Correndo atrás do vento...
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Correndo atrás do vento...
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A BABEL HORIZONTAL
Pr. Raul Marques
O que temos visto ocorrer com tudo isso? As evidências mais tristes do crescimento de uma interminável e incontrolável Babel Horizontal. Não há o menor entendimento entre eles. Há, sim, ao contrário disso, um exagerado despreparo teológico, uma latente falta de ética cristã, um desastroso testemunho pessoal, uma confusão doutrinária sem precedentes e, por conseguinte, um acelerado processo de confusão mental por parte daqueles que são lesados na sua fé, apesar da sinceridade da busca. Por estas razões não é difícil encontrar por aí pessoas completamente frustradas e desiludidas com a fé. Nunca foi tão necessário colocar em prática o ensino bíblico, que alerta: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" (1Jo 4.1). Leiam a Bíblia na companhia de alguém que, com sinceridade de coração e temor de Deus, possa lhe ajudar. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!
EU TENHO MEDO...
O ANO TERMINA, OS
SONHOS CONTINUAM!
Chegamos na fase final de mais um ano! É mais do que normal que façamos um balanço ou retrospectiva de tudo quanto vivenciamos e, certamente, fazendo projeções para os dias que virão. Não há nada de anormal nisso. Não há nenhum pecado ou desobediência a Deus quando fazemos as nossas reflexões quanto ao passado, presente e futuro, sobretudo quando o fazemos para a glória dEle, que nos tem permitido chegar até aqui.
Mais um ciclo está se fechando; é a
vida! Quanto daquilo que sonhamos foi possível realizar? Quanta coisa projetada
sequer foi iniciada? Quanto prometemos a nós mesmos e, inclusive, a Deus e nada
fizemos ou deixamos inacabado? Quantas perdas tivemos! Quantas amizades novas
foram conquistadas! Quantos amigos (?) sequer se despediram? Quantos obstáculos
ultrapassamos? Quantos desertos atravessamos? Quantos embates tivemos? Quantas
más notícias recebemos? Do mesmo modo, quantas notícias nos deixaram encantados
e profundamente agradecidos? Quantos nos deixaram para trás? Ah, eles não eram
nossos... Quantas decepções, quantas desilusões, quantos mal entendidos, quanta
desfaçatez, quantas dissimulações... Mas, jamais poderemos nos esquecer de
quantas alegrias tivemos, quantos foram “amigos mais chegados que irmãos”? Quantas
conquistas! Quantas vitórias que, sequer, supúnhamos? Quantos livramentos!
Quantas respostas às nossas orações! Quantas curas! Quantas bênçãos foram
compartilhadas!
O ano está chegando ao seu final, mas,
ao mesmo tempo, outro está prestes a ser iniciado! O Senhor prometeu derramar
do Seu Espírito “sobre todos os povos”. Devemos viver e crer em tudo o que Ele
nos prometeu! Se assim procedermos seremos bem sucedidos em tudo o que
empreendermos, ainda que aqui e ali sejamos alvejados pelas circunstâncias,
porém, vivendo conforme a máxima do apóstolo Paulo: “De todos os lados somos pressionados, mas não
desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas
não abandonados; abatidos, mas não destruídos” (2 Coríntios 4:8-9 NVI), jamais ficaremos reféns de
um calendário ao concluir ou iniciar um novo ano.
A promessa do Senhor é a de que “Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os
velhos terão sonhos, os jovens terão visões” (Joel 2:28) e isto é tudo o que precisamos para
continuarmos a nossa caminhada até que o próprio Senhor nos recolha para Si
mesmo na pátria celestial, o que já será, sem dúvida, o maior e mais almejado
de todos os galardões que receberão todos os que crerem no Seu Filho como único
e suficiente Salvador! Obrigado, Pai, pelo ano de se vai; obrigado, Senhor, por
outro que será iniciado!
A IGREJA CULTURAL
Pr. Raul Marques
“No Pacto de Lausanne lemos: A cultura precisa ser sempre
testada e julgada pelas Escrituras. Assim é porque a cultura é produto da
sociedade humana, ao passo que as Escrituras são produto da revelação divina.
Ora, Jesus foi enfático ao afirmar que a Palavra de Deus deve ter primazia
sobre as tradições humanas (Mc 7:8,9,13). Não que toda cultura seja má. A cultura é ambígua, porque o
homem é ambíguo. O homem tanto é nobre (porque feito à imagem e à semelhança de
Deus) como ignóbil (porque decaído e pecador)”.
A cultura não é ruim ou boa por si mesma; ela simplesmente existe e é mutante. Ela é o resultado dos hábitos, regras morais, arte, língua, trajes, formas de pensar, enfim, de tudo o que está norteando o modus vivendi das sociedades. A Bíblia, por exemplo, é um conjunto de livros escritos num período correspondente a mais ou menos 1.500 anos, num contexto das mais variadas culturas: cultura nômade (Abraão), cultura egípcia (José), cultura judaica tribal (Josué), cultura judaica monárquica (Davi), cultura babilônica (Daniel), cultura Persa (Ester), cultura grega e romana (Paulo), etc.
Não duvide da capacidade de manipulação dos meios culturais, dos meios de comunicação, mesmo os mais atentos têm que tomar cuidado com as estratégias de distração impostas. “Em países com alto índice de ignorância (o Brasil ficou em sexto no índice de ignorância mundial) com baixo nível cultural, a melhor maneira de manipular a massa é através dos meios de comunicação, com programas vazios e jornais sensacionalistas direcionados a interesses próprios”.
Foi necessária esta rápida introdução para que fossemos direto ao ponto da nossa reflexão sobre os significados da expressão que cunhamos: A IGREJA CULTURAL. Estamos, pois, vivendo tempos bem complexos, difusos e ambíguos sobre os conceitos díspares de igreja (ecclesia) na Bíblia, e o ajuntamento de pessoas com expressões religiosas (communitas), no mundo.
A igreja bíblica não é uma Instituição, não é uma Organização burocrática e consumista; é, isto sim, um organismo, uma comunidade de pessoas livres que expressam a sua devoção a Deus, que compartilham suas experiências mantendo minimamente uma liturgia que seja derivada da comunhão, da partilha e da relevância do que transcende às expectativas do tempo presente. Com o tempo e a influência das culturas, no entanto, ela foi sendo transformada numa Instituição humana, impregnada de conceitos mercadológicos, influenciada pela tecnologia e rigorosamente entregue às normas e métodos de crescimento e multiplicação, pois, afinal de contas, as conexões com os céus são apenas um aspecto secundário, o primário é a sua existência e performance. A aferição sobre a sua relevância agora é a capacidade de destaque social; é habilidade intelectual dos líderes; é a destacada configuração estética e arquitetônica dos templos, que no mais das vezes tornam-se espaços para shows, espetáculos, glamour, afinal de contas o que conta mesmo é a multidão concentrada (ou confinada) nos seus arraiais.
As culturas da música, da moda, da neurolinguística, do marketing, do coach, enfim, das mais diversas atividades sociais, chegaram e invadiram as igrejas sem qualquer pudor! A igreja não está sendo o sal da terra e luz do mundo; o mundo açucarou a igreja e ofereceu-lhe claridade artificial, infelizmente! Por estes motivos é que estamos vivendo o tempo na IGREJA CULTURAL! As músicas, por exemplo, não são criadas para a glória de Deus, mas para serem sucesso! Os pregadores são profissionais da fala e, portanto, viajam mundo afora pregando o mesmo sermão em diversos lugares, do mesmo modo que um ator verbaliza um texto para diversas plateias e é ovacionado!
Assim como os pequenos mercados e mercearias foram engolidos pelos supermercados e pequenas lojas pelos shopping centers, também as pequenas congregações foram transformadas em mega igrejas... A política mercadológica alcançou a igreja! É tudo muito lamentável, porém, o que nos consola, conforta e reveste de esperança, é o que vaticinou Jesus fitando os olhos de Pedro: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela...” Mateus 16:18. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!