segunda-feira, 6 de abril de 2009

EU PRECISO APRENDER MAIS DE DEUS


Pr. Raul Marques


Toda atividade humana tem as suas contradições; afinal, ela é humana. A atividade pastoral é bipolar: divina e humana. Assim sendo, ela é também uma atividade que envolve contradições. Contradições da subjetividade do seu exercício. Contradições da sua complexidade vivencial. Contradições das interpretações que sofre. Contradições de modelos e estereótipos, etc. Sempre que alguém pensa no “pastor” evoca, inconscientemente, a figura do “herói”; do “infalível”; do “irretocável”; enfim, do tão-somente divino, completamente dotado de “unção” e outros elementos que contrastam com a sua fraqueza, limitação e dependência, enquanto humano.Tenho pensado muito esses últimos meses sobre tudo isto, e chego à conclusão de que “eu preciso aprender mais de Deus”, fazendo questão de viver “esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo premio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14). Eu preciso aprender mais de Deus para agir menos de mim mesmo; eu preciso aprender mais de Deus para que os meus “buracos negros” sejam preenchidos de mais paciência e longanimidade; mais afeto e amor; mais capacidade para perdoar e acolher; mas, sem esquecer-me de que o verdadeiro “pastor” tem outras ações que precisam ser praticadas porque são próprias dele, através dos instrumentos que Deus lhe tem dado para o exercício pleno da sua soberana vocação: é preciso usar tambem o cajado! Com ele instigará as ovelhas a permanecerem no aprisco; com ele demonstrará a sua indignação com os lobos; com ele agirá com energia porque, como Deus, deve corrigir àquele que ama. Eu preciso aprender mais de Deus para entender a fragilidade e atração pela dispersão que têm as ovelhas. Eu preciso aprender mais de Deus para que, estando só e sem a alegria da presença das suas ovelhas; vivendo circunstancialmente no deserto, longe de pastos verdejantes, jamais me esqueça daquilo que veio ao meu coração em tempos de aridez e desolação: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que outrora era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (I Tm 1.12-15). Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

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