quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O COMPLEXO DA CENTÉSIMA OVELHA


Pr. Raul Marques


É notícia recorrente no meio evangélico o fato de ovelhas desgarradas do rebanho virarem turistas da religião. O pior disso tudo é que a ovelha por onde passa dissemina a idéia de ter sido abandonada, completamente largada e, por isso mesmo, está às soltas buscando encontrar um novo aprisco.
O texto de Lucas 15.4-7 revela-nos duas belas imagens que poderão perfeitamente ilustrar e explicar esse fenômeno do comportamento religioso. Primeiro, o evangelista faz argüição à liderança do rebanho: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?”. Certamente que nenhum pastor se compraz com o abandono de qualquer de suas ovelhas. É natural que o pastor sinta a falta de qualquer de suas ovelhas no rebanho e seja capaz de “deixar” noventa e nove daquelas cem a fim de alcançar o retorno daquela que está desgarrada. Mas é bastante significativo notar que o texto não deixa qualquer dúvida sobre o estado em que se encontra a centésima ovelha: ela é o arquétipo de um pecador arrependido. Informa-nos o texto: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7).
Infelizmente não é o que costumeiramente vemos ocorrer nos apriscos: arrependimento. Ao contrário, vemos muito orgulho, vergonha, ressentimento, e o que é pior: atribuição de culpa ao pastor que no mais das vezes é o último a saber das causas, sendo sempre o único a tentar minimizar as conseqüências. Deve o pastor ser bíblico no tratamento das suas ovelhas, mas não poderá jamais compactuar com mimos e vaidades pessoais que levem ao comprometimento de todo o rebanho. Parece-nos que muitos sentem prazer o complexo da centésima ovelha: impactar a vida do pastor e causar desassossego nas noventa e nove que terão que suportar a dureza do deserto... Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!

domingo, 14 de dezembro de 2008

QUE NATAL É ESSE?


A Bíblia relata que uma estrela serviu de guia para levar alguns homens que viajaram desde o Oriente até a cidade de Belém para honrarem aquele que acabara de nascer: Jesus, o Filho do Deus Altíssimo. Eles viajaram dias e noites a fio até que chegassem ao lugar de destino. Eles visitariam o Rei dos reis; o Senhor dos senhores. Chegariam, enfim, ao Príncipe da Paz; Conselheiro; Deus Forte; Pai da Eternidade, e diante dele colocariam os presentes que carregavam consigo: ouro, incenso e mirra. Estes presentes tinham significado. Não eram simplesmente objetos de consumo; eram símbolos de honra, glória, poder e majestade. Tudo isso seria posto diante do Rei Eterno e Imortal: Jesus, o Cristo.
Passados todos esses pouco mais de dois mil anos, o quadro da anunciação do Natal mudou completamente. A estrela de Belém foi trocada pelas estrelas terrenas. No Natal de Jesus os primeiros homens que souberam do seu nascimento eram pastores do campo, gente simples, pacata, recatada, sem nenhuma ambição de consumo, sem nenhuma pretensão de grandeza. Estamos nos aproximando de mais um período natalino em que dizemos comemorar o nascimento de Jesus. Mas, afinal, que Natal é esse? Os presentes que carregamos conosco são pra Jesus? Que significados têm os nossos presentes? Que simbologia têm os nossos presentes para Deus? Qual o sentido da nossa caminhada, atravessando desertos, noites e dias, até que cheguemos a Belém? Que Natal é esse que não contempla mais os pastores do campo, que não tem mais manjedoura, nem hospedaria?
Será que é Natal nas favelas das nossas cidades? Será que é Natal na consciência dos políticos? Será que é Natal na ganância dos empresários? Será que é Natal na indiferença dos religiosos? Será que é Natal para o verdadeiro cristianismo? O que Jesus espera receber de cada um de nós neste período? Que espírito hoje habita em nós? Por favor, apaguem as luzes porque é Natal. O verdadeiro Natal só pode ser visto com as luzes apagadas, deixando brilhar a estrela sobre a Belém existencial dos homens!

domingo, 30 de novembro de 2008

SAUDADES DOS COMEÇOS...



Pr. Raul Marques


A narrativa bíblica sobre o começo de tudo é simplesmente linda! Há algo de excepcional e de inimaginável na descrição de como tudo veio a existir. É simplesmente divino! Por isto mesmo eu me pus a pensar sobre a sublimidade, delicadeza, beleza e singularidade dos começos...
O texto bíblico nos informa que “
no princípio era o caos”, isto é, “a terra era sem forma e vazia e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1.1-2). Todos os começos têm origem no caos. Por exemplo: uma família feliz e bem estruturada tem origem no inexplicável. Duas pessoas que nunca se viram, nunca se souberam existentes, nada sabiam uma da outra, de repente se encontram, cruzam olhares, se apaixonam, se casam, formam uma família e poderiam ser felizes para sempre... Mas, por que a palavra “poderiam”? Porque a verdadeira felicidade é completamente dependente de sempre retornarmos ao começo. O Cristianismo só é vivido em sua plenitude quando se permite voltar ao princípio de tudo; quando se permite voltar ao primeiro amor (Ap 2. 4). Uma família completamente feliz tem início no amor e no respeito de um casal em que o Espírito de Deus paira sobre ele. Uma igreja feliz será sempre aquela que se permitir analisar à luz da Palavra de Deus, corrigir o seu curso, voltar à prática das primeiras obras, exercitar o verdadeiro amor, e estar sempre com saudades dos começos... Voltar ao início de tudo não é aprisionar-se ao passado de reminiscências ou lamentações, mas, perceber que, como as árvores, a nossa história de vida, de família e de fé não podem prescindir das nossas raízes.
Tenho saudades dos meus amigos de infância; tenho saudades dos meus primeiros professores; tenho saudades das primeiras criações; tenho saudades do convívio com meus pais e irmãos; tenho saudades dos meus poemas; tenho saudades dos primeiros passos na fé; tenho saudades dos meus pais na fé; tenho saudades da igreja onde Jesus me fez renascer; tenho saudades do Seminário; das primeiras mensagens; tenho saudades dos meus filhos; tenho saudades da minha esposa quando ainda namorada; enfim, tenho saudades de todos os começos que me conduziram à maturidade que hoje atingi. E nada, absolutamente nada disso faria sentido, se o Espírito de Deus não estivesse pairando sobre as águas existenciais da minha vida.
Hoje vejo a vida com outros olhos, mas não posso esquecer-me de como iniciei a ver o mundo, a ver a vida, a sentir o amor, a crer, e a amadurecer. Tenho saudades de tudo e de todos. Que Deus tenha misericórdia de todos nós que temos tantas saudades...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O PODER INEXPLICÁVEL DA FÉ...


O PODER INEXPLICÁVEL DA FÉ...
Pr. Raul Marques


Todos os dias encontramos pessoas cheias de problemas. Umas, lutando com todas as suas forças; outras, porém, já entregando os pontos; ou, como diriam os adeptos do futebol: “pendurando as chuteiras”. A toda hora é possível ver alguém com cara de vencido; com aspecto de quem acabou de ver fantasmas. Esse é o drama do homem. Ou, como diria Belchior: “a divina comédia humana, onde nada é eterno”. Menos mal é saber que esse mal pode não ser eterno; é uma questão de ponto de vista, ou melhor, é uma questão de visão eminentemente espiritual.
Que todos sofrem, é certo, senão Jesus não teria explicitado ao afirmar: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo!” (João 16.33). Não obstante todo esse dilema humano, toda essa paranóia de sofrimento, tribulação, transgressão, pecado e morte como conseqüência, temos uma porta aberta para saída de qualquer dessas situações limítrofes: a fé! Quero levá-lo a pensar comigo numa das maiores esperanças que o Senhor Jesus veio trazer ao drama do homem. Certa vez, em meio a uma situação dramática e de comoção, Ele afirmou: “Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá!”. Não pode haver maior esperança do que essa! A morte é a cessação das oportunidades; mas, para o homem, não para Deus. Com base nessa afirmação de Jesus quero levá-lo a perceber pelos olhos da fé as soluções para as suas agruras e inquietações. Quero fazê-lo entender que nem tudo está perdido; que “para aquele que está na companhia dos vivos há esperança” (Eclesiastes 9.4), e que se houver verdadeiramente fé genuína o milagre ocorrerá, pois o próprio Jesus empenhou a sua palavra afirmando: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, todo aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate se abre” (Mateus 7.7-8).
Ora, se Jesus afirma que aquele que nele crê ainda que esteja morto viverá, então, por mais perto que alguém esteja do fracasso ou do fundo do poço, não deve entregar os pontos... Deve, isto sim, clamar ao Deus do impossível, do mesmo modo como fervorosamente fez o cego Bartimeu: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”, e assim, agindo unicamente movido pela fé inabalável, receba de Deus o socorro bem presente na hora da angústia. Muita gente está vencendo a incredulidade abraçando o Evangelho de Jesus Cristo, pois, vive na certeza de que “ainda que esteja morto, viverá!”. Os resultados da fé às vezes não podem ser explicados, mas, todos eles podem ser sentidos. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A DIFÍCIL TAREFA DE AMAR...


Pr. Raul Marques


Pode parecer um episódio simples e até muito conhecido narrado nas Escrituras, mas o fato de Jesus inquirir a Pedro de forma incisiva e contumaz com um tríplice “Pedro, tu me amas?”, é muito mais significativo do que possamos pensar. As perguntas feitas pelo Senhor Jesus soam como uma pedra estilhaçando uma vidraça, ou como uma bexiga não suportando mais a pressão interna do ar...
Parece bem simples pronunciar um “eu te amo”, no entanto, não é tão simples assim vivenciar esta expressão de sentimento na vida real dos seres humanos. Por isto mesmo não é fácil SER cristão. Primeiro e acima de tudo, porque devemos “AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS”; segundo, porque em decorrência deste amor devemos “AMAR AO PRÓXIMO”; e terceiro, porque este fato é uma conseqüência do “COMO (amamos) A NÓS MESMOS”. Que coisa difícil, não?
Pois bem, o que queria Jesus ensinar ao homem Pedro? Perceba: Jesus não estava ensinando religião; não estava dando aula de psicologia; não estava transformando Pedro em um super homem; nada disso. O desejo do coração do Mestre era um só: tornar Pedro mais humano, mais sensível, mais centrado, reconhecendo as suas próprias fraquezas, mas, em decorrência do fazer pelos outros por amor, pudesse provar o verdadeiro amor, sinônimo de compreensão, de doação, de cuidado, de interesse pela felicidade alheia, a partir do amor originário no coração de Deus, que ali estava apresentado em Jesus, o Verbo encarnado.
Como disse: “não é fácil SER cristão”, sobretudo quando desejamos isso a partir de nós mesmos. Não é possível. Por isso o questionamento que Jesus fez a Pedro, faz-nos a nós todos: “amas-me?”. Se isto é verdade, por que descartam os trabalhosos? Por que preferem os arrumadinhos? Por que exibem tanta indiferença? Por que são tão intolerantes? E por que fazem dos ensinos bíblicos meros jargões filosóficos, usando-os como força de expressão e quase nunca como expressão da ação.
É preciso considerar a difícil tarefa de amar para responder com sinceridade, olhando nos olhos de Jesus, à pergunta que Ele nós faz agora: “Tu me amas?”. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

QUANTAS VEZES JÁ NEGUEI A JESUS?


Pr. Raul Marques


Com atitudes estranhas e incompreensíveis todos nós ficamos admirados e surpresos, mas somente quando as vemos nos outros... Parece até que essas coisas nunca ocorrem conosco! Pois bem, foi pensando nisto que me veio imediatamente à memória a triste situação em que se envolveu o apóstolo Pedro com relação à negação da amizade tão estreita que ele tinha com Jesus Cristo. Pior do que a própria situação de Pedro é a situação daqueles que pensam estar imunes a essas tristezas de comportamentos inoportunos e injustificáveis. Pedro torna-se o arquétipo da contradição humana de amar e esquecer num piscar de olhos, quando nega publicamente que tinha conhecimento de quem era Jesus. Ele materializa toda a covardia humana diante da iminência do sofrimento honroso na defesa de causas tão nobres quanto aquelas que foram defendidas por Jesus, custando-lhe, inclusive, a própria vida.
Será que podemos nos excluir do rol daqueles que, como Pedro, traem a Jesus escandalosamente? Será que podemos agora parar por alguns instantes diante da inquietante argüição: “Quantas vezes já neguei a Jesus?”. Se formos bastante sinceros chegaremos a tristes conclusões...
Negamos a Jesus quando nos deparamos com a oportunidade de fazer o bem e não o fazemos. Negamos a Jesus quando temos a chance de ter uma família obediente a Deus e negligenciamos a experiência cristã dentro do nosso lar, deixando que o mundo dite as normas de nossa convivência no lar. Negamos a Jesus quando traímos os nossos irmãos ultrajando a igreja. Negamos a Jesus quando praticamos a nossa fé de maneira automática e superficial. Negamos a Jesus quando transparecemos tanto conhecimento religioso, mas vivemos tão vazios de humildade e simplicidade na fé. Não é que Pedro não gostasse de Jesus; ele simplesmente não foi capaz de demonstrar o seu amor na hora mais necessária. Será que estamos sendo recíprocos e leais com os nossos irmãos? Será que Jesus pode contar conosco? Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 1 de novembro de 2008

CHEGA DE CRISE!


Pr. Raul Marques


O mundo anda realmente na contramão do Evangelho de Jesus Cristo. Enquanto o apóstolo Paulo nos diz em Filipenses 4.6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”, o mundo vive enlouquecido a ponto de ocorrer um colapso planetário por causa de uma tal crise financeira internacional. É impressionante como quase nenhum governante destacado na política mundial diz ter perdido o sono com a miséria da fome, do desemprego e da violência que ceifam multidões nos países do chamado “terceiro mundo”, mas são capazes de demonstrar toda inquietação e loucura quando o assunto é estritamente financeiro.
Chega de crise! Por que parar diante do Muro das Lamentações como se essa tal crise se configurasse no maior dos obstáculos para a humanidade? A maior e mais profunda crise humana não é financeira, mas espiritual! Maior do que a recessão americana é a imoralidade humana! Maior do que a crise financeira nos países ricos, é a pouca vergonha amalgamando a corrupção capaz de lesar as finanças das cidades, dos estados e das nações mais pobres da terra!
Chega de crise! O nosso Deus é maior. É mais forte e tem muito mais poder! Não podemos viver paralisados diante da grandiosidade desse mar se, pela fé, podemos atravessá-lo a pé enxuto... Devemos viver na mesma perspectiva em que viveu o salmista ao perguntar: “Elevo os meus olhos para o monte; de onde me virá o socorro?” e responder concomitantemente: “O meu socorro vem de Deus, que fez os céus e a terra!” (Salmo 121). Cuidado para não estar super valorizando as suas crises e subestimando o poder transformador e restaurador do nosso Deus! Façamos a nossa parte; Deus, certamente fará a dele. É mais prático exercitar a fé com a visão bíblica: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e o mais ele fará!” (Salmo 37.4). Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Por que as pessoas se afastam de Jesus?


Pr. Raul Marques


Há mais de dois mil anos, quando foi escrita a Carta aos Hebreus, já se debatia a entrada e o abandono dos crentes na Casa de Deus, com a mesma naturalidade e sob os pretextos mais diversificados que se possa pensar para os dias de hoje. Tanto é verdade que houve naquela Carta uma recomendação específica a este respeito: “Não deixemos de congregar-nos, como é o costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quando vedes que o dia se aproxima.” (Hebreus 10.24, 25). Mas, essa história não começou aí. Já na época de Jesus, mais específicamente quando Ele ressuscitou, houve um fato relevante sobre o abandono repentino da fé e do bom convívio dos irmãos, sob o pretexto da frustração com Deus.
No Evangelho de Lucas, capítulo 24 e versículos 13 a 53, encontramos dois homens desenganados com a fé em Jesus Cristo, abandonando a cidade santa de Jerusalém na direção de uma comunidade chamada Emaús, completamente desiludidos em suas expectativas religiosas. Creio que esse texto nos servirá perfeitamente para ilustrar os objetivos desta nossa reflexão.
Não é difícil encontrar pelas cidades pessoas que tiveram experiências com Jesus por algum tempo e que, de repente, desistiram desta caminhada por motivos os mais banais, deixando o convívio da igreja, abandonando o trabalho do Reino, colocando de largo irmãos à quem dizia amar, e vivendo uma vida de completa insignificância espiritual. Esse grupo de pessoas pode ser chamado de “discípulos de Emaús”, pois tem características muito semelhantes àqueles dois homens lembrados por Lucas. É possível abandonar a igreja por não ver milagres acontecendo como solicitados. Os homens de Emaús estavam frustrados porque, para eles, o milagre da ressurreição não havia ocorrido; a cegueira espiritual não lhes deixava ver. É possível saber de pessoas que abandonaram a igreja porque os seus problemas pessoais não se acabaram. Os homens de Emaús também estavam ressentidos porque esperavam que Jesus redimisse Israel politicamente, mas esse não era o prpósito do Senhor. Muitos deixam o convívio da igreja por serem praticantes da melediscência e das fofocas de última hora. Os homens de Emaús também eram assim. Eles inquiriram de Jesus: “E Ele lhes disse: que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e porque andais tristes? E respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela tem ocorrido nesses dias?”. Muitos também largam de vez a igreja por não conhecerem nada das Escrituras. Os homens de Emaús eram exatamente assim. Por isso Jesus lhes apareceu e caminhou com eles para trazer-lhes à memória tudo aquilo que eles deviam saber e não sabiam; tudo o que deveriam praticar e não praticavam, e por isso estavam tão frustrados: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. Os homens de Emaús só conseguiram abrir os olhos espirituais depois de voltarem à comunhão com o Senhor, com Ele à mesa, partindo o pão. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 18 de outubro de 2008

O Amor de Deus e o amor dos homens


Pr. Raul Marques


O Brasil inteiro assistiu esta semana as mais terríveis cenas de massacre psicológico e terrorismo emocional dos últimos anos em nosso país. Não podemos nos esquecer do drama da menina Isabella e nem do horrível acidente com a avião da TAM... Não conseguimos apagar da memória as ações macabras que foram filmadas com empregadas domésticas maltratando crianças e idosos indefesos dentro de suas próprias residências. Não conseguiremos esquecer as cenas de um índio incendiado por jovens de classe média-alta em Brasília. Nada disso será possível esquecer, mas, convenhamos, passar quatro dias seguidos vendo e ouvindo alguém cometer crimes sucessivos: cárcere privado, invasão de domicílio, desacato a autoridades, e, finalmente, tentativa de duplo homicídio por um jovem de apenas 21 anos, é algo que deve causar uma profunda reflexão por parte de pais, escolas, governo e, sobretudo, a igreja cristã brasileira.
A Bíblia nos ensina que “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...” II Cor 13.4-8. Este é o verdadeiro amor que nasce no coração de Deus. Aliás, é bom que se saiba, a Bíblia diz mais: “Deus é amor!” I Jo 4.16.
Bom, se tudo isso vem com a presença de Deus, então o contrário disso é a ausência de Deus. Quando Deus não está presente o homem fica sozinho e vazio... Todo o noticiário dava conta de que um rapaz havia feito reféns duas garotas: uma, a sua namorada, à quem ele estava dedicando todo o seu amor, e a outra, uma amiga. Final da história: uma tragédia familiar com um preso, duas pessoas gravemente feridas, duas famílias profundamente marcadas, uma comunidade inteira empolvorosa, e todo um pais chocado...
Há uma diferença abissal entre o amor de Deus e o amor humano. O que fazer, então, para salvar as famílias? O que fazer para salvar os nossos jovens? O que fazer para corrigir os nossos governantes? O que fazer para mudar as escolas? O que fazer para mudar o país? A resposta pode parecer simples, mas é a única: JESUS! E nesse aspecto a igreja precisa mudar urgentemente a sua atuação: parar de ser lúdica e ser real; parar de parecer mágica e ser divino-humana; parar de ser circo e ser Casa de Pão; parar de ser teatro e ser Casa de Misericórdia. Que Deus tenha piedade de todos nós!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A IGREJA SOB PRETEXTOS


Pr. Raul Marques


A chamada “igreja cristã” está completamente secularizada – profundamente influenciada pelas regras de vida de um mundo fora dela e que dela desdenha sem o menor receio! Como a moda mais acentuada do nosso tempo é a religiosidade, o conceito bíblico de igreja passa de largo da nossa realidade contemporânea.
Desde a época de Jesus - único criador e mantenedor da verdadeira igreja cristã – que ocorriam grandes concentrações de pessoas: multidões que iam até Ele para ouví-lo ensinar sobre o caminho das mudanças profundas para a existência humana, embora Jesus não focasse as multidões, mas, os indivíduos. A igreja de hoje é apaixonada pelas grandes concentrações públicas e até pleiteia mover os indivíduos, porém as motivações e os resultados práticos contradizem as lições mais legítimas do cristianismo bíblico: “Portanto IDE, FAZEI DISCÍPULOS de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ENSINANDO-OS a observar todas as coisas que vos tenho ordenado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.19-20).
Jesus nunca fez da fé um show. Jesus nunca motivou a fé das pessoas pela sensibilização da carne. Ninguém jamais ouviu a Jesus e saiu vazio. O tempo de Jesus era precioso, e, portanto, usado com profunda sabedoria, motivado pelo amor incondicional às pessoas. Assim sendo, procurou fazer discípulos que o ajudassem a multiplicar os seus ensinamentos. Deste modo eles estariam observando tudo o que Jesus havia ordenado. Nos cahamados “show’s da fé” as estrelas são outras. As concentrações são motivadas pelos rítmos, pelos hit’s, e pelo grau da fama. Aí sim, as pessoas chegam vazias e saem ocas.
A igreja que prolifera não é a igreja de Cristo, mas, a igreja dos homens. As pessoas são motivadas a andar quilômetros e mais quilômetros a procura de um show, e tornam-se incapazes de atravessar a rua onde moram para estarem fazendo a obra do Senhor, evangelizando os seus vizinhos. Os “irmãos” são capazes de investir altas somas de dinheiro promovendo show’s, e incapazes de fazerem qualquer oferta para os campos missionários. Parece-nos que a idéia subterrânea é: tirar as pessoas dos clubes do mundo, tornando-as sócias do novo Clube da Fé... Que tipo de fé, afinal, ninguém pode saber! Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma Babel Horizontal


Pr. Raul Marques


“Qualquer pessoa que ande pelas ruas das grandes cidades brasileiras há de ficar impressionado com a quantidade de igrejas evangélicas. São templos, pontos de pregação, salas e até portinhas, onde o nome de Jesus é exaltado e o povo de Deus reúne-se para exercer a sua fé. Símbolo da expansão do segmento evangélico na sociedade brasileira, a proliferação de igrejas, se por um lado possibilita a disseminação da Palavra de Deus, por outro, gera situações curiosas. Há ruas com vários templos e até mesmo congregações que funcionam coladas parede a parede. Agora, engraçado mesmo – com todo respeito, claro! – é conferir o nome de algumas igrejas. Existe, por exemplo, uma certa Assembléia de Deus Com Doutrinas e Sem Costumes, no subúrbio do Rio de Janeiro. No interior de Minas, funciona a Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará. Isso sem falar na Igreja Cuspe de Cristo, em São Paulo”. Este é parte de um artigo que li no Ceuboy News, da Abril.com.
Esse fenômeno evangélico se revela por muitos motivos, mas, dois deles em especial se manifestam mais evidentes: o modismo evangelico – especialmente a música, que tem chegado, inclusive, aos altares Católicos – e a fragilidade emocional e espiritual do povo brasileiro. Lembro-me que há trinta anos a moda era a presença dos vendilhões de ilusão nas emissouras de rádio através dos “professôres” e das “madames”, quando se ouviam em todos os lugares o chavão: “Minha cara consulente...”. Não há mais essa gente nas rádios. Foram todos substituídos pelos novos “pastores”, “bispos” e até “apóstolos” da era moderna. Alguns até acompanham esses novos gurus no status de “profetas”.
O que temos visto ocorrer com tudo isso? As evidências mais tristes do cresimento de uma interminável e incontrolável Babel Horizontal. Não há o menor entendimento entre eles. Há, sim, ao contrário disso, um exagerado despreparo teológico, uma latente falta de ética cristã, um desastroso testemunho pessoal, uma confusão doutrinária sem precedentes e, por conseguinte, um acelerado processo de confusão mental por parte daqueles que são lesados na sua fé, apesar da sinceridade da busca. Por estas razões não é difícil encontrar por aí pessoas completamente frustradas e desiludidas com a fé. Nunca foi tão necessário colocar em prática o ensino bíblico, que alerta: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" ( 1Jo 4.1). Leiam a Bíblia na companhia de alguém que, com sinceridade de coração e temor de Deus, possa lhe ajudar. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 11 de outubro de 2008


Onde está firmada a nossa esperança?


Pr. Raul Marques


Terminada a apuração dos votos de uma eleição, logo se constata: demasiada alegria em alguns, exagera tristeza em outros... Uma coisa, porém, é mais que evidente: não podemos querer estabelecer para sempre aquilo que é temporal e transitório! Todo mandato tem seu tempo estabelecido, e todo aquele que participa do jogo político deve entender que cada mandato que se pretende renovar corresponde a um novo período de lutas que é necessário empreender. É exatamente igual a um campeonato de futebol: nenhuma agremiação é campeã para sempre! A Copa do Mundo que o diga.
Quero instigar a reflexão sobre as ações e reações da política, comparando-as com as expectativas, aspirações e realizações na vida espiritual daqueles que dizem crer. Quando nós dependemos do homem, certamente devemos estar preparados para suportar e até superar as incoerências humanas, posto que todos somos vulneráveis, inconstantes e imperfeitos. Quando, ao contrário, esperamos unicamente em Deus, obviamente nunca seremos frustrados, ainda que as coisas visíveis pareçam conspirar contra esta realidade. Afirma a Bíblia que “a fé é a certeza das coisas que não vemos, mas esperamos” (Hb 11.1) , daí depreendermos que, se confiamos prontamente em Deus, a nossa esperança não será frustrada, pois o próprio Deus nos ensina que “a esperança não confunde” (Rm 5.5).
Há um adágio popular que afirma que “se reza ganhasse jogo o campeonato baiano só resultava em empates”. Há irmãos na fé que diante de uma derrota política, indagam: “Por que Deus permitiu isso comigo?”, esquecendo-se de que do outro lado da ponte, isto é, da parte daqueles que foram vencedores, também há os que pensam que foi a bênção de Deus que lhes proporcionou esse ou aquele resultado favorável. Ora, ora! Deus tem mais o que fazer! Como estaria Deus metido nas picuinhas humanas? Atendendo aos caprichos de uns em detrimento da desilusão de outros? Não, não! As coisas não são assim! Deus realmente permite que tais coisas ocorram para que fique cada vez mais evidente em nós quais são as verdadeiras aspirações do nosso coração. A Bíblia nos ensina que “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”, e que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Portanto, os que esperam com confiança pelo Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre! Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!

PREPARE-SE PARA PENSAR E AGIR!

Aguarde-nos aqui refletindo a vida cristã...