O EVANGELHO PERVERTIDO...
Pr. Raul Marques
“Admiro-me
que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça
de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade não é o evangelho. O
que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o
evangelho de Cristo” Gálatas
1.6-7
E
|
stou convencido de que,
definitivamente, o trem da
igreja verdadeira
descarrilou e precisa do socorro daquEle
que o construiu. Estamos sendo engodados há tempos pela inserção de amarras
institucionais e burocráticas, culpadas pelo estado de desiquilíbrio moral e
espiritual da igreja-empresa que o mundo impôs, planejada não para o
alcance mais célere da humanidade caída, mas, para a sustentação de falsos profetas, dos que se
imaginam apóstolos e não são,
dos que viram neste “outro
evangelho” a
fatídica “galinha
dos ovos de ouro”. Que
vergonha!
A cada
novo dia se consolida em meu coração a convicção de que, Jesus não teve, nem de
longe, a intenção de criar “Organizações”, mas, “organismos
vivos” que pudessem se reproduzir pela condição
saudável de cada parte; sólidos, como um edifício construído com as medidas
certas e materiais apropriados, com tijolos colocados um a um formando uma
unidade compacta e segura! Ele criou uma noiva pura e sensível às aspirações do noivo,
não uma prostituta rendida às volúpias do “quem-der-mais”. Jesus Cristo criou a igreja e
vaticinou que “as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Não obstante, os homens começaram a “construir
puxadinhos, anexos e espaços contíguos”,
que tornaram a leveza da ideia
inicial do Mestre numa pesada estrutura, sobrecarregada pelo instituto de corporações,
associações, convenções e congêneres, que implicaram drasticamente no
aparecimento ou ressurgimento de algumas anomalias:
- ANALFABETISMO BÍBLICO –
antes, graças à inoperância da igreja romana que fazia opção pela burguesia e
pela estrutura clerical, alijando as multidões dos acessos ao conhecimento,
agora renasce em decorrência da multiplicidade de agências religiosas do entretenimento, do ativismo e da manutenção das pessoas
ligadas às programações, promessas de bem-estar, do triunfalismo e da
hipnotizante busca pela prosperidade;
- IDOLATRIA – aquilo que
era compreendido desde o “bezerro
de ouro”,
agora ganha formas humanas através dos tele-ícones, dos que apregoam poder
pelos anéis que ostentam, pela suntuosidade dos ambientes cúlticos, pelas
exposições de objetos-amuletos, pela capacitação
científica dos
doutorados e pós-doutorados, pelo trânsito livre pelas mais diversas castas ou
extratos sociais, pelas ações
sociais que
escondem atrás de si as associações políticas, praticas seculares espúrias, etc.;
- MERCANTILISMO – aquilo
que, biblicamente, é compreendido como um
chamado de Deus dá lugar
às habilidades de gestores administrativo-financeiros, e passa a ser disputado
como emprego cujos pretendentes precisam mostrar
currículos operosos, boa aparência e profundo carisma para falar e gesticular,
assim como os atores o fazem em grandes espetáculos...
- CORPORATIVISMO – o foco
deixou de ser “os que
se perdem”,
embora seja importante que
eles venham. O que
se tornou maior foi a capacidade de manter a estrutura de manutenção do poder!
Não se substituem democraticamente as pessoas nas organizações, apenas se
revezam na dança
das cadeiras
enquanto se mantém as plateias nas arquibancadas e nas gerais
em êxtase religioso, tal como se vêm nos estádios de futebol: gente oprimida e
sufocada que extravasa as suas dores e frustrações na hora do gol... O império religioso está montado,
enquanto a igreja
do Senhor, ingênua e pobre,
segue silente pelos subterrâneos do mundo, crescendo, a despeito de tudo e de
todos na superfície da terra, levada pelo sopro do Espírito de Deus. Penso
que o Senhor estará levantando outra vez um exército de ossos secos para
a recomposição do seu povo!
O
verdadeiro Evangelho não mudou; os homens também não mudaram... Aquele,
permanece perfeito; estes, permanecem pecadores e rebeldes, pois, “não há uma só pessoa que entenda, ninguém
que de fato busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis;
não há ninguém que pratique o bem, não existe uma só pessoa. Suas gargantas são
como um túmulo aberto; usam suas línguas para ludibriar, enquanto, debaixo dos
seus lábios está o veneno da serpente”
Romanos 3.11-13.
Em
tempos de evangelho
adulterado, é bom
que ouçamos novamente a voz dos mártires, a exemplo de Estevam: “Ao ouvir tais palavras, grandemente se lhes
enfureceu o coração e rilhavam os dentes contra Estevão. Contudo, Estevão,
cheio do Espírito Santo, ergueu seus olhos em direção ao céu e contemplou a
glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus, e exclamou: ‘Eis que vejo os
céus abertos e o Filho do homem em pé, à direita de Deus!’. Então, eles taparam
os ouvidos e, aos berros, atiraram-se todos juntos contra ele. E arrastando-o
para fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas roupas aos pés
de um jovem chamado Saulo. Assim, enquanto apedrejavam Estevão, este declarava
em oração: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” Então caiu de joelhos e
clamou em alta voz: “Senhor, não lhes atribuas este pecado!” E, tendo dito
estas palavras, adormeceu” Atos
7.54-60.
Nenhum comentário:
Postar um comentário