domingo, 9 de junho de 2013

HOJE EU SEI QUEM ME CUROU...
Pr. Raul Marques

Alguém já disse que “Viver é uma arte”; eu creio que tenho aprendido a viver e a conviver através das pinceladas contundentes nas telas da vida; dos textos lidos no livro do Ser, com as lentes da experiência; dos dramas da própria existência humana; enfim, de todas as artes que compõem esta enorme academia existencial... Arrisco-me a dizer que, nesta escola, hoje sou um aluno muito mais aplicado e seguro.
Os últimos quinze anos da minha vida foram marcados por alegrias incontestáveis, conquista de amizades sinceras, registros de vitórias inenarráveis, porém, como a dialética da existência também se compõe pelos dualismos, não posso esconder as marcas deixadas por feridas profundas na alma, decepções com quem jamais esperei, traições dos que cuspiram no prato em que comeram; violação de direitos, injúrias e atitudes covardes de quem, graças a Deus, consegui perdoar definitivamente. Embora as feridas deixem marcas, é sobre elas que desejo falar. É ato de regurgitar o gosto amargo remanescente para, enfim, viver aliviado dos enjoos e dos refluxos que teimaram em aparecer surpreendentemente...
À semelhança de Jesus, fui traído por amigos muito próximos. A minha amizade foi negada por estas pessoas quando mais necessitei delas. Entretanto, também à semelhança do Mestre, hoje posso orar com leveza de coração: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem...”.  
O meu “calvário” durou tanto tempo que por vezes pensei que havia chegado ao fim... A minha alma sofria sem consolo; o luto pelas perdas era tão intenso que minguavam as minhas reservas de forças... As rupturas foram tão abruptas que pareciam ficção, jamais uma realidade exposta diante de mim. Como os discípulos do Mestre, muitos se colocaram apáticos à conspiração latente e permaneceram calados, apenas olhando à distância. Alguns poucos se aliaram aos fariseus, preferiram fazer de conta que nada sabiam das condutas escabrosas dos mesmos que, em outros momentos, se acusaram mutuamente. O pecado é semelhante ao diabetes, se não tratado conduz imediatamente à cegueira e à morte.

Quantas vezes eu chorei com a impressão de que não havia mais sonhos pra sonhar... O diabo se aproveitou deste quadro para levar-me às mesmas condições de Jó: perdi tudo, (a exceção da família e fé). Como ele, eu também pensei: “O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!”. Eu continuava sendo tratado por Deus em silêncio. O mesmo Senhor que me fez o chamado, tratava-me em meio a todas essas adversidades. Hoje, passados todos estes anos, depois de tantos tratamentos médicos, tantas orações pessoais e intercessão de centenas de verdadeiros irmãos e amigos, olho para trás e vejo no chão da minha existência as pegadas na areia; o Senhor me trazia nos Seus braços... Hoje, com a lucidez da minha fé, não tenho dúvidas: Hoje sei quem me curou! Hoje também, a minha esperança é a de que o Senhor esteja curando aqueles que tentaram matar os meus sonhos e me fazer desistir... Eu sei que o meu Redentor vive!

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