sábado, 5 de janeiro de 2013


DIVAGAÇÕES DA MEIA-IDADE...
Pr. Raul Marques

“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento...”
Eclesiastes 12:1

H
oje me veio à memória um desabafo feito por um amigo, nos idos da  minha juventude: “Ah! Como eu queria ser o Super Homem... Eu acabaria com todo tipo de maldade!”. Quando a gente é jovem tudo é muito lúdico e muito mágico; toda utopia nos parece muito real...
Estou recém chegado na casa dos cinco primeiros anos depois do primeiro cinquentenário  Isto também é lúdico e mágico. É quase óbvio que a gente começa a ter consciência das coisas como quem está lendo um livro do fim pro começo: fica mais claro o que vem adiante... Parece que a vida é uma história que já ouvimos ser contada por nossos pais e avós. A consciência e a responsabilidade são muito maiores que a força física. A capacidade da argumentação não anda pari passu com as ações e reações do corpo. A primeira fica mais arguta, enquanto as outras vão se tornando sempre mais suaves. É exatamente neste período que tomamos ciência da realidade humana tão perecível e fragmentada. É aí que encontramos mais visíveis as nossas inquietações, e mais numerosos os nossos limites.
Cheguei no tempo de entender com maior exatidão que “não é dos fortes a vitória, nem dos que correm melhor, mas, dos fiéis e sinceros como nos diz o Senhor”. Não tenho mais pressa para ser feliz amanhã, a felicidade de hoje me basta. Não ambiciono os anos de Matusalém (Gênesis 5:27), na exata proporção de não ter sido um aborto. Quero simplesmente viver a parte que cabe na completa dependência de Deus, realizando as obras que Ele me confiar, dirigindo-me às pessoas à quem Ele me indicar, levando-lhes “a paz que excede todo o entendimento humano(Filipenses 4.7), ajudando-lhes na travessia desta ponte sublime e deslumbrante chamada Vida. Não quero descer às profundezas com um escafandro, mas, ao contrário, elevar cada dia mais o meu olhar para o alto, de onde me vem o socorro (Salmos 121), sem lentes artificiais ou tridimensionais; quero desfrutar da transcendência e da imanência sem delírios e sem overdoses de fé... Quero as minhas vestes na justa medida que o Senhor as fez. Desejo ser visto com as marcas reais do meu tempo, sem maquiagens e sem foto shop. Posso até ter pintas de herói aqui e ali, mas agora, somente para a minha netinha e gente da sua idade, não mais que isto.