Pr. Raul Marques
Jesus Cristo viveu tão livre das amarras religiosas e das convenções sociais quanto pregou. É por esta razão que está estampado na Palavra de Deus: “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). A obediência de Jesus ao Pai era tão extremada que Ele nada fazia sem antes consultá-lo em oração. Aliás, o Pai já tinha absoluta ciência disso, pois, ao apresentar-se no momento do batismo de Jesus Ele assim se expressou: “Tu és o meu Filho amado, em quem tenho prazer” (Mc 1.11). A liberdade que Jesus pregou, Ele viveu. Por causa desta liberdade Ele até repreendeu duramente aqueles que se tornaram seus maiores opositores: os fariseus e os doutores da Lei: “Um dos doutores da lei lhe disse: Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas. Ele respondeu: Ai também de vós, doutores da lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos”. Impor regras e ordens aos outros é fácil, difícil mesmo é começar por si!
Certa vez entrou na Igreja um casal para participar do culto de oração e estudo da Palavra de Deus. Eu não conhecia nem o homem e nem a mulher, e recebi a cada um como aos demais. Ao término do culto alguém me chamou e comentou: “Pastor, eu não acredito que o Senhor vai receber aqui este casal!”. Aquela não foi a censura de um crente, mas de um religioso. Foi um comentário infeliz, preconceituoso e desprovido de qualquer amor ou piedade. Fiquei tão triste ao ouvir aquilo que logo lhe coloquei diante de um impasse: “Há entre nós alguém menos pecador que eles?”.
Foi o suficiente para que a pessoa interrompesse o inquérito e saísse. Certamente aquela pessoa não tinha idéia do que significa GRAÇA; não havia deixado entrar em seu coração o ensino libertário de Jesus, que diz: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores” Mc 2.13-17.
Ainda hoje sofremos por estas mesmas causas. Muitos não conseguem se firmar no Evangelho em decorrência de um pretenso puritanismo ou de uma pseudo-santidade que, com toda certeza, não estão respaldados em Jesus. Ele nunca desejou execrar ninguém; Ele nunca intentou descartar ninguém; Ele nunca humilhou ninguém. Embora Jesus sempre saiba o que vai fundo em nossos corações, e conheça perfeitamente as causas das nossas atitudes e comportamentos, mesmo assim Ele nos ama e anseia por nossa salvação. A liberdade que Ele viveu e pregou nos atrai para uma mudança muito mais profunda, menos estética e muito mais ética. Foi isto que Ele pregou; foi isto que Paulo entendeu e por isto afirmou: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1). Que Deus tenha misericórdia de todos nós.
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