quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O CALENDÁRIO...  

Pr. Raul Marques
“Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio” Sl.90:12
É

 Impressionante como somos dependentes tanto dos relógios quanto dos calendários! São eles, dentre os outros muitos instrumentos tecnológicos, que hoje ditam o roteiro litúrgico das nossas vidas. É impossível negar a utilidade destes artifícios em num mundo tão marcado pela pressa, pela correria, pela ansiedade e, sobretudo, pela sensação de terminar cada dia com as tarefas inacabadas...
As pesquisas indicam que o primeiro calendário surgiu na Mesopotâmia, por volta de 2700 a.C., provavelmente entre os sumérios, e foi aprimorado pelos caldeus. O calendário possuía 12 meses lunares, de 29 ou 30 dias, e serviu de base para o adotado pelos judeus. Como cada mês começava na lua nova, o ano tinha 354 dias, ficando defasado em relação ao calendário solar. Para resolver o problema, os caldeus acrescentavam um mês a cada três anos. O primeiro calendário solar foi criado pelos egípcios, em meados do terceiro milênio antes de Cristo. Muito mais preciso, já tinha 365 dias. Hoje, utilizamos o calendário gregoriano, que não sofre influência do movimento dos astros. Ele foi instituído em 1582 pelo papa Gregório XIII (1502-1585), que reformou o calendário Juliano - uma herança do Império Romano”. O propósito de criação do calendário foi, sem dúvida, o mais coerente possível com a crescente necessidade de organização do tempo e da vida humana. Entretanto, a última cena a ser suposta foi a de que a humanidade viesse a viver refém desta criação, entregando-se frenética e desvairadamente à necessidade insana de que o dia fosse esticado, que os meses fossem mais elásticos e que os anos não terminassem tão rapidamente... Puro devaneio e ilação da vida moderna. Tudo continua como dantes; o que realmente mudou, porém, foi a esquisitice humana e a louca e hipnotizadora ansiedade por uma vida acumulada por coisas inúteis que parecem imprescindíveis, por uma corrida inconsciente e automática pela chamada “sobrevivência”, que tornaram os homens reféns do tempo implacável que, hoje, parece sempre ser mais breve que em qualquer outro tempo da história humana.
No Livro dos Salmos encontramos um belo pedido a Deus: “Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio Sl.90:12. É preciso que deixemos o cativeiro do tempo que nos aprisiona ao relógio e ao calendário, e que lançam sobre nós um jugo de cansaço, de fadiga e desespero. É preciso que saibamos contar os nossos dias com paz, com serenidade e com sabedoria. Afinal de contas, o que nos espera logo adiante é o abraço inevitável da morte! Precisamos pensar também sobre ela, que é parte integrante do nosso ciclo existencial, com ou sem calendários.
Lembra de que estivemos juntos há poucas horas? Pois é, foi o ano passado! O ano passado foi ontem... Quando menos cuidarmos estaremos outra vez marcando no calendário o fim de mais um ano... Parece-nos uma caminhada em círculo incessante, interminável, que fatalmente vai ser interrompida e tão somente marcada no calendário da nossa existência falaz. Entretanto, segundo o salmista, se alcançarmos um coração sábio, entenderemos que a vida não cessa no calendário; ela é eterna; o calendário, sim, este é que é finito, limitado e necessário somente por alguns breves anos das nossas vidas...
Importa-nos, isto sim, a lembrança sempre viva de que precisamos necessariamente reconhecer que, se aceitamos ao Cristo de Deus e a sua mensagem, desligados do cárcere do tempo, porém ligados à liberdade que Ele veio nos presentear, entenderemos mais profundamente o que Ele vaticinou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;. E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá” João 11.25-26.