quarta-feira, 19 de agosto de 2020

 

VENDAVAIS...

Pr. Raul Marques

Vendavais são perturbações marcantes no estado normal da atmosfera. Deslocamento violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão. Os vendavais, também chamados de ventos muito duros, correspondem ao número 10 na escala de Beaufort, compreendendo ventos cujas velocidades variam entre 88,0 a 102,0 km/h. Os ventos com velocidades maiores recebem denominações específicas: 103,0 a 119,0 km/h ciclone extratropical; acima de 120,0 km/h ciclone tropical, furacão ou tufão. O vendaval é fenômeno físico da natureza. Não obstante, existem também os vendavais existenciais, e esses são próprios da natureza humana. Como aqueles, estes também são perturbações marcantes no estado normal dos indivíduos. São violentos deslocamentos de forças da insensatez direcionados contra a racionalidade, visando a perturbação e a inquietação da alma. Os vendavais existenciais também são organizados em escala de gravidade, e a sua velocidade suprema é a força motivadora das angústias que levam ao suicídio. É o ápice do desvario e da loucura. É um ato de suprema possessão do mal. Os vendavais existenciais podem ter início em pequenos insucessos; em detalhes de ciúmes não percebidos; na inveja; na covardia; na traição; na frustração; nos sonhos irrealizados; enfim, no acolhimento do lixo do pecado se avolumando em pequenos cestos... Os vendavais existenciais sacodem as nossas vidas, revolvem os nossos sentimentos, desorganizam pensamentos, apagam as nossas aspirações e minam as nossas esperanças. Os ventos tempestuosos são forças contrárias que planejam nos arremessar contra as rochas em meio a um mar bravio. Eles sempre ocorrem quando o tempo se fecha completamente absorvido pelas trevas. É aí que reside a nossa extrema necessidade da companhia de Jesus. Aquele que conhece plenamente o poder destruidor das tempestades, é o único que pode sempre nos socorrer na hora da angústia. No mar da vida nunca poderemos prescindir da presença de Jesus no barco da nossa existência. É bastante lembrarmos a passagem de Lucas 8.22-25, onde encontramos o questionamento dos discípulos de Jesus: “Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?”. Se as forças da natureza se rendem à voz de Jesus Cristo, porque é tão difícil à natureza humana quedar-se diante dele em meio às tempestades existenciais? Creio que o melhor da vida só nos ocorrerá quando tomarmos a decisão de “passar para a outra margem” no mesmo barco em que Jesus está: o barco da Salvação. Não há vendaval que resista ao poder de Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!


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Quando a Igreja faz sentido

Pr. Raul Marques


O neoliberalismo e o capitalismo selvagem instalados no mundo atual, sobretudo nos países do Terceiro Mundo, e mais especificamente na América Latina onde nós estamos inseridos, têm afetado as famílias e as instituições na nossa sociedade de forma brutal e desconcertante, trazendo incontáveis prejuízos morais, sociais, psicológicos e espirituais sem precedentes. As mazelas advindas da descaracterização da família são responsáveis pelo desmoronamento da fé necessária e sadia, e da impotência da Igreja diante do caos social manifesto através das sandices culturais escondidas atrás da cortina da chamada modernidade. Afinal de contas, de que mais se ressente a Igreja atual? De que mal está acometida a Igreja hoje? Certamente que estas questões só podem ser respondidas a contento à luz do verdadeiro e único manual de conduta e postura cristãs, a Bíblia Sagrada.
O livro de Atos dos Apóstolos (ou Atos do Espírito Santo através dos apóstolos) nos dá a dimensão exata de como uma sociedade passa a fazer sentido através da compreensão das ações de Deus na vida humana. Após sete semanas da ressurreição de Jesus Cristo ocorreu o Pentecostes. Muitos que haviam se maravilhado com os milagres de Jesus, e muitos dos que haviam se comprometido com o Seu plano de mudança de vida, já se tinham dispersado por medo ou por pura incredulidade. Mas, alguns ainda se mantinham unidos à espera de que se concretizassem as promessas do mestre Galileu. O mundo da época era semelhante ao nosso: muito pecado, rebeldia, distanciamento dos padrões da fé, escravidão política, queda moral, caos social, etc. Todos ansiavam por mudanças, mas ninguém queria começar por si mesmo; alguma coisa teria que cair do céu... E, como toda resposta às nossas inquietações só pode vir de cima, Deus agiu trazendo a elucidação dos fatos através de Pedro, naquilo que o Espírito Santo já havia prometido ao profeta Joel, cerca de 820 a.C, fazendo com que as pessoas se voltassem para o verdadeiro sentido de vida comunitária através da experiência da fé e da transformação de seus pensamentos.
Depois da manifestação sobrenatural de Deus e da perplexidade dos discípulos, que logo instigaram multidões que indagavam sobre o que estava acontecendo, veio o sopro do Espírito Santo sobre todos eles trazendo unidade, fé, esperança e significado de vida verdadeira. Foi assim que Lucas viu e registrou através destas palavras: “
Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão, louvando a Deus. A cidade inteira tinha simpatia por eles, e cada dia o próprio Senhor acrescentava à igreja todos os que estavam sendo salvos” Atos 2.46-47. Neste exato instante a comunidade da esperança começou a fazer sentido. A vida pessoal começou a ter significado. A fé começou a operar mudanças: todos agora tinham desejo e alegria de estarem juntos todos os dias; faziam questão de compartilhar as refeições; estavam juntos e comprometidos com Deus através da oração e da comunhão. Todos estes fatos fizeram com que a cidade inteira simpatizasse e se mostrasse interessada na verdadeira igreja que se formava em toda a sua pujança e plenitude. Somente assim faz sentido ser Igreja. Somente assim Deus se agradará de nós!

domingo, 29 de dezembro de 2019


QUANTO TEMPO AINDA RESTA?

Pr. Raul Marques




C
omeçou a contagem regressiva para o fim de mais um ano... A sensação que a grande maioria tem é a de ser surpreendida com aquilo que jamais pudera supor... Há uma espécie de catarse ao atravessar a última página do calendário! Há toda uma aura de misticismo, de espiritualidade ingênua e também de incapacidade intelectual para discernir o suposto do real. É preciso fazermos uma assepsia na alma e na mente coletivas! É preciso não nos esquecermos dos conceitos, regras e ensinos daquele que nos fez e conhece absolutamente tudo ao nosso respeito: Deus!

O que o último dia do ano tem que o primeiro não possa ter? Qual teria sido, na verdade, o primeiro ou o último? Que tipo de hierarquia elegemos para nomear o primeiro ou o último? No entanto, há alguém sobre quem está determinado o seu significado: “eu sou o alfa e o ômega; o princípio e o fim...” – Jesus! (Ap. 22.13) Foi exatamente Ele também que deixou os seus ouvintes embaraçados ao questioná-los: “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?” Mt. 6.27.

Ao longo do ano assistimos a partida de muitos dos nossos entes queridos, amigos, mas também celebramos a chegada de outros tantos que nasceram, que tiveram vitórias, conquistas, enfim... Este é o ciclo natural da vida! Não obstante, o que é próprio da nossa natureza caída, insiste em nos acompanhar em todo tempo e lugar: o medo! Medo das perdas repentinas, medo de não alcançarmos as metas estabelecidas, medo do dia seguinte, medo da noite, da solidão, da angústia, do desespero... O fato mesmo é que não temos coragem de encarar que temos medo de morrer sem Deus!
Quanto tempo ainda resta? Isto sim, nos inquieta e angustia! Mas, o que resolveria se o soubéssemos? Talvez por isto mesmo lamentamos tanto: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer...” (Sérgio De Britto/Eric Silver). Por que, então, não amamos muito agora? Por que não choramos tudo agora? Por que não escancaramos as portas do coração agora? Por que brigamos tanto agora? Por que perdemos tanto tempo com coisas que jamais ocorrerão e perdemos tanto as oportunidades de desfrutar daquilo que está à nossa volta?
Creia em tudo o quanto o Mestre Jesus nos ensinou! “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Filipenses 4:6), foi isto que o apóstolo Paulo aprendeu dEle! Não se desespere pensando no tempo que resta; alegre-se com o tempo que lhe está concedido para desfrutá-lo! Se é o fim ou o começo do ano, agradeça a Deus por tudo e repita o que afirmou Samuel: “Ebenézer, até aqui nos ajudou o Senhor!” (I Sm. 7,12).             

sábado, 4 de maio de 2019

QUANDO O CORAÇÃO SE ABATE...
Pr. Raul Marques

"Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?"
Salmos 42:5



Há dias em que nos abatemos tão profundamente que nada parece nos conter... São inúmeras as circunstâncias que nos levam a este estado d'alma! Isto não tem nada a ver com ser fraco ou ser forte, pois "Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.  Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo" (Ec 9,2-3). Todos estamos sujeitos às agonias da existência!

Entretanto, quando nos sentimos assim, abatidos e desalentados, é o sinal vermelho que acende em nosso âmago nos informando que estamos carecendo desesperadamente do consolo e do conforto da presença de Deus! O salmista logo se dá conta disto: "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite, porquanto se me diz constantemente: Onde está o teu Deus? Salmos 42:2,3

Ele, como nós, logo imagina que Deus se afastou da sua presença... Certamente que o pensamento mais coerente e honesto é o que aponta para o nosso distanciamento do Senhor e não o contrário. No entanto nós, no desespero da angústia, da solidão e da impaciência, somos levados à acusação da ausência deliberada de Deus... 

Quando o nosso coração se abate é um sinal mais do que evidente da nossa carência espiritual; do nosso limitado poder de existir! O nosso procedimento deve ser na mesma direção em que foi o salmista: "Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele que é o meu socorro e o meu Deus!". Quem, porventura, não já se sentiu assim ou está se sentindo assim? É hora de recorrer àquele que será sempre o nosso socorro bem presente na tribulação: Deus! Que Ele tenha misericórdia de todos  nós, todos os dias!

terça-feira, 25 de dezembro de 2018


A NOSSA LIBERDADE CUSTOU

SANGUE...

Pr. Raul Marques

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Jesus Cristo deu-nos os maiores exemplos de comportamento, postura e ética sociais e espirituais! O maior desejo dEle: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” não exclui, em absoluto, o cuidado esmerado com as nossas más companhias... “Não vos enganeis! As más companhias corrompem os bons costumes” I Cor. 15.33, ensinou-nos o apóstolo Paulo.

Os novos tempos são muito mais complexos, embora sejamos os mesmos desde o Éden após a queda pelo pecado... Nem todos os que caminham com você estão de acordo com você... Nem todos os que lhe abraçam o fazem com o coração! Tudo é muito semelhante àquilo que nos advertiu Jesus: …Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Mat. 7.20-22. Pois bem, está mais do que evidente que nem todos os que fazem um brinde com você na festa estarão ao seu lado na hora do infortúnio! Nem todo o que bate com tapinhas nas suas costas está disposto a sofrer consigo a sua dor... Nem sempre aqueles que rasgaram elogios sobre você em público o fizeram espontaneamente...

Chega de parecer o bobo da corte! Até mesmo Jesus Cristo precisou agir com mais firmeza ao expulsar enganadores que estavam ao redor de Si, para limpeza da Casa do Pai. É provável que tenhamos um coração de cordeiro, porém, jamais com sangue de barata!

A nossa liberdade foi comprada pelo sangue de Jesus Cristo! Ela é muitíssimo preciosa! Não podemos deixar que os outros ditem as regras da nossa conduta, isto é uma atividade exclusiva do Espírito Santo! Somos servos, somos santos, somos crentes, mas jamais capachos de ninguém! Devemos usar bem a nossa liberdade em favor de tudo o que é bom, perfeito e agradável, pois, isto é sinônimo da vontade de Deus! Jesus Cristo lavou os pés dos discípulos sem perder a condição e autoridade de dizer-lhes através da censura à Pedro: “Para trás de mim, Satanás! Tu és uma pedra de tropeço, uma cilada para mim, pois tua atitude não reflete a Deus, mas, sim, os homens” Mat. 16.23.

Não permita que ninguém lhe use como escravo porque vê em você a condição de servo! Não deixe que abusem da solicitude de sua família quando bem poucos zelam por ela ou sabem das dores porque ela passa simplesmente por ser sua família! Lembre-se sempre: você já foi solto das garras do Diabo e comprado pelo sangue do Cordeiro! E mais: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidãoGál. 5:1.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

OS CICLOS DA VIDA
Pr. Raul Marques


“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos” (Fernando Pessoa)

A vida é cíclica! É preciso que saibamos respeitar as regras, as épocas, os instantes, as nuances e as peculiaridades todas de sua trajetória. O tempo não para! A vida não se esgota; ela é originalmente insistente e indestrutível! … «Compreendi ainda que tudo o que Deus faz dura para sempre: ao que Deus criou nada se pode acrescentar, de igual modo, nada se pode subtrair. Esse é o método de Deus para fazer com que a humanidade o ame reverentemente. 15Assim, tudo o que há, já havia existido; o que será, já existiu antigamente; Deus pode renovar o que já passou!» Eclesiastes 3.14-15.
Está se aproximando mais um final de ano... ou seria o início de um novo período? Por qualquer dos ângulos de olharmos será verdadeira a resposta. Estamos inexoravelmente atrelados a estas imutáveis realidades! São ciclos pelos quais passamos e, certamente, jamais seremos os mesmos ou viveremos da mesma forma. São experiências que moldam nossa ótica da vida, pro bem ou pro mal, a depender do como e dos porquês com os quais tivemos que lidar.
O natal de Cristo é outro ato do ciclo das manifestações de Deus no seio da humanidade! O nascimento do Messias marca profunda e inequivocamente a história da existência humana. O natal de Jesus dá sentido e significados à vida e à morte! A encarnação do Verbo de Deus lança luz sobre toda dúvida humana; enobrece os pobres, alivia os cansados, depõe contra os soberbos e prepotentes, robustece os fracos, dignifica os desprezados, dá esperança aos fatigados, torna loucos os sábios e, por fim, divinizam os frágeis e finitos humanos!
Que maravilha é saber que a vida é cíclica! Quão magnifico é saber que um aparente fim pode configurar-se um inexplicável recomeço! Como é tranquilizador saber que podemos estar para além da Fênix: podemos, sim, não apenas renascer das cinzas, podemos mesmo é ser refeitos, NASCER DE NOVO, da água e do Espírito, pois Deus nos agraciou quando decidiu amar tanto a humanidade a ponto de entregar-se a Si mesmo por AMOR de nós! «Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!» (2Cor 5.17).
Estamos todos entrando num novo ciclo de vida! É tempo de cada um examinar-se a si mesmo e procurar conduzir-se não pelo falho e limitado «eu acho que», mas por aquilo que cada um já é através da nova vida que recebeu de Deus em Cristo, pois, foi Ele mesmo vaticinou: «Sem mim nada podeis fazer!».