sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ANTES QUE O ANO TERMINE...


Pr. Raul Marques


Ufa! Quase tiramos este ano de um só fôlego ou, quem sabe, ele foi tão intenso que nem nos demos conta de que estava chegando ao fim... Em apenas alguns dias ele findará, e teremos cumprido mais uma etapa da nossa existência. Lembro-me perfeitamente da mística que aureolava a chegada do ano 2000. Lembro-me até de um cantor popular que dizia a plenos pulmões: “Só pretendo morrer depois de 2001...”. Mas, como tudo na vida passa – e é bem melhor que seja assim! -, estamos testemunhando a passagem de mais um tempo. Não podemos e nem devemos, sob quaisquer pretextos, ficar murmurando cantigas de chororô, revivendo páginas de melodrama ou, quem sabe, amedrontados com o espectro do que poderia ter sido e não foi. Estamos nos aproximando da reta de chegada de um novo ano, quem sabe, cheios de anseios, dúvidas, indagações, certezas, e até medos. Sim, medos do amanhã; medos do porvir; medos do desconhecido, etc.

Antes que o ano termine, vamos analisar o nosso balanço de perdas e danos? Vamos em seguida virar a página e nos debruçar sobre os resultados dos nossos investimentos e das aplicações realizadas? Apesar de parecer óbvio, não estou me referindo a dados econômicos ou financeiros, estou buscando por registros da emoção, da espiritualidade, da personalidade, da ética, do “não-ceder” às seduções baratas e aviltantes; do não se deter diante das falácias e das adversidades; de não se achar recalcitrante, etc.

Antes que o ano termine, vamos voltar a pensar naqueles amigos que por mais que o tempo passe não consegue apagá-los da nossa lembrança! Daquelas pessoas que entraram em nossa história de uma forma não tão significativa, mas passaram a significar tanto prá nós! Vamos rememorar fatos que permitam o deleite! Vamos dizer exatamente como disse Jeremias: “Quero trazer à memória somente aquilo que me dá esperança” (Lm 3.21).

Antes que o ano termine, vamos elevar os nossos olhos para o monte; é de lá que nos vem o socorro! Vamos caminhar na perspectiva de que tudo o quanto nos vier às mãos para fazer, faremos, para a glória de Deus! Vamos prosseguir de tal modo que, ainda que o cálice seja amargo, ainda assim o beberemos! Vamos persistir, ainda que a figueira não floresça! Vamos continuar a caminhada, mesmo que nos façam andar a segunda milha!

Antes que o ano termine e o sol chegue a se pôr sobre a nossa ira, perdoemo-nos; sabedores de que, no que depender de nós, devemos ter paz com todos os homens! Antes que o fio de prata se arrebente, voltemos o olhar de misericórdia àqueles que nos feriram, conscientes de que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, contra os principados e potestades! Antes que nos venha o dia mal, busquemos ao Senhor com todo o nosso entendimento! Antes que alguém nos fira um lado do rosto e sejamos obrigados a oferecer-lhe o outro, oremos para que ele desista dessas atitudes e se converta verdadeiramente!

Por tudo isto, e antes que chegue o novo ano, FELIZ ANO NOVO, agora e sempre!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Quando a Igreja faz sentido

Pr. Raul Marques


O neoliberalismo e o capitalismo selvagem instalados no mundo atual, sobretudo nos países do Terceiro Mundo, e mais especificamente na América Latina onde nós estamos inseridos, têm afetado as famílias e as instituições na nossa sociedade de forma brutal e desconcertante, trazendo incontáveis prejuízos morais, sociais, psicológicos e espirituais sem precedentes. As mazelas advindas da descaracterização da família são responsáveis pelo desmoronamento da fé necessária e sadia, e da impotência da Igreja diante do caos social manifesto através das sandices culturais escondidas atrás da cortina da chamada modernidade. Afinal de contas, de que mais se ressente a Igreja atual? De que mal está acometida a Igreja hoje? Certamente que estas questões só podem ser respondidas a contento à luz do verdadeiro e único manual de conduta e postura cristãs, a Bíblia Sagrada.
O livro de Atos dos Apóstolos (ou Atos do Espírito Santo através dos apóstolos) nos dá a dimensão exata de como uma sociedade passa a fazer sentido através da compreensão das ações de Deus na vida humana. Após sete semanas da ressurreição de Jesus Cristo ocorreu o Pentecostes. Muitos que haviam se maravilhado com os milagres de Jesus, e muitos dos que haviam se comprometido com o Seu plano de mudança de vida, já se tinham dispersado por medo ou por pura incredulidade. Mas, alguns ainda se mantinham unidos à espera de que se concretizassem as promessas do mestre Galileu. O mundo da época era semelhante ao nosso: muito pecado, rebeldia, distanciamento dos padrões da fé, escravidão política, queda moral, caos social, etc. Todos ansiavam por mudanças, mas ninguém queria começar por si mesmo; alguma coisa teria que cair do céu... E, como toda resposta às nossas inquietações só pode vir de cima, Deus agiu trazendo a elucidação dos fatos através de Pedro, naquilo que o Espírito Santo já havia prometido ao profeta Joel, cerca de 820 a.C, fazendo com que as pessoas se voltassem para o verdadeiro sentido de vida comunitária através da experiência da fé e da transformação de seus pensamentos.
Depois da manifestação sobrenatural de Deus e da perplexidade dos discípulos, que logo instigaram multidões que indagavam sobre o que estava acontecendo, veio o sopro do Espírito Santo sobre todos eles trazendo unidade, fé, esperança e significado de vida verdadeira. Foi assim que Lucas viu e registrou através destas palavras: “
Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão, louvando a Deus. A cidade inteira tinha simpatia por eles, e cada dia o próprio Senhor acrescentava à igreja todos os que estavam sendo salvos” Atos 2.46-47. Neste exato instante a comunidade da esperança começou a fazer sentido. A vida pessoal começou a ter significado. A fé começou a operar mudanças: todos agora tinham desejo e alegria de estarem juntos todos os dias; faziam questão de compartilhar as refeições; estavam juntos e comprometidos com Deus através da oração e da comunhão. Todos estes fatos fizeram com que a cidade inteira simpatizasse e se mostrasse interessada na verdadeira igreja que se formava em toda a sua pujança e plenitude. Somente assim faz sentido ser Igreja. Somente assim Deus se agradará de nós!