terça-feira, 21 de outubro de 2008

Por que as pessoas se afastam de Jesus?


Pr. Raul Marques


Há mais de dois mil anos, quando foi escrita a Carta aos Hebreus, já se debatia a entrada e o abandono dos crentes na Casa de Deus, com a mesma naturalidade e sob os pretextos mais diversificados que se possa pensar para os dias de hoje. Tanto é verdade que houve naquela Carta uma recomendação específica a este respeito: “Não deixemos de congregar-nos, como é o costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quando vedes que o dia se aproxima.” (Hebreus 10.24, 25). Mas, essa história não começou aí. Já na época de Jesus, mais específicamente quando Ele ressuscitou, houve um fato relevante sobre o abandono repentino da fé e do bom convívio dos irmãos, sob o pretexto da frustração com Deus.
No Evangelho de Lucas, capítulo 24 e versículos 13 a 53, encontramos dois homens desenganados com a fé em Jesus Cristo, abandonando a cidade santa de Jerusalém na direção de uma comunidade chamada Emaús, completamente desiludidos em suas expectativas religiosas. Creio que esse texto nos servirá perfeitamente para ilustrar os objetivos desta nossa reflexão.
Não é difícil encontrar pelas cidades pessoas que tiveram experiências com Jesus por algum tempo e que, de repente, desistiram desta caminhada por motivos os mais banais, deixando o convívio da igreja, abandonando o trabalho do Reino, colocando de largo irmãos à quem dizia amar, e vivendo uma vida de completa insignificância espiritual. Esse grupo de pessoas pode ser chamado de “discípulos de Emaús”, pois tem características muito semelhantes àqueles dois homens lembrados por Lucas. É possível abandonar a igreja por não ver milagres acontecendo como solicitados. Os homens de Emaús estavam frustrados porque, para eles, o milagre da ressurreição não havia ocorrido; a cegueira espiritual não lhes deixava ver. É possível saber de pessoas que abandonaram a igreja porque os seus problemas pessoais não se acabaram. Os homens de Emaús também estavam ressentidos porque esperavam que Jesus redimisse Israel politicamente, mas esse não era o prpósito do Senhor. Muitos deixam o convívio da igreja por serem praticantes da melediscência e das fofocas de última hora. Os homens de Emaús também eram assim. Eles inquiriram de Jesus: “E Ele lhes disse: que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e porque andais tristes? E respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela tem ocorrido nesses dias?”. Muitos também largam de vez a igreja por não conhecerem nada das Escrituras. Os homens de Emaús eram exatamente assim. Por isso Jesus lhes apareceu e caminhou com eles para trazer-lhes à memória tudo aquilo que eles deviam saber e não sabiam; tudo o que deveriam praticar e não praticavam, e por isso estavam tão frustrados: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. Os homens de Emaús só conseguiram abrir os olhos espirituais depois de voltarem à comunhão com o Senhor, com Ele à mesa, partindo o pão. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 18 de outubro de 2008

O Amor de Deus e o amor dos homens


Pr. Raul Marques


O Brasil inteiro assistiu esta semana as mais terríveis cenas de massacre psicológico e terrorismo emocional dos últimos anos em nosso país. Não podemos nos esquecer do drama da menina Isabella e nem do horrível acidente com a avião da TAM... Não conseguimos apagar da memória as ações macabras que foram filmadas com empregadas domésticas maltratando crianças e idosos indefesos dentro de suas próprias residências. Não conseguiremos esquecer as cenas de um índio incendiado por jovens de classe média-alta em Brasília. Nada disso será possível esquecer, mas, convenhamos, passar quatro dias seguidos vendo e ouvindo alguém cometer crimes sucessivos: cárcere privado, invasão de domicílio, desacato a autoridades, e, finalmente, tentativa de duplo homicídio por um jovem de apenas 21 anos, é algo que deve causar uma profunda reflexão por parte de pais, escolas, governo e, sobretudo, a igreja cristã brasileira.
A Bíblia nos ensina que “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...” II Cor 13.4-8. Este é o verdadeiro amor que nasce no coração de Deus. Aliás, é bom que se saiba, a Bíblia diz mais: “Deus é amor!” I Jo 4.16.
Bom, se tudo isso vem com a presença de Deus, então o contrário disso é a ausência de Deus. Quando Deus não está presente o homem fica sozinho e vazio... Todo o noticiário dava conta de que um rapaz havia feito reféns duas garotas: uma, a sua namorada, à quem ele estava dedicando todo o seu amor, e a outra, uma amiga. Final da história: uma tragédia familiar com um preso, duas pessoas gravemente feridas, duas famílias profundamente marcadas, uma comunidade inteira empolvorosa, e todo um pais chocado...
Há uma diferença abissal entre o amor de Deus e o amor humano. O que fazer, então, para salvar as famílias? O que fazer para salvar os nossos jovens? O que fazer para corrigir os nossos governantes? O que fazer para mudar as escolas? O que fazer para mudar o país? A resposta pode parecer simples, mas é a única: JESUS! E nesse aspecto a igreja precisa mudar urgentemente a sua atuação: parar de ser lúdica e ser real; parar de parecer mágica e ser divino-humana; parar de ser circo e ser Casa de Pão; parar de ser teatro e ser Casa de Misericórdia. Que Deus tenha piedade de todos nós!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A IGREJA SOB PRETEXTOS


Pr. Raul Marques


A chamada “igreja cristã” está completamente secularizada – profundamente influenciada pelas regras de vida de um mundo fora dela e que dela desdenha sem o menor receio! Como a moda mais acentuada do nosso tempo é a religiosidade, o conceito bíblico de igreja passa de largo da nossa realidade contemporânea.
Desde a época de Jesus - único criador e mantenedor da verdadeira igreja cristã – que ocorriam grandes concentrações de pessoas: multidões que iam até Ele para ouví-lo ensinar sobre o caminho das mudanças profundas para a existência humana, embora Jesus não focasse as multidões, mas, os indivíduos. A igreja de hoje é apaixonada pelas grandes concentrações públicas e até pleiteia mover os indivíduos, porém as motivações e os resultados práticos contradizem as lições mais legítimas do cristianismo bíblico: “Portanto IDE, FAZEI DISCÍPULOS de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ENSINANDO-OS a observar todas as coisas que vos tenho ordenado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.19-20).
Jesus nunca fez da fé um show. Jesus nunca motivou a fé das pessoas pela sensibilização da carne. Ninguém jamais ouviu a Jesus e saiu vazio. O tempo de Jesus era precioso, e, portanto, usado com profunda sabedoria, motivado pelo amor incondicional às pessoas. Assim sendo, procurou fazer discípulos que o ajudassem a multiplicar os seus ensinamentos. Deste modo eles estariam observando tudo o que Jesus havia ordenado. Nos cahamados “show’s da fé” as estrelas são outras. As concentrações são motivadas pelos rítmos, pelos hit’s, e pelo grau da fama. Aí sim, as pessoas chegam vazias e saem ocas.
A igreja que prolifera não é a igreja de Cristo, mas, a igreja dos homens. As pessoas são motivadas a andar quilômetros e mais quilômetros a procura de um show, e tornam-se incapazes de atravessar a rua onde moram para estarem fazendo a obra do Senhor, evangelizando os seus vizinhos. Os “irmãos” são capazes de investir altas somas de dinheiro promovendo show’s, e incapazes de fazerem qualquer oferta para os campos missionários. Parece-nos que a idéia subterrânea é: tirar as pessoas dos clubes do mundo, tornando-as sócias do novo Clube da Fé... Que tipo de fé, afinal, ninguém pode saber! Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma Babel Horizontal


Pr. Raul Marques


“Qualquer pessoa que ande pelas ruas das grandes cidades brasileiras há de ficar impressionado com a quantidade de igrejas evangélicas. São templos, pontos de pregação, salas e até portinhas, onde o nome de Jesus é exaltado e o povo de Deus reúne-se para exercer a sua fé. Símbolo da expansão do segmento evangélico na sociedade brasileira, a proliferação de igrejas, se por um lado possibilita a disseminação da Palavra de Deus, por outro, gera situações curiosas. Há ruas com vários templos e até mesmo congregações que funcionam coladas parede a parede. Agora, engraçado mesmo – com todo respeito, claro! – é conferir o nome de algumas igrejas. Existe, por exemplo, uma certa Assembléia de Deus Com Doutrinas e Sem Costumes, no subúrbio do Rio de Janeiro. No interior de Minas, funciona a Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará. Isso sem falar na Igreja Cuspe de Cristo, em São Paulo”. Este é parte de um artigo que li no Ceuboy News, da Abril.com.
Esse fenômeno evangélico se revela por muitos motivos, mas, dois deles em especial se manifestam mais evidentes: o modismo evangelico – especialmente a música, que tem chegado, inclusive, aos altares Católicos – e a fragilidade emocional e espiritual do povo brasileiro. Lembro-me que há trinta anos a moda era a presença dos vendilhões de ilusão nas emissouras de rádio através dos “professôres” e das “madames”, quando se ouviam em todos os lugares o chavão: “Minha cara consulente...”. Não há mais essa gente nas rádios. Foram todos substituídos pelos novos “pastores”, “bispos” e até “apóstolos” da era moderna. Alguns até acompanham esses novos gurus no status de “profetas”.
O que temos visto ocorrer com tudo isso? As evidências mais tristes do cresimento de uma interminável e incontrolável Babel Horizontal. Não há o menor entendimento entre eles. Há, sim, ao contrário disso, um exagerado despreparo teológico, uma latente falta de ética cristã, um desastroso testemunho pessoal, uma confusão doutrinária sem precedentes e, por conseguinte, um acelerado processo de confusão mental por parte daqueles que são lesados na sua fé, apesar da sinceridade da busca. Por estas razões não é difícil encontrar por aí pessoas completamente frustradas e desiludidas com a fé. Nunca foi tão necessário colocar em prática o ensino bíblico, que alerta: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" ( 1Jo 4.1). Leiam a Bíblia na companhia de alguém que, com sinceridade de coração e temor de Deus, possa lhe ajudar. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

sábado, 11 de outubro de 2008


Onde está firmada a nossa esperança?


Pr. Raul Marques


Terminada a apuração dos votos de uma eleição, logo se constata: demasiada alegria em alguns, exagera tristeza em outros... Uma coisa, porém, é mais que evidente: não podemos querer estabelecer para sempre aquilo que é temporal e transitório! Todo mandato tem seu tempo estabelecido, e todo aquele que participa do jogo político deve entender que cada mandato que se pretende renovar corresponde a um novo período de lutas que é necessário empreender. É exatamente igual a um campeonato de futebol: nenhuma agremiação é campeã para sempre! A Copa do Mundo que o diga.
Quero instigar a reflexão sobre as ações e reações da política, comparando-as com as expectativas, aspirações e realizações na vida espiritual daqueles que dizem crer. Quando nós dependemos do homem, certamente devemos estar preparados para suportar e até superar as incoerências humanas, posto que todos somos vulneráveis, inconstantes e imperfeitos. Quando, ao contrário, esperamos unicamente em Deus, obviamente nunca seremos frustrados, ainda que as coisas visíveis pareçam conspirar contra esta realidade. Afirma a Bíblia que “a fé é a certeza das coisas que não vemos, mas esperamos” (Hb 11.1) , daí depreendermos que, se confiamos prontamente em Deus, a nossa esperança não será frustrada, pois o próprio Deus nos ensina que “a esperança não confunde” (Rm 5.5).
Há um adágio popular que afirma que “se reza ganhasse jogo o campeonato baiano só resultava em empates”. Há irmãos na fé que diante de uma derrota política, indagam: “Por que Deus permitiu isso comigo?”, esquecendo-se de que do outro lado da ponte, isto é, da parte daqueles que foram vencedores, também há os que pensam que foi a bênção de Deus que lhes proporcionou esse ou aquele resultado favorável. Ora, ora! Deus tem mais o que fazer! Como estaria Deus metido nas picuinhas humanas? Atendendo aos caprichos de uns em detrimento da desilusão de outros? Não, não! As coisas não são assim! Deus realmente permite que tais coisas ocorram para que fique cada vez mais evidente em nós quais são as verdadeiras aspirações do nosso coração. A Bíblia nos ensina que “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”, e que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Portanto, os que esperam com confiança pelo Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre! Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!

PREPARE-SE PARA PENSAR E AGIR!

Aguarde-nos aqui refletindo a vida cristã...