domingo, 30 de novembro de 2008

SAUDADES DOS COMEÇOS...



Pr. Raul Marques


A narrativa bíblica sobre o começo de tudo é simplesmente linda! Há algo de excepcional e de inimaginável na descrição de como tudo veio a existir. É simplesmente divino! Por isto mesmo eu me pus a pensar sobre a sublimidade, delicadeza, beleza e singularidade dos começos...
O texto bíblico nos informa que “
no princípio era o caos”, isto é, “a terra era sem forma e vazia e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1.1-2). Todos os começos têm origem no caos. Por exemplo: uma família feliz e bem estruturada tem origem no inexplicável. Duas pessoas que nunca se viram, nunca se souberam existentes, nada sabiam uma da outra, de repente se encontram, cruzam olhares, se apaixonam, se casam, formam uma família e poderiam ser felizes para sempre... Mas, por que a palavra “poderiam”? Porque a verdadeira felicidade é completamente dependente de sempre retornarmos ao começo. O Cristianismo só é vivido em sua plenitude quando se permite voltar ao princípio de tudo; quando se permite voltar ao primeiro amor (Ap 2. 4). Uma família completamente feliz tem início no amor e no respeito de um casal em que o Espírito de Deus paira sobre ele. Uma igreja feliz será sempre aquela que se permitir analisar à luz da Palavra de Deus, corrigir o seu curso, voltar à prática das primeiras obras, exercitar o verdadeiro amor, e estar sempre com saudades dos começos... Voltar ao início de tudo não é aprisionar-se ao passado de reminiscências ou lamentações, mas, perceber que, como as árvores, a nossa história de vida, de família e de fé não podem prescindir das nossas raízes.
Tenho saudades dos meus amigos de infância; tenho saudades dos meus primeiros professores; tenho saudades das primeiras criações; tenho saudades do convívio com meus pais e irmãos; tenho saudades dos meus poemas; tenho saudades dos primeiros passos na fé; tenho saudades dos meus pais na fé; tenho saudades da igreja onde Jesus me fez renascer; tenho saudades do Seminário; das primeiras mensagens; tenho saudades dos meus filhos; tenho saudades da minha esposa quando ainda namorada; enfim, tenho saudades de todos os começos que me conduziram à maturidade que hoje atingi. E nada, absolutamente nada disso faria sentido, se o Espírito de Deus não estivesse pairando sobre as águas existenciais da minha vida.
Hoje vejo a vida com outros olhos, mas não posso esquecer-me de como iniciei a ver o mundo, a ver a vida, a sentir o amor, a crer, e a amadurecer. Tenho saudades de tudo e de todos. Que Deus tenha misericórdia de todos nós que temos tantas saudades...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O PODER INEXPLICÁVEL DA FÉ...


O PODER INEXPLICÁVEL DA FÉ...
Pr. Raul Marques


Todos os dias encontramos pessoas cheias de problemas. Umas, lutando com todas as suas forças; outras, porém, já entregando os pontos; ou, como diriam os adeptos do futebol: “pendurando as chuteiras”. A toda hora é possível ver alguém com cara de vencido; com aspecto de quem acabou de ver fantasmas. Esse é o drama do homem. Ou, como diria Belchior: “a divina comédia humana, onde nada é eterno”. Menos mal é saber que esse mal pode não ser eterno; é uma questão de ponto de vista, ou melhor, é uma questão de visão eminentemente espiritual.
Que todos sofrem, é certo, senão Jesus não teria explicitado ao afirmar: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo!” (João 16.33). Não obstante todo esse dilema humano, toda essa paranóia de sofrimento, tribulação, transgressão, pecado e morte como conseqüência, temos uma porta aberta para saída de qualquer dessas situações limítrofes: a fé! Quero levá-lo a pensar comigo numa das maiores esperanças que o Senhor Jesus veio trazer ao drama do homem. Certa vez, em meio a uma situação dramática e de comoção, Ele afirmou: “Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá!”. Não pode haver maior esperança do que essa! A morte é a cessação das oportunidades; mas, para o homem, não para Deus. Com base nessa afirmação de Jesus quero levá-lo a perceber pelos olhos da fé as soluções para as suas agruras e inquietações. Quero fazê-lo entender que nem tudo está perdido; que “para aquele que está na companhia dos vivos há esperança” (Eclesiastes 9.4), e que se houver verdadeiramente fé genuína o milagre ocorrerá, pois o próprio Jesus empenhou a sua palavra afirmando: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, todo aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate se abre” (Mateus 7.7-8).
Ora, se Jesus afirma que aquele que nele crê ainda que esteja morto viverá, então, por mais perto que alguém esteja do fracasso ou do fundo do poço, não deve entregar os pontos... Deve, isto sim, clamar ao Deus do impossível, do mesmo modo como fervorosamente fez o cego Bartimeu: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”, e assim, agindo unicamente movido pela fé inabalável, receba de Deus o socorro bem presente na hora da angústia. Muita gente está vencendo a incredulidade abraçando o Evangelho de Jesus Cristo, pois, vive na certeza de que “ainda que esteja morto, viverá!”. Os resultados da fé às vezes não podem ser explicados, mas, todos eles podem ser sentidos. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A DIFÍCIL TAREFA DE AMAR...


Pr. Raul Marques


Pode parecer um episódio simples e até muito conhecido narrado nas Escrituras, mas o fato de Jesus inquirir a Pedro de forma incisiva e contumaz com um tríplice “Pedro, tu me amas?”, é muito mais significativo do que possamos pensar. As perguntas feitas pelo Senhor Jesus soam como uma pedra estilhaçando uma vidraça, ou como uma bexiga não suportando mais a pressão interna do ar...
Parece bem simples pronunciar um “eu te amo”, no entanto, não é tão simples assim vivenciar esta expressão de sentimento na vida real dos seres humanos. Por isto mesmo não é fácil SER cristão. Primeiro e acima de tudo, porque devemos “AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS”; segundo, porque em decorrência deste amor devemos “AMAR AO PRÓXIMO”; e terceiro, porque este fato é uma conseqüência do “COMO (amamos) A NÓS MESMOS”. Que coisa difícil, não?
Pois bem, o que queria Jesus ensinar ao homem Pedro? Perceba: Jesus não estava ensinando religião; não estava dando aula de psicologia; não estava transformando Pedro em um super homem; nada disso. O desejo do coração do Mestre era um só: tornar Pedro mais humano, mais sensível, mais centrado, reconhecendo as suas próprias fraquezas, mas, em decorrência do fazer pelos outros por amor, pudesse provar o verdadeiro amor, sinônimo de compreensão, de doação, de cuidado, de interesse pela felicidade alheia, a partir do amor originário no coração de Deus, que ali estava apresentado em Jesus, o Verbo encarnado.
Como disse: “não é fácil SER cristão”, sobretudo quando desejamos isso a partir de nós mesmos. Não é possível. Por isso o questionamento que Jesus fez a Pedro, faz-nos a nós todos: “amas-me?”. Se isto é verdade, por que descartam os trabalhosos? Por que preferem os arrumadinhos? Por que exibem tanta indiferença? Por que são tão intolerantes? E por que fazem dos ensinos bíblicos meros jargões filosóficos, usando-os como força de expressão e quase nunca como expressão da ação.
É preciso considerar a difícil tarefa de amar para responder com sinceridade, olhando nos olhos de Jesus, à pergunta que Ele nós faz agora: “Tu me amas?”. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

QUANTAS VEZES JÁ NEGUEI A JESUS?


Pr. Raul Marques


Com atitudes estranhas e incompreensíveis todos nós ficamos admirados e surpresos, mas somente quando as vemos nos outros... Parece até que essas coisas nunca ocorrem conosco! Pois bem, foi pensando nisto que me veio imediatamente à memória a triste situação em que se envolveu o apóstolo Pedro com relação à negação da amizade tão estreita que ele tinha com Jesus Cristo. Pior do que a própria situação de Pedro é a situação daqueles que pensam estar imunes a essas tristezas de comportamentos inoportunos e injustificáveis. Pedro torna-se o arquétipo da contradição humana de amar e esquecer num piscar de olhos, quando nega publicamente que tinha conhecimento de quem era Jesus. Ele materializa toda a covardia humana diante da iminência do sofrimento honroso na defesa de causas tão nobres quanto aquelas que foram defendidas por Jesus, custando-lhe, inclusive, a própria vida.
Será que podemos nos excluir do rol daqueles que, como Pedro, traem a Jesus escandalosamente? Será que podemos agora parar por alguns instantes diante da inquietante argüição: “Quantas vezes já neguei a Jesus?”. Se formos bastante sinceros chegaremos a tristes conclusões...
Negamos a Jesus quando nos deparamos com a oportunidade de fazer o bem e não o fazemos. Negamos a Jesus quando temos a chance de ter uma família obediente a Deus e negligenciamos a experiência cristã dentro do nosso lar, deixando que o mundo dite as normas de nossa convivência no lar. Negamos a Jesus quando traímos os nossos irmãos ultrajando a igreja. Negamos a Jesus quando praticamos a nossa fé de maneira automática e superficial. Negamos a Jesus quando transparecemos tanto conhecimento religioso, mas vivemos tão vazios de humildade e simplicidade na fé. Não é que Pedro não gostasse de Jesus; ele simplesmente não foi capaz de demonstrar o seu amor na hora mais necessária. Será que estamos sendo recíprocos e leais com os nossos irmãos? Será que Jesus pode contar conosco? Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 1 de novembro de 2008

CHEGA DE CRISE!


Pr. Raul Marques


O mundo anda realmente na contramão do Evangelho de Jesus Cristo. Enquanto o apóstolo Paulo nos diz em Filipenses 4.6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”, o mundo vive enlouquecido a ponto de ocorrer um colapso planetário por causa de uma tal crise financeira internacional. É impressionante como quase nenhum governante destacado na política mundial diz ter perdido o sono com a miséria da fome, do desemprego e da violência que ceifam multidões nos países do chamado “terceiro mundo”, mas são capazes de demonstrar toda inquietação e loucura quando o assunto é estritamente financeiro.
Chega de crise! Por que parar diante do Muro das Lamentações como se essa tal crise se configurasse no maior dos obstáculos para a humanidade? A maior e mais profunda crise humana não é financeira, mas espiritual! Maior do que a recessão americana é a imoralidade humana! Maior do que a crise financeira nos países ricos, é a pouca vergonha amalgamando a corrupção capaz de lesar as finanças das cidades, dos estados e das nações mais pobres da terra!
Chega de crise! O nosso Deus é maior. É mais forte e tem muito mais poder! Não podemos viver paralisados diante da grandiosidade desse mar se, pela fé, podemos atravessá-lo a pé enxuto... Devemos viver na mesma perspectiva em que viveu o salmista ao perguntar: “Elevo os meus olhos para o monte; de onde me virá o socorro?” e responder concomitantemente: “O meu socorro vem de Deus, que fez os céus e a terra!” (Salmo 121). Cuidado para não estar super valorizando as suas crises e subestimando o poder transformador e restaurador do nosso Deus! Façamos a nossa parte; Deus, certamente fará a dele. É mais prático exercitar a fé com a visão bíblica: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e o mais ele fará!” (Salmo 37.4). Que Deus tenha misericórdia de todos nós!