terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

VIVENDO E APRENDENDO...
Pr. Raul Marques




Lembrei-me inesperadamente de uma composição de Guilherme Arantes com este título, gravada em 1981 por Elis Regina, que me trouxe à baila as nossas experiências diárias de perdas e ganhos... É quase inacreditável que existam certas coisas que precisamos perder para que sintamos o ganho obtido!
Alguém já disse que o mundo é uma escola, e nele, só aprendemos vivendo; isto é, você só não pode prescindir das lições diárias até que chegue à prova final. Pode até soar estranho, mas viver é participar de um jogo onde, inevitavelmente, teremos ganhadores e perdedores, sempre em tons circunstanciais, nunca perenes. Viver é arriscar-se! É preciso ter coragem para aprender. É preciso cair para sentir o peso da necessidade de se manter de pé! Tim Maia disse em uma de suas canções que “Na vida a gente tem que entender que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”; circunstancialmente, sim, pois no carrossel da vida nunca nos encontramos no mesmo ponto...
Aprendemos muito mais sobre o perdão quando somos sufocados pela ira. Aprendemos mais sobre o prazer das companhias quando ficamos sós. Aprendemos sempre mais sobre amizade e franqueza com as traições e as mentiras. Aprendemos a viver com maestria quando conhecemos melhor as regras do jogo. Temos mais destreza e perspicácia quando somos passados por lerdos e ingênuos...
Aprendemos que os pássaros gostam muito mais de bicar frutos maduros! Com o tempo aprendemos que não é correndo que se chega lá, mas, nunca desistindo de prosseguir. Aprendemos que não é o que os outros pensam de nós que vale a pena, mas, o que conhecemos verdadeiramente ao nosso respeito. O excepcional tom de voz de Elis Regina realça o bem elaborado texto de Guilherme Arantes, ao afirmar: “Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas, aprendendo a jogar”.  Afinal, é isto mesmo o que importa: viver aprendendo.

Como disse Paulo Freire, somos constantes “aprendentes”. Aliás, ele disse muito mais: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Não aprendemos nada quando impomos “o conhecer”; aprendemos mesmo quando, cônscios, reconhecemos: “Só sei que nada sei!”. “Para Sócrates, sábio é aquele que reconhece os limites da própria ignorância. Por isso, raramente encontramos pessoas sábias, pois vivemos em um mundo que todos pensam que sabem tudo e enxergam a ignorância como burrice. Mas burrice é quando estamos fechados e cegos a um determinado conhecimento, assim não o questionamos e logo nos encontramos presos a algo que "achamos" saber. É de um simples carpinteiro de uma cidadela longínqua e sem expressão, de um passado remoto, que sorvemos tão sábias palavras: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29). Nunca o ato de perder teve tanto sentido de vitória! Ele morreu para que tivéssemos vida e vida em abundância!

2 comentários:

Diana disse...

Pr Raul! Meu amigo e irmão, me sinto a vontade para aplaudir de pé tamanha sabedoria porque sei que " não existe boa dádiva que não venha do Alto".
Que o Senhor nosso Deus continue te inspirando e que a cada dia possamos compartilhar juntos da Glória de Deus.

Baiano disse...

Parabéns Raul, bela e sabias palavras