sábado, 2 de outubro de 2010

CICATRIZES...


Pr. Raul Marques

Toda maldade produz cicatrizes. Toda ferida pode, com o tempo, cicatrizar. Todas as marcas deixadas, porém, são partes da história de cada um e muito dificilmente não nos trarão a lume os seus significados. Não podemos dizer que nunca deixaremos de lembrar a intensidade da dor que produziram aquelas marcas. Lembraremos sim, pois elas estão ali, na pele, tatuadas e prontas a responder com o silêncio a profundidade e o significado da sua existência. Entretanto, são elas também que sinalizam pra nós, que são cicatrizes presentes de uma dor passada...

O intenso sofrimento de Jesus Cristo marcou o seu corpo e a sua alma tão profundamente que não seria razoável supor que não houvessem deixado sinais. É claro que Jesus perdoou os seus algozes; Ele se expressou a respeito disso em meio ao seu desvairado sofrimento: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” Lucas 23.34; no entanto, tivesse Jesus permanecido entre nós vivenciando por muitos anos a crueldade do nosso coração, certamente que todos veriam as suas cicatrizes expostas apontando para um martírio vivido. Um grande exemplo disto está estampado no diálogo que Jesus teve com Tomé. As marcas em Jesus ao serem tocadas por Tomé tiveram o poder de transmitir-lhe verdade, perdão e muito amor.

As cicatrizes podem ser ao mesmo tempo a prova do sofrimento e a marca da necessidade do perdão. Se olharmos para as nossas cicatrizes com sofrimento e ódio, certamente estaremos alimentando a sangria em feridas que teimarão em não sarar. Por outro lado, se fitamos as nossas marcas como sinais da possibilidade do perdão e da felicidade anelada, não podemos negar a óbvia presença do Espírito Santo de Deus em nossas vidas, ajudando-nos a entender que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

Todos nós temos algumas cicatrizes. Importa-nos saber o que fazemos delas; com que motivação elas se evidenciam em nós. O que será que elas tendem a nos lembrar? É bom não esquecermos a recomendação bíblica: “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45).

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