quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A POBREZA DE UM NATAL GLAMUROSO...
Pr. Raul Marques

A palavra presépio é derivada do Latim “PRAESEPIUM”, “estrebaria, curral, lugar para a guarda de animais”, formada por PRAE, “à frente”, mais SAEPES, “fechado, cercado”. O nascimento de Jesus, portanto, ocorreu numa estrebaria, neste lugar fechado e cercado, por ser a única opção dos seus pais, José e Maria, na hora mais tensa e nervosa do início de suas vidas. Logo em seguida, com uma fuga desesperada, a família teve que livrar-se da perseguição de Herodes, que intentava matar todos os recém nascidos no afã de eliminar qualquer possibilidade do cumprimento das profecias sobre o “Messias”.

Todas as circunstâncias do nascimento de Jesus foram temerárias! Céus e terra se moveram para a encarnação de Jesus, o Emmanuel – Deus conosco! Foi a materialização de predições muito antigas, realizada em seus mais delicados detalhes e com inconfundível perfeição! Na teologia cristã, o nascimento é a encarnação de Jesus como segundo Adão, a realização da vontade de Deus com o objetivo de desfazer o dano provocado pela queda do primeiro Adão.
A anunciação do nascimento de Jesus foi realizada de maneiras magnificamente significativas: primeiro, aos pais por emissários de Deus e, em seguida, aos campesinos pastores, gente simples que acolheu com temor e tremor a chegada do Messias.

Hoje, no entanto, o natal foi transformado num pobre evento comercial e publicitário, desprovido de todos os significados da fé cristã. As famílias se ajuntam muito mais por compromissos sociais e necessidade de diminuição da culpa pelas ausências no dia a dia dos parentes e amigos, do que pelas motivações espirituais que o fato requer.

Como não houve lugar para Jesus nascer em condições adequadas, foi parar numa estrebaria... Como não há espaço nos corações humanos, Ele nasce a cada dia como uma estrela solitária nos céus da nossa existência, aguardando continuamente a firmeza das nossas decisões, quiçá amalgamadas por conclusões coerentes entre o crer e o agir.

Para não vivenciarmos enganados com um natal miserável de significados, cuidemos de achar dentro de cada um de nós o Reino de Deus. Quem sabe Ele nasça na manjedoura dos nossos corações!