terça-feira, 30 de novembro de 2010

FELIZ NATAL!

Pr. Raul Marques


Se você não sabe exatamente o dia em que eu nasci, mas lembra de mim para celebrar comigo a minha existência, isto é o bastante; a data é um mero detalhe, o que conta mesmo é a lembrança e o significado dela. Não pode ser diferente com relação à celebração do Natal de Jesus Cristo. Não sabemos ao certo a data em que Ele nasceu, no entanto, o que realmente importa é o fato incontestável e sobrenatural de que ELE NASCEU, e nós nunca devemos esquecer isto.
Pois bem, chegamos à época em que todos voltam suas lembranças para o maior e mais sublime acontecimento da história humana: o nascimento de Jesus Cristo, o Verbo de Deus! Ele veio trazer alegria a uma pequena família da região de Nazaré, na Galiléia, que na sua simplicidade e dignidade pôde também celebrar este fato com os Magos do Oriente, pastores do campo e vizinhos da hospedaria onde estavam instalados. Não houve registro deste nascimento nos anais cartorários. Não foi expedida nenhuma Certidão de Nascimento daquele garoto. Entretanto, ninguém no mundo consegue atrair para si tanta lembrança do seu nascimento.
Portanto, independentemente do que possam pretender argüir, sob o pretexto da religiosidade ou intelectualidade teológica, registre-se o fato incontestável de que mundo não esquece a boa nova do natal de Cristo.
Àquela época José e Maria jamais poderiam supor que o garoto nascido de forma tão humilde, porém sobrenatural, viesse a se tornar a pessoa mais conhecida na terra, sobretudo pelos seus feitos de amor e de generosidade. Sabiam, no entanto, que lhes havia sido anunciado por anjo – emissário de Deus – como está registrado no Novo Testamento: “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” Lucas 1.30-33. Nascia ali o Salvador da humanidade, o rei cujo reino não teria, jamais, fim.
Desta maneira, a todos os que têm alegria em celebrar o nascimento do Amigo Verdadeiro, daquele que é o Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz, desejo compartilhar os mais sinceros votos de um Feliz Natal!
Feliz Natal aos que nunca acharam amigos verdadeiros; Feliz Natal aos que nunca encontraram apoio fraterno; Feliz Natal a todos os que foram deixados para trás por tantos que lhes diziam amar; Feliz Natal aos que se descasaram mesmo tendo prometido amor eterno; Feliz Natal aos que já possuíram um lar e hoje dividem os mosaicos das calçadas da vida; Feliz Natal aos que vivem presos nas igrejas pensando ter encontrado a liberdade sonhada; Feliz Natal às mulheres que pensando que agradam a Deus vivem como serviçais no casamento, recebendo apenas a humilhação de maridos que tão somente as vêm como objeto sexual; Feliz Natal às mulheres que mantêm a aparência de relacionamentos já destruídos, tão somente porque não vêm saídas para sua sobrevivência com os filhos; Feliz Natal para as crianças que foram abusadas fisicamente por adultos doentes e perversos; Feliz Natal para os que pensam conhecer a Jesus celebrando um natal (?) mercantil; Feliz Natal, enfim, para todos nós, crentes ou ateus, bons e maus, para que, sobretudo agora nesta época que chamamos de NATAL, entendamos duas coisas de vital importância para o mundo inteiro, sobre Jesus:
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” João 1.11-13; e
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” João 15.5.
FELIZ NATAL a todos os que nos acompanharam neste Blog durante este ano de 2010, na esperança de que em 2011 nos encontraremos outra vez refletindo os registros de Amor e de esperança em Jesus Cristo, o autor da nossa fé!

sábado, 20 de novembro de 2010

DE TODO CORAÇÃO...

Pr. Raul Marques

Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor…” Jeremias 29.13-14

Esta semana eu vivi algumas das experiências mais incríveis da minha vida! Não que elas não houvessem ocorrido em outros tempos ou ocasiões, mas, sobretudo, porque a natureza dessas experiências transcende às nossas expectativas mais positivas. São situações limítrofes entre a necessidade e o desespero por soluções às mais turbulentas e terríveis que se possa encontrar. Como afirma o pregador em Eclesiastes 3, “há tempo para todo propósito debaixo do céu”, e naquela Quarta-feira Deus havia planejado o meu encontro com uma família em vias de separação. Confesso que o meu coração ardia quando me dirigi ao lar daquela família, pois havia um misto de fraqueza e força... Fraqueza, porque eu tenho consciência das minhas enormes limitações; força, porque sentia que quem me impelia era o Espírito de Deus. E lá fui eu, depois de um dia exaustivo de trabalho, buscando atender a mais um chamado do Senhor.

Ao penetrar no seio daquela família senti o peso do clima, da atmosfera aziaga, dos sinais evidentes do caos e da desordem dos sentimentos. Sentei-me, após os cumprimentos iniciais, e me ofereci para ouvir, tentar compreender e, pela ação do Senhor, sugerir ações que pudessem nos levar à reconstrução dos escombros.

Ouvi desabafos e acusações de pessoas profundamente feridas, machucadas pelas ações e pelas omissões; e vi lágrimas que disseram muito mais que palavras... Percebi o quanto abandonamos a Deus nas horas de maior desespero, porque esquecemos facilmente do seu amor incondicional e do seu perdão terapêutico.

Depois de ouvir a todos, sugeri que orássemos ao Senhor, e lembrei-lhes daquilo que Deus havia mostrado ao profeta Ezequiel – o vale de ossos secos (Ez 37) -, e orei invocando o poder que há no nome de Jesus, afirmando-lhes que, se cressem, toda aquela situação poderia ser mudada. Depois de tomar um café, sentindo ainda aquela mesma atmosfera indesejada, despedi-me de todos deixando-lhes a certeza de que o Senhor agiria com sua imensa Graça ainda naquela noite. E fui embora.

No dia seguinte, após ter chegado de mais um dia de trabalho, e prestes a sair para a Universidade, fui surpreendido com a visita do pai acompanhado do seu filho, para uma conversa sobre o dia anterior. Mais uma vez me coloquei na condição de ouvinte, mas agora ouvia o poder e a força do amor de um Deus verdadeiro, que não despreza os seus filhos; que não se regozija com a infelicidade; que não conhece causas perdidas; e que não desiste de prover as nossas necessidades. Ouvi com atenção aquele homem falar sobre a sua culpa, o seu pecado e a sua desordem emocional; lhe ouvi falar que Deus lhe havia tocado fundo ao coração e despertado nele o desejo de perdoar e se desculpar com todos na sua casa; que havia decidido naquela mesma noite por jamais voltar a tocar em bebidas outra vez; que estava disposto a tratar a sua vida e, sobretudo, a resgatar a felicidade de sua família. Ouvi relatos do seu filho, emocionado, confessando que também voltaria ao convívio fraterno na Igreja, ao ver a possibilidade de união familiar com Cristo.

Neste momento eu desabei em lágrimas. Senti a forte emoção do dever cumprido, e imediatamente me lembrei do profeta Jeremias: Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor…”. A Deus toda honra, glória e louvor. Amém!

sábado, 6 de novembro de 2010

PARA QUE O MUNDO CREIA...

Pr. Raul Marques

Um dos questionamentos mais inquietantes que vemos estampado na Bíblia é formulado por um fariseu: "Quem é o meu próximo?" (Lucas 10.25-37). A pergunta ainda ecoa na cordilheira da nossa mente hoje em dia. Com o mais perverso capitalismo reinante, é cada vez mais real o distanciamento entre as pessoas em função da luta impiedosa de cada indivíduo na preservação do "seu" espaço pessoal. Nós aprendemos a usar tragicamente o discurso possessivo: "a minha casa", "o meu carro", "o meu dinheiro", e aí também transferimos para o universo espiritual: "a minha Igreja", "o meu Deus", "os meus irmãos", etc. Esta é a política do homem, não a de Deus! É profundamente reveladora a expressão de Tiago em sua Epístola: "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores". Tiago 2.9. Vivemos num país cuja mídia se alimenta da criação de ícones, chavões, ídolos e heróis caricatos, de onde se originam as divisões da nação em castas, grupos, classes, ou qualquer outro nome que se queira dar. Por exemplo: há bem pouco tempo fomos chamados de "a maior nação católica do mundo". Recentemente viraram esta página, e agora chamam-nos de "a segunda maior nação evangélica do mundo". O Brasil já é considerado também o maior país espírita do mundo, com números que chegariam a 30 milhões de seguidores e simpatizantes. O sincretismo religioso ou a indiferença religiosa são partes de uma mesma moeda cujo valor, no caso brasileiro, tem se configurado na criação dos guetos, dos partidos, das facções e denominações as mais diversas, sem, contudo, revelar qualquer unidade na diversidade. Conquanto falemos tanto no Sagrado, nos revelamos, na prática, cada vez mais distantes dele.

Somos uma nação plural nas etnias, mas não temos a noção exata disso. Somos uma nação alegre feita por gente infeliz... As religiões parecem não materializar as promessas feitas pelos seus seguidores, uma vez que, sendo ao mesmo tempo tão religiosos, buscamos não o bem de todos, mas o dos nossos blocos comunitários, quando possível. Karl Marx, considerado um clássico da Sociologia, tem uma visão sobre a religião, sem, contudo descartar a sua importância, "A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação sem espiritualidade, ela é o ópio do povo". A Bíblia, no entanto, vaticina sobre este fato da seguinte maneira: "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo" Tiago 1.27. Pensando que fazemos bem vivendo separados de tudo e de todos como pretexto de uma prática salutar da religiosidade, contradizemos todo o ensino de Jesus Cristo, que viveu profundamente envolvido com as pessoas, acolhendo-as com amor incondicional e libertando-as dos grilhões do ego, da soberba espiritual e, sobretudo, da acepção de pessoas. Em João 17.15, está escrito: "Pai, não peço que os retires do mundo, mas livra-os do mal!". Esta expressão de Jesus revela o seu desejo de que vivamos no mundo das pessoas e não no mundo das ilações religiosas. Devemos viver e conviver com todas as pessoas que pudermos, de modo que aquilo que recebemos de Deus seja compartilhado com elas; sejam bens materiais, sejam bênçãos espirituais. Nunca é demais lembrar daquilo que nos ensinou o apóstolo João: "Se alguém afirma "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" I João 4.20. Além disso, devemos relembrar outra passagem igualmente pertinente: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" Efésios 6:12. Finalmente, não podemos esquecer que foi o próprio Jesus, fundador e mantenedor da Igreja, quem intercedeu a Deus por nós desta maneira: "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" João 17:21. O mundo só crerá que Deus é realmente amor, se nós vivenciarmos essa experiência de amor incondicional, conscientes de que "ser cristão não é um degrau que se sobe nem um chamado a mandar, mas, um degrau que se desce e um chamado a servir".