O CALENDÁRIO...
Pr. Raul Marques
“Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias de tal
maneira, que alcancemos coração sábio” Sl.90:12
É
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Impressionante como
somos dependentes tanto dos relógios quanto dos calendários! São eles, dentre
os outros muitos instrumentos tecnológicos, que hoje ditam o roteiro litúrgico das
nossas vidas. É impossível negar a utilidade destes artifícios em num mundo tão
marcado pela pressa, pela correria, pela ansiedade e, sobretudo, pela sensação
de terminar cada dia com as tarefas inacabadas...
“As pesquisas
indicam que o primeiro calendário surgiu na Mesopotâmia, por volta de 2700
a.C., provavelmente entre os sumérios, e foi aprimorado pelos caldeus. O
calendário possuía 12 meses lunares, de 29 ou
30 dias, e serviu de base para o adotado pelos judeus. Como cada mês começava
na lua nova, o ano tinha 354 dias, ficando defasado em relação ao calendário
solar. Para resolver o problema, os caldeus acrescentavam um mês a cada três
anos. O primeiro calendário solar foi criado pelos egípcios, em meados do
terceiro milênio antes de Cristo. Muito mais preciso, já tinha 365 dias. Hoje,
utilizamos o calendário gregoriano, que não sofre influência do movimento dos
astros. Ele foi instituído em 1582 pelo papa Gregório XIII (1502-1585), que
reformou o calendário Juliano - uma herança do Império Romano”. O propósito de criação do calendário
foi, sem dúvida, o mais coerente possível com a crescente necessidade de
organização do tempo e da vida humana. Entretanto, a última cena a ser suposta
foi a de que a humanidade viesse a viver refém desta criação, entregando-se frenética
e desvairadamente à necessidade insana de que o dia fosse esticado, que os
meses fossem mais elásticos e que os anos não terminassem tão rapidamente...
Puro devaneio e ilação da vida moderna. Tudo continua como dantes; o que
realmente mudou, porém, foi a esquisitice humana e a louca e hipnotizadora
ansiedade por uma vida acumulada por coisas inúteis que parecem imprescindíveis,
por uma corrida inconsciente e automática pela chamada “sobrevivência”, que
tornaram os homens reféns do tempo implacável que, hoje, parece sempre
ser mais breve que em qualquer outro tempo da história humana.
No Livro dos Salmos encontramos um belo pedido a Deus: “Ensina-nos,
Senhor, a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio” Sl.90:12.
É preciso que deixemos o cativeiro do tempo que nos aprisiona ao relógio e ao
calendário, e que lançam sobre nós um jugo de cansaço, de fadiga e desespero. É
preciso que saibamos contar os nossos dias com paz, com serenidade e com
sabedoria. Afinal de contas, o que nos espera logo adiante é o abraço
inevitável da morte! Precisamos pensar também sobre ela, que é parte
integrante do nosso ciclo existencial, com ou sem calendários.
Lembra de que estivemos juntos há poucas
horas? Pois é, foi o ano passado! O ano passado foi ontem... Quando menos
cuidarmos estaremos outra vez marcando no calendário o fim de mais um ano... Parece-nos
uma caminhada em círculo incessante, interminável, que fatalmente vai ser
interrompida e tão somente marcada no calendário da nossa existência falaz.
Entretanto, segundo o salmista, se alcançarmos um coração sábio, entenderemos
que a vida não cessa no calendário; ela é eterna; o calendário, sim, este é que
é finito, limitado e necessário somente por alguns breves anos das nossas
vidas...
Importa-nos, isto sim, a lembrança sempre
viva de que precisamos necessariamente reconhecer que, se aceitamos ao Cristo
de Deus e a sua mensagem, desligados do cárcere do tempo, porém ligados à
liberdade que Ele veio nos presentear, entenderemos mais profundamente o que Ele vaticinou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê
em mim, ainda que esteja morto, viverá;. E todo aquele que vive, e crê em
mim, nunca morrerá” João 11.25-26.