sábado, 27 de março de 2010

FUGAS E FUJÕES...


Pr. Raul Marques

A grandiosidade da criação é diretamente proporcional à sua complexidade. A natureza humana é complexa e magnífica. Os humanos e tudo mais que foi criado tornam-se, finalmente, a mais contundente prova da existência de Deus.
Deus criou, capacitou e enviou o homem com destino a um projeto indescritivelmente maravilhoso: ser feliz e testemunhar da Sua Glória! Mas, como o homem não é uma máquina programada para executar tarefas, antes, pelo contrário, é uma engenhosa criação divina capaz de criar e recriar, formar, reformar e transformar tudo o que está ao seu alcance, Deus o dotou do poder de decidir, de escolher e, portanto, ser livre. Deus ama, chama e capacita; o homem decide ouvir, atender, obedecer ou transgredir. Foi assim desde o princípio; será assim até o fim. Com a prerrogativa da liberdade o homem tropeçou na escolha e transgrediu. Daí em diante toda a história tomou um rumo complexo e sofrido.
Uma vez que transgrediu, o homem fugiu – ou, pelo menos tentou fugir – da presença de Deus. Foi isso que ocorreu com Adão: tentou fugir da presença de Deus escondendo-se por entre as árvores do Jardim do Éden. Essa imagem se repete em todos os humanos. Quando agimos de forma politicamente inadequada tendemos a fugir e buscar esconderijos, clausuras, desertos, cadeias e masmorras. No fundo, queremos mesmo é esconder a cara, ou pior, esconder da cara a estupidez dos gestos e dos olhares. Adão ficou profundamente admirado ao ouvir a voz de Deus – a voz da sua própria consciência a indagar-lhe: Onde estás? A primeira atitude dele foi a de atacar quem estava bem próximo dele, a mulher.
Davi, encontrando-se em desespero por causa de perseguição, também fugiu. E numa demonstração de mente confusa, juntou-se a outros desesperados que se acomodaram na caverna dos endividados; fugindo deles mesmos e de todos.
Jonas, não diferente dos demais, fugiu de si mesmo, dos seus valores, dos seus anseios, do seu povo e de Deus, mas não foi muito longe... Foi, ao contrário, muito profunda a sua fuga: na escuridão do mar do esquecimento, até ser resgatado por Deus e enviado de volta ao começo.
Quando Jesus chegou finalmente até a cruz – ponto de convergência entre a terra e o céu – todos haviam fugido dEle. Mesmo assim Ele reapareceu – ressurreto – e sem fugir dos planos de Deus se apresentou novamente a todos eles. Deus nos mostrou as fugas e os fujões humanos para nos informar que “de pé” e “com propósito” podemos encarar as adversidades “de braços abertos”.

segunda-feira, 15 de março de 2010

AMIGOS? Até onde interesse...


Pr. Raul Marques

Verdadeiros amigos não se traem! Na amizade verdadeira há respeito e consideração. Entre amigos de verdade não há dúvidas ou covardias. A verdadeira amizade sobrevive às crises, às maledicências, e às adversidades. Amigos, afinal, existem de verdade? Na história humana há muita coisa narrada sobre amigos; há muitos registros de verdadeiros amigos, mas há, igualmente, muita história de traição, falta de zelo e respeito entre pessoas que se diziam recíprocas nas relações de amizade. Uma história que vale a pena ser lembrada como exemplo de amizade verdadeira, é aquela entre Davi e Jonatas, relatada em I Samuel. Amigo verdadeiro é aquele que é capaz de livrar você da morte. Não apenas da morte física, mas da morte dos sonhos, da morte do entusiasmo e empreendedorismo. A amizade sincera não é influenciada por circunstâncias forjadas, nem por mentiras construídas com a intenção de destruir somente. O verdadeiro amigo defende; se exime de acusações levianas. O verdadeiro amigo se revela ainda mais quanto maior for a dificuldade enfrentada. O amigo fiel não apaga com a esponja da maldade aquilo que afirmava escrever com a tinta da verdade. Aquele que é amigo não age de acordo com as circunstâncias, mas de acordo com a sua consciência fraterna.
Na Bíblia também encontramos outra relação de amizade que merece destaque, menos pela verdade e muito mais pela mentira e pela hipocrisia: é o caso de Judas, que demonstrava alguma amizade por Jesus e seus discípulos, e traiu a todos inescrupulosamente. Judas foi amado por Jesus tão intensamente que ocupou lugar de destaque administrativo na condução do ministério evangelístico dele. Foi escolhido entre tantos para gerir recursos que pudessem abençoar multidões de necessitados. Foi chamado para conviver diariamente com o Mestre dos mestres; o Senhor dos senhores! Comeu com Jesus, desfrutou dos privilégios de sua amizade, compartilhou dos seus ensinos, viu de perto como Ele realmente era; mas, afinal, não foi suficientemente amigo: com um beijo escandaloso o traiu! Vendeu suas convicções! Destruiu os seus próprios valores! Envergonhou a muitos para, finalmente, cheio de remorsos, cometer o tresloucado suicídio. Foi amigo de Jesus até onde lhe interessou...
Pois é, essa história tão triste e tão marcante se repete no cenário da existência humana. Quantos amigos (?) ainda trairão suas convicções, sua fé, seu discurso e seus relacionamentos em favor de interesses escusos e projetos efêmeros? Seja lá como for, devemos aprender muito desses fatos, mas, mais ainda daquilo que nos ensinou Jesus quando orou ao Pai pelos que lhe crucificaram: “Pai, perdoa-lhes, por que eles não sabem o que fazem!”.