sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

 O MAIOR EXEMPLO DE HUMILDADE

Pr. Raul Marques


 
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” Filipenses 2:3

 

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esde sempre o homem tornou-se “o lobo do homem”, como disse o filósofo inglês Thomas Hobbes. É fácil concordar com ele, sobretudo, após a deliberada decisão do homem em deixar-se influenciar, como podemos perceber em Adão e sua queda na narrativa bíblica, pela tentativa de sobrepujar tudo e todos, inclusive Deus. Não fomos feitos assim; nos tornamos assim!

Vivemos num mundo do “faz-de-contas”: o fingimento contagiou o coração humano de tal modo que é quase impossível encontrar relações sinceras; amizades desinteressadas; parcerias e companheirismos à base da transparência e da mais legítima honestidade! Tudo hoje tem que ser gravado, filmado, fotografado, afinal, nada mais deve ser desperdiçado como prova de uns contra outros. Foi-se o tempo em que a palavra tinha valor! Humildade hoje é sinônimo de fraqueza e de falta de destreza! Os cônjuges se traem, os amigos se traem, os familiares se traem... O isolacionismo dos seres humanos é a tônica do momento. Não obstante, você já não é mais exatamente como é; você vende a sua imagem, a sua postura e comportamento de acordo com as exigências do mercado. Para isto estão estabelecidas as mídias com os seus filtros e engodos. O mundo está na UTI da sobrevivência fútil!

Ainda há tempo para consertar, caso queiramos! O exemplo vem de uma região paupérrima, de uma cidadela sem significação política, sem destaques sociais, sem recursos financeiros, porém, com raízes morais e éticas sem contestações lógicas. Vem do mundo oriental mais civilizado e ao mesmo tempo mais odiado e perseguido da face da terra! Vem da cidade de Belém, da região da Judeia, de uma família simples e cheia de valores que, com o tempo se perderam dos seus descendentes, mas que precisam ser resgatados hoje, para o bem de todos e felicidade geral da humanidade.

Nunca precisamos tanto das qualidades encontradas em um único modelo-padrão de pessoa: Jesus Cristo, o Filho do Homem; o Emanuel; o Verbo de Deus que veio nascer entre nós! Ele, sim, viveu como pregou e pregou exclusivamente o modo como viveu. Ele é a fonte inesgotável da razão, da justiça, da moral, da ética, da sensibilidade, da paixão pela vida e do amor aos seus semelhantes!

Das inúmeras passagens bíblicas registradas para o nosso ensino e, atemporais quanto à sua essência e virtudes, uma em particular foi traduzida pelo apóstolo Paulo quando escreveu a Epístola aos Filipenses. No capítulo 2 ele faz uma narrativa inigualável acerca das qualidades de Jesus, impossível de não ser crida como verdadeira inspiração divina para o conserto humano! Diferentemente do que vemos e ouvimos hoje em dia sobre a soberba, o caráter e todo o conjunto de desestrutura da moral humana, Jesus é descrito como o nosso único modelo para retorno às raízes da decência e da correção. Assim, portanto, nos orienta Paulo:

 

“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” Filipenses 2:3-7.

 

Ele conclama que tenhamos as mesmas atitudes de Jesus, pois, tendo tudo para sobrepujar quem quer que fosse, não considerou esta prerrogativa como importante para usá-la contra os seus pares, ao contrário disto, tomou a forma mais humilde possível para encorajar-nos a seguir tal exemplo. Por causa desta atitude, embora tenha granjeado a antipatia e aversão de tantos, foi fiel às qualificações do Pai, fiel ao Seu plano restaurador e, por fim, devolveu-nos a condição de reconciliação com Deus, fato tristemente esquecido até então, mas agora restabelecido pelo poder da verdadeira humildade.

Em tempos tão cruéis e aflitivos na convivência entre os homens, não pode haver imperativo maior e mais assertivo do que bebermos, em Paulo, daquilo que ele sorveu de Cristo. Ele, portanto, com a mais legítima propriedade de quem, uma vez convertido de suas más condutas, pode afirmar: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” 1 Coríntios 11:1. A humildade nunca deixará de ser útil e oportuna, corretiva e curadora. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!