sábado, 26 de fevereiro de 2011

DIANTE DAS PORTAS...

Pr. Raul Marques

A nossa vida é, toda ela, pautada nas escolhas que fazemos. Das nossas escolhas dependem o nosso presente e o nosso futuro. Encontramo-nos todos os dias diante de uma bifurcação existencial e temos que decidir com sabedoria e segurança o lado para o qual devemos prosseguir. É certo que nem sempre acertamos nas nossas decisões e escolhas, entretanto, mesmo não acertando o alvo, precisamos aprender com os erros para desviarmos a nossa atenção daquilo que tenta nos destruir. Existem vários tipos de erros: ocasionais, involuntários, determinados, circunstanciais e, o que é pior, fatais. De quase todos podemos nos safar e evitar o fim da nossa história; outros, infelizmente, determinam a extinção dos nossos sonhos, do brilhantismo das nossas idéias, apagando a nossa existência e determinando a nossa descida até o caos.

Deus nos criou absolutamente livres, dotados de plenos direitos de escolha, mesmo que a nossa decisão implique em não aceitá-lo como Deus, Criador e Mantenedor de tudo o que existe. Ninguém é obrigado a crer em Deus, mas todos somos responsáveis pelas decisões e escolhas que fazemos e não podemos, jamais, fugir das conseqüências dos nossos atos. É exatamente por isso que a Bíblia nos adverte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” Gálatas 6.7. Irremediavelmente as nossas ações presentes irão corresponder à nossa colheita futura. Se atos bons, bonança; se ventos, tempestades! Certa vez Jesus encontrando-se com os seus discípulos, ensinou-os dizendo: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” Mateus 7.12-20. As nossas escolhas produzem resultados bons ou maus, e delas dependem uma vida de paz ou de guerras.

Estamos, portanto, diante de duas portas: uma estreita e outra muito larga. Nunca será fácil passar por lugares apertados. Não é simples tomar decisões certas em momentos turbulentos, mas requer sabedoria, maturidade e coragem. As portas mais espaçosas são muito vislumbradas; dão-nos a impressão de que se todos estão indo por ela é porque é a melhor escolha. As facilidades embriagam, as dificuldades oportunizam maturidade. Um namoro facilitado produz um casamento inoportuno. É muito importante sabermos a porta pela qual devemos entrar, e esta é uma decisão pessoal e intransferível. Há sempre uma porta certa aguardando uma atitude certa. A porta das nossas decisões tem nome e tem medidas. Disse-nos Jesus: “"Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, E ENTRARÁ, E SAIRÁ, e achará pastagens" João 10:09. Ela é estreita, mas assegura-nos a liberdade; não é fácil o seu acesso, mas assegura-nos o descanso. Você gostaria de tomar uma decisão acertada hoje? Existe uma porta incomparável. Peça-a, busque-a, e bata-a. Jesus lhe assegura o acerto desta decisão: “Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate abrir-se-lhe-á” Lucas 11:9. A decisão é sua.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MEDO!


Pr. Raul Marques

"No amor não há medo, o amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo. Portanto, aquele que sente medo não tem no seu coração o amor totalmente verdadeiro, porque o medo mostra que existe castigo" 1 Jo 4:18.

O que é o medo?O medo é um sentimento que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Pavor é a ênfase do medo” (wikipedia.org). Ralph Waldo Elerson, filósofo e poeta, disse: “Faça aquilo que você receia e a morte do medo será certa”. Diz-se que nascemos apenas com dois medos: o medo de cair e o medo do barulho. Todos os seus outros medos são adquiridos. Livremo-nos deles. O medo, afinal, tanto pode ser um grande aliado, quanto pode transformar-se num monstro destruidor; depende de nós.

É muito comum ter medo de recomeçar: o novo amedronta, pois ainda é desconhecido. É absolutamente normal no mundo em que vivemos o ter medo da violência; a insegurança no emprego; as notícias sobre catástrofes; a instabilidade da economia; a fragilidade da família, etc. Passa a ser anormal e patológico o medo que paralisa e destrói a nossa capacidade de prosseguir e o nosso entusiasmo com a vida.

Muitos sentimentos nesta vida alimentam em nós o medo, por exemplo: achar que outros são melhores que nós; que não temos capacidade para enfrentar os obstáculos; que não temos forças para irmos além das adversidades; que não temos fé o suficiente; e pior, que Deus não tem visto o nosso sofrimento... A realidade destes fatos pode mudar completamente se mudarmos a nossa forma de pensar e agir. Disse-nos o apóstolo Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm 12.1-2.

Quando o medo bater à sua porta, clame a Deus! A Bíblia diz em Isaías 41:10 “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça”. AME, ainda que outros achem que o seu sentimento não é amor, pois, “No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” 1 João 4:18. AME apesar deles, De modo que com plena confiança digamos: O Senhor é quem me ajuda, não temerei; que me fará o homem? Hebreus 13:6. Não tema fofocas e nem notícias que entristecem, pois o verdadeiro cristão não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversáriosSalmos 112:7-8. O que mais nos importa neste mundo é a alegria de saber que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3.16. Certos disso, nenhum medo será capaz de nos deter. Aleluia!

SEGUIDORES DE CRISTO...


Pr. Raul Marques

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;

porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” Mt 24.4-5

A

qual “Cristo” nós pretendemos seguir? Seria àquele que idealizamos, ou àquele que recebemos através das Escrituras? Seria àquele que mais se encaixasse nas nossas especulações sobre fé e milagres, ou àquele sobre quem o apóstolo Paulo afirmou que “humilhou-se a si mesmo”? Aonde mais nos encaixamos: como seguidores de Cristo ou como perseguidores de Cristo? Em nome dele nós libertamos ou aprisionamos pessoas? Em Seu nome nós expulsamos os demônios ou demonizamos tudo o que Ele criou e disse que era “muito bom”? Que Jesus é esse?

Tenho, porém, contra ti que deixaste teu primeiro amor” (Apocalipse 2:4). Esta expressão declara o nosso distanciamento do sentido original do verdadeiro Cristo: o amor. Ele é o primeiro e o último; o princípio e o fim. Sem Ele nada do que foi feito se fez. Ele tem o registro de uma ocorrência triste contra nós: o abandono do primeiro amor. Esta é a causa de todas as outras deficiências da nossa relação com Deus.

Tenho escutado muito e de muitas pessoas a expressão “estou cansado de igrejas”, gente simples, desejosa de fazer a vontade do Pai; gente influente, capacitada para desenvolver tarefas que Deus lhes confiou; gente bem intencionada, que gostaria muito de ver o mundo melhor; gente talentosa, que sonha com a verdadeira ação de Deus entre nós; gente que crê, mas não consegue praticar a fé em razão das diretrizes religiosas que lhes apresentaram como sendo de Cristo, mas que não lhes permitem a liberdade de ação e de comprometimento. Eu as ouço e fico a pensar no significado das palavras do Jesus da Bíblia, quando ensinou aos discípulos e às multidões dando conta da religiosidade dos escribas e fariseus (Mateus 24.1-4).

Lendo sobre as ações de Jesus, o verdadeiro Cristo, vemos e aprendemos coisas absolutamente contrárias àquelas ensinadas por muitos para manterem as pessoas presas aos ritos, dogmas, regras e outras práticas, não lhes permitindo vivenciar o sentido lato de crer em Cristo: "Se vós permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a VERDADE e a Verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" João 8:31, 32 e 36. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1).

O verdadeiro Cristo não alija ninguém das artes, não impede ninguém de manifestar alegria e criatividade; não se contrapõe ao direito elementar de ir e vir; não cria grupos com carteirinhas; não imprime a ditadura da fé; não inspeciona e nem anda com controle remoto atrás de ninguém. O verdadeiro Cristo nos ensina o caminho da retidão e da santidade apenas pelo fato de nos amar e dizer: “Vai, e não peques mais!” João 8.11b. É isto que transforma a cada um de nós e o mundo inteiro: o amor; “Caríssimos: Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para conosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigênito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” I João 4.7-10. “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” 2 Coríntios 3.1.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

EU TENHO SEDE DE TI

Pr. Raul Marques

“Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de ti, como terra sedenta”

Salmo 143:6

S

enhor, que bom saber que nada tenho e que tudo é teu! Como dá prazer ler e ouvir a tua Palavra! É através dela que sabemos exatamente o tamanho que temos. É também por ela que sentimos a tua grandeza. Por isso mesmo, Senhor, eu tenho sede de ti! Eu tenho necessidade de ti! Assim como o salmista, ó Deus, eu também quero expressar a minha dependência, a minha carência e o meu desejo de um pertencimento, cada dia maiores: "COMO SUSPIRA A CORÇA PELAS CORRENTES DAS ÁGUAS, ASSIM, POR TI, Ó DEUS, SUSPIRA A MINHA ALMA". Salmo 42:1.

Há quase vinte anos eu senti que o Senhor estava falando comigo através de algumas pessoas muito especiais, e a percepção foi tão nítida que, daqueles dias em diante, nunca mais deixei de prestar atenção em tudo o que Ele tem reservado para mim e para a minha casa. Desde aqueles dias percebi como era real em minha vida a expressão do apostolo Paulo que, inspirado, escreveu: “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamadas segundo o seu propósito” Romanos 8.28. Foi pelo que li nas Escrituras que percebi quem eu era e quem o Senhor desejava que eu me tornasse. Um dia, vi estampado diante dos olhos o seguinte texto: “Digna de confiança é esta palavra e merece ser plenamente acolhida por todos: Cristo Jesus veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais eu, em especial, sou o primeiro. Mas, se foi concedida misericórdia, foi para que em mim, por primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a sua generosidade, para que eu servisse de exemplo aos que creriam nele, em vista de uma vida eterna. Ao rei dos séculos, ao Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém” I Timóteo 1.15-17.

Sou profundamente grato aos meus pais na fé, por terem me acolhido com todas as minhas limitações, reconhecendo que o amor de Deus por mim era infinitamente maior. Sou grato a Deus por quem decidiu orar por mim, e o fez por mais de 10 anos. Sou grato a Deus pelos que ainda hoje oram e intercedem por mim e pelas responsabilidades que o Senhor me tem confiado. Sou grato a Deus por uma criança que nunca me havia visto pessoalmente e já orava por mim. Sou grato a Deus por algumas irmãs de idade já avançada, que decidiram orar e entregar a minha nas mãos do Senhor todos os dias. Sou grato a Deus pelas correspondências que recebo a cada dia dando conta das maravilhas que o Senhor faz na vida e na família daqueles à quem pude falar de Jesus. Sou grato a Deus pelos meus colegas de trabalho em quem, a cada dia, tento deixar um pouco do perfume de Cristo. Ah! Senhor, eu tenho tanto para agradecer... Tão somente dá-me forças para continuar, de modo que eu também possa me expressar ao final de tudo, como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” 2 Timóteo 4.7.

Para superar as adversidades de cada dia, Senhor, eu tenho sede de ti. Para vencer o que parece invencível, Senhor, eu tenho sede de ti. Para não permitir que as distrações deste mundo me detenham no caminho, Senhor, eu tenho sede de ti. Porque és Deus, porque és bom e as tuas misericórdias duram para sempre, Senhor, eu tenho sede de ti!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A FORÇA QUE SÓ VEM DE DEUS...

Pr. Raul Marques

“Embora as figueiras tenham sido totalmente destruídas e não haja flores nem frutos; embora as colheitas de azeitonas sejam um fracasso e os campos estejam imprestáveis; embora os rebanhos morram pelos pastos e os currais estejam vazios, eu me alegrarei no Senhor! Ficarei muito feliz no Deus da minha salvação! O Senhor Deus é a minha força. Ele me dá a velocidade da corça e me guia em segurança por sobre as montanhas” Hc 3.17-19 – BV

Uma das expressões bíblicas mais profundas e mais animadoras vem do profeta Jeremias: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim” Lamentações 3:22. Ai de nós se Deus não usasse de Sua misericórdia para conosco! As nossas fraquezas são tantas, que muitas vezes ficamos impedidos de prosseguir nos nossos caminhos e de darmos cabo às nossas tarefas, porque paramos estacionados nas impossibilidades. Mas, Deus não nos fez destinados às frustrações, decepções e fracassos. Ele nos capacitou de visão e de força interior através da fé. E, se sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6), é certo que não agradaremos ao Senhor com vidas sem significados e sem propósitos. É preciso que vivamos numa perspectiva que vai além das circunstâncias.

Quanta gente jovem tem desistido dos seus sonhos? Quantos casais têm desistido da felicidade? Quantas pessoas têm desistido da vida porque encontram diante de si problemas e obstáculos que parecem insolúveis e intransponíveis? Quantas igrejas têm perdido a visão porque o mundo as invadiu de tal modo, que os seus membros parecem sócios; os seus ministros, gerentes; o seu planejamento não é de acordo com Deus, mas de acordo com o mercado. Quantos vocacionados deixaram de prosseguir qualificados por Deus, influenciados pelos métodos de academicismos absolutamente contrários à total dependência do Senhor? Quantos irmãos sabem mais sobre maledicências do que sobre os conteúdos espirituais da sua igreja? Quantos estão perdendo as forças e o entusiasmo porque ao invés de estarem com os olhos postos em Cristo, autor e consumador da nossa fé, desviaram os seus olhares para pessoas, às vezes inescrupulosas e a serviço do mal?

Só há uma maneira de vencermos essas adversidades: pela fé! “Todo o que é nascido de Deus vence (ou está sempre vencendo) o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” I João 5.4. O apóstolo Paulo aprendeu e nos ensinou que “o justo viverá por fé” Gálatas 3.11. O profeta Habacuque também se expressou assim. Aliás, é também o profeta Habacuque quem nos dá a maior de todas as lições sobre como vencer as adversidades desta vida. No capítulo 3 e versículos 17 a 19, ele nos indica qual o caminho através do qual devemos prosseguir diante das tempestuosas situações com as quais nos defrontamos nesta vida; sejam elas relativas aos nossos relacionamentos, atividades religiosas, experiências familiares, caos financeiro, limitações na saúde, conflitos conjugais, contendas entre irmãos, etc. Fazendo analogia das suas palavras, ele diz: Ainda que nada nos pareça ideal, e que as coisas estejam todas fora de lugar; que não haja sequer uma brecha de solução; mesmo que todos tenham desistido de tudo; eu me alegrarei no Senhor! Ele transformará todo o caos. Ele, e somente Ele, me elevará acima de todas essas circunstâncias!“. É por isso mesmo que é importante ter fé, mas isso não vem de nós, não vende em supermercado, não se adquire por herança, não se pode repassar por facilitação; É DOM DE DEUS (Efésios 2.8). Esta é a força que só vem de Deus. Quem quer vencer, precisa buscá-la: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á” Mat.7:7.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O QUE CRISTO REALMENTE PREGOU?

Pr. Raul Marques

Jesus Cristo viveu tão livre das amarras religiosas e das convenções sociais quanto pregou. É por esta razão que está estampado na Palavra de Deus: se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). A obediência de Jesus ao Pai era tão extremada que Ele nada fazia sem antes consultá-lo em oração. Aliás, o Pai já tinha absoluta ciência disso, pois, ao apresentar-se no momento do batismo de Jesus Ele assim se expressou: “Tu és o meu Filho amado, em quem tenho prazer” (Mc 1.11). A liberdade que Jesus pregou, Ele viveu. Por causa desta liberdade Ele até repreendeu duramente aqueles que se tornaram seus maiores opositores: os fariseus e os doutores da Lei: “Um dos doutores da lei lhe disse: Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas. Ele respondeu: Ai também de vós, doutores da lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos”. Impor regras e ordens aos outros é fácil, difícil mesmo é começar por si!

Certa vez entrou na Igreja um casal para participar do culto de oração e estudo da Palavra de Deus. Eu não conhecia nem o homem e nem a mulher, e recebi a cada um como aos demais. Ao término do culto alguém me chamou e comentou: “Pastor, eu não acredito que o Senhor vai receber aqui este casal!”. Aquela não foi a censura de um crente, mas de um religioso. Foi um comentário infeliz, preconceituoso e desprovido de qualquer amor ou piedade. Fiquei tão triste ao ouvir aquilo que logo lhe coloquei diante de um impasse: “Há entre nós alguém menos pecador que eles?”.

Foi o suficiente para que a pessoa interrompesse o inquérito e saísse. Certamente aquela pessoa não tinha idéia do que significa GRAÇA; não havia deixado entrar em seu coração o ensino libertário de Jesus, que diz: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores” Mc 2.13-17.

Ainda hoje sofremos por estas mesmas causas. Muitos não conseguem se firmar no Evangelho em decorrência de um pretenso puritanismo ou de uma pseudo-santidade que, com toda certeza, não estão respaldados em Jesus. Ele nunca desejou execrar ninguém; Ele nunca intentou descartar ninguém; Ele nunca humilhou ninguém. Embora Jesus sempre saiba o que vai fundo em nossos corações, e conheça perfeitamente as causas das nossas atitudes e comportamentos, mesmo assim Ele nos ama e anseia por nossa salvação. A liberdade que Ele viveu e pregou nos atrai para uma mudança muito mais profunda, menos estética e muito mais ética. Foi isto que Ele pregou; foi isto que Paulo entendeu e por isto afirmou: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1). Que Deus tenha misericórdia de todos nós.

O TEATRO DA ALMA

Pr. Raul Marques

“E tudo o quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai” Colossenses 3.17


A tarefa mais difícil na vida cristã não é ir à Igreja costumeiramente, mas estar na Igreja conscientemente. Por que será que o apóstolo Paulo chamou a igreja de Corpo de Cristo? Ora, se Cristo é santo e a igreja é o seu corpo, e nós somos o Corpo de Cristo, é fácil deduzir que devemos ser santos. Devemos estar separados de tudo o que é próprio dos pagãos, dos incrédulos, dos escarnecedores, dos ímpios, etc. No entanto, o reconhecimento dos que estão separados não é nada simples; é uma das tarefas mais complicadas. Tanto é que o Senhor Jesus ilustrou através de uma parábola o seguinte ensino: Mateus 13.24 Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. 25. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. 26. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. 27. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? 28. Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos? 29. - Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. 30. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro. São semelhantes, nunca iguais! É exatamente por este fato que vemos tantas vezes a fé teatralizada. Isto tem a ver com a vocação da alma humana. Ela tem sede de fantasia. Ela foi degenerada pelo pecado e tem uma inclinação tenebrosa para o parecer ser... É por esta razão que às vezes ficamos perplexos e sobressaltados com certas atitudes que não dizem respeito à verdadeira conduta cristã. É por isso que temos tanta dificuldade para compreender certas ações de pessoas que apenas aparentam ser aquilo que, na verdade, não são. É o teatro da alma. Ela se traveste. Ela se transforma de acordo com o papel que intente representar. São as muitas facetas do engano. São a presença constante das máscaras sociais e espirituais. Existem pessoas cujas almas são feias e sujas, e não lhes adianta a cor com que se pintaram; mais cedo ou mais tarde a maquiagem estará borrada; quem sabe, as lágrimas mancharão a tintura do rosto e revelarão as deformidades originais. Esses são o joio. No entanto, felizmente há também o verdadeiro trigo, em cuja semente não há mistura, não há artificialismos, mas originalidade. E quando se encerram os atos e o teatro chega ao fim, resta tão somente a verdade. É neste exato instante que ocorrerá aquilo que o próprio Jesus ensinou: Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!