QUANDO O SILÊNCIO FALA MAIS ALTO
Pr. Raul Marques
“Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o
Cristo, o Filho de Deus, diga-nos” Mateus 26.63.
Cresci ouvindo este adágio popular: “Quem cala,
consente!”. Não creio que isto seja uma verdade absoluta, pois,
podemos perfeitamente discordar de alguém ou de alguma coisa sem, sequer,
emitirmos qualquer palavra. O silêncio muitas vezes tem o poder de gritar mais
alto! “O SENHOR pelejará por vós, e vós vos calareis” (Êxodo
14:14).
O manifesto do silencio é, muitas vezes, a mais contundente resposta a
indagações carregadas de maldade e de intenções espúrias. Silenciar pode
significar abrir espaço para Deus falar por nós! “Grandes obras não são
feitas com força, mas a perseverança” (Samuel Johnson).
Indagações maldosas ferem; o silêncio, porém, incomoda muito mais às maldades. O
silencio pode ser o nosso maior aliado, dependendo das circunstâncias. Muitas
vezes somos espremidos e quase obrigados a dar respostas que não temos, ou, de
outro modo, a emitir opinião que tão somente colocariam mais fogo no palheiro,
se entendidas distorcidamente. Os poetas e pensadores amam o silencio! Os
profetas e os sábios também expressaram muito com o silencio. Jesus foi O
mestre da palavra e do silencio.
Silenciamos diante de situações duvidosas...
Silenciamos para não magoar... Silenciamos em nome da paz... Silenciamos em
nome do amor! O silencio tanto pode ser a angústia mais profunda dos culpados,
quanto a atitude mais sábia dos inocentes. Pode ser tanto a expressão mais
profunda da lisura, quanto a mais lancinante resposta às arguições infundadas.
Em tudo deve haver prudência.
Quantas vezes precisei engolir à seco? Quantas vezes
senti sapos descerem goela a baixo? Quantas vezes precisei
entender os algozes, no meu silencio? Quantas vezes andei a
segunda milha em absoluto silencio? Quantas vezes tomei a minha
cruz e segui silenciosamente?
Na ordem do cânon bíblico, entre Malaquias e Mateus,
há um lapso de tempo entendido por muitos como o silencio de
Deus. No capítulo 26 de Mateus, versículo 63 está registrado que, diante de
um sacerdote, Jesus preferiu o silencio como resposta à leviandade
impetrada contra Ele. Num momento seguinte, diante de Pôncio Pilatos (Mateus
27.13-14), Jesus preferiu silenciar mais uma vez. Mais tarde, diante de
Deus-Pai, Todo Poderoso, Fiel e Justo Juiz, Jesus expressou a Sua resposta às
acusações do mundo: “Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o
espírito” (João 19:30). Pode alguém, de hoje em diante, dormir
em paz com este barulho?