domingo, 9 de fevereiro de 2014

A BENGALA
Pr. Raul Marques

Lendo recentemente um artigo sobre reumatologia, deparei-me com este trecho sobre o uso da bengala, que me chamou a atenção para relacioná-lo a outros aspectos da vida em geral, mais especificamente com relação à fé ou, pelo menos, à nossa relação com o divino: “O momento para a indicação de uma bengala, de acordo com o reumatologista Ricardo Fuller, membro da Comissão de Osteoartrite da SBR, deve ser definido por um médico ou fisioterapeuta e ocorre quando o paciente apresenta limitações ou dor quando caminha, perda do equilíbrio e quedas frequentes”.
De pronto me veio à mente uma gama de outras utilizações que se fazem deste instrumento, às vezes invisível e fora do contexto próprio... Quantas pessoas fazem uso de “bengalas” sociais? Quantas se utilizam de “bengalas” espirituais? Para a reumatologia e/ou fisioterapia a bengala é extremamente positiva, sobretudo porque auxilia o apoio e à mobilidade daqueles que, ou estão com limitações motoras por acidentes, ou por causa da avançada idade. Entretanto, é perfeitamente possível perceber que há muitos que fazem uso de “bengalas” para camuflar um amparo às suas limitações e deficiências morais. Quantas pessoas buscam a “igreja” porque vêm nela a sua perfeita “bengala”? Quantas buscam entrar na multidão do “tanque de Betesda” porque esperam encontrar ali uma “bengala” espiritual? Para estes, a “bengala” está travestida de um “anjo” que descerá para mover as águas... Quantos, como Nicodemos, um fariseu, mestre na teologia, referência da religiosidade de sua época, se apoiam numa “bengala” para questionar a Jesus? Quantos sustentam a “bengala” da hipocrisia tão somente para se passarem por amigos e companheiros quando, na verdade, são inimigos e traidores, tal como Judas Escariotes?
“Nos tempos imperiais do século XIX, no Rio de Janeiro, as famílias fidalgas tiveram mais oportunidades de frequentar bailes, espetáculos de teatro, comemorações do calendário oficial da Coroa e as famosas cerimônias do “beija-mão” – já arcaicas no restante da Europa, mas preservadas pelos portugueses. Nestas ocasiões, os senhores mais abastados podiam exibir em público seus fraques, cartolas, bengalas e camisas de seda”. Nota-se que neste contexto as “bengalas” eram expressão de glamour, ainda que muitos que delas faziam uso estivessem em queda financeira ou fraqueza política, como no caso da realeza portuguesa ao chegar ao Brasil.
Que tipos de “bengalas” são mais percebidas hoje? A “bengala” falaciosa da ascensão das classes sociais; do engodo da mudança repentina de crenças e dogmas seculares; dos “Pilatos” modernos que aderiram a Jesus; dos “Herodes” com posturas piedosas; dos “Barrabás” que se amparam nas multidões incautas e conseguem condenar os “justos”; dos que pensam possuir procuração de Jesus para representá-lo e dele recebem a seguinte interpretação: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos” Apocalipse 2:2.
As nossas fraquezas não podem ser amparadas por “bengalas” espirituais. A única maneira de termos firmes os nossos passos é a ROCHA, que é Jesus, o nosso único apoio real!

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