quarta-feira, 27 de julho de 2016

                                           SAL E LUZ, NA MEDIDA CERTA!

Pr. Raul Marques

               
                 “Cortar o sal da dieta não faz tanto bem para o coração como sempre foi dito pelos médicos. De acordo com novo estudo, uma dieta com pouco sal, de fato, reduz a pressão sanguínea, mas aumenta os níveis de colesterol, gorduras e hormônios no sangue, além do risco de doenças cardíacas”. Li esta notícia recentemente em um Site que trata de saúde e logo me transpus para a relação que isto tem com o pensamento de Jesus Cristo, relativamente aos seus seguidores. Ele disse: “Vocês são o sal da terra... vocês são a Luz do mundo... assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” Mateus 5.13,14,16.
                       Cresci ouvindo um provérbio popular que afirma: “Tudo demais é veneno!”. Quando Jesus fez a Sua afirmativa, o fez na expectativa de que os seus discípulos fossem transformados na “medida certa”; que eles tivessem o tempero e o brilho exatos; sem exageros, e assim, fossem seguidos como um diferencial – um referencial seria a melhor expressão! Assim como sal e luz em excesso fazem mal ao paladar e à visão, do mesmo modo os seus discípulos seriam um mal para o mundo, se se pusessem em demasiado grau, ao ponto de se mostrarem radicais e, portanto, fundamentalistas, no mais extremo conceito do termo, estragando a experiência com Deus pela carência ou pela demasia...
                 Ser cristão é uma questão de justo encaixe, isto é, nem tanto e nem tão pouco; apenas exato. Temos visto muitos excessos na vivência cristã que têm se constituído em verdadeiras muralhas erguidas diante de muitos que gostariam de ver o que existe “do outro lado da ponte”, mas são impedidos de ver... São pessoas que pensam estar manifestando tanta luz que chegam a ofuscar a visão dos que gostariam de ver além da ribalta, mas só enxergam a escuridade... Uns exageram tanto na salinidade, que estragam o sabor de tudo...
                   Ele disse também: “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto par ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém ascende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha” (Mateus 5.13-14). O sal só serve se for na medida certa. A luz só faz bem se se mostrar compatível com os nossos olhos. Ela precisa ser vista e o sal precisa ser provado, de tal modo que produza o bem estar nos homens. 
Afinal de contas, ninguém foi mais sal e luz que o próprio Jesus, no entanto, Ele sempre atraiu o mundo para Si, como até hoje o faz; sem excessos ou radicalismos. Jesus é a nossa “medida certa”: o pão que nos alimenta e a água que mata a nossa sede. Ele é a “brilhante Estrela da Manhã”, que tão perfeitamente aponta para que cada um encontre nEle, “o caminho, e a verdade, e a vida”. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Por que as pessoas se afastam de Jesus?

Pr. Raul Marques

Há mais de dois mil anos, quando foi escrita a Carta aos Hebreus, já se debatia a entrada e o abandono dos crentes na Casa de Deus, com a mesma naturalidade e sob os pretextos mais diversificados que se possa pensar para os dias de hoje. Tanto é verdade que houve naquela Carta uma recomendação específica a este respeito: “Não deixemos de congregar-nos, como é o costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quando vedes que o dia se aproxima.” (Hebreus 10.24, 25). Mas, essa história não começou aí. Já na época de Jesus, mais especificamente quando Ele ressuscitou, houve um fato relevante sobre o abandono repentino da fé e do bom convívio dos irmãos, sob o pretexto da frustração com Deus.
No Evangelho de Lucas, capítulo 24 e versículos 13 a 53, encontramos dois homens desenganados com a fé em Jesus Cristo, abandonando a cidade santa de Jerusalém na direção de uma comunidade chamada Emaús, completamente desiludidos em suas expectativas religiosas. Creio que esse texto nos servirá perfeitamente para ilustrar os objetivos desta nossa reflexão.
Não é difícil encontrar pelas cidades pessoas que tiveram experiências com Jesus por algum tempo e que, de repente, desistiram desta caminhada por motivos os mais banais, deixando o convívio da igreja, abandonando o trabalho do Reino, colocando de largo irmãos à quem dizia amar, e vivendo uma vida de completa insignificância espiritual. Esse grupo de pessoas pode ser chamado de “discípulos de Emaús”, pois tem características muito semelhantes àqueles dois homens lembrados por Lucas. É possível abandonar a igreja por não ver milagres acontecendo como solicitados. Os homens de Emaús estavam frustrados porque, para eles, o milagre da ressurreição não havia ocorrido; a cegueira espiritual não lhes deixava ver. É possível saber de pessoas que abandonaram a igreja porque os seus problemas pessoais não se acabaram. Os homens de Emaús também estavam ressentidos porque esperavam que Jesus redimisse Israel politicamente, mas esse não era o propósito do Senhor. Muitos deixam o convívio da igreja por serem praticantes da 
maledicência e das fofocas de última hora. Os homens de Emaús também eram assim. Eles inquiriram de Jesus: “E Ele lhes disse: que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e porque andais tristes? E respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela tem ocorrido nesses dias?”. Muitos também largam de vez a igreja por não conhecerem nada das Escrituras. Os homens de Emaús eram exatamente assim. Por isso Jesus lhes apareceu e caminhou com eles para trazer-lhes à memória tudo aquilo que eles deviam saber e não sabiam; tudo o que deveriam praticar e não praticavam, e por isso estavam tão frustrados: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. Os homens de Emaús só conseguiram abrir os olhos espirituais depois de voltarem à comunhão com o Senhor, com Ele à mesa, partindo o pão. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!