quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A POBREZA DE UM NATAL GLAMUROSO...
Pr. Raul Marques

A palavra presépio é derivada do Latim “PRAESEPIUM”, “estrebaria, curral, lugar para a guarda de animais”, formada por PRAE, “à frente”, mais SAEPES, “fechado, cercado”. O nascimento de Jesus, portanto, ocorreu numa estrebaria, neste lugar fechado e cercado, por ser a única opção dos seus pais, José e Maria, na hora mais tensa e nervosa do início de suas vidas. Logo em seguida, com uma fuga desesperada, a família teve que livrar-se da perseguição de Herodes, que intentava matar todos os recém nascidos no afã de eliminar qualquer possibilidade do cumprimento das profecias sobre o “Messias”.

Todas as circunstâncias do nascimento de Jesus foram temerárias! Céus e terra se moveram para a encarnação de Jesus, o Emmanuel – Deus conosco! Foi a materialização de predições muito antigas, realizada em seus mais delicados detalhes e com inconfundível perfeição! Na teologia cristã, o nascimento é a encarnação de Jesus como segundo Adão, a realização da vontade de Deus com o objetivo de desfazer o dano provocado pela queda do primeiro Adão.
A anunciação do nascimento de Jesus foi realizada de maneiras magnificamente significativas: primeiro, aos pais por emissários de Deus e, em seguida, aos campesinos pastores, gente simples que acolheu com temor e tremor a chegada do Messias.

Hoje, no entanto, o natal foi transformado num pobre evento comercial e publicitário, desprovido de todos os significados da fé cristã. As famílias se ajuntam muito mais por compromissos sociais e necessidade de diminuição da culpa pelas ausências no dia a dia dos parentes e amigos, do que pelas motivações espirituais que o fato requer.

Como não houve lugar para Jesus nascer em condições adequadas, foi parar numa estrebaria... Como não há espaço nos corações humanos, Ele nasce a cada dia como uma estrela solitária nos céus da nossa existência, aguardando continuamente a firmeza das nossas decisões, quiçá amalgamadas por conclusões coerentes entre o crer e o agir.

Para não vivenciarmos enganados com um natal miserável de significados, cuidemos de achar dentro de cada um de nós o Reino de Deus. Quem sabe Ele nasça na manjedoura dos nossos corações! 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

EU TENHO MEDO...
Pr. Raul Marques




          Quando criança eu tinha muitos medos! Medo das muitas águas; do escuro intenso; das portas fechadas com trancas; do “lobisomem”; do “velho do saco”; da “bruxa malvada”; enfim... Na medida em que fui crescendo outros medos foram sendo acrescentados: medo de matemática; medo das confusões e das multidões; medo de ser chamado ao quadro negro, etc. A grande maioria deles foi superada pela razão e pela maturidade; outros, no entanto...
           O medo é um sentimento profundamente complexo como a nossa própria existência! Ele é bom, enquanto sinal de alerta, e mal, se se tornar patológico. Ao longo da nossa vida outros medos vão se associando à caminhada e vão nos mostrando mais nítidas certas obscuridades... Eles nos ajudam na nossa proteção pessoal, ao mesmo tempo em que podem proteger as outras pessoas de nós...
           O medo não pode ser considerado um ato de covardia quando servir de motivação para o exílio contra as forças da impiedade! Ele pode, perfeitamente, se constituir no canal mais legítimo a nos levar aos “getsêmanis” em busca de paz.
Eu tenho medo do “homem”! Não é sem motivo que a Bíblia vaticina: “Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr 17. 5). Eu tenho medo dos “falsos irmãos”, de quem o apóstolo Paulo fez menção (II Cor 11.26). O apóstolo teve tanto receio deste aspecto que, angustiado, foi além: “agora vos escrevo para que não vos associeis com qualquer pessoa que, afirmando-se irmão, for imoral ou ganancioso, idólatra ou caluniador, embriagado ou estelionatário. Com pessoas assim não deveis, sequer, sentar-se para uma refeição” (I Coríntios 5.11).
        Tenho medo do que Jesus profetizou sobre esses fatos difíceis: “Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará” Mateus 24.10-12. Tenho medo que as decepções resultem em apatia ou, ainda pior, em antipatia às atividades do exercício da fraternidade legítima, sobretudo, quando ouço a voz do Mestre a ressoar: “Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” Lucas 18:8b.

         Tenho encontrado tanta gente ferida, enganada, desiludida e frágil com as deformadas relações cristãs, que falta-me o fôlego... Conheço líderes abandonados do mesmo modo como conheço ovelhas nanicas e desnutridas clamando por amor e acolhimento. Tenho medo do tempo em que vivo. Por isto, Senhor, tem misericórdia de todos nós! Tenho saudades dos medos de quando criança... Já não sinto aquele medo ingênuo do escuro da noite; tenho medo, muito medo, das densas trevas da mente e coração humanos... 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

OLHANDO A VIDA PELA ÓTICA DE DEUS!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ORAÇÕES INÚTEIS...
“Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão”       Provérbios 1:28

“Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coraçãoJeremias 29:12-13.



A Bíblia nos adverte que só há uma maneira de agradar a Deus: com fé! A fé ensinada nas Escrituras pressupõe temor (respeito) à Santidade de Deus; nada tem a ver com super poderes ou com uma suposta aura de santidade, que mais se assemelha a teatro, que a qualquer aspecto puramente espiritual. A prostituição religiosa é a mais absurda e mais aviltante atividade humana em relação à busca da presença de Deus! Não estamos tratando de um pressuposto filosófico; estamos, isto sim, fazendo uma afirmação exclusiva da fé bíblica que desautoriza toda e qualquer atividade cúltica que seja desenvolvida em favor de deuses e Deus, sejam eles quais forem. Por exemplo, temos uma importante citação de João: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo 1 João 2:15-16. 
O cerne do texto é a incompatibilidade entre as concupiscências da CARNE, dos OLHOS e a SOBERBA DA VIDA que, exercitadas, colocam Deus num plano subjacente e de desonra. Quem assim exercita sua “fé” está anulando o seu canal de comunicação com Deus, ainda que, deste modo, a Graça e a Misericórdia de Deus não estejam nulas; conquanto se manifeste o verdadeiro arrependimento.
Creio que mesmo distante de nós, mais de 2.700 anos, Isaías realça profeticamente estes valores trocados que vivenciamos hoje em dia: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos! Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte; Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!” Isaías 5:20-23.
O mandamento mais desrespeitado e desonrado em nossa sociedade moderna é, sem dúvidas, “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”, ainda que traga consigo a advertência de que Ele não terá por inocente aqueles que assim o façam. Como tal, é bem difícil deixar de compreender por que tantos de nós vivem sem respostas de Deus às nossas orações... Ele vela sobre a Sua Palavra para que seja cumprida, de tal modo, que não Se corrompe com emocionalismos e atitudes fantasiosas que buscam esconder o lixo da alma, a falta de escrúpulo e a desonestidade espiritual.
Buscar a Deus e achá-lo é fruto de uma intenção imaculada. Não podemos achá-Lo, jamais, nas densas trevas! É necessário um desejo intenso, profundo e sincero até que O achemos de todo o nosso coração, ou estaremos jogando palavras ao vento, elaborando orações inúteis...

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A ERA GLACIAL...
Pr. Raul Marques

“...e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” - Mateus 24:12


“Em torno de 60 milhões de anos atrás, a temperatura da Terra sofreu uma enorme queda. Em razão disto não houve calor suficiente, durante o verão, para derreter a camada de gelo que costumeiramente se formava nas grandes altitudes durante o inverno. Diante desse fenômeno, as geleiras, aos poucos, soltaram-se das montanhas, fato que originou um grande desgaste nas rochas enquanto carregavam a argila por muitos quilômetros. Por fim, uma enorme área da região norte da Europa foi coberta por uma espessa camada de gelo. Este acontecimento foi o marco inicial da última Era Glacial ou Idade do Gelo. O mundo todo foi afetado por este fenômeno, desde o continente europeu até as regiões centrais. Os únicos seres que conseguiram sobreviver a este período foram os animais com maior quantidade pelos, como por exemplo, o rinoceronte lanoso, os primitivos antílopes e alguns mamutes (http://www.suapesquisa.com/pesquisa/eraglacial.htm). Este fenômeno ocorreu no exterior do homem, no mundo que o cerca.
É espantoso que tal era esteja centrada agora o interior do homem! As regras mínimas sobre ética, moral-social e, sobretudo, espiritual, têm desgraçado as sociedades do mundo moderno, de tal modo, que a frieza das relações sócio-afetivas constitui hoje o mais devastador dos fenômenos terrenos, na alma humana!
As relações têm se tornado superficiais e interesseiras. As famílias são o alvo mais buscado por esta tempestade avassaladora de impiedade e descompostura que grassa sob a égide dos modelos sócio-político-culturais reinantes.
Penso que aquilo que Jesus Cristo estava alertando aos discípulos e às multidões que lhe acompanhavam, está materializado neste modo de vida que levamos hodiernamente.
O apóstolo Paulo revelou muito bem a fotografia deste quadro caótico quando, escrevendo a Timóteo, disse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes, afasta-te” (2 Timóteo 3:1-5).
Estamos vivendo em plena era glacial da alma! Não são poucas as notícias de pessoas que se decepcionam com a vida religiosa que escolheram! Não são poucos os grupos de pessoas frustradas e desiludidas em função da frieza perturbadora das relações pessoais. Não são poucas as “igrejas” que perdem a “simpatia” das comunidades em que estão plantadas! Não são poucos os líderes que buscam caminhos alternativos para o exercício da fé!
Recentemente quatro pastores se suicidaram; três nos Estados Unidos, e um no Brasil, na Bahia. Talvez, quem sabe, para evitar fins trágicos assim, outros preferiram caminhos dissidentes como, por exemplo, a vida que viveu Rubem Alves, escrevendo, dando palestras, influindo mais positivamente diante da adversa era glacial da alma dos homens!
Jesus Cristo inspirou João para escrever sete Cartas às Igrejas da Ásia. À Igreja de Éfeso, Ele expõe esta mesma tragédia ao advertir: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” Apocalipse 2:4. Era exatamente sobre isto que Jesus advertia aos discípulos e às multidões: “...e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” - Mateus 24:12. Temo que estejamos vivendo a plenitude deste tempo predito pelo Mestre...


domingo, 24 de agosto de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

POR UMA COMUNIDADE ESPIRITUALMENTE SADIA!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

CULTO CAMPAL NO BOA VISTA, 26/05/2014

Comunidade presente!

domingo, 13 de abril de 2014

SEM MEIAS PALAVRAS...
Pr, Raul Marques



T
odas as pessoas da época de Jesus Cristo ficavam maravilhadas com as palavras de sabedoria que saltavam de sua boca, sobretudo, quando se ajuntavam às multidões para ouvi-lo sobre temas tão cotidianos, mas tão negligenciados e carentes de explicações verdadeiras. Ele era muito explícito e sem meias palavras. Nunca usava subterfúgios ou tintas enganosas para colorir os quadros existenciais ou sobrenaturais que pintava com maestria e autoridade.
Certa vez Ele deu o tom mais esclarecedor e mais real que alguém jamais ouvira, sobre um tema que muitas vezes, sobretudo hoje, no tempo da relativização, é crido como folclore ou, quando muito, alegoria lacônica: “Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” Mateus 24.50-51.
O inferno, para a grande maioria hoje, não passa de uma criação hilária e assombrosa para amedrontar os incautos ou para fidelizar adeptos das religiões, sobretudo, no cristianismo. Esta ideologia espera desacreditar a Jesus Cristo e fazer ruir os alicerces da verdadeira fé no Único Deus Todo Poderoso. No julgamento, Jesus dirá para os incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eteno preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41). “Este verso mostra que o inferno não foi originalmente criado para os seres humanos, mas para Satanás e seus demônios. Por causa da rejeição da humanidade de Deus, aqueles que recusam vir a Cristo participarão do destino do diabo. Apocalipse 20:10 elabora ainda mais sobre o destino do diabo: “O Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos”. Visto que os incrédulos compartilharão o destino do diabo, e o diabo sofrerá o tormento no inferno para sempre, os incrédulos também sofrerão o tormento eterno. Também observe que Jesus disse que o fogo é eterno, o que não poderia ser dito se o inferno fosse somente temporário”.

Sem meias palavras, o inferno é tão real que, para muitos, o fogo já foi ateado e suas formas, cores e temperaturas podem estar variando conforme a vida que levam como legiões de escarnecedores do Pai Eterno, Todo Amor, Todo Santo e Todo Juízo. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!   

sábado, 22 de março de 2014

QUANDO O SILÊNCIO FALA MAIS ALTO
Pr. Raul Marques

“Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos Mateus 26.63.
 

Cresci ouvindo este adágio popular: “Quem cala, consente!”. Não creio que isto seja uma verdade absoluta, pois, podemos perfeitamente discordar de alguém ou de alguma coisa sem, sequer, emitirmos qualquer palavra. O silêncio muitas vezes tem o poder de gritar mais alto! “O SENHOR pelejará por vós, e vós vos calareis” (Êxodo 14:14).
O manifesto do silencio é, muitas vezes, a mais contundente resposta a indagações carregadas de maldade e de intenções espúrias. Silenciar pode significar abrir espaço para Deus falar por nós! Grandes obras não são feitas com força, mas a perseverança (Samuel Johnson). Indagações maldosas ferem; o silêncio, porém, incomoda muito mais às maldades. O silencio pode ser o nosso maior aliado, dependendo das circunstâncias. Muitas vezes somos espremidos e quase obrigados a dar respostas que não temos, ou, de outro modo, a emitir opinião que tão somente colocariam mais fogo no palheiro, se entendidas distorcidamente. Os poetas e pensadores amam o silencio! Os profetas e os sábios também expressaram muito com o silencio. Jesus foi O mestre da palavra e do silencio.

Silenciamos diante de situações duvidosas... Silenciamos para não magoar... Silenciamos em nome da paz... Silenciamos em nome do amor! O silencio tanto pode ser a angústia mais profunda dos culpados, quanto a atitude mais sábia dos inocentes. Pode ser tanto a expressão mais profunda da lisura, quanto a mais lancinante resposta às arguições infundadas. Em tudo deve haver prudência.

Quantas vezes precisei engolir à seco? Quantas vezes senti sapos descerem goela a baixo? Quantas vezes precisei entender os algozes, no meu silencio? Quantas vezes andei a segunda milha em absoluto silencio? Quantas vezes tomei a minha cruz e segui silenciosamente?

Na ordem do cânon bíblico, entre Malaquias e Mateus, há um lapso de tempo entendido por muitos como o silencio de Deus. No capítulo 26 de Mateus, versículo 63 está registrado que, diante de um sacerdote, Jesus preferiu o silencio como resposta à leviandade impetrada contra Ele. Num momento seguinte, diante de Pôncio Pilatos (Mateus 27.13-14), Jesus preferiu silenciar mais uma vez. Mais tarde, diante de Deus-Pai, Todo Poderoso, Fiel e Justo Juiz, Jesus expressou a Sua resposta às acusações do mundo: “Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João 19:30). Pode alguém, de hoje em diante, dormir em paz com este barulho?

quinta-feira, 20 de março de 2014

FORTALEZA E FRAGILIDADE
Pr. Raul Marques
 

 

 

Gosto muito de ler biografias de pessoas influentes, que deixaram legados importantes nas mais diversas áreas da vida. Aprendo muito. Sou um eterno aprendiz; isto me faz reconhecer o meu tamanho, diversidade e carências. É muito comum, apesar de não achar normal, que muita gente fique intrigada com o fato de ouvir dizer que o pastor fulano de tal está de férias... A ideia que se tem de um pastor de férias está diretamente ligada ao ócio, nunca ao descanso, à reposição de forças, a releitura de si mesmo, a também ouvir, enfim, parece que ele abandonou a Deus por uns dias... Ninguém indaga se ele está doente ou mesmo se está precisando que alguém lhe ouça; afinal, ele é pastor e pastor é o mais forte do rebanho... Santa ingenuidade!
Li recentemente numa rede social esta expressão atribuída a Spurgeon: "Cristãos temporários não são cristãos. Quem quer tirar férias desse serviço divino nunca entrou nele". Lembrei-me, então, da sua biografia que atesta o seguinte: “Por diversas ocasiões Spurgeon teve que se ausentar de seu púlpito por recomendação médica. Chegou a passar alguns períodos de férias na Europa, e depois de 1876, muitas vezes, sempre no fim do ano, se hospedava em Menton, Sul da França, pelo clima mais quente que na Inglaterra, por recomendação médica. Depois de 1887, foram cada vez mais constantes essas viagens, chegando a passar meses em retiro”. Caso a primeira expressão seja verdadeira, onde estaria a coerência deste “grande” conhecedor das Escrituras e, por conseguinte, do seu ofício pastoral? A sensatez recomenda-nos reconhecer que ele, afinal, também era de carne e osso, forte e frágil, santo e pecador. A sua biografia revele que este santo homem de Deus também sofreu grandes ataques de depressão, decorrentes das próprias lutas pastorais como, por exemplo, “quando um culto realizado em Surrey Garden foi organizado para cerca de 10.000, e devido a um tumulto provocado por um falso alarme de incêndio, levou a morte de seis pessoas” (Biografia de Carlos H. Spurgeon, por Alfredo S. Rodríguez y García, Cuba, 1930). “John Piper nos ajuda a entender um pouco da jornada e do desgaste pastoral: A maioria dos nossos irmãos não faz ideia do preço que se paga por duas ou três mensagens semanais em termos de exaustão espiritual e intelectual. Sem contar o esgotamento causado pelos sofrimentos familiares, as decisões da igreja, os dilemas morais e teológicos imponderáveis. Eu, por exemplo, não sou um poço artesiano, Meu cântaro se esvazia mesmo quando dele nada se verte. Meus ânimos não se revigoram na correria. A carência de tempo para a leitura tranquila e reflexão, além da urgência do preparo do sermão, reprime minha alma e, logo, o espectro da morte espiritual se manifesta. Poucas coisas me assustam mais que o início da esterilidade proveniente das responsabilidades desmedidas que mal permitem a nutrição espiritual e a meditação. (Piper, Irmãos, nós não somos profissionais, p. 81-2)”. Já que começamos citando uma possível expressão de Spurgeon, que tal concluirmos com uma importante lição dele relativa ao cuidado com a vida e os limites das ações pastorais? Assim nos ensina ele: “Se um homem for de natureza alegre como um pássaro, dificilmente poderá manter-se assim ano após ano contra esse processo suicida. Fará do seu escritório uma prisão e de seus livros carcereiros de um presídio, enquanto do lado de fora da sua janela a natureza acena-lhe com a vida saudável e chama-o para a alegria. Aquele que esquece o zumbir das abelhas na urze, o arrulho dos pombos selvagens na floresta, o canto dos pássaros no arvoredo, o ondular do regato por entre o junco, e os lamentos do vento entre os pinheiros, não tem por que se espantar caso o seu coração olvide cantar e sua alma fique pesarosa. Passar um dia respirando o ar fresco das montanhas, ou fazer uma excursão de algumas horas na umbrosa tranquilidade das copadas faias, servirá para varrer as teias de aranha das cabeças cheias de vincos dos nossos fatigados ministros que já andam meio mortos. Uma tragada de ar marinho, ou uma firme caminhada contra o vento, não dará graça à alma, que é o que há de melhor, mas dará oxigênio ao corpo, coisa que vem em segundo lugar” (Spurgeon, Lições aos meus alunos 2, p. 239-240).
Em Marcos 6.30-32, Jesus Cristo nos deixa uma lição tremendamente importante sobre o tema aqui enfocado: “Os apóstolos voltaram e, reunindo-se com Jesus, contaram-lhe tudo quanto tinham feito e ensinado. Havia tanta gente indo e vindo que Jesus e seus apóstolos não tinham tempo sequer para comer. Então Jesus lhes disse: — Venham comigo. Vamos sozinhos encontrar um lugar tranquilo para descansar um pouco. E eles partiram de barco, sozinhos, para um lugar sossegado”. Ah, como é bom e humano admitirmos a nossa força e fraqueza!

 

 

 

quinta-feira, 13 de março de 2014

http://www.bbnradio.org/jwplayer/players/browsers/portuguese.htm
Visite este espaço de uma boa Rádio de Programação Cristã.

terça-feira, 11 de março de 2014

Venha fazer parte desta viagem, cuja última parada é o Céu!

sábado, 8 de março de 2014

Agradecemos a Deus que, vendo que sozinho o homem era triste, FEZ A MULHER, a sua melhor companhia!

terça-feira, 4 de março de 2014

É PRECISO MORRER!
Pr. Raul Marques



L
endo recentemente um artigo do Pr. Ricardo Gondim (O dilema de recuar ou  prosseguir) relatando a sua via crucis na busca de um chão menos movediço no terreno religioso, deparei-me com este comentário de um dos seus leitores, que me levou a pensar... Afirmou o comentarista: Tá tudo tão confuso no meio religioso, que eu vou colocar um faixa no meu carro dizendo: não me siga que eu também estou perdido (Lima, 18 de Fev, às 08:26). A Bíblia ensina que "Todos se extraviaram e, juntamente, se fizeram inúteis e imundos; não há quem faça o bem" (Salmo 14:3; Romanos 3:12). Não seria também isto que o salmista e o escritor da Carta aos Romanos pretenderam dizer a muito tempo atrás?
Lendo John Piper encontramos o seguinte: Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DeusRomanos 3.23. O que significa “destituídos da glória de Deus”? Significa que nenhum de nós confiou e estimou a Deus da maneira que deveríamos. Nós não ficamos satisfeitos com a sua grandeza e não andamos em seus caminhos. Temos buscado nossa satisfação em outras coisas, e as tratamos como mais valiosas do que Deus, e isso é a essência da idolatria (Romanos 1:21-23). Desde que o pecado entrou no mundo todos nós temos sido profundamente resistentes a ter Deus como nosso tesouro todo-satisfatório (Efésios 2:3). Isto é uma ofensa terrível contra a grandeza de Deus (Jeremias 2:12-13).
Vivemos numa época em que os homens decidiram recriar a Torre de Babel. Não há nada de errado na construção de novas formulações e paradigmas, entretanto, não podemos continuar edificando construções cada vez mais altas em terrenos cada vez mais arenosos... Como o Pr. Ricardo outros milhares se questionam: “Porque nos colocaram dentro desta gaiola se o nosso anseio maior é voar?”. O pior é que esta gaiola fomos nós que a fizemos! Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne, asseverou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres!” (João 8.36).
Creio piamente que todos ansiamos a mesma coisa: Morrer! Mas, morrer para um novo nascimento, da água e do Espírito. Um nascer de cima para baixo. Um nascimento não do útero, como pensou Nicodemos, mas de Deus, como afirmou Jesus. Aliás, foi Ele mesmo que indicou este caminho: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (João 12.24).

Precisamos morrer para a mediocridade religiosa e renascer para uma espiritualidade sadia, ainda que pareça chocante aos olhos de muitos; ainda que pareça insensata aos quereres de outros. Jesus não se deteve diante das afrontas, dos xingamentos, dos censores e dos acusadores de plantão; Ele tão somente seguiu os planos do Pai. Espelhado nisto, o Espírito Santo inspirou a Carta aos Romanos, particularmente no capítulo 12 e versos 1 e 2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Os sócios da Igreja
Pr. Raul Marques



“Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa àqueles que o buscam” Hebreus 11.6.

Assim como a grande maioria dos sócios de um clube desconhece as suas obrigações e direitos, analogamente os que se intitulam membros da Igreja sequer sabem quais são os seus haveres e deveres para com a comunidade de fé que frequentam. É certo que desconhecem completamente os ensinos bíblicos, “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos, declara o ­Senhor” Isaías 55:8. Imagine você colocar em si os óculos de alguém que necessite de 5 graus para poder enxergar... Certamente verá tudo disforme e, com o tempo, começará a sentir forte pressão e até dor em cada globo ocular.  Se insistir no uso, porém, irá “se acostumar” a ver como natural aquilo tudo, e pior, irá ficar doente das vistas...
A fé bíblica pressupõe a aceitação do Cristo de Deus integralmente. Não é possível viver a fé em Deus à moda pessoal. O próprio Jesus deixou isto muito claro quando afirmou: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” João 15:5. Ninguém pode agradar a Deus com coisas – o tempo de ofertas sacrificiais se extinguiu em Cristo, o Cordeiro de Deus, imolado em favor de todos os que creem!
Vivemos hoje o mais lamentável analfabetismo bíblico! Parte dele veio com a grande enxurrada de novas heresias, ensinos interesseiros, multiplicação de “igrejas” sem critérios bíblicos; tudo isto proporcionado por um estado de carências pessoais geradas pelas sucessivas crises econômicas mundiais, onde os “emissários de Satanás” de aproveitaram para “tentar” transformar a Igreja do Senhor num verdadeiro Clube Macabro, onde o que mais importa é o programa: Shows, Testemunhos Montados, Êxtases, Impostação de Voz, Sensibilização equivocada entre o TER e o SER; enfim, montagem de um tremendo Circo de Crenças esdrúxulas, sobretudo, com promessas falaciosas de Cura e Enriquecimento. Graças ao Senhor, pois Ele mesmo é quem peleja por nós, e asseverou sobre a Igreja Verdadeira, que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mateus 16.18.

O que vemos hoje em dia? Multidões de “sócios” de “igrejas” pressupondo que, por “pagarem” mensalidades com os seus “dízimos e ofertas”, podem fazer e acontecer, viverem dissolutamente, fartarem-se com as “alfarrobas” das pocilgas deste mundo e depois voltarem SEM O MENOR SINAL DE ARREPENDIMENTO para buscarem os seus “anéis”, “sandálias”, “roupas”, além de se banquetearem com os verdadeiros trabalhadores da seara... O Pai continua de braços abertos para receber de volta os que se arrependem, porém, continua sendo JUSTO JUÍZ, e não busca sócios para Si, pois Ele sabe que “a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:23

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

COMO BEBER DESSA BEBIDA AMARGA?
Pr. Raul Marques


“Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta... (?)”

Depois de mencionar um trecho da fala de Jesus nas Escrituras, Chico Buarque de Holanda faz esta instigante pergunta, levado por sua imersão numa experiência de sofrimento plural, dele e do povo, na busca de uma solução para a inquietação de sofrerem calados... Jesus Cristo é comparado nas Escrituras àquela ovelha que segue “muda para o matadouro”. Ele passou primeiro por esta experiência de ter que beber dessa bebida amarga! Ele passou por este sentimento angustiante de uma impotência quase absoluta diante das circunstâncias.
Quantos de nós vivemos esta asfixia existencial? Quantos não estão, como nós, mergulhados num tremedal de lama de uma sociedade injusta, corrupta e imoral? Quantos têm vivido como zumbis, insones, numa existência mecânica e fora de controle? Quantos estão se fazendo esta mesma pergunta: “Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, e engolir a labuta?”. 
Por que “a Lei” pode ser tão rigorosamente aplicada para punição das classes inferiorizadas e tão vergonhosamente submetida aos caprichos de engenhosos artifícios jurídicos para aqueles que caçoam e ridicularizam a sociedade, em favor daqueles que escandalosamente se encontram arrolados como ladrões?
Como beber dessa bebida amarga? Como é possível à grande massa da população viver com míseros reais, enquanto alguns poucos (pouquíssimos!) se cotizam com milhões (?) para cerrarem as grades dos mais de “40 ladrões” à guisa escrupulosa de um “Ali Babá”? Como é possível querer animar o “circo” com foliões e torcedores num teatro armado para o grande banquete político? Como é possível querer tapar o sol com uma peneira? Como é possível esconder a nossa miséria e caos sociais à custa de portentosas campanhas publicitárias? Como é possível cobrar tão alto do povo por tão vergonhosos serviços como se fossem favores?
É, mestre Chico, como sentimos falta das suas inquietações do passado! Que falta sentimos daquelas expressões usadas em sua Carta ao seu Caro Amigo Boal! A Roda Viva continua a mesma... Pedro Pedreiro continua esperando o trem... Enquanto não depositamos a nossa consciência nas urnas, só podemos fazer coro com você naquela mesma canção que insiste em não terminar: “Como é difícil acordar calado, Se na calada da noite eu me dano, Quero lançar um grito desumano, Que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa, Atordoado eu permaneço atento, Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa”.

Quem sabe tenha chegado novamente o tempo do qual falou tão trágica e poeticamente Geraldo Vandré: Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo e nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando, as visões se clareando, até que um dia acordei!”. Já que Chico se inspirou em Jesus na canção CÁLICE, é de bom alvitre que façamos uso da citação do apóstolo Paulo ao escrever à comunidade de Éfeso: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” Efésios 5.14.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

VIVENDO E APRENDENDO...
Pr. Raul Marques




Lembrei-me inesperadamente de uma composição de Guilherme Arantes com este título, gravada em 1981 por Elis Regina, que me trouxe à baila as nossas experiências diárias de perdas e ganhos... É quase inacreditável que existam certas coisas que precisamos perder para que sintamos o ganho obtido!
Alguém já disse que o mundo é uma escola, e nele, só aprendemos vivendo; isto é, você só não pode prescindir das lições diárias até que chegue à prova final. Pode até soar estranho, mas viver é participar de um jogo onde, inevitavelmente, teremos ganhadores e perdedores, sempre em tons circunstanciais, nunca perenes. Viver é arriscar-se! É preciso ter coragem para aprender. É preciso cair para sentir o peso da necessidade de se manter de pé! Tim Maia disse em uma de suas canções que “Na vida a gente tem que entender que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”; circunstancialmente, sim, pois no carrossel da vida nunca nos encontramos no mesmo ponto...
Aprendemos muito mais sobre o perdão quando somos sufocados pela ira. Aprendemos mais sobre o prazer das companhias quando ficamos sós. Aprendemos sempre mais sobre amizade e franqueza com as traições e as mentiras. Aprendemos a viver com maestria quando conhecemos melhor as regras do jogo. Temos mais destreza e perspicácia quando somos passados por lerdos e ingênuos...
Aprendemos que os pássaros gostam muito mais de bicar frutos maduros! Com o tempo aprendemos que não é correndo que se chega lá, mas, nunca desistindo de prosseguir. Aprendemos que não é o que os outros pensam de nós que vale a pena, mas, o que conhecemos verdadeiramente ao nosso respeito. O excepcional tom de voz de Elis Regina realça o bem elaborado texto de Guilherme Arantes, ao afirmar: “Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas, aprendendo a jogar”.  Afinal, é isto mesmo o que importa: viver aprendendo.

Como disse Paulo Freire, somos constantes “aprendentes”. Aliás, ele disse muito mais: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Não aprendemos nada quando impomos “o conhecer”; aprendemos mesmo quando, cônscios, reconhecemos: “Só sei que nada sei!”. “Para Sócrates, sábio é aquele que reconhece os limites da própria ignorância. Por isso, raramente encontramos pessoas sábias, pois vivemos em um mundo que todos pensam que sabem tudo e enxergam a ignorância como burrice. Mas burrice é quando estamos fechados e cegos a um determinado conhecimento, assim não o questionamos e logo nos encontramos presos a algo que "achamos" saber. É de um simples carpinteiro de uma cidadela longínqua e sem expressão, de um passado remoto, que sorvemos tão sábias palavras: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29). Nunca o ato de perder teve tanto sentido de vitória! Ele morreu para que tivéssemos vida e vida em abundância!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A BENGALA
Pr. Raul Marques

Lendo recentemente um artigo sobre reumatologia, deparei-me com este trecho sobre o uso da bengala, que me chamou a atenção para relacioná-lo a outros aspectos da vida em geral, mais especificamente com relação à fé ou, pelo menos, à nossa relação com o divino: “O momento para a indicação de uma bengala, de acordo com o reumatologista Ricardo Fuller, membro da Comissão de Osteoartrite da SBR, deve ser definido por um médico ou fisioterapeuta e ocorre quando o paciente apresenta limitações ou dor quando caminha, perda do equilíbrio e quedas frequentes”.
De pronto me veio à mente uma gama de outras utilizações que se fazem deste instrumento, às vezes invisível e fora do contexto próprio... Quantas pessoas fazem uso de “bengalas” sociais? Quantas se utilizam de “bengalas” espirituais? Para a reumatologia e/ou fisioterapia a bengala é extremamente positiva, sobretudo porque auxilia o apoio e à mobilidade daqueles que, ou estão com limitações motoras por acidentes, ou por causa da avançada idade. Entretanto, é perfeitamente possível perceber que há muitos que fazem uso de “bengalas” para camuflar um amparo às suas limitações e deficiências morais. Quantas pessoas buscam a “igreja” porque vêm nela a sua perfeita “bengala”? Quantas buscam entrar na multidão do “tanque de Betesda” porque esperam encontrar ali uma “bengala” espiritual? Para estes, a “bengala” está travestida de um “anjo” que descerá para mover as águas... Quantos, como Nicodemos, um fariseu, mestre na teologia, referência da religiosidade de sua época, se apoiam numa “bengala” para questionar a Jesus? Quantos sustentam a “bengala” da hipocrisia tão somente para se passarem por amigos e companheiros quando, na verdade, são inimigos e traidores, tal como Judas Escariotes?
“Nos tempos imperiais do século XIX, no Rio de Janeiro, as famílias fidalgas tiveram mais oportunidades de frequentar bailes, espetáculos de teatro, comemorações do calendário oficial da Coroa e as famosas cerimônias do “beija-mão” – já arcaicas no restante da Europa, mas preservadas pelos portugueses. Nestas ocasiões, os senhores mais abastados podiam exibir em público seus fraques, cartolas, bengalas e camisas de seda”. Nota-se que neste contexto as “bengalas” eram expressão de glamour, ainda que muitos que delas faziam uso estivessem em queda financeira ou fraqueza política, como no caso da realeza portuguesa ao chegar ao Brasil.
Que tipos de “bengalas” são mais percebidas hoje? A “bengala” falaciosa da ascensão das classes sociais; do engodo da mudança repentina de crenças e dogmas seculares; dos “Pilatos” modernos que aderiram a Jesus; dos “Herodes” com posturas piedosas; dos “Barrabás” que se amparam nas multidões incautas e conseguem condenar os “justos”; dos que pensam possuir procuração de Jesus para representá-lo e dele recebem a seguinte interpretação: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos” Apocalipse 2:2.
As nossas fraquezas não podem ser amparadas por “bengalas” espirituais. A única maneira de termos firmes os nossos passos é a ROCHA, que é Jesus, o nosso único apoio real!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O CALENDÁRIO...  

Pr. Raul Marques
“Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio” Sl.90:12
É

 Impressionante como somos dependentes tanto dos relógios quanto dos calendários! São eles, dentre os outros muitos instrumentos tecnológicos, que hoje ditam o roteiro litúrgico das nossas vidas. É impossível negar a utilidade destes artifícios em num mundo tão marcado pela pressa, pela correria, pela ansiedade e, sobretudo, pela sensação de terminar cada dia com as tarefas inacabadas...
As pesquisas indicam que o primeiro calendário surgiu na Mesopotâmia, por volta de 2700 a.C., provavelmente entre os sumérios, e foi aprimorado pelos caldeus. O calendário possuía 12 meses lunares, de 29 ou 30 dias, e serviu de base para o adotado pelos judeus. Como cada mês começava na lua nova, o ano tinha 354 dias, ficando defasado em relação ao calendário solar. Para resolver o problema, os caldeus acrescentavam um mês a cada três anos. O primeiro calendário solar foi criado pelos egípcios, em meados do terceiro milênio antes de Cristo. Muito mais preciso, já tinha 365 dias. Hoje, utilizamos o calendário gregoriano, que não sofre influência do movimento dos astros. Ele foi instituído em 1582 pelo papa Gregório XIII (1502-1585), que reformou o calendário Juliano - uma herança do Império Romano”. O propósito de criação do calendário foi, sem dúvida, o mais coerente possível com a crescente necessidade de organização do tempo e da vida humana. Entretanto, a última cena a ser suposta foi a de que a humanidade viesse a viver refém desta criação, entregando-se frenética e desvairadamente à necessidade insana de que o dia fosse esticado, que os meses fossem mais elásticos e que os anos não terminassem tão rapidamente... Puro devaneio e ilação da vida moderna. Tudo continua como dantes; o que realmente mudou, porém, foi a esquisitice humana e a louca e hipnotizadora ansiedade por uma vida acumulada por coisas inúteis que parecem imprescindíveis, por uma corrida inconsciente e automática pela chamada “sobrevivência”, que tornaram os homens reféns do tempo implacável que, hoje, parece sempre ser mais breve que em qualquer outro tempo da história humana.
No Livro dos Salmos encontramos um belo pedido a Deus: “Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio Sl.90:12. É preciso que deixemos o cativeiro do tempo que nos aprisiona ao relógio e ao calendário, e que lançam sobre nós um jugo de cansaço, de fadiga e desespero. É preciso que saibamos contar os nossos dias com paz, com serenidade e com sabedoria. Afinal de contas, o que nos espera logo adiante é o abraço inevitável da morte! Precisamos pensar também sobre ela, que é parte integrante do nosso ciclo existencial, com ou sem calendários.
Lembra de que estivemos juntos há poucas horas? Pois é, foi o ano passado! O ano passado foi ontem... Quando menos cuidarmos estaremos outra vez marcando no calendário o fim de mais um ano... Parece-nos uma caminhada em círculo incessante, interminável, que fatalmente vai ser interrompida e tão somente marcada no calendário da nossa existência falaz. Entretanto, segundo o salmista, se alcançarmos um coração sábio, entenderemos que a vida não cessa no calendário; ela é eterna; o calendário, sim, este é que é finito, limitado e necessário somente por alguns breves anos das nossas vidas...
Importa-nos, isto sim, a lembrança sempre viva de que precisamos necessariamente reconhecer que, se aceitamos ao Cristo de Deus e a sua mensagem, desligados do cárcere do tempo, porém ligados à liberdade que Ele veio nos presentear, entenderemos mais profundamente o que Ele vaticinou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;. E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá” João 11.25-26.