até medos. Sim, medos do amanhã; medos do porvir; medos do desconhecido, etc.

Antes que o ano termine, vamos analisar o nosso balanço de perdas e danos? Vamos em seguida virar a página e nos debruçar sobre os resultados dos nossos investimentos e das aplicações realizadas? Apesar de parecer óbvio, não estou me referindo a dados econômicos ou financeiros, estou buscando por registros da emoção, da espiritualidade, da personalidade, da ética, do “não-ceder” às seduções baratas e aviltantes; do não se deter diante das falácias e das adversidades; de não se achar recalcitrante, etc.

Antes que o ano termine, vamos voltar a pensar naqueles amigos que por mais que o tempo passe não consegue apagá-los da nossa lembrança! Daquelas pessoas que entraram em nossa história de uma forma não tão significativa, mas passaram a significar tanto prá nós! Vamos rememorar fatos que permitam o deleite! Vamos dizer exatamente como disse Jeremias: “Quero trazer à memória somente aquilo que me dá esperança” (Lm 3.21).

Antes que o ano termine, vamos elevar os nossos olhos para o monte; é de lá que nos vem o socorro! Vamos caminhar na perspectiva de que tudo o quanto nos vier às mãos para fazer, faremos, para a glória de Deus! Vamos prosseguir de tal modo que, ainda que o cálice seja amargo, ainda assim o beberemos! Vamos persistir, ainda que a figueira não floresça! Vamos continuar a caminhada, mesmo que nos façam andar a segunda milha!

Antes que o ano termine e o sol chegue a se pôr sobre a nossa ira, perdoemo-nos; sabedores de que, no que depender de nós, devemos ter paz com todos os homens! Antes que o fio de prata se arrebente, voltemos o olhar de misericórdia àqueles que nos feriram, conscientes de que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, contra os principados e potestades! Antes que nos venha o dia mal, busquemos ao Senhor com todo o nosso entendimento! Antes que alguém nos fira um lado do rosto e sejamos obrigados a oferecer-lhe o outro, oremos para que ele desista dessas atitudes e se converta verdadeiramente!

Por tudo isto, e antes que chegue o novo ano, FELIZ ANO NOVO, agora e sempre!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Quando a Igreja faz sentido

Pr. Raul Marques


O neoliberalismo e o capitalismo selvagem instalados no mundo atual, sobretudo nos países do Terceiro Mundo, e mais especificamente na América Latina onde nós estamos inseridos, têm afetado as famílias e as instituições na nossa sociedade de forma brutal e desconcertante, trazendo incontáveis prejuízos morais, sociais, psicológicos e espirituais sem precedentes. As mazelas advindas da descaracterização da família são responsáveis pelo desmoronamento da fé necessária e sadia, e da impotência da Igreja diante do caos social manifesto através das sandices culturais escondidas atrás da cortina da chamada modernidade. Afinal de contas, de que mais se ressente a Igreja atual? De que mal está acometida a Igreja hoje? Certamente que estas questões só podem ser respondidas a contento à luz do verdadeiro e único manual de conduta e postura cristãs, a Bíblia Sagrada.
O livro de Atos dos Apóstolos (ou Atos do Espírito Santo através dos apóstolos) nos dá a dimensão exata de como uma sociedade passa a fazer sentido através da compreensão das ações de Deus na vida humana. Após sete semanas da ressurreição de Jesus Cristo ocorreu o Pentecostes. Muitos que haviam se maravilhado com os milagres de Jesus, e muitos dos que haviam se comprometido com o Seu plano de mudança de vida, já se tinham dispersado por medo ou por pura incredulidade. Mas, alguns ainda se mantinham unidos à espera de que se concretizassem as promessas do mestre Galileu. O mundo da época era semelhante ao nosso: muito pecado, rebeldia, distanciamento dos padrões da fé, escravidão política, queda moral, caos social, etc. Todos ansiavam por mudanças, mas ninguém queria começar por si mesmo; alguma coisa teria que cair do céu... E, como toda resposta às nossas inquietações só pode vir de cima, Deus agiu trazendo a elucidação dos fatos através de Pedro, naquilo que o Espírito Santo já havia prometido ao profeta Joel, cerca de 820 a.C, fazendo com que as pessoas se voltassem para o verdadeiro sentido de vida comunitária através da experiência da fé e da transformação de seus pensamentos.
Depois da manifestação sobrenatural de Deus e da perplexidade dos discípulos, que logo instigaram multidões que indagavam sobre o que estava acontecendo, veio o sopro do Espírito Santo sobre todos eles trazendo unidade, fé, esperança e significado de vida verdadeira. Foi assim que Lucas viu e registrou através destas palavras: “
Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão, louvando a Deus. A cidade inteira tinha simpatia por eles, e cada dia o próprio Senhor acrescentava à igreja todos os que estavam sendo salvos” Atos 2.46-47. Neste exato instante a comunidade da esperança começou a fazer sentido. A vida pessoal começou a ter significado. A fé começou a operar mudanças: todos agora tinham desejo e alegria de estarem juntos todos os dias; faziam questão de compartilhar as refeições; estavam juntos e comprometidos com Deus através da oração e da comunhão. Todos estes fatos fizeram com que a cidade inteira simpatizasse e se mostrasse interessada na verdadeira igreja que se formava em toda a sua pujança e plenitude. Somente assim faz sentido ser Igreja. Somente assim Deus se agradará de nós!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

FELIZ NATAL!

Pr. Raul Marques


Se você não sabe exatamente o dia em que eu nasci, mas lembra de mim para celebrar comigo a minha existência, isto é o bastante; a data é um mero detalhe, o que conta mesmo é a lembrança e o significado dela. Não pode ser diferente com relação à celebração do Natal de Jesus Cristo. Não sabemos ao certo a data em que Ele nasceu, no entanto, o que realmente importa é o fato incontestável e sobrenatural de que ELE NASCEU, e nós nunca devemos esquecer isto.
Pois bem, chegamos à época em que todos voltam suas lembranças para o maior e mais sublime acontecimento da história humana: o nascimento de Jesus Cristo, o Verbo de Deus! Ele veio trazer alegria a uma pequena família da região de Nazaré, na Galiléia, que na sua simplicidade e dignidade pôde também celebrar este fato com os Magos do Oriente, pastores do campo e vizinhos da hospedaria onde estavam instalados. Não houve registro deste nascimento nos anais cartorários. Não foi expedida nenhuma Certidão de Nascimento daquele garoto. Entretanto, ninguém no mundo consegue atrair para si tanta lembrança do seu nascimento.
Portanto, independentemente do que possam pretender argüir, sob o pretexto da religiosidade ou intelectualidade teológica, registre-se o fato incontestável de que mundo não esquece a boa nova do natal de Cristo.
Àquela época José e Maria jamais poderiam supor que o garoto nascido de forma tão humilde, porém sobrenatural, viesse a se tornar a pessoa mais conhecida na terra, sobretudo pelos seus feitos de amor e de generosidade. Sabiam, no entanto, que lhes havia sido anunciado por anjo – emissário de Deus – como está registrado no Novo Testamento: “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” Lucas 1.30-33. Nascia ali o Salvador da humanidade, o rei cujo reino não teria, jamais, fim.
Desta maneira, a todos os que têm alegria em celebrar o nascimento do Amigo Verdadeiro, daquele que é o Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz, desejo compartilhar os mais sinceros votos de um Feliz Natal!
Feliz Natal aos que nunca acharam amigos verdadeiros; Feliz Natal aos que nunca encontraram apoio fraterno; Feliz Natal a todos os que foram deixados para trás por tantos que lhes diziam amar; Feliz Natal aos que se descasaram mesmo tendo prometido amor eterno; Feliz Natal aos que já possuíram um lar e hoje dividem os mosaicos das calçadas da vida; Feliz Natal aos que vivem presos nas igrejas pensando ter encontrado a liberdade sonhada; Feliz Natal às mulheres que pensando que agradam a Deus vivem como serviçais no casamento, recebendo apenas a humilhação de maridos que tão somente as vêm como objeto sexual; Feliz Natal às mulheres que mantêm a aparência de relacionamentos já destruídos, tão somente porque não vêm saídas para sua sobrevivência com os filhos; Feliz Natal para as crianças que foram abusadas fisicamente por adultos doentes e perversos; Feliz Natal para os que pensam conhecer a Jesus celebrando um natal (?) mercantil; Feliz Natal, enfim, para todos nós, crentes ou ateus, bons e maus, para que, sobretudo agora nesta época que chamamos de NATAL, entendamos duas coisas de vital importância para o mundo inteiro, sobre Jesus:
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” João 1.11-13; e
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” João 15.5.
FELIZ NATAL a todos os que nos acompanharam neste Blog durante este ano de 2010, na esperança de que em 2011 nos encontraremos outra vez refletindo os registros de Amor e de esperança em Jesus Cristo, o autor da nossa fé!

sábado, 20 de novembro de 2010

DE TODO CORAÇÃO...

Pr. Raul Marques

Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor…” Jeremias 29.13-14

Esta semana eu vivi algumas das experiências mais incríveis da minha vida! Não que elas não houvessem ocorrido em outros tempos ou ocasiões, mas, sobretudo, porque a natureza dessas experiências transcende às nossas expectativas mais positivas. São situações limítrofes entre a necessidade e o desespero por soluções às mais turbulentas e terríveis que se possa encontrar. Como afirma o pregador em Eclesiastes 3, “há tempo para todo propósito debaixo do céu”, e naquela Quarta-feira Deus havia planejado o meu encontro com uma família em vias de separação. Confesso que o meu coração ardia quando me dirigi ao lar daquela família, pois havia um misto de fraqueza e força... Fraqueza, porque eu tenho consciência das minhas enormes limitações; força, porque sentia que quem me impelia era o Espírito de Deus. E lá fui eu, depois de um dia exaustivo de trabalho, buscando atender a mais um chamado do Senhor.

Ao penetrar no seio daquela família senti o peso do clima, da atmosfera aziaga, dos sinais evidentes do caos e da desordem dos sentimentos. Sentei-me, após os cumprimentos iniciais, e me ofereci para ouvir, tentar compreender e, pela ação do Senhor, sugerir ações que pudessem nos levar à reconstrução dos escombros.

Ouvi desabafos e acusações de pessoas profundamente feridas, machucadas pelas ações e pelas omissões; e vi lágrimas que disseram muito mais que palavras... Percebi o quanto abandonamos a Deus nas horas de maior desespero, porque esquecemos facilmente do seu amor incondicional e do seu perdão terapêutico.

Depois de ouvir a todos, sugeri que orássemos ao Senhor, e lembrei-lhes daquilo que Deus havia mostrado ao profeta Ezequiel – o vale de ossos secos (Ez 37) -, e orei invocando o poder que há no nome de Jesus, afirmando-lhes que, se cressem, toda aquela situação poderia ser mudada. Depois de tomar um café, sentindo ainda aquela mesma atmosfera indesejada, despedi-me de todos deixando-lhes a certeza de que o Senhor agiria com sua imensa Graça ainda naquela noite. E fui embora.

No dia seguinte, após ter chegado de mais um dia de trabalho, e prestes a sair para a Universidade, fui surpreendido com a visita do pai acompanhado do seu filho, para uma conversa sobre o dia anterior. Mais uma vez me coloquei na condição de ouvinte, mas agora ouvia o poder e a força do amor de um Deus verdadeiro, que não despreza os seus filhos; que não se regozija com a infelicidade; que não conhece causas perdidas; e que não desiste de prover as nossas necessidades. Ouvi com atenção aquele homem falar sobre a sua culpa, o seu pecado e a sua desordem emocional; lhe ouvi falar que Deus lhe havia tocado fundo ao coração e despertado nele o desejo de perdoar e se desculpar com todos na sua casa; que havia decidido naquela mesma noite por jamais voltar a tocar em bebidas outra vez; que estava disposto a tratar a sua vida e, sobretudo, a resgatar a felicidade de sua família. Ouvi relatos do seu filho, emocionado, confessando que também voltaria ao convívio fraterno na Igreja, ao ver a possibilidade de união familiar com Cristo.

Neste momento eu desabei em lágrimas. Senti a forte emoção do dever cumprido, e imediatamente me lembrei do profeta Jeremias: Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor…”. A Deus toda honra, glória e louvor. Amém!

sábado, 6 de novembro de 2010

PARA QUE O MUNDO CREIA...

Pr. Raul Marques

Um dos questionamentos mais inquietantes que vemos estampado na Bíblia é formulado por um fariseu: "Quem é o meu próximo?" (Lucas 10.25-37). A pergunta ainda ecoa na cordilheira da nossa mente hoje em dia. Com o mais perverso capitalismo reinante, é cada vez mais real o distanciamento entre as pessoas em função da luta impiedosa de cada indivíduo na preservação do "seu" espaço pessoal. Nós aprendemos a usar tragicamente o discurso possessivo: "a minha casa", "o meu carro", "o meu dinheiro", e aí também transferimos para o universo espiritual: "a minha Igreja", "o meu Deus", "os meus irmãos", etc. Esta é a política do homem, não a de Deus! É profundamente reveladora a expressão de Tiago em sua Epístola: "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores". Tiago 2.9. Vivemos num país cuja mídia se alimenta da criação de ícones, chavões, ídolos e heróis caricatos, de onde se originam as divisões da nação em castas, grupos, classes, ou qualquer outro nome que se queira dar. Por exemplo: há bem pouco tempo fomos chamados de "a maior nação católica do mundo". Recentemente viraram esta página, e agora chamam-nos de "a segunda maior nação evangélica do mundo". O Brasil já é considerado também o maior país espírita do mundo, com números que chegariam a 30 milhões de seguidores e simpatizantes. O sincretismo religioso ou a indiferença religiosa são partes de uma mesma moeda cujo valor, no caso brasileiro, tem se configurado na criação dos guetos, dos partidos, das facções e denominações as mais diversas, sem, contudo, revelar qualquer unidade na diversidade. Conquanto falemos tanto no Sagrado, nos revelamos, na prática, cada vez mais distantes dele.

Somos uma nação plural nas etnias, mas não temos a noção exata disso. Somos uma nação alegre feita por gente infeliz... As religiões parecem não materializar as promessas feitas pelos seus seguidores, uma vez que, sendo ao mesmo tempo tão religiosos, buscamos não o bem de todos, mas o dos nossos blocos comunitários, quando possível. Karl Marx, considerado um clássico da Sociologia, tem uma visão sobre a religião, sem, contudo descartar a sua importância, "A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação sem espiritualidade, ela é o ópio do povo". A Bíblia, no entanto, vaticina sobre este fato da seguinte maneira: "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo" Tiago 1.27. Pensando que fazemos bem vivendo separados de tudo e de todos como pretexto de uma prática salutar da religiosidade, contradizemos todo o ensino de Jesus Cristo, que viveu profundamente envolvido com as pessoas, acolhendo-as com amor incondicional e libertando-as dos grilhões do ego, da soberba espiritual e, sobretudo, da acepção de pessoas. Em João 17.15, está escrito: "Pai, não peço que os retires do mundo, mas livra-os do mal!". Esta expressão de Jesus revela o seu desejo de que vivamos no mundo das pessoas e não no mundo das ilações religiosas. Devemos viver e conviver com todas as pessoas que pudermos, de modo que aquilo que recebemos de Deus seja compartilhado com elas; sejam bens materiais, sejam bênçãos espirituais. Nunca é demais lembrar daquilo que nos ensinou o apóstolo João: "Se alguém afirma "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" I João 4.20. Além disso, devemos relembrar outra passagem igualmente pertinente: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" Efésios 6:12. Finalmente, não podemos esquecer que foi o próprio Jesus, fundador e mantenedor da Igreja, quem intercedeu a Deus por nós desta maneira: "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" João 17:21. O mundo só crerá que Deus é realmente amor, se nós vivenciarmos essa experiência de amor incondicional, conscientes de que "ser cristão não é um degrau que se sobe nem um chamado a mandar, mas, um degrau que se desce e um chamado a servir".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ANJOS E DEMÔNIOS

Pr. Raul Marques

Ultimamente a gente não sabe mais definir o que é pior de ver: se os reality shows das TVs, que rendem milhões de reais, ou se os shows reais da política nacional, que rendem milhões de votos... O certo é que, tanto em uns quanto em outros, o povo continua sendo a parte mais utilitária da questão.

Por um lado, uma das emissoras de televisão que mais crescem no país, e que tem no seu nascedouro a marca do “cifrão evangélico”, leva ao ar uma dessas obras primas da coisificação e da banalização da intimidade das pessoas, onde o país assiste boquiaberto um festival de palavrões que empobrecem a mídia e prestam um enorme desserviço à cultura nacional. De outro, uma guerra eletrônica sem precedentes, onde as classes emergentes se deslumbram com as “verdades” eleitoreiras de vários candidatos que, inteligentemente, põem o povo para se digladiar consigo mesmo sob a subjacente alegação de que está mais maduro e que, portanto, já sabe votar e escolher livremente (?).

Nunca recebi tantos emails com o tema da política brasileira quanto agora. E o que é pior: gente que nunca foi vista se expondo por causa do Reino de Deus, expondo-se até moralmente em favor deste ou daquele candidato, supondo que está sendo instrumento de Deus como formador de opinião política. E nesta peleja enfadonha e renhida, o povo de Deus vai se dividindo e cerrando fileiras uns contra os outros. Enquanto isso, os políticos continuarão fazendo as suas alianças nos bastidores, e o povo voltando à sua cavernosa realidade depois das urnas.

Lamento que muitos estejam tomando partido com base na indústria da informação, supondo que quem os informa está absolutamente isento das maracutaias de uns e de outros. Lamento que muitos estejam se enganando tomando aqueles demônios de ontem como anjos de hoje. Lamento ter visto e ouvido a mudança nos discursos de uns e de outros com vistas nos quase 20 milhões de votos que provocaram o segundo turno. Lamento, sobretudo, que tantos se iludam com uns e outros que invocam o nome de Deus para hipnotizar e anestesiar o seu povo.

Jesus Cristo também vivenciou experiências políticas no seu tempo sendo, inclusive, vitima dela. O único partido, no entanto, no qual Jesus se envolveu foi o partido do povo, para quem a sua mensagem sempre foi muito clara: Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça Mt 6.33. Temo que depois de todo esse embaraço político muita gente saia machucada, frustrada e dividida. Espero que no grande espetáculo eleitoral brasileiro, cujos protagonistas ora são anjos, ora são demônios, o nosso ingresso não esteja sendo pago com o mesmo preço dos reality shows: a inocência de milhões e milhões de telespectadores. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 2 de outubro de 2010

AGORA EU SEI...


Pr. Raul Marques


Eu vivi a vida me alimentando da música, da poesia, e das artes em geral. Os meus amigos na adolescência e juventude tinham a mesma avidez pelas expressões artísticas e, por isto mesmo, até hoje não me canso de aprender a cada dia com as mais diversas manifestações culturais: repente, cordel, folclore, música erudita ou popular, pintura, escultura, cinema, teatro, enfim, tudo o que faça emergir novas idéias, novos talentos, e seja capaz de conspirar para novas criações. Muitas vezes imaginamos que quanto mais difícil for a interpretação de uma obra, tanto mais rica e mais elaborada terá sido a sua mensagem. Certamente que não é bem assim. Nem sempre o mais sofisticado é o melhor; nem sempre o mais requintado tem o melhor conteúdo. Como as artes, assim são também as pessoas; muitas vezes as mais simples e com menos aparência, são as mais ricas e profundas ao transmitirem as suas mensagens. Apesar de saber que dá muito trabalho interpretar pessoas, não posso negar que sou profundamente fascinado pelo universo da compreensão dos sentimentos humanos.

Lembrei-me agora de uma canção de Roberto Carlos, que de tão singela e tão ingênua, estampa-nos uma mensagem ao mesmo tempo tão rica e adulta que é capaz de nos remeter a uma reflexão indispensável: “Mas, agora eu sei o que aconteceu: quem sabe menos das coisas, sabe muito mais que eu!”. Temos a falsa impressão de que o nosso academicismo nos eleva a patamares tão altos que nos esquecemos de pensar as coisas mais simples, as pessoas mais humildes, de freqüentar os lugares mais toscos, de ler os livros menos lidos, ouvir as canções menos recomendadas, etc. Quando, no entanto, passamos a conviver com as coisas e as pessoas do mundo mais real, temos a grata surpresa de entender que somos aprendizes agora como sempre fomos. Nenhum saber é por si mesmo tão importante que não sejamos capazes de reconhecer que precisamos aprender sempre mais. Aprender, não para sobrepujar, mas, para compartilhar. Aprender para compreender que todos têm algo a ensinar e muito a aprender.

Agora eu sei porque Jesus Cristo, com tanta sabedoria, tanto poder, tanta eloqüência e tanta visibilidade, vivia fascinado pelas multidões de pessoas mais simples, carentes, porém, mais verdadeiras. Agora eu sei a profundidade da riqueza dos seus ensinos articulados através do Sermão do Monte. Obrigado, Senhor, por me fazer entender tudo isto, pois, “agora eu sei: quem sabe menos das coisas, sabe muito mais que eu”.

CICATRIZES...


Pr. Raul Marques

Toda maldade produz cicatrizes. Toda ferida pode, com o tempo, cicatrizar. Todas as marcas deixadas, porém, são partes da história de cada um e muito dificilmente não nos trarão a lume os seus significados. Não podemos dizer que nunca deixaremos de lembrar a intensidade da dor que produziram aquelas marcas. Lembraremos sim, pois elas estão ali, na pele, tatuadas e prontas a responder com o silêncio a profundidade e o significado da sua existência. Entretanto, são elas também que sinalizam pra nós, que são cicatrizes presentes de uma dor passada...

O intenso sofrimento de Jesus Cristo marcou o seu corpo e a sua alma tão profundamente que não seria razoável supor que não houvessem deixado sinais. É claro que Jesus perdoou os seus algozes; Ele se expressou a respeito disso em meio ao seu desvairado sofrimento: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” Lucas 23.34; no entanto, tivesse Jesus permanecido entre nós vivenciando por muitos anos a crueldade do nosso coração, certamente que todos veriam as suas cicatrizes expostas apontando para um martírio vivido. Um grande exemplo disto está estampado no diálogo que Jesus teve com Tomé. As marcas em Jesus ao serem tocadas por Tomé tiveram o poder de transmitir-lhe verdade, perdão e muito amor.

As cicatrizes podem ser ao mesmo tempo a prova do sofrimento e a marca da necessidade do perdão. Se olharmos para as nossas cicatrizes com sofrimento e ódio, certamente estaremos alimentando a sangria em feridas que teimarão em não sarar. Por outro lado, se fitamos as nossas marcas como sinais da possibilidade do perdão e da felicidade anelada, não podemos negar a óbvia presença do Espírito Santo de Deus em nossas vidas, ajudando-nos a entender que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

Todos nós temos algumas cicatrizes. Importa-nos saber o que fazemos delas; com que motivação elas se evidenciam em nós. O que será que elas tendem a nos lembrar? É bom não esquecermos a recomendação bíblica: “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ALMAS DESNUTRIDAS


Pr. Raul Marques

O comportamento dos homens na sociedade moderna tem produzido ao mesmo tempo: avanço tecnológico, acúmulo de riquezas concentradas e pessoas doentes da alma e do coração. A idéia de um mundo globalizado e capitalista tem avançado a passos tão largos que não se vislumbra uma nova direção para as nações da terra que não passe necessariamente por guerras cada vez mais renhidas e odiosas. Parece não haver mais espaço para os simples, para os fracos, para os pobres, para as minorias e, sobretudo, para manifestações que advenham da fé; não de uma fé manipulada e utilitária, mas, de uma atitude de confiança plena no único poder superlativo: o de Deus, Criador e Mantenedor da vida, causa e conseqüência de tudo o que existe.

O caos social nas cidades tem sido a radiografia mais eloqüente nos noticiários. A violência tem sido a novela cotidiana das nossas famílias. As escolas têm se tornado a praça onde se distribuem drogas e camisinhas para uma juventude que não sabe pensar e nem agir, visto que adora ídolos cujas almas estão desnutridas, e, portanto, vivem a anorexia interior e o vazio doentio. As doenças proliferam e o mal parece vencer o bem... Há muitas vidas que não esboçam mais nenhuma reação aos fracassos diários; se tornaram incapazes de tomar o timão do navio de suas vidas, e, deixando-o à deriva, apenas assistem o seu naufrágio. Há muitas vidas que ancoraram no mar da solidão e do auto desprezo, e não acreditam mais que novos ventos possam abanar as suas Velas e levá-las por mares nunca dantes navegados.

Aquilo que o mundo mais despreza é, sem dúvida, aquilo de que ele mais necessita: Deus. Foi Ele mesmo que “amou o mundo de tal maneira, que deu o filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3.16. Foi exatamente este Filho que afirmou: Eu sou o pão da vida, o que vem a Mim, jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” João 6:35. A desnutrição da alma humana só tem cura quando alimentada por este pão incontaminado; só saciará a sua sede de vida quando provar desta água vinda de fontes sobrenaturais.

As nossas famílias têm recebido os ataques mais violentos de que se tem notícia. Delas tem sido roubado o tempo de dialogar com Deus. Delas tem sido subtraído o prazer da comunhão. Delas tem sido aniquilada a esperança, restando-lhes a aridez dos desertos da convivência e a presença nefasta dos prazeres fugazes e da carência de afetos verdadeiros, produzindo a mais completa desnutrição da alma e a miséria nos corações em escombros.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PR. RAUL REPRESENTARÁ A PARAÍBA EM GOIÁS

Defendendo a música "Haiti" (A tragédia humana), o Pr. Raul recebeu três prêmios na eliminatória que ocorreu no último Sábado, dia 25, na sede da APCEF/PB, em João Pessoa: 1º Lugar com a Melhor Música, Melhor Arranjo e Melhor Intérprete. Pr. Raul esteve ao lado do seu filho, Khallil Gibran, que também tocou bateria. Além de sua família, estiveram presentes vários irmãos, amigos e colegas da CAIXA, que o incentivaram e o aplaudiram. Em Dezembro, a canção HAITI irá disputar o FESTIVAL NACIONAL, competindo com os demais Estados brasileiros, em Goiás.

sábado, 4 de setembro de 2010

UM MONSTRO DESTRUIDOR...



Pr. Raul Marques


A expressão “mundo moderno” tem um peso distinto hoje, não obstante o seu conceito implícito em todas as épocas da vida humana na terra. Quando o homem caiu e fugiu da presença de Deus, os dias que se seguiram foram sempre angustiantes, e cada época trazia consigo a sensação de que a anterior teria sido mais amena. Por isso mesmo é que ouvimos tanto hoje as pessoas afirmarem: “Ah! Tempos bons aqueles que passaram... A gente era feliz e não sabia...”. A ilusão é estampada porque só conseguimos mensurar com exatidão as dores presentes; aquelas que foram sofridas anteriormente já foram suplantadas, embora nunca sejam esquecidas. São as marcas das experiências vividas.
Pois bem, ouvimos repetidas vezes as pessoas culpando “a vida moderna”, “o tempo presente” ou “o mundo contemporâneo”, como o grande causador das mazelas da alma e dos sofrimentos que principiam no recôndito do nosso ser.
Jesus Cristo deixou explicada toda essa situação ao ensinar-nos: “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas, o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. O que sai da boca procede do coração; porque do coração procedem aos maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias...”. Mt 15.17-19.
Desde que o homem desertou de Deus ele sofre as doenças da alma: melancolia, tristeza, solidão, angústia, e agora, tudo isso junto se reveste como marca dos “tempos modernos”, com o nome de Depressão. Lamentavelmente este monstro destruidor está mostrando sua face, unhas e dentes com mais ímpeto e voracidade nesta era em que estamos completamente massificados pela distorção da fé e pela miopia espiritual.
A Campanha de Missões 2010, da Junta de Missões Nacionais, da Convenção Batista Brasileira, trouxe à baila um tema relevante e inadiável, revelado no desejo de fazer a pátria brasileira voltar os olhos para Cristo: “Por um Brasil verdadeiramente feliz”. Na fundamentação da Campanha 2010 descreve-se o seguinte: “A depressão, vazio da alma e outras definições são sensações que afetam todas as idades e classes sociais. A sociedade pós-moderna, mergulhada em sua melancolia, vê-se refém da indisposição, inclusive, para hábitos antes prazerosos. Essa frieza pela vida tem suas conseqüências. Parte delas são estampadas nas páginas de jornais e revistas, mas o que se prevê para as próximas décadas são efeitos cada vez mais alarmantes da falta de perspectiva de vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em estudo encomendado pela Federação Mundial para a Saúde Mental, estima-se que 121 milhões de pessoas (mais que a população do México, em termos comparativos) sofram com a depressão em todo o mundo. No Brasil, são 17 milhões que enfrentam a doença, nem sempre fácil de ser diagnosticada. Ainda segundo a OMS, 75% dos entrevistados no País nunca receberam um tratamento adequado.
A depressão não diagnosticada e, portanto, não tratada, abarca o suicídio. Pelo menos é o que afirmam especialistas: 70% dos suicídios ocorrem em decorrência de uma fase depressiva. Nos últimos anos, a taxa das pessoas que tiraram a própria vida aumentou 56,9%, sendo aproximadamente 2 mil o número de jovens que tentaram suicídio. Outras mazelas sociais, como o uso de drogas, seguem a lógica da infelicidade. Não são poucos os casos de pessoas que buscam satisfação nos entorpecentes. O Ministério da Saúde estima que existam hoje 600 mil usuários de crack e tenta, em medida desesperada, dobrar o número de leitos dos hospitais gerais a fim de receber dependentes químicos. A medida faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado em maio desse ano.
Os fatos revelam que o Brasil precisa encontrar a felicidade, mas sabemos que só há um caminho. Esse norte, que levará a Pátria aos mananciais de águas tranqüilas, precisa ser apresentado com urgência a fim de que cânticos de júbilos surjam nos lábios de nosso povo. POR UM BRASIL VERDADEIRAMENTE FELIZ é mais que um tema de campanha. A frase lança um olhar sincero aos brasileiros e constata o clima de tensão em cada homem, mulher e criança. Ela também é o complemento de uma ação (faço isso por aquilo) e por isso não se sustenta sozinha. Não se sustentará sem antes nos engajarmos na missão, gerando atitudes que resultem em libertação, restauração e a chegada do ano aceitável do Senhor. Esse é o nosso desafio. Você estará conosco?”.
As pessoas precisam de tratamento; elas estão doentes, mas, uma coisa precisa ficar muito clara: não pode haver maior remédio que o amor de Deus; por isso mesmo Ele nos enviou Jesus, que afirmou: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor." Lucas 4.18,19.


terça-feira, 31 de agosto de 2010

OU ISTO, OU AQUILO...

Pr. Raul Marques

Você já percebeu como é difícil a convivência com pessoas contraditórias; pessoas que não têm firmeza de personalidade? Uma hora são quietas, outra hora, espalhafatosas; um dia são sensatas, outro dia cruéis; por vezes são sinceras, depois se mostram camufladas, etc. O equilíbrio moral é uma das expressões marcantes dos que se envolvem com Jesus, e chegam a assumir uma postura digna, coerente e imutável adquirida dele.

Quando alguém se converte a Cristo começa instantaneamente a receber todas as virtudes dele. Quando alguém está em Cristo, dizem as Escrituras, é nova criatura, as coisas velhas já passaram, e eis que todas se fizeram novas (II Cor 5.17). A identidade do homem perante Deus tem apenas dois aspectos: ou ela é perfeita, ou ela é distorcida. É perfeita, quando reflete a imagem de Cristo; é distorcida quando revela a face do pecado.

Por isso podemos perfeitamente inquirir: como pode um cristão viver praticando o mal? Se é cristão, não pode haver nele sinais da presença do mal; se, no entanto, ele é do mal, não podemos encontrar nele bem algum, pois, de acordo com Tiago, “porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e amargosa?”. Os sinais mais evidentes na vida de quem já recebeu a Cristo, estão descritos pelo Espírito de Deus através de Paulo, na Carta aos Gálatas 5.19-25: “Ora as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas, o fruto do Espírito, é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”.

É óbvio, portanto, que se somos de Cristo, “devemos andar como Ele andou”. Não é normal ver alguém que diz estar tão próximo de Jesus, com atitudes que nada podem lembrá-lo. É natural que os filhos se pareçam com o Pai, no entanto, ainda que a Bíblia nos ensine que em Cristo fomos feitos filhos de Deus, é possível ver alguns que expressam este fato com palavras, nada, porém com atitudes. Isto é a banalização do Cristianismo. É a coisificação da fé e a negação do Cristo ressurreto. Decida-se: ou isto, ou aquilo!

sábado, 21 de agosto de 2010

COINCIDÊNCIAS OU PROVIDÊNCIAS?

Pr. Raul Marques

No livro do Êxodo encontramos preciosidades históricas que deixam claras as marcas da presença de Deus na vida humana, como em toda a extensão da Bíblia, comprovando que encontros e desencontros não são registros de coincidências aleatórias, senão de providências que cumprem os Seus propósitos. Um deles é este: não nos parece muita coincidência o fato de a filha de faraó estar presente no exato instante em que Moisés, que estava sendo trazido pelas águas, dentro de um cesto, colocado por sua mãe que ansiava livrá-lo da morte determinada a todos recém nascidos hebreus? Se o detalhe fosse apenas este certamente suscitaria a mera coincidência, entretanto, há mais para ser visto e analisado. Como filha de faraó, a moça sabia da ordem severa e dramática do pai ao decretar o infanticídio. Ocorre que Deus, como Senhor da história, dos homens e de tudo o que existe, já havia quebrantado o coração e despertado a índole maternal daquela jovem, de modo que ela não apenas acolhesse a criança abandonada no cesto, mas também procurasse entre as hebréias alguma mulher que lhe servisse de ama para proteger aquele menino a quem ela acolheu. A outra imediata providência foi tornar coincidente o fato de que a mulher hebréia escolhida seria exatamente a própria mãe biológica de Moisés. Estes são apenas detalhes da ação soberana de Deus.

Mas, e conosco, essas providências também se dão? Neste final de semana que passou fui confrontado com algumas situações interessantes que me levaram a agradecer ainda mais a Deus pelos seus atos de providência com relação às capacitações pastorais que Ele me tem confiado. Primeiro, ao ser convidado para proferir palestra sobre Educação e Família numa Escola do município, deparei-me, ao final do nosso encontro, com uma professora que mesmo não fazendo parte da membresia de qualquer igreja evangélica, quebra o silêncio reinante no final da palestra, e pede: “Pastor, você poderia cantar o hino “Corajosos”, esta era a canção que mais ouvia de meu pai quando eu era ainda uma menina, e numa mais esqueci!”. A minha esposa, Aloísia, foi até o carro e me trouxe o hinário, e cantamos juntos para alegria de todos, que repetiram o refrão com facilidade.

No dia seguinte, fomos a outra comunidade para também conversarmos sobre a Paternidade, e, ao final, uma mãe se dirigiu a mim como o seu filho de mais ou menos 5 anos, e me disse: “Pastor, o meu filho nunca foi a nenhuma igreja evangélica, mas ele sempre diz que tem vontade de ser crente. Eu abracei aquele garotinho e lhe prometi presentear com uma Bíblia. Hoje, ao chegar numa panificadora, fui chamado por uma senhora educada e risonha que acabara de entrar, e de pronto ela me disse: “O senhor é o Pr. Raul? Eu disse: “Sim!”. Então ela acrescentou: “O pastor fulano de tal pediu-me que eu entrasse em contato com o senhor, já que ele reside em outro Estado, para convidá-lo a assumir um trabalho que está em andamento na cidade tal...”. No final da conversa ela disse aliviada: “Ai, graças a Deus eu encontrei o senhor!”. Quando Deus tem um propósito a ser realizado através das nossas vidas, Ele nos guarda e livra. Se Deus tem algo a realizar através da sua vida, Ele lhe guardará e livrará até que seja cumprida a missão por Ele determinada. Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é” Deuteronômio 32:4. Prefiro acreditar que em todos esses casos Deus está falando comigo através da Sua Providência, apesar de tantos sinais de coincidência. A Ele a glória!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

PARA QUEM ESTÁ PERDENDO A ALEGRIA DE VIVER

Pr. Raul Marques

Há uma desesperança grassando com tanta força no seio da humanidade que é quase impossível não percebê-la no olhar distante e desolado de cada pessoa. Por isso encontramos tanta gente ferida, desiludida, angustiada e sem perspectivas e sonhos. Conversando com muitas pessoas descobrimos que mais que coisas, que posses, que dinheiro, que status, que beleza física, nós carecemos mesmo é de Deus. Não de um deus de ficção, mas do DEUS real. No desespero deste estado de amargura muita gente tem enveredado por caminhos que aparentemente levam a Deus, no entanto, comprovam inexoravelmente que o deus que eles buscam não é o mesmo Deus anunciado por Jesus. Aliás, contra isso a Bíblia adverte: “o mundo jaz no maligno”; ele é o deus deste século.
É perfeitamente possível mudar todo esse estado de miséria da alma. É necessário, porém, que renovemos em primeiro lugar a nossa mente, não do modo como desejamos que venha a ser, mas do modo como o Espírito de Deus planejou. Através do apóstolo Paulo Ele nos diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2). Se aceitarmos que os planos de Deus são mais elevados que os nossos, as nossas chances de vitória serão infinitas.
A fé nos eleva da letargia às ações concretas; do desfalecimento ao bom ânimo; do recrudescimento à ponderação; da morte à vida. Essas certezas se baseiam nas palavras do Senhor Jesus, que afirmou: “Todo aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá”. Baseiam-se na força do Deus real, presente para todos os que o buscam. Baseiam-se na força daquele que dá alívio ao cansado; que socorre ao aflito; e que salva o perdido.
Em Ezequiel 37 encontramos a resposta para a nossa pergunta mais desesperada nos momentos de dor: “
O que pode Deus fazer por mim?”. Ele pode fazer acontecer conosco o mesmo que ocorreu às milhares de pessoas no vale de ossos secos... Se você crê nisso, então “levanta do teu leito e anda!”. Se você pensa que todas as chances já se esgotaram, está enganado; Deus é capaz de nos surpreender dando-nos muito mais do que pedimos ou pensamos. Se está cansado dos “amigos” deste mundo, torne-se AMIGO DE JESUS. Veja do que Ele é capaz por você. Foi Ele mesmo quem afirmou: “Ninguém tem maior amor que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando” (João 15.13-14). Vamos, enxugue as lágrimas! É hora de recomeçar: segura na mão de Deus, e vai!

sábado, 24 de julho de 2010

PERDER PODE SER UMA GRANDE VITÓRIA

Pr. Raul Marques

Como habitantes de um mundo extremamente capitalista, tendemos a aceitar com naturalidade a crença de que nascemos para o triunfo da matéria, de tal modo que ganhar só faz sentido quando for sinônimo de ajuntar e possuir. Essa violência ideológica fomenta a destruição do sentimento de gratidão para com Deus, a vida, a família e os amigos, pois não permite que estejamos contentes com o pouco que temos, senão que almejemos sempre mais, e mais, e mais...

Perder pode ser uma grande vitória, por mais paradoxal que pareça. Às vezes é necessário que percamos coisas, oportunidades e pessoas, de maneira que percebamos com clareza que éramos mais pobres com elas, e que estávamos agarrados a desvalores. O apóstolo Paulo, por exemplo, afirma ter perdido tudo por amor a Cristo, ao ponto de ressaltar “não mais vivo eu, mas Cristo vive em mim”. Ele perdeu as influências do Sinédrio, as benesses do governo romano, a comodidade das salas infestadas de religiosidade, trocando tudo pela poeira das estradas, a insegurança dos caminhos, a imagem cansada de pessoas simples, a humildade dos casebres e a sabedoria dos iletrados.

Esta semana li com profunda avidez dois artigos maravilhosos, escritos pela pena da experiência do real e não da ficção. O Bispo Anglicano Robinson Cavalcanti, registrando os seus “50 anos de crente”, depois de relatar tantas experiências, finaliza o artigo dizendo: “Fui difamado e processado, e sofri um nunca imaginado martírio no interior da própria igreja. Continuo, porém, ainda vivo, ministrando, assistido por meu Senhor!”. O Pr. Ricardo Gondim, da Assembléia de Deus Betesda, conclui o seu magistral artigo, dizendo: “Não quero que discursos substituam a força do abraço. Os amigos de Jó tropeçaram nos cadarços porque se imaginaram aptos para oferecer consolo com juízos horrorosos. Quero falar do céu sem desgrudar-me do mundo e mostrar que a vida abundante prometida por Jesus não merece ser empurrada para depois da morte. Repetirei as palavras de Paulo: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”. Vou enfatizar que a verdadeira religião consiste em cuidar do órfão e da viúva. E não me esquecerei: toda a lei se resume em amar a Deus e ao próximo como a mim mesmo. Se conseguir teologar assim, com a ternura dos poetas e a paixão dos profetas, completarei a minha carreira, tendo guardado a fé”.

Às vezes ficamos murmurando com certas perdas, mas, com o tempo, percebemos que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Algumas vezes na nossa vida precisamos agradecer a Deus tudo o que perdemos, pois, somente assim, Ele nos faz mais que vencedores!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Copa e a Culpa...


Pr. Raul Marques


Uma das armadilhas mais terríveis de Satanás é a transferência de culpa. Ele instiga as pessoas a não assumirem seus erros, repassando-os a outros, numa incansável busca pela apresentação de bodes expiatórios... Foi assim desde o princípio quando ele engodou os primeiros humanos. Foi assim quando o homem, achando-se culpado, buscou transferir a culpa para a mulher, que buscou transferir para a serpente, e esta, é claro, quis de pronto, culpar a Deus. Assim tem caminhado a humanidade.
Recentemente nós vimos este episódio repetindo-se na vida do Técnico da nossa Seleção Nacional, durante os meses que antecederam a Copa do Mundo, durante e depois da sua realização. Dunga classificou o Brasil com folga nas Eliminatórias; fez bonito na Copa das Confederações, e dirigiu a Canarinha com todo êxito até o fatídico jogo contra a Holanda que, infelizmente, nos colocou de volta para casa mais cedo do que esperávamos.
Quantas lições interessantes podemos aprender aqui? Primeiro: ninguém pode ganhar tudo o tempo todo; Segundo: todos somos falhos e passíveis de contratempos; Terceiro: todas as outras Seleções estavam ali para ganhar; Quarto: quando estamos à frente de qualquer empreendimento temos a responsabilidade de realizar tudo para satisfazer a expectativa de muitos, o que nem sempre ocorre positivamente; Quinto: enquanto estivermos ganhando seremos admirados, quando, no entanto, alguma coisa não der certo, é hora de buscar o famoso bode expiatório. Se, porventura, Dunga tivesse sido campeão, certamente seria ovacionando mesmo com todos os desacertos e condutas contraditórias existentes. Técnico não bate pênalti; não sofre falta; não bate escanteios, etc. e etc. Uma Seleção é um conjunto de forças, de quem faz parte também a torcida de uma nação inteira. A Seleção brasileira não foi bem, portanto, todos são responsáveis por isso. No entanto, ao invés do reconhecimento deste fato, parece-nos mais cômodo transferir a CULPA; parece que alivia mais a dor geral; entorpece; anestesia o coração ferido...
Tudo isso tem a ver com culpabilidade adquirida através da transgressão do homem contra Deus. O caráter humano foi alterado. A Bíblia nos informa que “
Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Ora, Jesus veio a este mundo por amor a todas as pessoas, no entanto, foi crucificado e morto. Ele veio para nos encher de vida abundante; não obstante, recebeu indignação e rebeldia. Transferimos para Jesus toda a nossa culpa e desgraça, ainda que soubéssemos que Ele não tinha culpa alguma. A transferência de culpa ocorrida contra o Técnico da Seleção é a mesma que se repete nos casamentos, nas relações de amizade, nos negócios, enfim, basta somente que os nossos interesses sejam contrariados e já começamos por atirar a primeira pedra.
No jogo da vida, será que temos jogado limpo? Será que temos feito a nossa parte? Na Copa da nossa existência, temos sido honestos e corretos no julgamento alheio? Cuidado, você hoje pode estar confortável na condição de ser pedra; amanhã, quem sabe, esteja exposto aos estilingues, como vidraça...

terça-feira, 29 de junho de 2010

PORQUE CHORAS?


Pr. Raul Marques


Uma das circunstâncias mais sofridas para os seres humanos é a perda. Perder os entes queridos; perder os amigos; perder o emprego; perder a condição social privilegiada; perder os sonhos; perder as oportunidades; enfim, tudo o que subtraia de nós aquilo que valorizamos se constitui numa grande vala que se abre em nossas almas. Nós nunca lidamos bem com as perdas. O luto é como um grande portão que se abre convidando-nos à solidão indefinida. O “adeus” é como uma ferida que sangra cada vez que é tocada pelo punhal da saudade. O fim de um casamento... Um sonho interrompido... Um filho que vai e não volta mais...
Os discípulos de Jesus Cristo o amavam muito, apesar de não terem sabido expressar em dados momentos cruciais. As mulheres que andavam com o Mestre nutriam por Ele uma admiração e respeito tão grandes que, perdê-lo, era algo impensável. As multidões ficavam admiradas ao ouvi-lo falar. Até os que lhe tinham por adversário não conseguiam disfarçar que ficavam inebriados com a sua sabedoria.
Os pais de Jesus lhe tinham em alta estima. Maria “guardava tudo em seu coração” desde a sua infância. José orgulhava-se dele pelo respeito e obediência. Como essa gente poderia pensar em perder Jesus? Era inimaginável! E este fato era tão latente, que Pedro certa vez, pensando que estava fazendo o melhor, quis contrariar os planos de Deus. Em Mateus 16:16, Pedro fez uma grande confissão sobre Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus o elogiou, dizendo: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus" (Mateus 16:18). Logo depois, Jesus falou sobre sua própria morte e Pedro o repreendeu. A resposta de Jesus foi áspera: "Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens" (Mateus 16:23). Só em pensar na dor da perda Pedro disse uma grande bobagem. Ele estava lidando estritamente com as coisas humanas.
Quando Jesus ressuscitou ao terceiro dia, Maria Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando porque perdera Jesus. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos pés. Os anjos perguntaram: - Mulher, por que você está chorando? Ela respondeu: - Levaram embora o meu Senhor, e eu não sei onde o puseram! Depois de dizer isso, ela virou para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu. Então Jesus perguntou: - Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando? Ela pensou que ele era o jardineiro e por isso respondeu: - Se o senhor o tirou daqui, diga onde o colocou, e eu irei buscá-lo. - Maria! - disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico: - "Rabôni!" (Esta palavra quer dizer "Mestre".) Jesus disse: - Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus: - Eu vi o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito.
Muitas pessoas agora estão chorando suas perdas e não conseguem parar de chorar e olhar pra Jesus porque também não é fácil conseguir forças quando se está abatido. Contudo, se pela fé pararem por um instante, certamente ouvirão a voz do Senhor a perguntar-lhes: “Porque choras?”. A voz do Mestre lhes trará consolo, conforto e novo ânimo. Afinal de contas, foi também Ele que afirmou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve" Mateus 11.28-30.