segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

DE QUE NATAL ESTAMOS 

FALANDO, AFINAL?

        Pr. Raul Marques




      Alguma coisa muito estranha está ocorrendo no mundo! Esta talvez seja a expressão mais recorrente nas conversas entre as pessoas no planeta inteiro neste momento... Estamos todos completamente atônitos, perplexos, cheios de dúvidas, de incertezas, de medo e até de pânico! Mas, afinal, o que tem produzido tudo isto? O que mais temíamos há bem pouco tempo era a eclosão de uma guerra fria entre as super potências... Era, quem sabe, a estúpida decisão de crivar os céus com ogivas nucleares que, atravessando o Atlântico, o Ártico, o Pacífico e o Mediterrâneo, dizimassem populações inteiras e varressem povos e etnias definitivamente do Mapa... Vivíamos como se o amor e a solidariedade jamais tivessem existido... No entanto, o que percebemos é que o que mais nos assusta é exatamente aquilo que não vemos: o vírus, o sanguinolento COVID-19! É a coagulação do sangue que ele prefere, depois de atacar todo o aparelho respiratório!

A Bíblia nos ensina há séculos e séculos que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu filho Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Este presente de Deus é ainda mais relevante porque Ele o fez com o Seu próprio sacrifício: “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I João 1.7). ELE não tomou o sangue de ninguém, pelo contrário, ELE deu o que era propriamente Seu!

Há mais de dois mil anos o mundo viu nascer o seu Redentor! O nascimento dEle trouxe muita dor: ao coração de Deus, ao corpo de Maria e no desespero de José! Este sim, foi o Natal que trouxe salvação pro mundo! Naquele Natal apenas uma estrela brilhou intensamente no céu. Não havia fogos de artifício e muito menos luzes artificiais! Naquele Natal ninguém se banqueteava; não havia opulência; sequer aquela família tinha um lugar adequado para o nascimento do seu filho... No entanto, ninguém se lamentava, ao contrário, havia pastores pobres nos campos exultando de alegria com os seus rebanhos porque algo sobrenatural estava ocorrendo no mundo...

Pela primeira vez a humanidade está privada de celebrar um Natal que ela jamais aprendeu realmente o seu significado! De que Natal estamos falando, afinal? O Natal dos homens não será possível até que eles ressignifiquem tão profundo acontecimento! Não será possível grandes concentrações humanas para dar vazão às glutonarias, às orgias, aos sacrilégios, às blasfêmias, etc. O mundo está em polvorosa! O vírus letal parou todos os sistemas planetários... Nunca se ouviu tanto “ai meu Deus!” Não vai haver Natal nos moldes humanos... O verdadeiro Natal ganhará novos significados nos corações dos que, temerosos e aturdidos, se voltarem para o céu e, como Bartimeu – que nada conseguia ver! – sintam que Jesus está passando ali por perto e, finalmente, gritem: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia...” (Lucas 10.47). Uma coisa precisa ser dita, ainda que muitos não creiam: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Romanos 8.35). Eu creio que poderemos viver o verdadeiro Natal, sempre! Deus tenha misericórdia de todos nós!

 

 

 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

O COMPLEXO DA CENTÉSIMA OVELHA


Pr. Raul Marques


É notícia recorrente no meio evangélico o fato de ovelhas desgarradas do rebanho virarem turistas da religião. O pior disso tudo é que a ovelha por onde passa dissemina a ideia de ter sido abandonada, completamente largada e, por isso mesmo, está às soltas buscando encontrar um novo aprisco.

O texto de Lucas 15.4-7 revela-nos duas belas imagens que poderão perfeitamente ilustrar e explicar esse fenômeno do comportamento religioso. Primeiro, o evangelista faz arguição à liderança do rebanho: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?”.

Certamente que nenhum pastor se compraz com o abandono de qualquer de suas ovelhas. É natural que o pastor sinta a falta de qualquer de suas ovelhas no rebanho e seja capaz de “deixar” noventa e nove daquelas cem a fim de alcançar o retorno daquela que está desgarrada. Mas é bastante significativo notar que o texto não deixa qualquer dúvida sobre o estado em que se encontra a centésima ovelha: ela é o arquétipo de um pecador arrependido. Informa-nos o texto: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7).

Infelizmente não é o que costumeiramente vemos ocorrer nos apriscos: arrependimento. Ao contrário, vemos muito orgulho, vergonha, ressentimento, e o que é pior: atribuição de culpa ao pastor que no mais das vezes é o último a saber das causas, sendo sempre o único a tentar minimizar as consequências. Deve o pastor ser bíblico no tratamento das suas ovelhas, mas não poderá jamais compactuar com mimos e vaidades pessoais que levem ao comprometimento de todo o rebanho. Parece-nos que muitos sentem prazer o complexo da centésima ovelha: impactar a vida do pastor e causar desassossego nas noventa e nove que terão que suportar a dureza do deserto... Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!