DIVAGAÇÕES DA
MEIA-IDADE...
Pr. Raul
Marques
“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a
dizer: Não tenho neles contentamento...”
Eclesiastes 12:1
H
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oje me veio à memória
um desabafo feito por um amigo, nos idos da minha juventude: “Ah! Como eu queria ser o Super Homem... Eu acabaria com
todo tipo de maldade!”. Quando a gente é
jovem tudo é muito lúdico e muito mágico; toda utopia nos parece muito real...
Estou recém chegado
na casa dos cinco primeiros anos depois do primeiro cinquentenário Isto também
é lúdico e mágico. É quase óbvio que a gente começa a ter consciência das
coisas como quem está lendo um livro do fim pro começo: fica mais claro o que
vem adiante... Parece que a vida é uma história que já ouvimos ser contada por
nossos pais e avós. A consciência e a responsabilidade são muito maiores que a
força física. A capacidade da argumentação não anda pari passu com as ações e
reações do corpo. A primeira fica mais arguta, enquanto as outras vão se
tornando sempre mais suaves. É exatamente neste período que tomamos ciência da
realidade humana tão perecível e fragmentada. É aí que encontramos mais visíveis
as nossas inquietações, e mais numerosos os nossos limites.
Cheguei no tempo de
entender com maior exatidão que “não é dos fortes a
vitória, nem dos que correm melhor, mas, dos fiéis e sinceros como nos diz o
Senhor”. Não tenho mais
pressa para ser feliz amanhã, a felicidade de hoje me basta. Não ambiciono os
anos de Matusalém (Gênesis 5:27), na exata proporção de não ter sido um aborto. Quero simplesmente
viver a parte que cabe na completa dependência de Deus, realizando as obras que
Ele me confiar, dirigindo-me às pessoas à quem Ele me indicar, levando-lhes “a paz que excede todo o entendimento humano” (Filipenses 4.7),
ajudando-lhes na travessia desta ponte
sublime e deslumbrante chamada Vida. Não quero descer às profundezas com um escafandro, mas, ao contrário, elevar cada dia mais o meu olhar para o alto, de
onde me vem o socorro (Salmos 121),
sem lentes artificiais ou tridimensionais; quero desfrutar da transcendência e da imanência sem delírios e sem overdoses de fé... Quero as minhas vestes na justa medida que o Senhor as fez. Desejo
ser visto com as marcas reais do meu tempo, sem maquiagens e sem foto shop. Posso até ter pintas de herói aqui e ali, mas agora, somente para a
minha netinha e gente da sua idade, não mais que isto.
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