Drama de Família
Texto Básico: Rute 1.1-5
Textos de Apoio: Gênesis 26.1-7
Gênesis 42.1-17
Gênesis 48.1-7
Gênesis 35.16-21
Mateus 2.13-23
Atos 4.32-37
Atos 11.27-30
Introdução
Encontramos nesses versículos o drama de uma família de Belém de Judá. Um homem tinha dois filhos. Por força de circunstâncias teve de se mudar de sua terra. Ali ele morreu. Sua mulher, Noemi, encontrou esposas para os seus filhos. Contudo, eles também morreram, ficando Noemi sem marido e sem filhos (v. 5).
Sem o marido e os filhos, Noemi passa a ser a figura central da história e tudo acontece em torno do seu drama em relação à sua terra e à descendência de Elimeleque.
Para entender o que a Bíblia fala
- Quem são os membros dessa família? Liste os nomes. Os nomes dos lugares e pessoas dessa história são muito sugestivos. Alguns sugerem uma ironia outros nos ajudam entender os fatos.
- Onde a família mora? O que você sabe sobre esse lugar?
- O nome Belém (hebr. Bethlehem) significa “casa do pão (ou alimento)”. Por que a família teve de sair de sua cidade? Você percebe a ironia entre o nome da cidade e o motivo da saída da família?
- Outras famílias da Bíblia em outras épocas também tiveram que deixar suas terras por causa da fome. Quais foram algumas delas? (Gn 12.10; 26.1; 41.27).
- Não temos como saber a causa da morte de Elimeleque, mas pelo significado dos nomes de Malom e Quiliom, é possível imaginar qual foi a causa da morte deles?
Hora de avançar
A família de Elimeleque foi forçada a sair de Belém por causa da fome, isto é, por uma circunstância completamente fora de seu controle. O texto é omisso sobre a causa da fome. Não sabemos se foi por causa de uma seca ou por fatores econômicos e políticos. Naturalmente, a fome não atingiu só aquela família. Outras famílias também foram atingidas. Podemos ver essa história como um drama típico que atinge muitas famílias. Ao final do breve relato, vemos que aquela família não foi atingida só pela fome, mas também pela morte do marido/pai e os filhos. Noemi fica desamparada.
A Bíblia conta diversos casos de pessoas, famílias e todo um povo que teve de deixar sua terra por causa da fome, seca, perseguição, dominação estrangeira e etc. Assim como em Rute, em muitos desses relatos não há propriamente uma explicação da causa ou motivo da desgraça, exceto quando os profetas explicam a dominação assíria e babilônia como consequência do pecado de Israel. O fato é que muitas pessoas são levadas a abandonar suas terras ou cidades por um conjunto de fatores alheios a elas.
Hoje as pessoas são deslocadas de suas cidades ou terras por razões diversas. Há certa ironia no fato de que Elimeleque foi para Moabe com a família para não morrerem de fome, mas ali também encontraram a morte. Fome, guerras, crise econômica, perseguição política e religiosa, e causas naturais são motivos pelos quais as pessoas hoje deixam suas cidades ou países em busca de refúgio, proteção e esperança.
Para terminar
- Quais são algumas situações contemporâneas que forçam famílias deixarem suas terras ou cidades em busca de sobrevivência?
- Há situações cujas causas não controlamos (p.ex.: causas naturais), mas há situações cujas causas estão em nosso controle. Quais são alguns problemas no contexto em que você vive que causam o desterro, exílio, migração ou êxodo das famílias?
- Hoje, no Brasil, recebem-se também muitos estrangeiros que deixaram seu país por diversos motivos, terremoto, guerra, perseguição, crises políticas e econômicas. O que podemos fazer em favor dessas pessoas?
Significado dos Nomes
Belém: casa do pão
Moabe: do pai
Elimeleque: meu Deus é rei
Noemi: agradável
Malom: enfermo, doente
Quiliom: fraco, débil
Rute: amiga
Orfa: costas, nuca
>> Autor do Estudo: Willian Lane
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Dignidade humana
Posted
by Ultimatoonline
Todos os direitos humanos são,
basicamente, o direito de ser humano, e assim desfrutar a dignidade de ter sido
criado à imagem de Deus e de possuir, em consequência, relacionamentos sem
paralelo com o próprio Deus, com os outros seres humanos e com o mundo
material.
A dignidade dos seres humanos é afirmada em três sentenças sucessivas em Gênesis 1.27-28. Em primeiro lugar, “criou Deus o homem à sua [própria] imagem”. Em segundo, “homem e mulher os criou”. Em terceiro lugar, “Deus os abençoou, e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!”. A dignidade humana é vista aqui como consistindo de três relacionamentos singulares que Deus estabeleceu para nós pela criação, os quais, juntos, constituem grande parte da nossa humanidade e que foram distorcidos pela Queda, mas não destruídos.
O primeiro é o nosso relacionamento com Deus. Os seres humanos são seres
semelhantes a Deus, criados pela vontade de Deus à sua imagem. A imagem divina
inclui aquelas qualidades racionais, morais e espirituais que expressam algo de
quem Deus é. Em consequência, podemos aprender a seu respeito com os
evangelistas ou professores (ouvir o evangelho é um direito humano básico); vir
a conhecê-lo, amá-lo e servi-lo; viver em consciente e humilde dependência
dele; compreender a sua vontade e obedecer aos seus mandamentos. Assim, então,
todos aqueles direitos humanos que nós chamamos de liberdade para professar,
praticar e propagar a religião, a liberdade de cultuar, de consciência, de
pensamento e de expressão, vêm sob essa primeira classificação do nosso
relacionamento com Deus. É surpreendente que até mesmo os líderes deístas das
revoluções norte-americana e francesa sabiam disso instintivamente. Como vimos
anteriormente, a Declaração Americana de Independência (1776) proclamou
notadamente: “Consideramos que essas verdades são autoevidentes: que todos os
homens são criados iguais, que eles são dotados, pelo seu Criador, com certos
direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da
felicidade”.1
A segunda capacidade singular dos seres humanos diz respeito aos nossos
relacionamentos mútuos. O Deus que fez a raça humana é, ele mesmo, um ser
social, um Deus que consiste de três modos de personalidade eternamente
distintos. Ele disse: “Façamos o homem à nossa imagem”, e “Não é bom que o
homem esteja só”. Assim, Deus fez o homem e a mulher e disse a eles que
procriassem. A sexualidade é criação dele; o casamento, a sua instituição, e o
companheirismo humano, seu propósito. Desse modo, então, todas aquelas
liberdades humanas que chamamos santidade do sexo, do casamento e da família, o
direito de reunião pacífica e o direito de receber respeito, seja qual for
nossa idade, sexo, raça ou posição, ficam sob essa segunda classificação do
nosso relacionamento mútuo.
Nossa terceira qualidade distintiva como seres humanos é o nosso relacionamento
com a terra e com suas criaturas. Deus nos deu o domínio, com instruções para
subjugar e cultivar a frutífera terra e dominar suas criaturas. Assim então,
todos aqueles direitos humanos que denominamos direito ao trabalho e direito ao
descanso, o direito de compartilhar dos recursos da terra, o direito ao
alimento, vestuário e abrigo, o direito à vida, à saúde e à sua preservação,
juntamente com a libertação da pobreza, da fome e das doenças, vêm sob essa
terceira classificação do nosso relacionamento com a terra.
Apesar da simplificação exagerada, podemos resumir o que significa
dignidade humana destas três maneiras: nosso relacionamento com Deus (ou o
direito e a responsabilidade de adorá-lo), nosso relacionamento mútuo (ou o
direito e a responsabilidade de sermos solidários) e nosso relacionamento com a
terra (ou o direito e a responsabilidade de administrá-la) – juntamente, é
claro, com a oportunidade que a nossa educação, nossa renda e nossa saúde nos
fornecem para desenvolver esse potencial humano singular.
Assim, todos os direitos humanos são, basicamente, o direito de ser
humano, e assim desfrutar a dignidade de ter sido criado à imagem de Deus e de
possuir, em consequência, relacionamentos sem paralelo com o próprio Deus, com
os outros seres humanos e com o mundo material.
Nota
1. www.constitution.org/usdeclar.htm
Foto: People image created by Jcomp – Freepik.com
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A vida não para: exercícios para não perder a alma
SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: “Exercícios de treinamento para a alma”, Vanessa Belmonte, Ultimato 387
Texto básico: 1 Timóteo 4. 7b-16
Textos de apoio
– Provérbios 2. 1-10; – Provérbios 4. 20-23; – Salmos 119. 147-149; – Lucas 13. 22-27; – Gálatas 5. 16-25
– 1 Coríntios 9. 23-27
Introdução
De modo geral, a palavra “disciplina” não costuma gerar imagens muito positivas em nossa mente. É comum surgirem ideias deturpadas ligadas a “punição”, “sofrimento”, ou mesmo “ascetismo”. Esta última palavra, inclusive, que vem do grego “askesis” e significa “treinamento”, provoca impressões muito negativas em nossas mentes modernas.
Paul Freston* nos ensina que essa “resistência” ocorre por vários motivos. Primeiro porque “alguns ascetas na história da igreja realmente agiram como se o mal estivesse no corpo e nas coisas materiais em si”. Mas, segundo ele, “não precisamos de um ascetismo motivado pela desconfiança diante da boa criação de Deus, mas pelo chamado e exemplo de Jesus”. Uma outra importante razão, de acordo com Paul, é que o ascetismo “vai contra tudo que a nossa sociedade frenética e consumista nos recomenda”.
Assim, citando o autor Segundo Galilea, ele nos anima a resgatar uma concepção cristã mais positiva do ascetismo, como um “meio para libertar-se [de nossas] servidões interiores a fim de [estarmos] totalmente disponíveis para Deus e para os outros”.
Bem, nas considerações acima, podemos substituir a palavra “ascetismo” por “disciplina espiritual”, e teremos o mesmo desafio: encontrar “caminhos de treinamento interior” que nos conduzam a relacionamentos transformados conosco mesmo, com o próximo e com Deus.
As disciplinas espirituais, desenvolvidas e praticadas pelos cristãos ao longo de séculos, se apresentam como estes “caminhos” que nos põem em movimento rumo ao “exercício espiritual [que] tem valor para tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro” (1 Tm 4.8, NTLH).
Para entender o que a Bíblia fala
1. Paulo inicia o trecho que escolhemos pedindo para Timóteo “rejeitar” aquilo que “não promove a obra de Deus” (1 Tm 1.4, NVI*), ou seja, as “lendas pagãs e tolas” (v.7a, NTLH**), e a “exercitar-se na piedade” (v.7b, NVI). A palavra “piedade” aparece oito vezes na primeira carta a Timóteo (2.2; 3.16; 4.7,8; 6.3,5,6,11). À luz destes textos, como podemos definir “piedade”?
2. Em sua opinião, como podemos entender corretamente a colocação de Paulo de que os “exercícios físicos têm alguma utilidade, mas o exercício espiritual tem valor para tudo” (v.8, NTLH)?
3. Paulo espera que a liderança de Timóteo (na igreja de Éfeso) não seja menosprezada devido à sua juventude (v.12a). Mas, mesmo que isso viesse a ocorrer, qual deveria ser a reação de Timóteo (v.12b)? Por que ser um “exemplo” seria a melhor resposta diante das possíveis críticas e questionamentos? O “exemplo” deveria ocorrer em quais áreas?
4. Você acha que havia uma relação direta entre as orientações dadas por Paulo no v.13 e aquela do v.14? Qual seria esta relação? O dom de Timóteo, claro, era uma dádiva de Deus. Mas como ele poderia “cuidar” deste dom?
5. Se Timóteo seguisse as orientações de Paulo com dedicação, qual seria o resultado final (v.15)?
6. No v.16 Paulo convida Timóteo a perseverar numa vida equilibrada. Qual a importância dessa “disciplina” na vida cristã, e que tipo de dicotomia (“divisão”, “duplicação”) ela poderá evitar? Na parte final do versículo Paulo conclui com uma frase aparentemente perturbadora. Afinal, a salvação procede sempre e tão somente da graça e da misericórdia de Deus. Então, a qual aspecto ou dimensão da “salvação” Paulo está se referindo aqui? Não deixe de ler Filipenses 2.12 e 1 Coríntios 9.22.
*NVI – Nova Versão Internacional
**NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Para pensar
“Disciplinas espirituais é o nome mais comum dado a essa prática [de exercícios de devoção]. James Bryan Smith prefere chamá-las de ‘exercícios de treinamento para a alma’ (O Maravilhoso e Bom Deus. São Paulo: Vida, 2010). (…) A questão principal é que as disciplinas espirituais são parte de um processo maior de formação espiritual, conduzido e sustentado por Deus em nós. (…) Para Dallas Willard (A Grande Omissão. São Paulo: Mundo Cristão, 2008), formação espiritual cristã é o processo redentor de formar em cada pessoa o caráter do próprio Cristo. É o processo no qual aceitamos seguir a Jesus, somos por ele ensinados a viver e transformados à sua semelhança. ‘Até que Cristo seja formado em vocês’ (Gl 4.19) é o objetivo da formação espiritual cristã .”
(Vanessa Belmonte, em Exercícios de treinamento para a alma)
“A formação espiritual requer uma ‘jornada interior e exterior’, para usar as palavras de Elizabeth O’Connor. A jornada interior nos leva a encontrar o Cristo que habita dentro de nós, e a exterior nos permite encontrá-lo nas outras pessoas e no mundo. A primeira requer as disciplinas da solidão, silêncio, oração, meditação, contemplação e atenção aos movimentos do coração; a segunda acontece na comunidade e no ministério, e necessita das disciplinas do cuidado, compaixão, testemunho, abertura, cura, responsabilidade e dedicação aos movimentos do coração. Portanto, isto quer dizer que se ajudam e nunca podem ser separadas.”
(Henri Nouwen, A Formação Espiritual, Editora Vozes, 2012, p. 189)
“E agora, José?”
- À semelhança de Timóteo, devemos nos “exercitar na piedade” (v. 7b). Segundo John Stott, Paulo utiliza aqui o verbo grego gymnazô (ligado ao substantivo gymnasia). Ou seja, Paulo tem em mente a metáfora do treinamento físico dos atletas nos ginásios de esporte. É preciso ter a mesma disciplina na prática da “ginástica espiritual”, que pode nos fazer experimentar uma vida mais “piedosa” (marcada pela virtude e reverência a Deus). Sendo bem sincero, você acha que com o passar dos anos, você tem ficado mais parecido com Jesus? E, você quer ficar mais parecido com Jesus? Você acha que as disciplinas espirituais podem ter algum papel nesse processo de transformação? Se sim, o que você pretende fazer?
- “Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina” (v.16a, NTLH). Integridade e autenticidade são valores muito caros à nossa vida como discípulos de Cristo. Em termos de “disciplinas espirituais”, a experiência da caminhada conjunta com um amigo ou amigos “de alma” pode nos ajudar na prática da “submissão” e “confissão”, permitindo uma avaliação mais transparente da nossa coerência de vida. Você possui esse amigo ou amigos de caminhada? Se não, você pode começar orando para que Deus o ajude a encontrar pessoas afins para exercitar essa prática espiritual.
Eu e Deus
“Olha-nos, Senhor, atende, ilumina-nos, mostra-te a nós. Dá-nos de novo tua presença para sermos felizes, nós que sem ti somos tão infelizes. Tem piedade dos rudes esforços que fazemos para alcançar -te, nós que nada podemos sem ti. Ensina-me a te procurar e mostra-te quando te procuro; pois não te posso procurar se não me guiares, nem te encontrar se não te mostrares. Hei de procurar-te pelo meu desejo e desejar-te em minha procura; hei de encontrar-te ao te amar e amar-te quando te encontrar.”
(Anselmo de Cantuária, 1033-1109, do livro “Proslogion”)
“Ó Deus, tu és o meu Deus; procuro estar na tua presença. Todo o meu ser deseja estar contigo; eu tenho sede de ti como uma terra cansada , seca e sem água.” (Salmo 63.2, NTLH)
Notas
- FRESTON, Paul. Nem Monge Nem Executivo, Ultimato, 2011, p. 55.
Preparado por Reinaldo Percinoto Jr.
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O céu beijou a terra: a encarnação
Mark Jones
O que é a encarnação? É o céu beijando a terra. Como disse o puritano Thomas Goodwin, quando o Filho tornou-se carne, “céu e terra se encontraram e se beijaram, a saber, Deus e o homem”. A encarnação torna a teologia possível. Ela possibilita a comunhão com Deus. Sejam quais forem os benefícios da salvação resultantes da encarnação e da obediência de Cristo até a morte, nunca devemos perder de vista o fato de que Cristo nos conduziu a Deus (1Pe 3.18).2 Provavelmente estou ― de fato, estou ― entre a minoria dos que creem que o Filho teria se encarnado mesmo que Adão não tivesse pecado (posso postar minhas razões no futuro). Afinal, como o professor Swain observou, subindo nos ombros de Goodwin, “Cristo não veio ao mundo para nós, mas nós viemos ao mundo para Cristo”. Na unidade das duas naturezas há a maior distância envolvida. O Criador é identificado com a criatura. Em Cristo, vemos eternidade e temporalidade, bem-aventurança eterna e tristeza temporal, onipotência e fraqueza, onisciência e ignorância, imutabilidade e mutabilidade, infinitude e finitude. Todos esses atributos contrastantes se unem na pessoa de Jesus Cristo. Como Stephen Charnock escreveu tão bem há muitos anos: Que maravilha a união de duas naturezas infinitamente distantes da forma mais íntima que qualquer coisa no mundo… Que à mesma pessoa fosse conferida glória e sofrimento; alegria infinita na Deidade e tristeza inexprimível na humanidade! Que o Deus assentado no trono se tornasse uma criança no berço; o Deus trovejante se fizesse um bebê que chora e um homem sofredor; a encarnação surpreende os homens na terra e os anjos no céu. A encarnação abre a possibilidade de comunhão entre Deus e o homem, que de outra forma seria impossível. O Filho, para usar as palavras de Warfield, “desceu à distância infinita para alcançar a exaltação mais concebível do homem” (Fp 2.6-11). Deus não pode comungar com o homem exceto por alguma forma de condescendência voluntária. A encarnação não é apenas condescendência voluntária, mas também a forma mais gloriosa de condescendência possível da parte de Deus, pois, por meio de Cristo, fomos conduzidos a Deus. Afinal, se Jesus fosse, em todas as coisas, apenas um homem, ele estaria, como nós, à distância infinita de Deus. Da mesma forma, se Jesus fosse apenas divino em todas as coisas, ele estaria à distância infinita de nós. Como Mediador, contudo, ele preenche a lacuna entre o Deus infinito e o homem finito. Tudo que pertence a Deus, Jesus possui. Tudo que torna alguém verdadeiramente humano, Jesus possui. Dificilmente encontraríamos palavras melhores que as de Charnock neste ponto: Nele coexistiam a natureza ofensora e natureza a ofendida; a natureza agradável a Deus e a natureza para nos agradar; a natureza com que ele conheceu a excelência divina por experiência própria — que foi injuriada —, e entendia a glória devida a ele, e como consequência a grandeza da ofensa, que deveria ser mensurada pela dignidade de sua pessoa; e a natureza capaz de sensibilizá-lo com as misérias do homem, e suportar as calamidades devidas ao ofensor, para que se compadecesse dele, e fizesse a devida satisfação a seu favor. Suas duas naturezas distintas lhe permitiam sentir as afeições e os sentimentos das duas pessoas que ele precisava reconciliar; era o justo juiz dos direitos da primeira, e dos deméritos da outra. 1 Traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto (felipe@monergismo.com). Brasília-DF, 24 de dezembro de 2014. 2 1 Pedro 3.18: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito”. Jesus aprendeu e Jesus sabia todas as coisas; Jesus morreu e Jesus concede vida a todas as criaturas viventes; Jesus sugou o leite dos seios de sua mãe e Jesus fornecia a ela o leite para alimentá-lo. Só a encarnação do Filho de Deus pode explicar essas declarações. A encarnação do Filho de Deus significa que Jesus é para sempre Deus e homem. Ele não abandonou ― de fato, ele não pode abandonar ― a humanidade após ascender ao céu, como muitos cristãos imaginavam e ainda imaginam hoje em dia. A união é indissolúvel; ele foi ressuscitado em poder como Filho de Deus (Rm 1.4). O brilhante teólogo holandês, Abraham Kuyper, meditando sobre João 1.14, certa vez escreveu: “A Palavra se fez carne! Ela se fez carne para nunca mais ser separada dessa carne! Nem mesmo agora assentado no trono. [...] Ao se tornar carne, a Palavra cria com isso a possibilidade real de que esta Criança tome o seu lugar e que esta Criança, de carne e osso, salve, reconcilie e glorifique você, feito de carne”. Isso nos mostra o quanto Deus ama a “carne” (i.e., a natureza humana). Deus está para sempre identificado com a humanidade por causa da encarnação. Dessa forma, o céu será um lugar “carnal”. De forma alguma “pecaminoso”, mas com certeza o lugar onde seremos mais humanos do que o somos agora. Se o corpo e a alma devem ser redimidos, Jesus deveria possuir corpo e alma, visto que não pode ser curado o que ele não assumiu. Um não é mais importante que o outro, como se ansiássemos pelo dia em que nos livraremos do corpo e viveremos como alma “flutuante”. Longe disso. Ansiamos o dia em que o corpo e a alma, juntos, serão transformados à semelhança do corpo glorioso de Cristo (1João 3.2 …“seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”…). Em suma: O Criador do homem se fez homem Para que ele, regente das estrelas, fosse amamentado pela mãe; Para que o Pão sentisse fome; A Fonte sentisse sede; A Luz dormisse; O Caminho se cansasse da jornada; A Verdade fosse acusada de testemunho falso; O Mestre fosse açoitado; A Fundação fosse suspensa no madeiro; A Força se tornasse fraqueza; A Cura fosse ferida; A Vida morresse. ― Agostinho de Hipona (Sermão 191.1)
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A surpresa que não deveria ser surpresa
A ressurreição de Jesus de entre os mortos foi uma tremenda surpresa. Para todo mundo. Para os apóstolos. Para Cléopas e seu companheiro de caminhada. Para as mulheres da Galileia. Para José de Arimateia e Nicodemos. Para os principais sacerdotes. Para fariseus e saduceus, especialmente para estes, “que dizem não haver ressurreição” (Mt 22.23). Para o governador Pôncio Pilatos e o rei Herodes Antipas. Para as multidões que cantavam: “Hosana ao Filho de Davi” e para as multidões que gritavam freneticamente: “Crucifica-o”. E, talvez, até para Maria, sua mãe.
Os apóstolos custaram a assumir a ressurreição do Senhor, apesar das aparições. Jesus lhes mostrou as marcas dos cravos nas mãos e nos pés e ainda permitiu que eles o apalpassem (Lc 24.39-40), o que provavelmente fizeram, já que João declara algum tempo depois: “O que nossas mãos apalparam… anunciamos também a vós outros” (1 Jo 1.1-3). Para se certificarem de que era um Jesus ressurreto de carne e ossos, e não um espírito, o Senhor lhes pediu algo para comer na presença deles (Lc 24.41-43). Tomé foi o mais resistente. Não levou a sério o testemunho das mulheres da Galileia nem o testemunho de Pedro e João nem o testemunho dos demais apóstolos nem o testemunho dos dois discípulos de Emaús: “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei” (Jo 20.25).
O que levou as piedosas mulheres da Galileia ao túmulo de Jesus antes do nascer do sol do primeiro dia da semana não foi a ressurreição dele, mas a suposta não ressurreição e a vontade férrea de ungir seu corpo com os aromas que haviam preparado (Mc 16.1; Lc 24.1). Para as autoridades, para o povo e para os discípulos, a morte de Jesus foi o ponto final de sua vida, de sua carreira e de sua influência. Os dois andantes de Emaús usaram os verbos no tempo passado: Jesus “era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante do povo” e “Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel” (Lc 24.19, 21). Mas Jesus ressuscitou ao terceiro dia, “com numerosas e indiscutíveis provas” (At 1.3, BJ). E foi visto por muitas pessoas pelo espaço de quarenta dias, até ser assunto aos céus.
Surpresa totalmente desnecessária. A surpresa da ressurreição de Jesus não deveria ser surpresa.
Primeiro, por causa da lógica, como muito bem argumentou Pedro no dia de Pentecoste: “Não era possível que Jesus fosse retido pelo poder da morte” (At 2.24). Enquanto vivo, Jesus demonstrou poder absoluto sobre a morte. Ele havia arrancado da morte a filha de Jairo (recém-falecida), o filho da viúva de Naim (a caminho do cemitério) e o irmão de Maria e Marta (já sepultado e em estado de putrefação). Uma ressurreição não foi mais fácil nem mais difícil que a outra. Além de tudo, Jesus havia feito uma declaração muito ousada: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25).
Segundo, por causa do enredo, como bem expressam as Escrituras proféticas: “Não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Sl 16.10; At 2.27). A história de Jesus e a história da redenção ficariam sem sentido se Ele não tivesse ressuscitado. Jesus desencravou a história e desencadeou os últimos acontecimentos ao abrir os sete selos do Apocalipse, porque não era um cordeiro morto, mas “um cordeiro que parecia ter estado morto” e que agora está “de pé, no centro do trono” (Ap 5.6). Desde o início do Apocalipse, Jesus é quem afirma: “Sou aquele que vive; estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre” (Ap 1.18, NVI).
Terceiro, por causa da orientação dada a este respeito pelo próprio Jesus. Por diversas vezes e com muita clareza o Senhor revelou aos seus discípulos que em Jerusalém seria morto mas ao terceiro dia ressuscitaria: “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos… ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mt 16.21; 17.22; 20.18-19). Certa feita, Ele explicou: “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la” (Jo 10.17-18). Jesus nunca separou sua morte vicária de sua ressurreição. Depois da transfiguração, Ele ordenou a Pedro, Tiago e João que a ninguém contassem a visão, “até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos” (Mt 17.9). Na noite anterior à sua morte, Jesus avisou aos discípulos: “Depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia” (Mt 26.32).
Quarto, por causa das imagens que Jesus usou para ilustrar sua ressurreição. Uma delas foi tirada da conhecida história do profeta Jonas: “Assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites [o resto da sexta-feira, o sábado e o início do domingo] no coração da terra” (Mt 12.40). A outra foi a relação que Ele traçou entre o templo de Jerusalém e seu corpo: “Destruam este templo, e Eu o levantarei em três dias” (Jo 2.19). Só depois da ressurreição é que seus discípulos entenderam que Jesus se referia não ao templo, construído em 46 anos, mas a Ele mesmo (Jo 2.22).
Ontem e hoje
Naquele tempo, a surpresa que não deveria ser surpresa foi a ressurreição de Jesus. Por falta de atenção. Por preguiça mental. Por negligência espiritual. Também por causa daquele véu diabólico que encobre o que está a descoberto e cega o entendimento sadio. No tempo de hoje, os cristãos correm o sério risco de não acreditar nem esperar o cumprimento de outras promessas de Deus, tais como sua segunda vinda em poder e muita glória, a ressurreição dos mortos e a súbita transformação dos vivos e os novos céus e nova terra. Serão surpresas que não deveriam ser surpresas. A bem da nossa segurança emocional. A bem da nossa fé evangélica. A bem da nossa comunhão com Deus. A bem do nosso entusiasmo cristão!
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A família nos planos de Deus
A ressurreição de Jesus de entre os mortos foi uma tremenda surpresa. Para todo mundo. Para os apóstolos. Para Cléopas e seu companheiro de caminhada. Para as mulheres da Galileia. Para José de Arimateia e Nicodemos. Para os principais sacerdotes. Para fariseus e saduceus, especialmente para estes, “que dizem não haver ressurreição” (Mt 22.23). Para o governador Pôncio Pilatos e o rei Herodes Antipas. Para as multidões que cantavam: “Hosana ao Filho de Davi” e para as multidões que gritavam freneticamente: “Crucifica-o”. E, talvez, até para Maria, sua mãe.
Texto básico: Gênesis 2. 18-25
Leitura diária
D – Gn 2.4-17 – O jardim no Éden
S – Ap 21.1-4 – O lar celestial
T – Zc 8.3-8 – Serei o seu Deus
Q – Êx 33.17–34.9 – A glória de Deus
Q – Êx 34.29-35 – O rosto resplandecente
S – Ef 5.1,2,21–6.4 – O lar cristão
S – Jo 14.1-3 – Jesus prepara-nos lugar
D – Gn 2.4-17 – O jardim no Éden
S – Ap 21.1-4 – O lar celestial
T – Zc 8.3-8 – Serei o seu Deus
Q – Êx 33.17–34.9 – A glória de Deus
Q – Êx 34.29-35 – O rosto resplandecente
S – Ef 5.1,2,21–6.4 – O lar cristão
S – Jo 14.1-3 – Jesus prepara-nos lugar
Introdução
O Senhor nosso Deus nos ama e manifesta seu amor no cuidado que tem por nós. Compreendemos melhor esse cuidado, quanto mais conhecemos acerca das coisas que Deus tem preparado para nós o seu povo.
A família é uma das áreas onde o amor de Deus pelos seus eleitos se demonstra mais intensamente. Na aliança de amor que Deus estabeleceu com a sua criação e o seu povo, a família recebe um cuidado todo especial. Assim, tanto o primeiro lar, como nosso lar futuro, nos dão vislumbres gloriosos de Deus e de seu projeto para a família.
As lições que aprendemos sobre esses lares (o primeiro lar e o lar futuro) devem ser aplicadas ao terceiro lar – nossa casa.
I. O lar do jardim
O lar do jardim era um lugar da graça. Depois de chamar à existência a criação, o Deus Trino criou o homem e a mulher à sua própria imagem (Gn 1.26; 2.7).
Por ser criado à imagem de Deus, o homem tinha a capacidade de viver em comunhão com Deus. O homem podia viver face a face com Deus e depois refletir a glória de Deus aos outros.
Após cada ato da criação Deus pronunciou a bênção: “é bom”. Mas quando criou o homem, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Não se tratou de um erro divino. Foi um projeto divino. Não era bom que o homem estivesse só porque Deus o projetou para viver em companhia. Então Deus disse: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18), ou seja, uma auxiliadora que lhe fosse adequada.
Então, o lar criado por Deus para o homem tornou-se perfeito, porque havia alguém a quem o homem pudesse refletir a glória de Deus. Ao compreender este aspecto do plano de Deus para sua família, nosso pai Adão exultou de alegria, pois, a partir da criação da mulher o homem compartilharia toda a criação de Deus com alguém que era carne da sua carne e ossos de seus ossos, e com quem se fundiria numa só carne.
Ambos, homem e mulher, receberam uma incumbência cultural (Gn 1.28) de governar a criação que lhe era submissa. Para tanto Deus providenciou para ambos os recursos necessários para executarem suas responsabilidades, de forma que as espécies vegetais e as espécies animais lhes fossem por mantimento (Gn 1.29,30), como efetivamente foi feito.
II. Os princípios do lar do jardim
Os princípios desse primeiro lar eram os seguintes:
- O Senhor Deus formou o homem e o colocou no jardim. “Deus” é o Criador soberano. “Senhor” é o seu nome pessoal; revela seu relacionamento pessoal e seu compromisso com o homem e a mulher.
- Deus construiu o lar do jardim. Esse santuário foi edificado e abastecido por Deus. Era o lugar ao qual eles pertenciam.
- Homem e mulher foram criados à imagem de Deus. Tinham capacidade para viver em comunhão íntima com Deus. Havia igualdade de posição, como portadores da imagem de Deus.
- Foram criados macho e fêmea. A igualdade não excluía a diversidade de sexos. A igualdade permitia que essa distinção fosse perfeitamente complementar, que se mesclassem numa unidade que refletia gloriosamente a unidade da Trindade.
- O homem foi criado primeiro e deu nome à mulher. A ordem da criação e o privilégio de dar nome à mulher conferiram ao homem a responsabilidade da liderança e autoridade na casa (1Tm 2.11-13).
- A mulher foi planejada para ser auxiliadora. Isso não implicou inferioridade de posição ou de responsabilidade. A palavra hebraica para auxiliadora – ezer – muitas vezes é usada no Antigo Testamento para se referir a Deus como nosso ezer. É a presença da mulher neste contexto que dá inteireza ao lar do jardim, tornando-o completo.
- Eram uma só carne. Essa intimidade maravilhosa removeu a solidão de Adão e proclamou a centralidade do casamento. O fato de serem homem e mulher, marido e esposa, dois numa só carne, exige um respeito mútuo, de forma que respeitar o outro é respeitar a nós mesmos.
- Casamento significaria deixar pai e mãe. Adão e Eva seriam o pai e mãe de quem os filhos deveriam se separar para constituir seus próprios casamentos. Por meio desse processo, os relacionamentos ficariam fortalecidos, e a unidade das famílias ficaria preservada.
- O homem estava unido à sua esposa. Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus.
- Havia nudez, mas não vergonha. Homem e mulher podiam estar nus, um diante do outro, porque refletiam mutuamente a glória de Deus.
- Adão e Eva tinham responsabilidades. O primeiro casal podia refletir mutuamente a glória de Deus e então voltar-se para a criação com uma unidade de propósito – obedecer ao mandato cultural de ser fecundo e de exercer domínio sobre a terra.
O lar do jardim era um santuário da graça porque Deus estava lá e vivia em comunhão com os portadores da sua imagem. Adão e Eva contemplavam a glória de Deus e então tocavam um ao outro com a glória daquele amor. Todas as responsabilidades de um para com o outro, e de ambos para com a criação, estavam em harmonia. Não havia egoísmo, vergonha, nem tristeza.
O lar do jardim está fora de alcance para nós, hoje. Não podemos alcançar plenamente aquela unidade, porque pecamos em Adão. Mas o Filho de Deus providenciou um modo de os filhos de Adão serem redimidos. Comprou um lar celestial que excede em excelência o lar do jardim.
- O Senhor Deus formou o homem e o colocou no jardim. “Deus” é o Criador soberano. “Senhor” é o seu nome pessoal; revela seu relacionamento pessoal e seu compromisso com o homem e a mulher.
- Deus construiu o lar do jardim. Esse santuário foi edificado e abastecido por Deus. Era o lugar ao qual eles pertenciam.
- Homem e mulher foram criados à imagem de Deus. Tinham capacidade para viver em comunhão íntima com Deus. Havia igualdade de posição, como portadores da imagem de Deus.
- Foram criados macho e fêmea. A igualdade não excluía a diversidade de sexos. A igualdade permitia que essa distinção fosse perfeitamente complementar, que se mesclassem numa unidade que refletia gloriosamente a unidade da Trindade.
- O homem foi criado primeiro e deu nome à mulher. A ordem da criação e o privilégio de dar nome à mulher conferiram ao homem a responsabilidade da liderança e autoridade na casa (1Tm 2.11-13).
- A mulher foi planejada para ser auxiliadora. Isso não implicou inferioridade de posição ou de responsabilidade. A palavra hebraica para auxiliadora – ezer – muitas vezes é usada no Antigo Testamento para se referir a Deus como nosso ezer. É a presença da mulher neste contexto que dá inteireza ao lar do jardim, tornando-o completo.
- Eram uma só carne. Essa intimidade maravilhosa removeu a solidão de Adão e proclamou a centralidade do casamento. O fato de serem homem e mulher, marido e esposa, dois numa só carne, exige um respeito mútuo, de forma que respeitar o outro é respeitar a nós mesmos.
- Casamento significaria deixar pai e mãe. Adão e Eva seriam o pai e mãe de quem os filhos deveriam se separar para constituir seus próprios casamentos. Por meio desse processo, os relacionamentos ficariam fortalecidos, e a unidade das famílias ficaria preservada.
- O homem estava unido à sua esposa. Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus.
- Havia nudez, mas não vergonha. Homem e mulher podiam estar nus, um diante do outro, porque refletiam mutuamente a glória de Deus.
- Adão e Eva tinham responsabilidades. O primeiro casal podia refletir mutuamente a glória de Deus e então voltar-se para a criação com uma unidade de propósito – obedecer ao mandato cultural de ser fecundo e de exercer domínio sobre a terra.
III. O lar celestial
As semelhanças entre o lar do jardim e o lar celestial são marcantes. O céu é o lugar da habitação de Deus e, portanto, é um santuário da graça (Ap 21.1-4, 22.1-5).
Sabemos que Jesus já preparou esse lugar para nós e que ele nos levará para lá (Jo 14.2,3). Sabemos que o céu é um lugar onde seremos bem recebidos porque Jesus quer que estejamos lá com ele (Jo 17.24). Sabemos também que viveremos lá para sempre gozando da bondade e da misericórdia de Deus eternamente. (Sl 23.6).
Zacarias registra uma declaração do nosso lar celestial. No sentido imediato, a visão aplica-se aos judeus que tinham voltado do exílio na Babilônia. Mas a descrição do profeta oferece esperança para nós também, pois o texto fala da comunidade do povo de Deus, reunida, com Deus no seu meio (Zc 8.3-8).
Iremos novamente contemplar a Deus e refletiremos somente Deus uns aos outros. Seremos seu povo e ele será sempre fiel e justo conosco, não porque mereçamos, mas porque ele se uniu a nós na fidelidade da sua aliança. Seremos novamente a comunidade do pacto reunida por Deus, em Deus e com Deus no nosso meio.
Na cidade de Deus não haverá distância entre as gerações, não haverá culpa, nem tristeza, pois Deus habitará conosco no meio da sua cidade, e portanto, não haverá pecado na Santa Cidade. É justamente por causa do pecado que nunca poderemos ter uma réplica do nosso lar celestial aqui na terra. Mas, isto não deve impedir que o lar cristão seja uma amostra, um exemplo do lar que nosso Salvador comprou e preparou para nós.
Estamos hoje entre o lar do jardim e o lar celestial. Não podemos criar o céu na terra, mas nossos lares podem e devem ser um reflexo do lar que nosso salvador comprou e preparou para nós.
IV. A lição de Moisés e de Paulo
Moisés e Paulo nos fornecem material didático para que nossos lares sejam um reflexo do lar do jardim, que virá.
A lição de Moisés
Depois que Deus lhe prometeu que sua presença iria com o povo, Moisés fez a Deus o pedido máximo. Pediu para ver a glória de Deus. Moisés tinha visto o poder de Deus na sarça, nas pragas, no muro de água no Mar Vermelho, no Sinai. Agora Deus mostrou a Moisés sua bondade e o resplendor da Pessoa Divina (Êx 33.18,19; 34.6,7).
Deus revelou-se a Moisés como Senhor, ou Yahweh. Esse nome proclama a bondade intrínseca de Deus e a qualidade íntima do relacionamento de Deus com seu povo pactual. Quando Moisés desceu do monte, voltou com o rosto resplandecendo, por refletir a glória de Deus (Êx 34.29).
De início, Moisés não percebeu que estava com o rosto resplandecendo. Isso se aplica a nós em dois sentidos. Por um lado, quanto mais estamos cientes de nós mesmos, menos irradiamos o caráter de Deus. Nosso egocentrismo ofusca o reflexo da glória de Deus. Por outro lado, quando contemplarmos a glória de Deus, somos transformados à semelhança dele e nos tornamos cada vez mais compassivos, graciosos, tardios em irar, amorosos, fiéis e perdoadores. Nossos lares são transformados em lugar da graça, onde a glória da bondade de Deus se irradia por meio dos que ali habitam. E isso não tem nada a ver com esforço próprio. É a vida na graça de Deus.
A lição de Paulo
O apóstolo Paulo inicia a carta aos Efésios expondo sobre a pessoa e obra da Trindade; a seguir, fala da união de judeus e gentios em Cristo pela graça; cuida da unidade e da fé e da união dos crentes em santidade de vida; por fim, Paulo trata do mistério da igreja, entremeando instruções às famílias individuais (Ef 5.1,2,21–6.4). Em todos esse temas há um sentido de comunidade do pacto, ou seja, de família da fé segundo os planos de Deus, de Família da Aliança. Assim entendemos que, sem lares cristãos sadios, as realidades profundas da fé cristã permanecem meras abstrações para os membros das famílias e não criam raízes na sociedade como um todo.
Os escritores apostólicos não exortavam as pessoas a se afastarem da sociedade, mas a recuarem do seu próprio eu. Para tanto, ensinaram o princípio do sacrifício das prioridades pessoais em benefício das necessidades da pessoa amada. Quando vivemos um para o outro, encenamos a história do sacrifício de Jesus, o que nos leva a uma vida com propósito, a vida com Deus.
Conclusão
O empreendimento de nutrir uma família forte está acima do nosso alcance. Entretanto, esse empreendimento foi projetado para nos levar além da nossa capacidade e nos introduzir na esfera da graça. A graça de Deus nos capacita a viver acima da habilidade que possuímos, pensando nas pessoas de modo prático e pedindo graça ao Senhor para mostrarmos às pessoas a bondade de Deus.
Deus criou a família dentro de um plano especial. Deus fez homem e mulher, dando a ambos alguém com quem refletir a glória de Deus. E Deus deu a ambos uma incumbência cultural, providenciando os recursos necessários para que cumprissem suas responsabilidades (Gn 1.29,30).
A natureza complementar dos dois sexos visa a uma cooperação enriquecedora não só no casamento, na procriação e na vida familiar, mas também nas mais amplas atividades da vida.
O modelo do casamento, antes da queda, é a base para o governo no lar e nas igrejas, bem como um tipo do relacionamento entre Cristo e sua igreja.
Aplicação
Faça uma lista dos atributos divinos que Deus mostrou a Moisés em Êxodo 34.5-7 a ore para que Deus lhe dê graça para refletir essas qualidades à sua família. Compare Efésios 5.21–6.4 com sua família. Trabalhe e ore para que essa seja uma descrição do seu lar.
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“ROGO-VOS, POIS, IRMÃOS, PELAS MISERICÓRDIAS DE DEUS, QUE APRESENTEIS O VOSSO CORPO POR SACRIFÍCIO VIVO, SANTO E AGRADÁVEL A DEUS, QUE É O VOSSO CULTO RACIONAL” (ROMANOS 12:1)
O termo ‘racional’ remete a raciocínio. Parece bastante óbvio. Assim como também, por associação, se entende que somente os seres humanos podem apresentar tal culto, visto que somente eles possuem raciocínio. Os anjos também possuem raciocínio, porém, por natureza não possuem corpo, visto que são espíritos (Hebreus 1:14). Paulo está falando aqui exclusivamente à igreja.
O vocábulo correspondente na versão original o grego “logikên latreian”, ou seja, ‘culto racional’, também pode ser entendido, sem prejuízo, como ‘culto lógico’. De fato, há lógica na racionalidade e vice-versa. Quem acha que essas coisas trazem prejuízo à fé, precisa rever seus conceitos.
O que Paulo está querendo dizer à igreja de Cristo?
Por suas colocações vemos que há uma preocupação do apóstolo em mostrar aos irmãos a necessidade de que se realmente entenda a natureza de tudo isso, no caso, a igreja.
Por que estou aqui? Quem me trouxe aqui? O que vim fazer aqui? O que estão me ensinando é verdade? São questionamento que todos os crentes deveriam se fazer até que encontrassem respostas racionais para todos eles.
O contrário de culto racional é culto irracional. Ou seja, algo que é feito instintivamente, sem critérios ou razões que justifiquem os procedimentos adotados. Em um culto assim é praticamente impossível se seguir o que está escrito: “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (I Coríntios 14:40) . É impossível que haja qualquer um dos dois componentes pedidos sem que se entenda a natureza de cada um. E é preciso racionalidade para que isso aconteça. Por isso Deus nos fez diferentes das demais criaturas, ou seja, nos criou à sua imagem e semelhança: para que o adorássemos em espírito e em verdade, conscientes de nosso ato e de nossa missão de adoradores.
O reino de Deus é um reino de decência e ordem. Não há espaço para improvisos de última hora. A construção da arca e do tabernáculo comprovam a mensagem de organização que Deus quer nos ensinar. Até na salvação haverá ordem (I Coríntios 15:23).
Esse é o padrão que deve ser perseguido pela igreja de Cristo. Deus se agrada de uma obra organizada.
Em dias atuais podemos identificar como grande adversário desse padrão, o excesso de emocionalismo que tem se alastrado no meio cristão. A busca incessante pelo êxtase e pela experiência sobrenatural extrabíblica, a incorporação de ‘anexos’ doutrinários à Palavra de Deus, como se esta não fosse suficiente e os modismos importados recheados de técnicas mirabolantes de quebra de maldições e encontros obscuros são os componentes deste fim de séc. XX e início de séc. XXI. O que não é uma surpresa, Paulo já alertava que essas coisas fatalmente aconteceriam (I Timóteo 4:1).
Nesse caldeirão doutrinário sem consistência – já que não se sustentam biblicamente – as pessoas estão se dirigindo às igrejas sem saber exatamente o que vão fazer por sua espiritualidade. Vão dançar, cantar, aplaudir, gritar, enfim, sem entrar no mérito dessas questões, quase sempre falta o elemento principal: a Palavra de Deus. Entram e saem alegres e exaustas. O problema é: entenderam a mensagem? A palavra que foi pregada edificou suas vidas? Deus falou com elas através de seu evangelho? Se à maioria dessas perguntas as respostas forem algo como “acho que sim”, algo está fora do lugar.
Cultos de estudo são sempre vistos como ‘enfadonhos’ e ‘entendiantes’. Já pensou, passar quase uma hora apenas consultando referências na Bíblia? Que chato, não? Agora observe Neemias 8:3 “E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei.” Estudo bíblico das seis da manhã até o meio-dia. Após isso, inclinaram-se, e adoraram o Senhor com o rosto em terra. Que lindo, não?
Uma proposta dessas nos dias de hoje seria impensável. Mas se o trabalho for uma celebração com um nome da moda, aí somente um dia inteiro é pouco.
A questão é que não há culto racional sem o entendimento da Palavra. Os ‘avivalistas’ de plantão trocam a bíblia por apostilas preparadas especialmente para direcionar as pessoas para a conclusão que lhes interessa. Seguem o exemplo das testemunhas de Jeová. Alguém já viu um deles evangelizando com uma bíblia em punho? Não, só vão às ruas com exemplares de ‘sentinela’ e ‘despertai’ ou, quando muito, com seus livretos particulares.
Por isso Paulo fala em ‘sacrifício vivo’. Ou seja, sacrifício da vontade da carne para fazer a vontade de Deus. E isso requer dedicação à sua Palavra e não somente àquilo que dá prazer, como por exemplo, ir para um retiro. Requer decência e ordem. Compromisso e organização.
Autor: Missionário Neto Curvina
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
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Existe alguma condição para se batizar?
O etíope que estudou com Filipe fez praticamente a mesma pergunta: “Que impede que seja eu batizado?” (Atos 8:36). É uma boa pergunta!
Jesus e os apóstolos, ao revelarem a nova aliança, instruiram seus ouvintes sobre vários pré-requisitos que devem ser observados antes do batismo. Vamos considerar alguns trechos que falam a respeito dessas exigências divinas.
Antes de voltar ao céu, Jesus disse aos apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16:15-16). Destes versículos aprendemos dois pré-requisitos importantes:
Ouvir. Para ser batizada, a pessoa tem de ouvir (entender) a pregação do evangelho. Percebemos, portanto, a importância da pregação da palavra de Cristo (veja Romanos 10:14-17). Também aprendemos que somente pessoas capazes de compreender a mensagem do evangelho podem ser batizadas. Uma criança pequena ou outra pessoa incapaz de entender que Jesus morreu por nossos pecados, foi sepultado e se ressuscitou não tem condições de ser batizada.
Crer. Muitos ouvem, mas nem todos aceitam o testemunho dos apóstolos. Temos o privilégio de ler e estudar os relatos bíblicos da vida de Cristo, que “...foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31). Esta fé no divino Filho de Deus é essencial para a nossa salvação, como Jesus mesmo disse: “...se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados” (João 8:24). Obviamente, a pessoa que crê em Jesus como Cristo e Senhor abertamente confessará a sua fé (Romanos 10:9-10; Atos 8:37).
No dia de Pentecostes, Pedro falou da obediência a Cristo para receber a salvação: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:38). Baseado neste versículo, podemos incluir mais um pré-requisito:
Arrepender-se. O arrependimento é a decisão de mudar a nossa direção na vida. Antes de ouvir a palavra de Cristo, o homem serve ao pecado (Efésios 2:1-2,12). Se aceitar a palavra de Deus com um coração bom (veja Lucas 8:11,15), decidirá mudar a sua vida, morrendo para o pecado (Romanos 6:2-3). A decisão de mudar (o arrependimento), se for sincera, terá um efeito na prática. João Batista descreveu este efeito como “frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8). Qualquer pessoa que ainda não pecou (por exemplo, crianças inocentes) não precisa se arrepender. Uma pessoa ainda incapaz de tomar as suas próprias decisões não pode se arrepender, e assim não tem condições de ser batizada. Mas, se ainda não cometeu pecado, continua segura nas mãos de Deus. O batismo é para aqueles que já pecaram. Estes, sim, podem ouvir, crer, arrepender-se e ser batizados.
O vocábulo correspondente na versão original o grego “logikên latreian”, ou seja, ‘culto racional’, também pode ser entendido, sem prejuízo, como ‘culto lógico’. De fato, há lógica na racionalidade e vice-versa. Quem acha que essas coisas trazem prejuízo à fé, precisa rever seus conceitos.
O que Paulo está querendo dizer à igreja de Cristo?
Por suas colocações vemos que há uma preocupação do apóstolo em mostrar aos irmãos a necessidade de que se realmente entenda a natureza de tudo isso, no caso, a igreja.
Por que estou aqui? Quem me trouxe aqui? O que vim fazer aqui? O que estão me ensinando é verdade? São questionamento que todos os crentes deveriam se fazer até que encontrassem respostas racionais para todos eles.
O contrário de culto racional é culto irracional. Ou seja, algo que é feito instintivamente, sem critérios ou razões que justifiquem os procedimentos adotados. Em um culto assim é praticamente impossível se seguir o que está escrito: “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (I Coríntios 14:40) . É impossível que haja qualquer um dos dois componentes pedidos sem que se entenda a natureza de cada um. E é preciso racionalidade para que isso aconteça. Por isso Deus nos fez diferentes das demais criaturas, ou seja, nos criou à sua imagem e semelhança: para que o adorássemos em espírito e em verdade, conscientes de nosso ato e de nossa missão de adoradores.
O reino de Deus é um reino de decência e ordem. Não há espaço para improvisos de última hora. A construção da arca e do tabernáculo comprovam a mensagem de organização que Deus quer nos ensinar. Até na salvação haverá ordem (I Coríntios 15:23).
Esse é o padrão que deve ser perseguido pela igreja de Cristo. Deus se agrada de uma obra organizada.
Em dias atuais podemos identificar como grande adversário desse padrão, o excesso de emocionalismo que tem se alastrado no meio cristão. A busca incessante pelo êxtase e pela experiência sobrenatural extrabíblica, a incorporação de ‘anexos’ doutrinários à Palavra de Deus, como se esta não fosse suficiente e os modismos importados recheados de técnicas mirabolantes de quebra de maldições e encontros obscuros são os componentes deste fim de séc. XX e início de séc. XXI. O que não é uma surpresa, Paulo já alertava que essas coisas fatalmente aconteceriam (I Timóteo 4:1).
Nesse caldeirão doutrinário sem consistência – já que não se sustentam biblicamente – as pessoas estão se dirigindo às igrejas sem saber exatamente o que vão fazer por sua espiritualidade. Vão dançar, cantar, aplaudir, gritar, enfim, sem entrar no mérito dessas questões, quase sempre falta o elemento principal: a Palavra de Deus. Entram e saem alegres e exaustas. O problema é: entenderam a mensagem? A palavra que foi pregada edificou suas vidas? Deus falou com elas através de seu evangelho? Se à maioria dessas perguntas as respostas forem algo como “acho que sim”, algo está fora do lugar.
Cultos de estudo são sempre vistos como ‘enfadonhos’ e ‘entendiantes’. Já pensou, passar quase uma hora apenas consultando referências na Bíblia? Que chato, não? Agora observe Neemias 8:3 “E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei.” Estudo bíblico das seis da manhã até o meio-dia. Após isso, inclinaram-se, e adoraram o Senhor com o rosto em terra. Que lindo, não?
Uma proposta dessas nos dias de hoje seria impensável. Mas se o trabalho for uma celebração com um nome da moda, aí somente um dia inteiro é pouco.
A questão é que não há culto racional sem o entendimento da Palavra. Os ‘avivalistas’ de plantão trocam a bíblia por apostilas preparadas especialmente para direcionar as pessoas para a conclusão que lhes interessa. Seguem o exemplo das testemunhas de Jeová. Alguém já viu um deles evangelizando com uma bíblia em punho? Não, só vão às ruas com exemplares de ‘sentinela’ e ‘despertai’ ou, quando muito, com seus livretos particulares.
Por isso Paulo fala em ‘sacrifício vivo’. Ou seja, sacrifício da vontade da carne para fazer a vontade de Deus. E isso requer dedicação à sua Palavra e não somente àquilo que dá prazer, como por exemplo, ir para um retiro. Requer decência e ordem. Compromisso e organização.
Autor: Missionário Neto Curvina
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
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A Soberania de Deus e o sofrimento do crente
Texto básico: Romanos 8.18-25
Leitura diáriaD Sl 73 Invejando o ímpio
S Hb 12.4-13 Disciplina os filhos
T 2Tm 1.8 Parte dos sofrimentos
Q Jo 15.20 Perseguição garantida
Q 1Pe 1.3-12 Sofrimento e glória
S Rm 8.28 Tudo coopera
S Jo 6.40 Ressurreição garantida
S Hb 12.4-13 Disciplina os filhos
T 2Tm 1.8 Parte dos sofrimentos
Q Jo 15.20 Perseguição garantida
Q 1Pe 1.3-12 Sofrimento e glória
S Rm 8.28 Tudo coopera
S Jo 6.40 Ressurreição garantida
Introdução
Por que o cristão sofre? Se ele é amado por Deus desde antes da fundação do mundo, salvo de sua ira certa e preservado para viver a eternidade no paraíso, qual seria a necessidade de ele sofrer aqui? Essa pergunta ganha mais peso principalmente se considerarmos o tipo de teologia que ensina vitórias sobre os males, curas de doenças e prosperidade financeira. Qual seria a razão de o crente sofrer? Nós não temos todas as respostas, mas as Escrituras nos dão claras indicações de algumas.
I. Sofrimento do cristão
Um dos pontos que talvez cause mais tristeza para alguns crentes é que eles sofrem tanto ou até mesmo mais do que alguns ímpios. Esse não é um problema novo. Tanto o rei Davi (Sl 37) quanto Asafe (Sl 73) expressaram a agonia do servo de Deus que contempla a prosperidade daqueles que não servem ao Senhor: “Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade” (Sl 37.1); “… pouco faltou para que se desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos” (Sl 73.2-3). O salmista relata que para os ímpios não há preocupações, pois seus corpos são sadios; além de eles não se cansarem como os outros mortais (Sl 73.4-5).
Já aqui nós vemos um problema comum aos que sofrem: inveja. Quando os cristãos desviam os seus olhos da providência de Deus, e do futuro que aguarda tanto a eles como aos ímpios, se estes não se arrependerem, nasce um desejo pecaminoso em seu coração. Como veremos mais à frente, o cristão deve manter os seus olhos fitos nas promessas de Deus, para não ceder à pressão, principalmente em relação às promessas que se referem à eternidade.
O cristão também pode sofrer por causa da disciplina de Deus. Esse sofrimento só está reservado aos seus filhos, porque ele deseja que estes vivam em santidade, conforme declara Hebreus 12.4-6: “… na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”.
Vemos repetidas vezes Deus disciplinar o povo de Israel por considerá-lo filho: “Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu Deus” (Dt 8.5; cf. 2Rs 19.3; Jó 5.17; Pv 3.11; Jr 5.3; 6.8). Nem todos os de Israel eram de fato israelitas (Rm 9.6), ou seja, nem todos os indivíduos da nação de Israel eram verdadeiramente filhos de Deus, mas a disciplina atingia a todos indiscriminadamente. Deus agia para que os seus filhos pudessem ser quebrantados e se voltassem para ele em arrependimento. O objetivo de Deus na administração de disciplina aos seus filhos é sempre o bem; ele “… nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.10b).
Também podemos colocar nesse bojo o sofrimento que todo cristão passa por sua fidelidade a Deus. Escrevendo ao seu discípulo Timóteo, o experiente Paulo diz: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho do nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus” (2Tm 1.8; 2.3). Mais à frente, o apóstolo nos dá certeza de que uma vida comprometida com os valores do reino de Deus nos reservará problemas: “… todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12).
Jesus Cristo foi também enfático na relação que há entre segui-lo e sofrer as consequências dessa decisão: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15.20). Enquanto vivenciamos uma realidade de pregações que prometem todos os prazeres desta vida aos que se entregarem a Cristo Jesus, as promessas de sua palavra seguem na direção oposta.
II. Sofrimento e glória
Quando deixam de olhar as Escrituras para encontrar o consolo que vem de Deus, os cristãos sofrem ainda mais em meio a seus padecimentos. As promessas que Deus faz com respeito aos sofrimentos dos seus filhos são fortalecedoras. Vejamos algumas delas.
A. O sofrimento na vida do crente é passageiro
Escrevendo aos nossos irmãos, o apóstolo Pedro afirma que eles deveriam exultar por causa do plano de salvação que Deus concedeu, “… embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações” (1Pe 1.6b); e ainda “sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1Pe 5.9).
Com certeza, os sofrimentos do crente estão condicionados, no máximo, a esta vida. Talvez julguemos que anos a fio de aflições seja muito tempo para aqueles que passam por elas, mas o que são 70 ou 80 anos comparados com a eternidade? Por isso o apóstolo Pedro descreve que essas amarguras são “no presente” e “por breve tempo”.
Uma das confianças mais maravilhosas que o evangelho proporciona àquele que crê é que toda agonia limita-se somente a esta vida. Nos novos céus e na nova terra não teremos motivos para sofrer: “… lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4).
Pedro ainda usa outra condicional, “se necessário”. Com certeza, nós podemos afirmar que nem tudo na vida do crente é sofrimento. Deus tem proporcionado momentos bons e de alegria, concedendo-nos graciosamente muito mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Além disso, nós ainda temos o consolo de saber que não sofremos sozinhos (cf. 1Pe 5.9). Isso significa que em suas lutas qualquer cristão pode contar com o apoio irrestrito de seus irmãos, e a igreja pode se regozijar na verdade de que sempre haverá compreensão e ajuda por parte daqueles que têm sido trabalhados pelo mesmo Espírito de Deus. Por essas razões, o apóstolo Pedro pôde concluir: “… o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (1Pe 5.10).
B. O sofrimento na vida do crente revela a glória futura
O binômio sofrimento / glória é claro nas Escrituras, porque o que aconteceu a Cristo Jesus é um paradigma daquilo que também acontecerá conosco. Assim, temos registrado, através dos profetas do Antigo Testamento, “… qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam” (1Pe 1.11). Jesus Cristo padeceu tudo aquilo que era necessário tendo a certeza de que seria glorificado depois de sua obra e, próximo à sua crucificação, ele “… levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (Jo 17.1).
Da mesma forma, podemos viver nesta terra conscientes e esperançosos de que “… os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8.18). Veja como é interessante perceber que a Palavra de Deus redireciona nossos pensamentos às certezas do futuro enquanto passamos por sofrimentos nesta vida. Isso não é escapismo e nem fuga da realidade, pelo contrário, é a própria realidade futura que, filtrando nossa visão do presente, faz-nos esperançosos e jubilosos aguardando o que está reservado para nós.
Nós não somos chamados à inércia no tempo presente, ao contrário, devemos trabalhar e nos esforçar tendo convicção do que nos aguarda. Por isso o apóstolo Paulo termina o capítulo 15, no qual trata da ressurreição, assim: “… meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58). Enquanto estivermos nesta vida, não devemos ansiar o porvir chateados ou tristes; Pedro nos inspira: “… alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação da sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4.13, minha ênfase).
III. Soberania, sofrimento e confiança
Nestes roteiros de estudo, procuramos enfatizar as verdades apresentadas nas Escrituras a respeito da soberania de Deus e como ela se relaciona com toda a sua criação, especialmente com os seres humanos. Procuramos também, à medida que estudávamos, fazer aplicações práticas para compreender como essas doutrinas têm a ver com a nossa vida.
Esta seção continua mantendo esse caráter prático. Esperamos em Deus que tudo aquilo que vimos tenha servido para a edificação do povo de Deus e para conduzir a igreja a uma vida mais santa e piedosa.
Como temos afirmado, Deus tem dirigido a história do universo conforme os seus santos propósitos, e isso diz respeito não apenas aos homens do passado, mas à nossa própria história. Tudo o que passamos, todas as coisas que vivenciamos, as experiências boas e ruins, procedem da poderosa mão do Pai.
Provavelmente, para chegar aonde chegou, você já tenha passado pelo vale da sombra da morte (Sl 23.4), e a realidade que o cerca pode estar minando a sua confiança no amor e no cuidado de Deus por você. Perdas dolorosas, angústias nos relacionamentos, depressões ou consequências produzidas pelo medo e pela ansiedade podem estar corroendo o seu relacionamento com o Senhor, e com aqueles que estão próximos a você. Nós desejamos que você seja encorajado pelas Escrituras somente. Não há nada que o homem diga ou faça, e não há nada fora da Bíblia, que possa ajudá-lo. Se você não concorda, saiba que em um período razoavelmente curto os sintomas só vão piorar, porque esses conselhos ou indicações dos seres humanos serão meros paliativos para a dor da alma, que só encontra descanso em Deus.
Destacamos duas promessas muito preciosas que recebemos de Deus. A primeira é: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28) – essa promessa tem a ver com o nosso sofrimento. Deus está garantindo que todas as coisas cooperam para o nosso bem. Ele não está garantindo que compreenderemos tudo por que passamos, nem que nos alegraremos com tudo, mas que tudo está cooperando para o nosso bem. Se essa promessa estiver firme e bem arraigada em seu coração, você terá êxito em levar a vida de maneira mais piedosa e temente a Deus.
A outra promessa diz respeito ao futuro glorioso: “ a vontade do meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.40). Essa promessa é maravilhosa, pois nos apresenta a garantia de que não permaneceremos na morte. Mais do que isso, à semelhança do nosso Senhor, ressuscitaremos para viver plena e eternamente com ele e com todos aqueles que creram em seu nome. Por isso, não devemos temer aqueles que podem matar o corpo ou nos fazer mal porque isso é o máximo que eles podem fazer (Lc 12.4). Como pertencemos a Deus, e estamos assegurados nas suas mãos, o futuro de glória é certo e verdadeiro.
As coisas que padecemos servem para preparar o nosso caráter e fortalecer a nossa fé, transformando-nos à semelhança de nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixemos que os sofrimentos desta vida retirem de nós a esperança de um futuro glorioso.
Conclusão
Os sofrimentos que os crentes enfrentam são reais e têm vários motivos; eles demonstram a glória futura e devem despertar em nós uma confiança inabalável na providência e no amor que Deus tem por nós, concedendo-nos condições de viver no tempo presente sensata, justa e piedosamente (cf. Tt 2.12).
Aplicação
Por quais motivos você tem sofrido? Será que você sofre mais por causa das consequências dos seus pecados ou por ter uma vida piedosa? Você confia nas promessas de Deus?
>> Autor do Estudo: André Scordamaglio
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Jesus Cristo: tropeço ou fundamento?
Jesus Cristo: tropeço ou fundamento?
SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: “E a pedra era Cristo”, do pastor Elben César
Texto básico: 1 Pedro 2. 4-10
Textos de apoio
– Josué 24. 22-28
– Salmo 118. 17-24
– Isaías 28. 14-23
– Lucas 20. 9-18
– Atos 4. 7-11
– Romanos 9. 22-33
– Josué 24. 22-28
– Salmo 118. 17-24
– Isaías 28. 14-23
– Lucas 20. 9-18
– Atos 4. 7-11
– Romanos 9. 22-33
Introdução
No final do seu “sermão da montanha” (Mateus 7. 24-27), Jesus advertiu seus ouvintes sobre a importância de sermos responsáveis por aquilo que ouvimos e aprendemos. Para ilustrar a advertência, ele contou uma parábola diferenciando as escolhas que dois homens fizeram ao decidir onde construiriam suas casas: o homem sábio, que é aquele que ouve e pratica o que aprendeu, escolheu como fundamento a rocha; e o homem insensato, representando o que apenas ouve e não pratica, escolheu a areia como base de sua construção. Já conhecemos o resultado em um e outro caso, não é mesmo?
No texto ora em estudo, também somos desafiados a pensar acerca do fundamento sobre o qual basearemos nossas escolhas existenciais. Na verdade, curiosamente, a base oferecida é a mesma, a mesma rocha. Mas, a depender de nossas escolhas, essa rocha única poderá funcionar como alicerce e guia, ou como um tijolo que nos faz tropeçar! Sim, Jesus é a rocha escolhida e disponibilizada por Deus como alicece para construirmos nossas vidas. Ele é a “pedra angular”, que sustenta, ou a “pedra de esquina”, que provê prumo para o nosso caminho.
Que escolhas faremos? Estaremos entre aqueles que escolhem e valorizam a pedra ofercida por Deus, ou entre aqueles que a rejeitaram e assim acabaram ficando com pés inchados e sem caminho?
Para entender o que a Bíblia fala
1. Pedro inicia este trecho convidando seus leitores a se “aproximarem” de Cristo, a “pedra viva” (v. 4). Com esta “aproximação” pode ser praticada? Que características de Cristo vêm à sua mente ao refletir sobre esta metáfora de uma “pedra viva”?
2. Cristo representa uma pedra “escolhida e preciosa para Deus”, mas “rejeitada pelos homens” (v. 4). Como tal rejeição pode ocorrer, na prática do dia-a-dia?
3. A obra de Cristo também possui um aspecto comunitário, pois os discípulos vão se tornando parte de um projeto de “construção coletiva” (vv. 5-6). Qual é a base ou alicerce desta construção (vv. 4, 6-8)? Diferentemente da “antiga aliança”, quem poderia fazer parte do “sacerdócio” agora, e quais seriam os novos “sacrifícios” a serem oferecidos (v. 5)?
4. Como a fé, ou a ausência dela, podem influenciar a maneira como uma pessoa compreende o papel de Cristo como a “pedra angular” ou “pedra de esquina” (vv. 6-8)? Quais as consequencias da falta desta “pedra” numa construção? E para a nossa vida, quais as consequencias da falta de Cristo?
5. Como os vv. 9-10 podem impedir que a comunidade de discípulos seja guiada por uma perspectiva “elistista”, se transformando praticamente num “gueto espiritual”? Pedro não invalida, ou menospreza, a necessidade de que os discípulos sejam “diferentes”; continuamos sendo “sacerdócio santo”. Mas, a questão crucial é: “para que?”. Qual o fim (finalidade) desta santidade, desta exclusividade como povo de Deus (vv. 9-10)?
Hora de Avançar
Chama-se de pedra angular
Ou pedra superior
Ou pedra de cobertura
A pedra cuidadosamente escolhida e ajustada
que completava o edifício,
que segurava duas paredes pela juntura do alto,
que amarrava definitivamente o prédio,
que desempenha o papel da cinta de concreto de hoje.
[Elben César]
Para pensar
Os textos veterotestamentários citados por Pedro fornecem imagens muito ricas para a nossa compreensão do papel central de Cristo na história da redenção. As palavras originais utilizadas pelo salmista (Sl 118.22) e pelo profeta Isaías (Is 28.16 e 8.14) apresentam variações de significado, mas na pena do apóstolo Pedro adquirem um mesmo alvo principal: Jesus Cristo é a “pedra principal” que sustém a “construção salvífica” que Deus está erguendo na história da humanidade.
Como “pedra angular”, ou como “pedra de esquina”, Jesus oferece sustentação e direção para todo aquele que confia em Seu nome, se tornando ao mesmo tempo uma “pedra de tropeço” para aqeueles que rejeitam sua mensagem e sua obra.
O que disseram
“Todos os especialistas que não conseguem ajustar Deus a seus pensamentos ou a sua vida concluem que simplesmente não há lugar para ele. Contudo, eles começam pelos lugares errados: não ajustamos Deus a nossa vida; é ele que nos ajusta à dele. Quando começamos com ele, a ‘pedra principal’, nossa vida torna-se adequada para a eternidade”.
(Eugene Peterson, Um ano com Jesus, Ultimato)
Para responder
1. Refletindo sobre sua vida, seus desejos, suas escolhas, enfim, suas prioridades, como você responderia francamente à pergunta: “Jesus tem sido uma pedra preciosa ou uma pedra rejeitada em seu caminhar diário?”.
2. Considerando o fato de que agora somos “povo de Deus”, a fim de anunciarmos “as grandezas daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2. 9), sua comunidade (igreja) local tem parecido mais um “gueto espiritual”, fechado e exclusivo, ou uma “casa espiritual” inclusiva, que busca acolher a todos para mostrar o real significado de “oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” (v. 5)?
Eu e Deus
“Ó Deus, meu Deus, por que sou tão mudo? Estou ansioso por soltar gritos por Ti, agora e sempre e Tu és inominável e infinito. Todos nossos nomes por Ti não são Teu verdadeiro nome, Trindade infinita. Mas Tua palavra é Jesus, e eu grito o nome do Teu Filho e vivo no amor do Seu coração e creio que, se Ele o quiser, Ele trará a resposta à minha única prece: que eu possa renunciar a tudo e pertencer inteiramente ao Senhor!
(Thomas Merton, Diálogos com o Silêncio, Fissus, 2003)
Autor do estudo: Reinaldo Percinotto Júnior
Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo “E a Pedra era Cristo”, do pastor Elben César, publicado na edição 364 da revista Ultimato.
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Cremação ou inumação?
A cremação, hoje tão em moda, não é nenhuma novidade. Ela já era praticada entre os antigos. O livro de Daniel nos dá conta dos crematórios existentes na Babilônia. Em um deles, aquecido sete vezes mais do que o normal, foram lançados os três jovens hebreus. Entre os gregos e os romanos, os crematórios eram comuns, e a cremação praticada. Na última grande guerra, os nazistas construíram vários crematórios, onde os corpos eram queimados, após terem passado pelas câmaras de gás. Um deles, o de Birkenau, na Polônia, podia incinerar 12 mil corpos por dia.
Então surge a questão: o que fazer com o corpo após a morte? Deve ser queimado ou sepultado? Encontraremos uma resposta na Bíblia? Qual será a atitude mais consentânea?
Em primeiro lugar, a leitora está equivocada quando vê cremação em Amós 2.1. O que o texto afirma é que queimaram os ossos de um rei morto e não o seu corpo. O que houve ali foi a profanação de um cadáver. O túmulo do rei foi violado e seus ossos queimados.
Deus nos ensina no Antigo Testamento que o corpo deve voltar à terra de onde veio. Cito alguns textos, como: Gênesis 3.19; Jó 10.9 e 34.15; Eclesiastes 3.20 e 12.7. O mesmo ensino nos é dado por Jesus Cristo. A um que desejava segui-lo, mas somente depois que houvesse sepultado o pai, disse: “Segue-me, e deixa aos mortos sepuItar os seus mortos”. Paulo, no magistral capítulo 15 de 1 Coríntios, ensina o mesmo. Ele compara o sepultamento a uma semeadura, a uma semente lançada à terra. Cristo já havia usado essa figura, ao dizer: “Na verdade, na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.
Os judeus não praticavam a cremação. Sepultavam seus mortos com muito carinho e respeito. Entre os patriarcas era costume sepultar seus mortos no túmulo da família. Abraão e seus descendentes foram sepultados na cova de Macpela. A legislação do Pentateuco cuidava também do assunto. Até mesmo os criminosos tinham direito ao sepultamento (Deuteronômio 21.22-23). A falta de sepultamento apropriado era considerada grande opróbrio.
Os cristão sepultavam seus mortos, e o faziam com muito respeito, como vemos no caso de Dorcas, de Lázaro e do próprio Senhor Jesus Cristo (Atos 9.37; João 11.44 e 19.38-42). Havia sepulturas comuns e outras cavadas nas rochas. Os sepultamentos eram realizados no mesmo dia da morte, e eram seguidos de orações e cânticos de salmos. Isto levou Juliano, o Apóstata, a descobrir três causas para a rápida expansão do Cristianismo: a beneficência, a honestidade e a caridade para com os mortos.
A cremação não é de origem judaica nem cristã, mas pagã. O costume grego e romano de incinerar o cadáver repugnava os sentimentos cristãos. Mostramos muito mais respeito pelos corpos dos mortos se os sepultarmos numa posição de repouso, como que dormindo, do que lançá-los às chamas para uma violenta destruição, ainda que saibamos que o espírito já partiu e está com Cristo. O fogo na Bíblia, entre outras coisas, é símbolo de destruição e condenação do pecado. Assim foi no caso de Sodoma e Gomorra. Conforme o pecado cometido, a lei mandava que o pecador fosse queimado (Levítico 20.4 e 21.9; Josué 7.25).
Diante do exposto, que fazer? Fazer o que o próprio Deus fez no caso de Moisés. Deus o sepultou na terra de Moabe, num vale, defronte de Bete-Peor (Deuteronômio 34.5-6). Não há apoio para a cremação nas páginasdas Escrituras.
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Pr. Milton Netto de Azevedo
Igreja Batista Parque das Nações, Santo André, SP
Nota: Artigo publicado no boletim semanal O Jornal Batista, 22 a 28/06/1998.
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Regeneração ou novo nascimento
Texto básico: João 3.1-15
Leitura diária
D – Jo 1.1-14 Não pela vontade da carne
S – 1Jo 2.27-29 Regeneração e justiça
T – 1Jo 3.7-10 Aversão ao pecado
Q – 1Jo 4.7-21 Regeneração e amor
Q – 1Jo 5.1-4 Regeneração e fé em Jesus
S – 1Jo 5.13-19 Regeneração e proteção
S – 1Pe 1.3-12 Regeneração e esperança
Introdução
O que acontece depois de sermos escolhidos em Cristo e chamados eficazmente pela pregação do evangelho e a ação do Espírito? Qual é o próximo elo na grande bênção da salvação? Como e em qual momento recebemos vida espiritual para podermos responder com fé à vocação eficaz? Regeneração e novo nascimento são a mesma coisa? Ser nascido de Deus e ser uma nova criatura são a mesma coisa? Como a regeneração acontece? O que ela tem a ver com a conversão e a santificação?
1. O ensino bíblico sobre regeneração
D – Jo 1.1-14 Não pela vontade da carne
S – 1Jo 2.27-29 Regeneração e justiça
T – 1Jo 3.7-10 Aversão ao pecado
Q – 1Jo 4.7-21 Regeneração e amor
Q – 1Jo 5.1-4 Regeneração e fé em Jesus
S – 1Jo 5.13-19 Regeneração e proteção
S – 1Pe 1.3-12 Regeneração e esperança
A Escritura mostra com clareza que apenas Deus pode realizar a transformação necessária para capacitar os seres humanos a fazerem o que é agradável aos seus olhos (Dt 30.6; Jr 31.33; Ez 36.26).
No Novo Testamento encontramos ensinos mais claros e ricos sobre a regeneração. Nenhum autor trata mais frequentemente do tema do novo nascimento do que João. Veja, por exemplo, o que é dito em João 1.12-13: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Repare que ser filho de Deus não é algo que se consegue pela descendência (“não nasceram do sangue”) nem pela decisão humana autônoma (“nem da vontade da carne”), mas exclusivamente pela ação de Deus (“de Deus”).
Para sermos filhos de Deus, precisamos ser espiritualmente gerados por ele. É verdade que “todos quantos o receberam”, isto é, todos aqueles que creem em Jesus, recebem o direito de serem filhos de Deus, mas até mesmo a fé pela qual essas pessoas creem em Jesus é um dom de Deus (Ef 2.8-9) e, portanto, faz parte da ação de Deus na salvação humana. A regeneração é uma obra totalmente divina realizada pelo Espírito no coração do pecador.
Talvez nenhum texto da Escritura ensine a soberania de Deus na regeneração humana de modo mais claro do que nosso texto básico (Jo 3.1-15). Nicodemos, um judeu importante, membro do Sinédrio, foi se encontrar com Jesus. Ele respeitava Jesus como mestre, mas ainda não havia entendido bem a verdadeira missão que Jesus tinha vindo realizar. No versículo 3, Jesus faz uma declaração que expressa o núcleo da mensagem que Nicodemos precisava compreender: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo [não for regenerado], não pode ver o reino de Deus”. Portanto, nascer de novo, é o pré-requisito fundamental para que a pessoa tenha acesso ao reino de Deus. Nicodemos não estava preparado para esta resposta. Ele era uma pessoa respeitável, um homem idôneo, era aquilo que costumamos chamar de “gente de bem”. Sendo assim, como, por que e em que sentido ele precisava nascer de novo?
Diante da dificuldade de Nicodemos em entender as suas palavras (v. 4), Jesus declara ainda com mais clareza: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (v. 5). A água era usada, no Antigo Testamento, para simbolizar a purificação interna. O uso mais notável deste símbolo é visto em Ezequiel, quando o Senhor anuncia a futura restauração de Israel: “Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei” (Ez 36.25). Então Jesus está dizendo que se a pessoa não for purificada por Deus, ela não pode entrar no reino. O Espírito, por sua vez, é o agente divino que produz o novo nascimento. Portanto, Jesus está afirmando a necessidade de purificação interior e regeneração para que a pessoa possa entrar no reino de Deus.
Nesse novo nascimento, somos totalmente dependentes da ação do Espírito. Ele é soberano na regeneração. Jesus ensina: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (v. 8). A ação do Espírito na regeneração é tão soberana quanto a ação do vento, que sopra onde quer. Além disso, ela também é misteriosa, como os movimentos do vento.
Quando Jesus diz que “o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (v. 6), ele não está usando a palavra “carne” no sentido de “natureza humana escravizada pelo pecado”, como Paulo faz frequentemente, mas no sentido de “fraqueza humana”. O sentido do texto é que aquele que tem um nascimento apenas físico continua sendo uma pessoa não regenerada, mas aquele que é nascido do Espírito se torna uma pessoa regenerada, um filho de Deus. A regeneração, portanto, provoca em nós uma mudança real: deixamos de ser simplesmente criaturas de Deus e nos tornamos filhos de Deus.
A primeira carta de João também é repleta de ensinamentos sobre a regeneração. Em 1João 2.29, ele afirma que a pessoa regenerada pratica a justiça. Isso mostra que a regeneração, embora aconteça em um dado momento no tempo, é manifestada na vida do crente pelos efeitos que ela produz. O mesmo ensino está presente em 1João 3.9: “aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado”, isto é, não tem prazer no pecado e tem aversão a ele.
A regeneração não nos torna perfeitos. Mesmo depois de regenerados, continuamos tendo que lidar com o problema do pecado, como o próprio João ensina: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós (1Jo 1.8). Seremos perfeitos somente quando formos glorificados. No entanto, a regeneração coloca em nosso coração uma disposição nova, uma disposição para o bem que agrada a Deus, uma disposição para a santidade, de modo que não mais servimos ao pecado como escravos. Em 1João 4.7, João afirma que a pessoa regenerada ama seus irmãos, sendo esta mais uma evidência da regeneração. Uma pessoa regenerada reconhece em outra pessoa regenerada um irmão em Cristo. Somos regenerados individualmente, mas, quando isso acontece, somos imediatamente inseridos na família cristã.
Em 1João 5.1, o apóstolo afirma que a pessoa regenerada tem fé em Jesus. Esse “em Jesus” é fundamental aqui. O regenerado não tem fé em um ídolo, não tem fé nas riquezas deste mundo, não tem fé em si mesmo. O regenerado tem fé em Jesus. João também afirma que “todo o que é nascido de Deus vence o mundo” (1Jo 5.4). Esta vitória, porém, não é alcançada pela sabedoria deste mundo, mas pela fé em Jesus.
O redimido tem aversão ao pecado e, também, é guardado por Deus e não pode ser tocado pelo diabo (1Jo 5.18). Sendo regenerados por Deus, somos também preservados por ele. Nem mesmo o diabo pode nos fazer voltar ao antigo estado de mortos espirituais e inimigos de Deus. Uma vez que recebemos de Deus a vida espiritual, ele mesmo a preservará em nós. Reconciliados com Deus em Cristo, não voltaremos ao antigo estado de hostilidade permanente contra ele. Enfim, de modo geral, na primeira carta de João aprendemos que a pessoa regenerada tem sua vida marcada pelas seguintes características: justiça, aversão ao pecado, amor aos irmãos, fé em Jesus e vitória sobre o mundo. Vimos também que o regenerado é guardado pelo próprio Deus.
Paulo também fala sobre a regeneração. Em Efésios 2.5, ele diz que “Estando nós mortos em nossos delitos, [Deus] nos deu vida juntamente com Cristo”. A regeneração, portanto, é o ato de Deus pelo qual ele dá vida espiritual a pessoas que estavam espiritualmente mortas. Mais uma vez, a regeneração é apresentada como uma mudança de estado na vida humana: da morte para a vida. Em Efésios 2.10 e 2Coríntios 5.17, ele faz a surpreendente declaração de que a regeneração é uma espécie de nova criação. Os regenerados são criados em Cristo, tornando-se, assim, novas criaturas.
Encerrando esta divisão, podemos definir a regeneração como “a obra do Espírito Santo pela qual ele inicialmente traz as pessoas à viva comunhão com Cristo, transformando seus corações para que aqueles que estão espiritualmente mortos se tornem espiritualmente vivos, habilitados a se arrependerem do pecado, crer no evangelho e servirem ao Senhor”.[1]
2. A natureza da regeneração
A regeneração é tão misteriosa quanto o vento. Não sabemos de onde vem, nem para onde vai (Jo 3.8). Além disso, não podemos observar a regeneração, podemos apenas observar a manifestação dos efeitos produzidos na vida dos eleitos de Deus. No entanto, com base no ensino bíblico, podemos fazer algumas afirmações importantes sobre a natureza da regeneração:
- É uma transformação instantânea. A regeneração é imediata, ao contrário da santificação, que é um processo contínuo que dura toda a vida do crente. Em Efésios 2.5, a regeneração é descrita como uma mudança da morte para a vida. Não existe meio termo entre a morte e a vida. Ou a pessoa está morta, ou está viva.
- É uma transformação sobrenatural que Deus realiza no crente.Repare que a regeneração não é apenas uma melhoria moral ou uma melhoria social, mas uma mudança sobrenatural. O regenerado não se torna uma “pessoa boa”, ele se torna uma nova criatura. É claro que a santificação que acompanha a regeneração tem efeitos éticos na vida do regenerado, mas a regeneração vai muito além disso. Ela não se refere somente a uma mudança de comportamento, mas a uma mudança em nosso relacionamento com Deus.
- É uma mudança radical, não superficial. A regeneração atinge a essência da natureza humana.
a) A regeneração é a concessão de vida espiritual. É na regeneração que o pecador morto em seus delitos torna-se espiritualmente vivo e é feita a sua reconciliação com Deus.
b) A regeneração é uma mudança que afeta a vida toda. Não se trata de uma mudança apenas intelectual, mas de uma mudança que atinge o intelecto, a vontade e as emoções. A Escritura fala que a pessoa regenerada tem um coração novo, isto é, uma vida nova.
3. A regeneração e as outras doutrinas bíblicas
- É uma transformação instantânea. A regeneração é imediata, ao contrário da santificação, que é um processo contínuo que dura toda a vida do crente. Em Efésios 2.5, a regeneração é descrita como uma mudança da morte para a vida. Não existe meio termo entre a morte e a vida. Ou a pessoa está morta, ou está viva.
- É uma transformação sobrenatural que Deus realiza no crente.Repare que a regeneração não é apenas uma melhoria moral ou uma melhoria social, mas uma mudança sobrenatural. O regenerado não se torna uma “pessoa boa”, ele se torna uma nova criatura. É claro que a santificação que acompanha a regeneração tem efeitos éticos na vida do regenerado, mas a regeneração vai muito além disso. Ela não se refere somente a uma mudança de comportamento, mas a uma mudança em nosso relacionamento com Deus.
- É uma mudança radical, não superficial. A regeneração atinge a essência da natureza humana.
Fazendo o estudo de um dos elementos da salvação pela perspectiva da ordo salutis, é muito proveitoso verificarmos a relação da regeneração com outras doutrinas bíblicas ligadas à salvação.
a) Regeneração e conversão. A regeneração resulta na conversão (fé e arrependimento). Podemos dizer que a conversão é a evidência externa de que uma pessoa foi regenerada.
Veja, por exemplo, o que a Escritura diz a respeito da conversão de Lídia: “Certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia”. O autor do livro de Provérbios diz: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). O coração, na Escritura, designa o centro de todas as atividades humanas. Ele é a fonte das experiências mentais e espirituais. Por isso, quando Lucas, em Atos 16.14, diz que Deus abriu o coração de Lídia, entendemos que ele está descrevendo a regeneração realizada por Deus nesta mulher para que ela entendesse o que Paulo estava dizendo e pudesse se apropriar disso pela fé.
Esta resposta do pecador ao chamado eficaz é o que chamamos de conversão. Como já foi dito quando estudamos a ordo salutis (veja lição 4), chamado eficaz, regeneração e conversão ocorrem simultaneamente. Não há um intervalo entre a concessão de cada uma destas bênçãos espirituais. Todas elas são simultaneamente concedidas pela graça de Deus na grande bênção da salvação. No entanto, pela lógica, a obra regeneradora de Deus precede a conversão, já que ninguém pode expressar fé e arrependimento se estiver espiritualmente morto.
b) Regeneração e santificação. Somos santificados imediatamente no momento em que somos salvos. No entanto, essa bênção da santificação que recebemos no momento da conversão tem de ser desenvolvida ao longo de nossa jornada cristã. Portanto, neste sentido, podemos dizer que a regeneração é o começo da santificação. A regeneração nos conduz a uma vida de progresso em santificação e obediência. Precisa ser observado que, embora a regeneração seja pessoal, os redimidos formam um corpo, a família da fé. Isso faz com que nossa regeneração tenha implicações sociais dentro do corpo de Cristo. Pedro ensina: “Amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados” (1Pe 1.22-23). O corpo de regenerados, que é a igreja, precisa desenvolver sua santificação.
c) Regeneração e batismo. O batismo não faz parte da ordo salutis. No entanto, o fato de algumas denominações, como a Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, ensinarem a regeneração batismal faz com que seja oportuno verificarmos, aqui, a legitimidade desta doutrina à luz da Bíblia. A doutrina da regeneração batismal diz que a pessoa é regenerada pelo batismo. De acordo com o ensinamento católico, a bênção simbolizada no batismo é concedida ex opere operato (isto é, em virtude da ação externa), sem necessidade de qualquer ação, devoção, piedade ou fé ou qualquer outra preparação da parte daquele que o recebe.
O Concílio de Trento, ao tratar deste assunto, afirmou o seguinte: Cânone 6: “Quem quer que diga que os sacramentos da nova lei não contêm a graça que significam ou não conferem graça aos que não se lhe opõem obstáculo, como se fossem meros sinais… seja anátema”. E Cânone 8: “Se alguém disser que os sacramentos da nova lei não lhes conferem graça ex opere operato, mas que a fé somente, na promessa divina, é suficiente para se obter graça, seja anátema”. Ora, o batismo não é um meio de regeneração. Toda a obra da salvação, incluindo todos os seus elementos, é uma obra da graça de Deus. Estudaremos os sacramentos daqui a dois trimestres. No entanto, o que já foi estudado até aqui sobre a salvação nos permite afirmar com a máxima segurança que o batismo não salva ninguém e não tem nenhuma eficácia regeneradora. A salvação é sempre pela graça de Deus mediante a fé.
Conclusão
Os cristãos não são apenas pessoas boas, são pessoas novas, regeneradas, são novas criaturas em Cristo Jesus. A regeneração atinge em cheio nossa natureza humana caída e a transforma de tal modo que passamos da morte para a vida, de um estado de hostilidade contra Deus para um estado de paz com Deus. Essa transformação causada pelo novo nascimento tem implicações permanentes em toda a vida cristã, permitindo-nos receber pela fé a oferta da salvação e nos conduzindo a uma vida de santidade.
Aplicação
Embora não possamos ver a regeneração, podemos ver os efeitos que ela produz na vida do regenerado. Em 1 João, encontramos várias evidências práticas que podem ser observadas na vida dos regenerados. O que essas evidências têm a ver com a santificação? É possível tornar essas evidências bem nítidas em sua vida? O que você precisa fazer para que elas sejam bem realçadas?
[1] Salvos pela graça, Anthony Hoekema, Cultura Cristã, p. 100.
>> Autor: Vagner Barbosa
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã. Usado com permissão.
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TODOS PODEM FAZER MISSÕES
Texto básico: Colossenses 4.2-6
Texto devocional: Salmo 67.1-7
Versículo-chave:
“Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus” (At 20.24).
Alvo da lição:
Ao estudar esta lição, você terá condições de entender que todos são chamados para testemunhar de Cristo, sendo despertado a começar na própria família e contribuir com seus conhecimentos e habilidade profissional em projetos e expedições missionárias.
Leia a Bíblia diariamente
SEG – Mt 5.13-16
TER – At 11.19-24
QUA – Rm 10.12-15
QUI – Rm 9.19-28
SEX – Jz 6.11-24
SÁB – 2Co 4.1-10
DOM – Jz 24.14-25
INTRODUÇÃO
Você já pensou em ser missionário? Se você não pensou, saiba que Deus tem planos missionários em sua vida. Pode ser onde você está. Pode ser do outro lado do mundo. O lugar é com Ele. A sua parte é ter o coração pronto para obedecer. Vamos ouvir a voz de Deus?
I – FAÇA MISSÕES SEM SAIR DE CASA
Quando entendemos nosso papel de testemunhas, começamos a perceber as muitas oportunidades que temos para servir ao Senhor. “Aproveitai as oportunidades” (Cl 4.5).
1. Minha casa, meu campo
As pessoas em seu lar também precisam da salvação em Jesus. Mesmo que tenham nascido em um lar cristão, precisam ser evangelizadas para caminhar com o Senhor, e você tem o privilégio de aproximá-las cada vez mais do Pai.
a. Preparando
Você já pensou em preparar seus filhos para o campo missionário? Você pode plantar no coração deles o amor por missões desde pequenos, contando histórias missionárias, compartilhando a realidade dos povos sem Jesus e sem a palavra de Deus, contribuindo com missões. Em nossos dias temos acesso a excelentes livros com biografias e histórias missionárias contadas para o público infanto-juvenil. Você pode montar um cantinho especial em sua casa, o “cantinho da oração”. Coloque um mapa do mundo com os países e marque o nome dos missionários nos locais onde atuam. Seus pés podem nunca pisar em outro país, mas você pode alcançar o mundo com seus joelhos, em oração. Orem como família, juntos; escrevam cartas aos missionários; estimule seus filhos a que escrevam para crianças da mesma idade. Não se esqueça de orar pelos amiguinhos de seus filhos, que são o campo missionário deles. Coloque países, autoridades, famílias aos pés do Senhor. Clame a Deus por misericórdia. Alcance pessoas e nações do sofá da sua sala. Faça missões!
b. Recebendo
Todo missionário tem um período de visita às igrejas. Ofereça hospedagem, chame para uma refeição. Você pode abençoar muito a família missionária, e sua família será grandemente abençoada também. É comum os missionários voltarem do campo esgotados e cansados, precisando de amigos, refúgio, cuidados e férias de verdade. Os que têm filhos precisam de tempo como casal. Enfim, os missionários têm necessidades como todas as pessoas e, quando estão fora do campo, precisam recarregar as forças emocionais e físicas, e renovar a visão. Aproxime-se, seja sensível. Abra seu coração e sua casa para acolher os que têm dado a vida no campo missionário.
c. Suprindo
Procure conhecer as reais necessidades. Temos a ideia de que missionários só precisam de dinheiro. O sustento financeiro é importante, mas não é tudo. Muitos precisam de palavras de encorajamento, cartas, bons livros, bons louvores e, com certeza, de oração. Você e sua família podem fazer muita diferença na vida de missionários e respectivas famílias.
2. Minha casa, casa de Deus
Na igreja primitiva, os cristãos entendiam que tudo o que tinham, inclusive as casas, era para serviço ao Senhor. Os lares estavam sempre abertos para oração, comunhão e refeições. (At 2.42-47). A sua casa pode ser um local de refúgio para os vizinhos angustiados e corações abatidos. Você pode abençoar muitos com estudos bíblicos, em pequenos grupos. Gastamos muito tempo cuidando de coisas, mas o Senhor nos chama para cuidar de pessoas. Por isso é preciso planejar, separar tempo, convidar pessoas e investir em relacionamentos. Não precisa ser nada muito elaborado e nem caro. O objetivo é desenvolver relacionamentos e estar aberto ao que Deus quer fazer. Faça um bolo e chame algumas vizinhas para um chá à tarde, leia um texto bíblico, compartilhe sua fé; ouça os outros. Busque as pessoas. Quando a igreja primitiva tinha a casa aberta, “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que indo sendo salvos” (At 2.47).
3. Minha casa, minha vida, meu tudo
Para abordar as necessidades do campo missionário, oferece-se ao cristão uma escolha entre três opções: orar, ir ou contribuir. Mas a Bíblia não coloca essa divisão; somos chamados a fazer as três coisas, e uma não exclui as outras! Se o nosso coração estiver em missões, nossos joelhos estarão dobrados, nosso testemunho alcançará pessoas e nosso bolso estará investindo no que é eterno! (Mt 6.19-21)
a. Sobras para o Senhor?
Nossa cultura tem o costume de dar para missões aquilo que não serve mais. Com muita tristeza, missionários recebem roupas rasgadas e completamente fora de moda, medicamentos vencidos, brinquedos quebrados, livros rasgados e por aí afora. A obra missionária não deve ser feita com nossos restos, mas com aquilo que revela o amor do Pai. Em 1Crônicas 21.23-34, Davi se recusa a dar ao Senhor algo que não lhe custasse nada. Ele queria pagar o preço, investir! Davi era generoso com as coisas de Deus, e o povo seguiu seu exemplo, dando voluntariamente e liberalmente ao Senhor (2Cr 29.9).
b. Dar é melhor que receber (At 20.35)
Esse não é o estilo de vida do mundo, mas é o ensino do Senhor. É uma questão de mordomia: tudo o que temos vem de Deus e deve ser usado para Sua glória! Só aprendemos que dar é melhor quando começamos a dar, a dividir, a ofertar. Experimente e veja o resultado!
Já tinha parado para pensar que missões começa em casa? Consegue abrir as portas de sua casa para servir os que estão servindo o Senhor nos confins da terra?
II – EXPEDIÇÕES MISSIONÁRIAS
O modelo de missões hoje é o de Missão Integral, que vê a pessoa em todas as suas necessidades e abre portas para muitas opções de ministério. Cuidado: Ação Social não é um pretexto para se pregar o Evangelho! Em muitos casos, a própria pregação do Evangelho é a maneira de dizer “Deus te ama tanto que quer te ajudar a viver melhor, diminuir teu sofrimento”. Jesus nunca disse ‘Deus te abençoe’ e foi embora. Ele curou os enfermos, libertou os possessos, curou os aflitos, tratou suas dores (Lc 6.17-19). Ele nos deixou o exemplo a seguir (1Pe 2.21). Entre ser missionário de tempo integral ou ficar na igreja, existe um leque de opções na obra missionária.
1. Missões de curto prazo
São expedições missionárias que contam com voluntários cristãos disponíveis em períodos de uma semana a um mês, como férias, por exemplo. Os voluntários se inscrevem e são orientados quanto às tarefas que poderão executar. Esse modelo de missões geralmente é um trabalho de impacto, em que se concentra muita atividade em pouco tempo, e deve ter a retaguarda de uma igreja para o acompanhamento dos convertidos e discipulado.
a. Os prerrequisitos
Além do compromisso com o Senhor, alguns requisitos são necessários. O voluntário ou missionário estarão em culturas diferentes (mesmo dentro do seu país). É preciso ter disposição para se adaptar ao clima, à alimentação, às condições de hospedagem, ao ritmo de trabalho, às estratégias de evangelismo. É importante verificar os cuidados de saúde para a região aonde vai, como vacinas, por exemplo. É necessário respeitar a realidade que encontramos; não diminuir as pessoas; não fazer piadas com as diferenças entre seu contexto e o do outro; estar disposto a demonstrar amor, apesar das diferenças!
b. As expectativas
O perfil dos voluntários em missões de curto prazo é bem variável. Apesar de todas as orientações, não é raro encontrar aqueles que chegam mais interessados em conhecer novos lugares do que pregar o evangelho. Outros acham que é algo como retiro da igreja, acampamento. Outros ainda acham que são algum tipo de super-herói cristão, um Indiana Jones missionário. As motivações podem ser diferentes, mas é certo que Deus trabalha em todos os lados: nas pessoas que recebem a atenção e nas que se dispõem a servir. Em cada vida Deus tem algo pessoal a fazer, e Ele faz!
c. As limitações
É muito comum ser invadido por um sentimento de frustração frente às limitações. Temos a impressão que podemos fazer tão pouco ou quase nada, diante de tantos problemas sociais, econômicos, familiares, espirituais. Nesses momentos, levante os olhos, olhe para o Senhor e creia que Deus pode e usa o seu pouco para alcançar e abençoar o outro. O pouco aos seus olhos, colocado nas mãos do Pai, se transforma em muito.
d. As diferenças
Pode ser um grande desafio conviver e trabalhar ao lado de irmãos de outras igrejas, denominações, estados ou países. No início, as diferenças podem parecer uma barreira, mas se dermos liberdade à ação do Senhor, Ele pode nos dar o senso de unidade necessário e usar nossas diferenças a favor de Sua obra.
e. O retorno
Voltar à rotina nem sempre é fácil. Você ganha nova visão dos objetivos de vida, das bênçãos infinitas do Pai, da sua responsabilidade como cidadão e cristão. Não guarde tudo num álbum de fotos. Compartilhe o que viu, ouviu, viveu. Conte na sua casa, na igreja, conte no trabalho, na escola. Sua tarefa em favor das pessoas que conheceu não terminou!
f. Os frutos
Gostamos de números, queremos ver mãos levantadas. Mas os frutos competem ao Senhor; a nossa parte é lançar a semente. Muitas vezes Ele nos deixa ver alguns frutos para não desanimarmos. Um planta, um rega, outro colhe, mas o crescimento vem de Deus! (1Co 3.6-7)
2. Profissionais e missões
Existe uma grande carência de profissionais que possam, por meio da profissão, demonstrar o grande amor do Senhor, cuidando do corpo, da mente e da qualidade de vida das pessoas. Em muitos países fechados à entrada de missionários, os profissionais cristãos são instrumentos preciosos.
a. Assistência direta
Acontece quando a ação do profissional cristão atende a uma necessidade específica e pessoal, por exemplo: assistência médica, dentária, emissão de documentos, advocacia de pequenas causas, construção de casas, alfabetização, reforço escolar e tantas outras.
b. Assistência indireta/capacitação
Quando o profissional participa na capacitação da pessoa, viabilizando a oportunidade de renda ou melhor qualidade de vida, por exemplo: curso de corte e costura, manicure, cabeleireiro(a), manejos agrícolas, criação de abelhas, hortas, culinária, artesanato, inclusão digital (informática) e outras.
c. A diferença
Assistência social por si só não é evangelismo. Muitas ONGs e entidades humanitárias fazem uma boa assistência social. A diferença na ação cristã é que além da ação tem a evangelização. O cristão não apenas atende as pessoas com amor (chama as pessoas pelo nome, olha nos olhos, senta-se junto, interessa-se, relaciona-se, etc.), mas também anuncia que Cristo morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3-4).
d. Um exemplo
Em Asas de Socorro, montamos equipes com profissionais de saúde voluntários e cristãos de todas as partes do Brasil. Eles saem de sua cidade e chegam a uma de nossas bases na Região Norte. Com barco ou avião, as equipes chegam às comunidades ribeirinhas ou indígenas, isoladas e carentes. Montamos consultórios médicos, dentários e farmácia. Realizamos consultas e atividades de educação em saúde. A infraestrutura é simples: dormimos em redes, tomamos banho em rio, comemos na comunidade. Durante o atendimento, evangelistas trabalham com crianças a adultos e, às noites, temos cultos evangelísticos. O testemunho dos profissionais fala alto, pois deixam seu conforto e trabalham duro, sem ganhar dinheiro. Voltam cansados, mas muito animados com o que viveram e receberam do Senhor.
e. Opções
A MEAP (Missão Evangélica de Assistência aos Pescadores) é outra missão que trabalha com voluntários em saúde, assim como o Barco Luz do Tietê (em SP). Muitas igrejas locais têm promovido dias especiais de atendimento, nos quais profissionais da igreja se mobilizam para atender às comunidades onde estão inseridos.
Outros ministérios funcionam como braços da igreja, atendendo a grupos específicos de pessoas, como: Mocidade Para Cristo, ABU (Aliança Bíblica Universitária), Mães que Oram, Sopão, Capelania Hospitalar, ações em presídios, e outros. Em situações de desastres naturais, como enchentes e desabamentos, a mobilização da igreja tem feito muita diferença.
Temos muitas opções e muito que fazer. Pedimos que o Senhor mande trabalhadores para a Sua seara (Lc 0.2). Você está disposto a ir e fazer?
CONCLUSÃO
Deus procura corações obedientes e dispostos a ficar em Suas mãos. Os grandes movimentos missionários começaram com poucas pessoas, pequenos grupos reunidos em oração, que tinham em comum o desejo de cumprir a vontade do Pai. Faça o que está ao seu alcance. Comece em sua casa. Mantenha o coração disponível ao Senhor. Dê passos, busque envolver-se. Você verá as maravilhas do Senhor! Não há privilégio maior!
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã. Usado com permissão.
TODOS PODEM FAZER MISSÕES
SEG – Mt 5.13-16
TER – At 11.19-24
QUA – Rm 10.12-15
QUI – Rm 9.19-28
SEX – Jz 6.11-24
SÁB – 2Co 4.1-10
DOM – Jz 24.14-25
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19 razões para irmos à igreja!
1. POR CAUSA DA SALVAÇÃO – Antes de sermos salvos andávamos “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2), gozando de tudo o que há no mundo: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (I João 2:16). Agradar a Deus nos era impossível (Rm 8:8) e, mesmo que o fosse, não era o nosso desejo agradá-lo (João 5:40). A igreja verdadeira é o último lugar onde o pecador quer se achar, porque lá se prega a Palavra de Deus que é, para o homem, loucura (I Cor 1:23). O homem natural apenas participa da religião para ter o seu orgulho engrandecido como os fariseus (Lc 18:11,12). MAS, depois da salvação, regenerado, ele passa a ter uma nova natureza (II Cor 5:17) que se renova para o conhecimento segundo a imagem daquele que o criou (Cl. 3:10). O desejo desse novo Cristão, assim como o dos mais antigos da Bíblia é: “quanto mais conhecimento da Palavra de Deus e de Cristo, melhor!” Vamos já à igreja! Com a nova natureza a igreja tornou-se sinônimo de benção. Em contrapartida, a velha vida entre os amigos do mundo tornou-se antônimo de benção (Sl 84:10). Se você não tiver o desejo de ir à igreja do Deus vivo para crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Pedro 3:18), há um problema sério e espiritual na sua alma. Talvez você necessite da obra graciosa efetuada pela salvação. Se esta for a tua necessidade, saiba que Deus manda o pecador a se arrepender dos seus pecados e crer em Cristo Jesus, o único salvador dos pecadores (I Pedro 3:18). Se você já tem o desejo de congregar com o povo de Deus e crescer na graça e no conhecimento de Cristo, então, venha cumprir o desejo do teu coração junto a pessoas que professem a mesma fé e ordem. Faça isso, venha à igreja!
2. POR QUE DEUS MANDA OS SEUS IREM À IGREJA – Os salvos têm uma marca distintiva: obediência. Sim, a salvação se prova pela obediência (I João 2:3-5). Os que amam o Senhor, devem guardar os seus mandamentos (João 14:15; 15:14). Quem é ovelha de Jesus ouve a voz do seu pastor e O segue (João 10:27). A salvação faz que o crente tenha algumas características distintivas e quem as tem andam em “novidade de vida” (Rm 6:4). Os que se tornaram novas criaturas estão se conformando à imagem de Cristo (Rm 8:29). Lembremo-nos que Cristo foi obediente em tudo (João 17:4; Fl. 2:8). Aqueles que estão se conformando à sua imagem, são mais e mais obedientes. (Pv. 4:18). Deus manda por princípio (Hb 10:25) e por exemplo (João 20:19,26) que os seus não deixem a sua congregação. Esses mandamentos por princípio e pelos bons exemplos de Cristo são boas razões para que aqueles que querem agradar a Deus venham à igreja. De outra maneira, a pergunta é: “Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lc 6:46).
3. PARA PARTICIPAR EM ADORAÇÃO PÚBLICA – Os que são salvos têm a distinção de gostar de estar aonde o Senhor determinou a Sua adoração (Sl 84:1-10). A igreja é justamente aquele lugar que Deus instituiu para publicamente ajuntar os Seus em Teu nome para O adorar. Por ser o Seu corpo (Ef 1:23; Cl 1:18) a igreja é visível, pública, presente não em figura mas em verdade. Se Deus revela Seu corpo pela igreja, os que estão em Cristo estarão nela para O adorar (João 10:27, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e elas me seguem”). Indo à igreja é uma oportunidade especial para o povo de Deus. É tempo para pausar e refletir no que é eterno e celestial. É uma oportunidade sem igual de alimentar a alma e refrescar o ânimo espiritual pela comunhão da Palavra de Deus (Sl 19:7-11). Talvez por essas razões Davi cantou que entrar no templo era uma ação tão abençoada (Sl 122:1). A adoração pública é uma forte testemunha diante dos que estão fora. Quando alguém deixa as conveniências do lar e da vida para participar no que glorifica o Senhor Deus, as suas prioridades estão manifestas publicamente. Cristo falou aos discípulos que o Espírito Santo faria eles testemunhas (Atos 1:8). De certo, indo à igreja para participar em adoração pública faz que testemunhemos da diferença que a salvação efetuou em nós. Devemos entender que os cultos na igreja são para adoração pública e nada mais. É lugar de cantar louvores espirituais e reverentes (Cl 3:16), ouvir a Palavra pregada (Atos 2), observar as ordenanças (Mt. 28:19-20), trazer as nossas ofertas (I Cor 16:1,2) e de orar juntos com o Teu povo. Não é lugar do comércio religioso (Mt. 21:13), das brincadeiras ou dos trabalhos sociais (Habacuque 2:20). Deus quer ser adorado em espírito e em verdade e nada é mais lógico do que O adorar no lugar dedicado pelo Teu Espírito (Atos 2) e onde Deus, pelo Espírito Santo, ministra a Palavra de Deus (João 15:26). Adorar Deus publicamente como Ele quer, é uma boa razão vir à igreja.
4. SEGUIR O EXEMPLO DE CRISTO – Cristo tinha o costume de ir a sinagoga (Luc 4:16) e Ele é o nosso exemplo (I Pe 2:21; Hebreus 12:1,2). Sem dúvida Cristo foi à sinagoga para cumprir a Lei de Moisés. Se a justiça de Deus pela Lei de Moisés ensinava o Seu povo a O adorar publicamente no lugar que Deus tinha estabelecido, será que os de Deus hoje, que conhecem a Sua graça por Jesus Cristo, devem fazer menos? Os discípulos não estavam sob a lei e eles reuniram se no primeiro dia da semana e isso depois que Cristo ressuscitou (Mt. 28:1,18-20; João 20:19, 26; Atos 20:7; I Cor 16:2). O apóstolo João chamou este dia, “o dia do Senhor’ (Ap. 1:10) como uma identificação especial entre os outros dias, sendo este o dia em que Jesus ressuscitou e em qual Ele reuniu com Seus discípulos (Gill). Se não havia outra razão de vir a igreja no primeiro dia da semana senão a razão de seguir o exemplo de Cristo na primeira igreja primitiva, temos razão suficiente de reunirmos. Cultuar o Senhor Deus na assembléia dos santos como o exemplo que Cristo nos deu é boa razão virmos a igreja.
5. OUVIR A PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS – A instrução para o Filho de Deus é “desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo” (I Pe 2:2). O Cristão não está sozinho na sua busca deste leite racional pois Deus colocou na igreja pastores e doutores (professores) justamente para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, para que os membros não sejam mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente (Ef 4:11-14). Aquele que vai à igreja para ouvir a Palavra de Deus está obedecendo a Deus para seu próprio crescimento espiritual. Tendo Deus colocado Seus homens na igreja para apascentar o rebanho (Atos 20:28), os que arrebanham receberão o cuidado e a alimentação que Deus particularmente preparou para eles por Seus servos. Deve ser uma benção maravilhosa comer da Palavra que Deus preparou exatamente para suprir o que cada ovelha necessita no Seu aprisco (igreja). Aproveite constantemente desta benção vindo à igreja!
6. PARA TER APERFEIÇOAMENTO ESPIRITUAL PESSOAL – A instituição eclesiástica, que tem como fundador o Senhor Jesus Cristo, tem o propósito de aperfeiçoar os santos (Ef 4:12,13). Este aperfeiçoamento não é físico, financeiro, emocional, psicológico ou profissional mas espiritual, santo e celestial pelo ensino doutrinário (Ef 4:13; João 17:17; 18:36). Pela instrução da Palavra de Deus o crente é feito perfeito e é perfeitamente instruído para toda a boa obra (II Tm 3:17). Só pode ser aprovado a Deus aquele que maneja bem a palavra da verdade (II Tm 2:15). É a igreja que foi instituída justamente para ensinar essa Palavra (“sobre esta pedra”, Mt. 16:18; “que pregues a palavra”, II Tm 4:2). A pessoa que participa sempre na sua igreja que maneja bem a palavra é edificada e aperfeiçoada espiritualmente e assim preparada para toda a boa obra. Não é essa uma boa razão para vir a igreja?
7. PARA SER UM EXEMPLO AOS OUTROS – Mt. 5:13-16. O desejo eterno de Deus é ser glorificado em tudo (Is 42:8; Rm 11:36). Não deve ser surpresa que na salvação o crente torna ser representado como aquele que preserva (“o sal da terra”), ilumina (“a luz do mundo”) e que é impossível esconder (“uma cidade edificada sobre um monte”). O propósito dessa testemunha pública é para que os homens “vejam as vossas boas obras e glorificam a vosso Pai, que está nos céus” (Mt. 5:13-16). Pouco antes de Cristo voltar fisicamente para o céu Ele prometeu o Espírito Santo aos Seus. Pela virtude do Espírito os seus discípulos seriam testemunhas (Atos 1:8). Serão testemunhas dEle! Esta testemunha é conseguida pela nossa obediência à Palavra de Deus. É fato: vindo à igreja somos testemunhas públicas. O mundo precisa de tal prova. O coração natural do homem não busca Deus, mas pelo bom exemplo da nossa vida pregamos Cristo ao ponto que a testemunha que somos julga os rebeldes no último dia (I Pe 4:3-7). A nossa vinda à igreja prega!. Se outras atividades tiverem preeminência sobre a freqüência na igreja, o que é que estaremos dizendo da importância da obediência pública da Palavra de Deus? Também, se andemos com os que amam a igreja, o nosso próprio andar e testemunha serão afetadas (Pv. 13:20). Quando consideremos que o que fazemos no corpo prega o que cremos no coração e todo aquele que dizer pela boca (Mt. 7:21-27), temos bons motivos para virmos à igreja.
8. PARA TER CONFRATERNIDADE COM CRISTO – Sendo que Cristo é o cabeça da Sua igreja (Efés 5:23; Col 1:18) nada é mais lógico que o cabeça esteja junto com o seu próprio corpo. Vindo à igreja é mais do que ir a um clube cristão ou participar em um programa virtuoso. O próprio Cristo realmente anda no meio das Suas igrejas (Ap 1:12-16). Pela frequência obediente em amor na igreja, o membro pode ter uma confraternidade maior com o próprio Cristo. Pela obra obediente dos irmãos na igreja, Deus recebe a glória por Cristo que Ele almeja (Ef 3:21). Quando amamos o lugar aonde permanece a tua glória estamos identificados com o povo que agradava Deus no passado (Sl 26:8; 84:10; 122:1) e que O agradará no futuro (Ap 5:12). A promessa de Cristo é estar no meio de dois ou três que estejam reunidos no Seu nome (Mt. 18:20). Pode pensar em outro lugar mais abençoado para gastar suas horas do que aquele lugar onde tem confraternidade com o próprio Cristo? Tal união fraterna é uma boa razão de vir à igreja.
9. PARA TER UM DIA DIFERENTE DOS DEMAIS – a Lei de Moisés representa os desejos eternos do Deus divino. O espírito da Lei representa os princípios eternos divinos. Desde a criação do mundo Deus deseja ser glorificado pela Sua criação. O homem tornou-se pecador e, para facilitar que o homem encarasse a impiedade do seu pecado, a Lei foi dada (Rm 5:20, “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse”; 7:13, “a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.”). É estipulada, pela Lei de Moisés, um dia exclusivamente “do SENHOR” (Êxodo 20:8-11). Para deleitar-se no Senhor, na Lei, aquele que desejava dar glória ao SENHOR pela obediência, deveria abster de tudo que era comum neste dia especial (Isaías 58:13,14). O homem é tão cheio de si e preocupado em seus próprios fazeres que se não tivesse um dia estipulado para ser diferente, ele si mataria “gozando” da sua vida vã. Quando o crente diferencia um dia especialmente para o SENHOR ele faz bem para seu corpo, sua mente e para todos os aspectos da sua vida. Ele também dá glória ao SENHOR. Será que tudo isso é somente coincidência? Hoje, o Cristão não está mais sob a lei, mas é responsável para observar os eternos princípios do espírito da Lei de Deus em Cristo (Rm 7:6, “para que sirvamos em novidade de espírito”). Quando Cristo ressuscitou, Ele, Quem é maior do que a Lei, estipulou, pelo Seu exemplo, um novo dia para ajuntar e adorar o SENHOR publicamente – O Primeiro Dia da Semana. Neste dia foi consagrado pela prática dos que O seguiam (João 20:19;26; Atos 20:7; I Cor 16:2). Se olharmos bem a nossa vida, precisamos mesmo deste dia diferente que Deus deseja termos. Participando em todos os cultos da igreja, fazemos este dia diferente. Participando em todos os cultos da igreja conhecemos as bênçãos à nossa vida que podem ser proporcionadas por Cristo. É muito para glorificar o SENHOR e para fazer bem ao nosso corpo, a nossa mente e vida? De fato, precisamos deste dia diferente dos demais, e Deus é glorificado por tal obediência. Para ter um dia gloriosamente diferente dos demais é uma boa razão para virmos a igreja.
10. PARA CONSIDERAR E ESTIMULAR OS OUTROS – Por estarmos em Cristo, temos uma vida nova que zela para a glória de Deus. Temos privilégios novos para com Deus também. Um destes privilégios é poder chegar confiante na presença do Senhor durante a nossa vida aqui na terra (Hb 10:19-22). Um outro privilégio e responsabilidade é considerar e estimular os outros crentes a participarem mais e mais “ao amor e às boas obras” (Hb 10:24,25). A palavra ‘considerar’ significa: perceber, comentar, observar ou entender. Essa palavra carrega com ela o sentido de observar atentamente com os olhos ou a mente fixada em algo (Strong’s, #2657). A palavra ‘estimular’ significa: incitar, até a possibilidade de ser uma irritação (Strong’s #3948). A intenção de considerar e estimular os outros é de produzir o bem e o útil (Pv 27:17). Varias vezes isso acontece pela Bíblia (o Senhor a Josué – Josué 1:1-8; Paulo à igreja – I Tes 3:3; Tito aos irmãos – Tito 3:1,2; Tiago aos irmãos – Tiago 1:2; Pedro aos irmãos – I Pe 4:12,13) e deve acontecer entre os irmãos ainda hoje também. Cada um de nós precisa de um estímulo pelos que olham em amor por nós. O lugar apropriado para considerar e estimular um ao outro é “a nossa congregação” – juntos na igreja. Se você quer que a sua vida esteja estimulada para o bem, e se quer ajudar um outro a ter uma vida mais frutífera, você tem uma boa razão para vir participar nos cultos da igreja.
11. PORQUE A IGREJA É A ÚNICA ORGANIZAÇÃO INSTITUÍDA COM O PROPÓSITO ESPECÍFICO DE DAR A DEUS TODA A GLÓRIA – Tudo na vida (O Lar, o governo, o comércio, a escola, etc.) tem a sua preocupação. O propósito primordial da igreja é a glória a Deus por Cristo (Ef. 3:14-21, v. 21, “a esse glória na igreja”). Essa organização é única. Ela não pode ser substituída por uma organização boa, por um homem ‘santo’ ou por uma atividade cristã qualquer. Deus recebe a glória desejada em Cristo pela igreja de uma maneira especial e diferenciada das outras atividades gloriosas dEle. A igreja que Cristo instituiu não é uma denominação, uma religião, uma fraternidade, um clube cristão, um acampamento ou uma programação na TV. A igreja é o ajuntamento bíblico dos teus eleitos que são separados biblicamente em um local específico para obedecerem a Palavra de Deus publicamente. Por ser um ajuntamento de pessoas é uma organização local e visível. Importa a Deus que a obediência a Ele seja feita somente conforme o Seu mandar (Is 8:20). Qualquer outra maneira é imprudência (II Sm 6:1-9). Quando participamos em obediência fiel “na igreja” estamos submetendo-nos à maneira, à doutrina e à pratica que Deus estabeleceu, instituiu, designou, organizou e autorizou. Pela a igreja ser mantida pelo poder divino, ela está continuando para a Sua glória ainda hoje (Mt. 16:18, “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”). Ser parte ativa dessa organização é uma boa razão para o Cristão vir a igreja!
12. PORQUE A IGREJA É A ÚNICA ORGANIZAÇÃO ETERNA NA TERRA – Existem outras instituições na terra além da igreja (lar, governo, escola). Porém, não existem outras organizações terrenas que vão existir no céu como o ajuntamento verdadeiro. A igreja é uma instituição que começou na mente de Deus, veio à terra por Cristo e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mat. 16:18). Cristo voltará para seu povo e para sempre estará com o ajuntamento dele no céu (I Tes 4:17; Hebreus 12:22,23). A igreja funciona conforme o eterno propósito que Deus fez em Cristo Jesus para que Ele tenha toda a glória em todas as gerações para todo o sempre (Ef. 3:10,11,21; Hb 3:4). Essa organização divina opera com ordem e planejamento. A igreja dEle não foi um acidente mas foi programada e planejada a ter características distintas, a declarar uma mensagem única e a praticar ordenanças específicas. Tudo o que Jesus ordenou na igreja deve ser administrado com exatidão para redundar para a Sua eterna glória. O passado da igreja é Cristo; o presente dela é pela Sua graça e o seu futuro é glorioso, pois estará com Cristo para sempre (Ef. 5:25-27). Os que participam biblicamente nesse ajuntamento que Cristo instituiu participam de uma instituição gloriosa. Servindo e adorando a Deus pela igreja guardamos galardões eternos para gozarmos para sempre no céu. Não há outra instituição eterna igual a essa na terra. Pela igreja ser uma organização eterna temos hoje razões gloriosas para vir a igreja!
13. PORQUE A IGREJA É A MAIS ALTA INSTITUIÇÃO COM O MAIOR CONHECIMENTO NO UNIVERSO – Efés. 3:8 mostra a superioridade do Evangelho. A natureza do Evangelho que pregamos é: as riquezas incompreensíveis de Cristo. Ef. 3:9 estipula que a mensagem de Cristo é “a dispensação do mistério”. Ainda em Ef. 3:10 é revelado o que é ensinado pelo Evangelho: a multiforme sabedoria de Deus. Não existe outro lugar no mundo onde tais assuntos estão honestamente tratados senão na igreja. A igreja tem os ofícios equipados particularmente para tratar desta mensagem da multiforme sabedoria de Deus (Ef 4:11-12). A multiforme sabedoria de Deus é a coleção total das variedades de todo o conhecimento de Deus. O Evangelho tem riquezas incompreensíveis (Ef. 3:8), quais são insondáveis, inescrutáveis, profundas (Rm. 11:33) e é segundo toda a vontade de Deus (Ef. 1:11). Pelo ministério da Palavra de Deus pela igreja, essa multiforme sabedoria é conhecida ao mundo todo e aos principados e potestades nos céus (Ef. 3:10). A multiforme sabedoria de Deus é resumida em uma pessoa: Jesus Cristo (Ef. 3:11). É a igreja verdadeira que tem a comissão de ensinar tais assuntos. Não é a responsabilidade de uma escola secular ou religiosa, uma creche ou uma organização cristã qualquer. Pela igreja ser o lugar onde tal Evangelho é proclamado e ensinado, temos gloriosas razões para virmos a igreja.
14. PORQUE A IGREJA É O CORPO DE CRISTO – Ef. 1:22,23. Cristo é o cabeça do Seu ajuntamento: a Sua igreja. Sendo assim a igreja não é uma organização humana. Há organizações fundadas pelos religiosos no mundo, mas a igreja verdadeira não é uma delas. A sede da igreja não está em Roma ou Jerusalém ou outra cidade terrena. A sede da igreja verdadeira está no céu. A posição de cabeça não é vaga. A posição suprema da igreja é preenchida com o Ser Eterno – Cristo. Por ter Cristo como cabeça, a igreja tem tudo que precisa: “a plenitude dAquele que cumpre tudo em todos” (Ef 1:23). Na esfera da igreja não são necessárias invenções humanas para melhorar a propagação do Seu Evangelho; não são necessárias inspirações criativas para aperfeiçoar a sua administração; não é necessário algo proveniente da mente do homem para aprofundar a sua doutrina ou para emendar o seu ministério. Cristo é suficiente para tudo que Ele instituiu (Cl. 2:9, “Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade;”). No ajuntamento manifesta a sua “plenitude” como não é manifesta fora dele. Para que o conhecimento tenha o espírito de sabedoria e de revelação; para que os olhos do entendimento tenham iluminação; para saber a esperança e as riquezas gloriosas da nossa posição em Cristo; para que saibamos a sobre-excelente grandeza do Seu poder sobre nós em Cristo, convém que estejamos no ajuntamento correto e que sejamos submissos a Cristo, o cabeça (Ef 1:17-23). A nossa preparação para os cultos e o comportamento nosso na igreja deve ser um comportamento de reverência pois o ajuntamento é uma reunião espiritual e literal do corpo de Cristo. Pela igreja ser o corpo de Cristo temos uma boa razão de vir ao Seu ajuntamento.
15. PARA EXTERIORIZAR A NOSSA FÉ – Por não ser crentes verdadeiros todos que dizem: “Senhor Senhor”, uma manifestação além do verbal é necessária para manifestar os falsos dos cristãos verdadeiros (Mt. 7:21-23). É a obediência que faz essa manifestação (Mt. 7:21, “mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”). A fé sem as obras da obediência da Palavra de Deus é uma fé morta e é o que manifesta a diferença dos santos dos impuros (Tiago 2:17-19). É fácil falar e expressar somente a nossa fé verbalmente. Todavia, são somente os que conhecem Deus verdadeiramente que vão servir o Senhor em verdade continuamente até o fim apesar da perseguição (Ap 2:26). O mundo precisa de uma testemunha viva da fé Cristã (II Cor 4:3). Uma das maneiras de ver a fé é através a obediência fiel do Cristão verdadeiro que inclui a ação de publicamente congregar-se no ajuntamento verdadeiro que Cristo instituiu. Nessa maneira a fé verdadeira é exteriorizada diante do mundo para a glória de Deus (Mt. 5:13-16). Tal testemunha pública é uma boa razão para virmos à igreja todas as vezes que temos a oportunidade.
16. PARA VER A MAJESTADE DE CRISTO – Cristo anda no meio das suas igrejas (Ap. 1:10-17,20). Cristo é a justiça de Deus, a redenção do Seu povo, o amor de Deus revelado, a expressão do Seu julgamento, a imagem plena da divindade e a soberania de Deus encarnada (I Cor. 1:30; Cl. 2:9). Não há ninguém soberanamente exaltado por Deus como Cristo (Fl. 2:7-11). Essa majestade anda no meio das Suas igrejas. Onde o Seu povo se ajunta em conformidade aos Seus ensinamentos e ao Seu exemplo, Ele, pessoalmente, está no meio deles (Mt. 18:20; 28:20). Existem outras organizações boas no mundo (organizações filantrópicas que ajudam os orfanatos, asilos dos velhos, crianças com defeitos, etc.), e, existem outras pessoas e ocupações necessárias em nossas vidas, mas, nenhuma compara à majestade de Cristo. Por Cristo, na Sua glória, andar no meio das Suas igrejas, temos razões inumeráveis a virmos a igreja. Venha para vê-Lo pela Palavra dEle no ajuntamento dEle!
17. PARA LEMBRAR DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO – Encontrar com Cristo depois da Sua ressurreição, no primeiro dia da semana, no ajuntamento, foi algo especial para os discípulos de Cristo. Cristo ressurgiu no primeiro dia da semana (Mt. 28:1-8; Mar 2, 9; Lc. 24:1; João 20:1). O Jesus ressurrecto, no primeiro dia da semana, no mesmo dia em que Ele ressurgiu, ajuntou-se com os seus discípulos (Mt. 28:9,10; Mar 16:9,10; Lc. 24:9, 10, 33-45; João 20:9). Foi um dia de Jesus começar “por Moisés, e por todos os profetas” explicar-lhes o que dEle se achava em todas as Escrituras (Lc. 24:27,44). Foi um dia em que os olhos de entendimento dos discípulos foram abertos (Lc. 24:31, 45; João 20:20). Foi um dia em qual Cristo pregou paz aos ajuntados (Lc. 24:36; João 20:19). Foi um dia de repreensão (João 20:27-29). Foi um dia em que a igreja foi comissionada (Mt. 28:18-20; Mar 16:15; Lc. 24:46-47; João 20:21). Foi um dia de instrução de coisas futuras (Lc. 24:49). Foi um dia para os discípulos serem abençoados por Jesus (Lc. 24:50; João 20:21-23) e um dia de grande júbilo para os discípulos (Lc. 24:52). Depois destes exemplos de Jesus com Seus discípulos, a Bíblia mostra o povo de Deus ajuntando-se no primeiro dia da semana para ouvir da pregação de Cristo por Seus ministros (Atos 20:7), fazer o trabalho de amor pela igreja (I Cor. 16:1,2) e receber do Senhor a Sua mensagem (Ap. 1:10, “no dia do Senhor”). Quando nós reunimos no primeiro dia da semana, seguimos o exemplo de Cristo e o exemplo bíblico dos Seus discípulos. Foi a ressurreição de Cristo que deu início de tantas bênçãos no primeiro dia da semana. Quando ajuntarmos nesse dia, celebramos a Sua vitória sobre o pecado, a morte e o diabo. Todo Domingo celebramos a Sua Vitória. Está vendo? Temos razões gloriosas para reunirmos com júbilo todo Domingo junto com os Seus discípulos.
18. POR CAUSA DO TEMOR MERECIDO AO SENHOR – O serviço ao SENHOR é estipulado pelo próprio Deus. Ele instituiu o Seu tipo de igreja para a Sua glória (Mt. 16:18; Romanos 11:36; Ap 4:11). Por ser serviço ao SENHOR Deus, os Seus servos devem servi-lo com temor saudável (Sal. 2:11). Por não servir ao Senhor na Sua casa com temor, os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram consumidos pelo fogo (Lv 10:1-3). Por não obedecerem ao SENHOR nos sacrifícios, os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram mortos em um único dia (I Sm 2:12-17; 4:11). Por não temer corretamente o SENHOR na sua adoração, Uzá, acendeu contra si, a ira do SENHOR e foi morto (I Cron. 13:8-10). Por Ananias e Safira mentirem diante do servo do SENHOR, na casa de Deus, foram mortos por Deus (Atos 5:1-10). Houve muitos fracos e doentes em Corinto, e até alguns morreram, por não levarem a sério as ordenanças da igreja (I Cor. 11:29,30). Vir a igreja e servir ao SENHOR em temor é um dever abençoado do servo do SENHOR. Por ser do SENHOR Deus a igreja, o servo deve servir em obediência específica de um coração reto e temente a Deus que ordenou tal serviço para a Sua glória. O temor de Deus é uma boa razão para vir a igreja servir ao SENHOR.
19. POR CAUSA DO ALICERCE DELA – Mt. 16:18. Na primeira vez no Novo testamento que a palavra “igreja” foi usada, e na primeira das duas vezes que Jesus usou essa palavra, podemos achar uma boa razão para virmos a igreja. Os discípulos tinham confessados que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt. 16:16). Cristo parabenizou os discípulos pela confissão correta e disse algo além que sobre tal verdade a Sua igreja é edificada. Isso quer dizer que o alicerce da igreja é a verdade que Cristo é o Messias, o verdadeiro Filho do Deus Vivo. A igreja é composta de pessoas que fazem tal confissão de coração, ou seja, o alicerce da igreja é Cristo, a mensagem principal dos Apóstolos. A mensagem principal da igreja verdadeira é Cristo (Atos 20:21). A pedra fundamental da igreja é Cristo (Ef. 2:20). O cabeça da igreja é Cristo (Ef. 1:22). A igreja é o corpo de Cristo (Ef. 2:23). Ele deve estar em todos os membros da igreja e todos os membros da igreja devem ser nEle (Ef. 4:15,16). O ajuntamento daqueles que confessam Cristo tem o seu começo com o próprio Cristo e os discípulos (Ef. 4:11; I Cor. 12:28). Neste ajuntamento verdadeiro Cristo está exaltado como Ele não está em outras ocasiões. Pela igreja verdadeira ser a congregação daqueles que são em Cristo, e por Ele alicerçar o seu ajuntamento, os verdadeiros Cristãos têm múltiplas razões para priorizarem o ajuntamento de Cristo. Por isso estamos aqui.
Bibliografia
BÍBLIA SAGRADA, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, São Paulo, Brasil, 1/94
BUNYAN, John, The Fear of God. Soli Deo Gloria Publications, Morgan, 1999.
GILL, John, Commentary on the Whole Bible. Online Bible, Vers. 7.05b, 1998, http://www.OnlineBible.Org
ROSS, Tom, Why go to Church?. http://users.aol.com/LIBCFL
STRONG, James LL.D., S.T.D., Exhaustive Concordance of the Bible. Abingdon, Nashville, 1980
ENSINO BÍBLICO SOBRE O DIVÓRCIO
Ensino Biblico Sobre o Divoricio - R. Shedd Intro. A frequência do divórcio e o estrago nas vidas de conjuges e criancas. Bibliografia: John Williams , For Every Cause, Paternoster, 1981 Roberto Plekker, Divórcio à Luz da Bíblia, Vida Nova, 1985 Craig Hill, Casamento; Contrato ou Aliança, Bless Gráfica e Editora Ltda, Pompeia, SP, 1999 4o edição. Aldo Ferretti, Divórcio, sem data, Rua Harmonia, 670, Vila Madalena, 05435 São Paulo, SP Guy Duty, Divórcio e Novo Casamento, Betânia, 1979 (Seg. ed.)
A. No Antigo Testamento “O casamento é, em primeiro lugar, um caso de família. No período mais antigo da congregação cristã, ela se entendia como uma família espiritual, e a vida e preocupações de cada membro da congregação foram de interesse intimo para o corpo todo” (Divorçe and Remarriage in the early Church, Harrell, p. 162). O casamento tem a finalidade de escapar a solidão e também multiplicar vidas piedosas para glorificar Deus (Gn 2.18). Cf. Gn 1.18; Mal 2.15. O casamento revela a natureza e relacionamentos entre os membros da Trindade –1 Co 11. O casamento revela o relacionamento que Deus tem com seu povo. Jr 2 e 3; Os 2 e 4; Ez 16; Ef 5; Ap 21,22. A tragédia do divórcio se reconhece nas estatísticas nos EUA 395.000 divórcios em 1959 479,000 em 1965 1.090.000 em 1977 1.8 milhões em 1979 Em 1981 havia 11 milhões de crianças menores de 18 anos cujos pais são divorciados e mais um milhão por ano que sofrerão a dissolução de suas famílias. Até 45 % de todas as crianças nascidas no ano viverão com apenas um dos seus pais antes de chegar aos 18 anos. Em 1960 Billy Graham disse que um divórcio se realizava em 4.000 casamentos. Em 1981 um pastor na Califórnia disse que de aproximadamente 200 casais apenas 4 estavam casados com seus cônjuges originais. Mas o divórcio não causa prejuízos apenas ao casal. Segundo pesquisas realizadas nos EUA, as altas taxas de divórcio e os índices elevados de mães e pais solteiros geram, pelo menos, 112 bilhões de dólares em gastos por ano. …Os gastos extras com políticas de combate à pobreza, gastos judiciais e programas educacionais. Em tese, esses custos crescem à medida que a fragmentação de família gera situações de desequilíbrio social. Mais da metade desse total é utilizada em programas de assistência a mães solteiras.” (Bapt. Press citado na revista Igreja). 2 Gen. 2:24 - O ideal no A.T. 1+1=1 Deixar, unir-se e formar uma nova carne. Família. Permissão para o Divórcio Deuteronômio 24.1-4. 1. Causa reconhecida – “algo que o marido reprova” 2. Conclusão formal – “dará certidão de divórcio à mulher” 3. Separação física – “a mandará embora” 4. Término irreversível. – “não poderá casar-se com ela de novo” Aplicação divina 1. Jer. 3.6-4.4 – Deus aceitará sua “esposa” de novo. 2. Mal. 2.16 “Eu odéio o divórcio” O divórcio existe por causa do pecado. Sem pecado não haveria divórcio. Não foi instituido nem ordenado. Nunca foi mandado mas permitido. Sempre regulado (Richard Sturz). 1. Permitiu-se o divórcio segundo a lei. Os judeus no tempo de Jesus, segundo a opinião do Rabbino Hillel, poderiam se divorciar por qualquer motivo – estragando o almoço, andar de cabelo solto, girar na rua, conversar com homens, maltratar os pais do marido, falar com o marido com voz alta, permitindo o vizinho ouvir! Shammai ensinava que a fornicação seria o motivo necessário para justificar o divórcio. 2. A esposa (com alguma impureza) divorciada ficava livre para se casar. A carta de divórcio em presença de duas testemunhas dissolveu legalmente o casamento – Guy Duty, p. 20. Deut. 22:21-24 indica que imoralidade era castigada com apedrejamento. A razão do divórcio foi alguma "impureza" “algo que o homem reprova” (NVI) . Larga possibilidade de diferenças de interpretação. a) Proteção para a pessoa repudiada e não uma porta aberta para o divórcio. b) Coração duro, é o motivo que Jesus menciona e indica que foi uma acomodação para que o homem não viva como Deus manda. Malaquias - 2:10-16 Deus odeia o divórcio. A aliança matrimonial testemunhada por Deus mesmo. B. No Novo Testamento Mt 5:31,32 (apostasion) 1. Shammai e Hillel é o ponto do debate. Jesus não entrou nessa. 2. Não se menciona a impureza de Deuteronômio. 3. Jesus mostra que divórcio não é uma saída fácil. Faz a mulher repudiada adúltera (se re-casar) Quem casa com ela também comete adultério (continua casada) 4. A exceção - porneia (somente em Mateus 5.32; 19.9) Mat. 19:3-12 corresponde a Marcos 10:2-12 (fora a causal de exceção) 3 1. Porneia - casamento ilícito? (Lev. 18), mas não é provável sendo uma cultura judaica. Não se limitava apenas aos solteiros – Zanah (Nm 25.1,2; 1 Co 10.8. Cf. Ap 2.14. Em Am 7.17 zanah é pecado de uma mulher casada. Ap 2.20 usa porneia em relação a pessoas casadas – cf. Ez 23; Isa. 1.21; Jr 3.8 – At 15.20,29 (cf. G. Duty, pp. 54,55). Veja embaixo. Notem que a mulher de Samaria tinha casado cinco vezes. Mostra distinção entre casamento e os que vivem juntos amasiados. 2. Mais amplo do que a fornicação - Vine diz – Adultério, mas veja embaixo. Não quer dizer incompatibilidade ou falta de amor. 3. Note que José e Maria pensam em divorciar (secretamente) (Mt 1:19) Jesus, segundo Lucas 16:18 ensina o que Marcos (10) também relata que não há exceção. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério. Quem casar com ela comete adultério. O casamento não foi terminado com o divórcio. Mas, Dr. Grant Osborne crê que Marcos e Lucas assumem que o adultério revoca o casamento e permitiria o divórcio, uma vez que a posição gentílica era comparável à judaica. São cinco pontos de vista historicamente aceitos do divórcio e novo casamento: (Veja o livro de Craig Hill, Casamento: Contrato o Aliança para os parágrafos seguintes). 1. O ponto de vista patrísitico (Pais da Igreja) como uma exceção, a opinião de Ambrosiaster. – Pesquisa cuidadosa, vendo centenas de manuscritos escritos pelos líderes dos primeiros séculos – os Pais são unânimes no entendimento do ensino de Cristo e Paulo: se alguém sofresse o infortúnio do divórcio, um novo casamento não era permitido por qualquer que fosse a causa. ( C. Hill, pp. 16,17). Pela reação dos discípulos em Mat. 19.10, indica que Cristo não aceitava nem a posição de Hillel e nem de Shammai (divórcio e novo casamento permitido no caso de adultério). Jesus apresentava um visão revolucionária: que o divórcio era pecaminoso e contrário ao plano de Deus. No caso do divórcio, um novo casamento seria proibido, mesmo nos casos em que a imoralidade estava envolvida” Veja o catecismo Católico romano. Esta idéia permaneceu na Igreja até o séc. XVI, quando Erasmo sugeriu uma idéia diferente. Esta posição abraçada por Craig Hill e Chs. Ryrie, mas há dificuldades sérias com esta posição, portanto cremos que a interpretação mais abrangente seria mais correta. Dr. Gordon Wenham escreveu três artigos que mostram, segundo ele, a impossibilidade de recasamento após o divórcio publicado no jornal Third Way. Ele argumenta que nunca há possibilidade de recasamento depois do divórcio por qualquer razão. Ele vê razão na reação dos discípulos em Mt 19.10. Note que os teólogos anglicanos argumentam na base da frase “desde o 4 princípio não foi assim”1) baseado na instituição original, a dissolução é impossível. 2) O novo casamento enquanto outro cônjuge estiver vivo é moralmente errado. 3. Somente a morte pode romper o vínculo de casamento. G. Duty, p. 62. Esta idéia ainda se confirma se o texto de Gn. 2.24,25 onde “unirá” pode incluir o conceito de uma aliança sagrada, uma vez que é termo usado em Dt 4.4; 10.20 para o aliança entre Deus e Israel. 2. O ponto de vista erasmiano (tradicionalmente protestante). Argumentou que no caso de adultério, baseado em Mt. 19.9, o divórcio seria permitido e consequentemente o novo casamento seria permitida para o parceiro inocente. Esta posição protestante também admite a exceção paulina de 1 Co 7.15. John Murray antigamente do seminário de Westminster também defendeu esta posição em seu livro, Divorce. A cláusula de exceção deveria permitir que ela case de novo se for inocente. Parece claro que Jesus entendeu que a pessoa divorciada tinha o direito de recasar no caso de ser incluído na cláusula de exceção. Campbell Morgan, “O casamento poderia ser dissolvido por uma única razão, pecado sexual. Casamento é indissolúvel..a não ser por um único pecado” (The Gospel Acc. To Matthew). Pastor Martin Lloyd-Jones em seu Livro “Estudos no Sermão do Monte, cap. 24, declara que “Só existe uma razão legítima para o divórcio – relações sexuais ilícitas”. Esse motivo é relações sexuais ou infidelidade conjugal por parte de qualquer dos cônjuges. 3. O ponto de vista preterativo (Agostiniano). A exegese é complicada. Em linguagem simples esta posição sustenta que os Fariseus estavam tentando enredar Jesus a entrar num debate entre a escola liberal de Hillel e a mais conservadora de Shammai. Cristo não aceitou a isca. Ao invés disso, com sabedoria, evitou o assunto até que estivesse a sós com os discípulos (Mc 10.10-12). O debate envolvia a “coisa indecente”(Dt 24.1). As palavras de Cristo “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas”eram, na realidade, uma preterição, uma omissão que evitava totalmente a pergunta deles. Cristo disse: “Eu porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher {colocando de lado o assunto de “coisa indecente”} e casar com outra comete adultério”. Em casa Jesus resolveu o assunto. “Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela”(Mc 10.11). Parece que resolve a possibilidade cultural de que na cultura romana o divórcio era requerido no caso de adultério. Cristo neste caso estava proibindo o novo casamento. 4. O ponto de vista dos esponsais (o noivado). Segundo esta posição, a cláusula de exceção de Cristo (Mt 19.9) permitia que a quebra de um noivado no caso de violação dos termos de noivado pela imoralidade do parceiro, antes da consumação do casamento. Veja o caso de José e Maria em Mt 1.18-20 em que se usa o termo “divórcio”. Mostra que o casamento não se cria apenas com relações sexuais, mas no compromisso com testemunhas. A palavra porneia fala de infidelidade pré marital enquanto se 5 pensa que Cristo teria usado o termo moicheia “adultério” se fosse o caso de infidelidade após o casamento. A posição da Igreja Batista de Morumbi inclui, homossexualismo, bestialidade, incesto etc. 5. O ponto de vista de consangüinidade (casamento ilegais). Defendido por Carl Lane, The Divorce Myth, pensa que Jesus usou a palavra “porneia” no sentido específico dos graus proibidos de consangüinidade conforme se vê em Lv 18.6-18. Sustento para este ponto de vista se encontra em Atos 15.20,29 e 1 Co 5 e nos Manuscritos do Mar Morto. Era problema para a Igreja primitiva uma vez que casamentos incestuosos eram comuns no mundo gentílico. Mas restringir a esta interpretação parecer estreito demais. C. O Ensinamento de Paulo (1 Cor. 7:15) 1. Paulo diz, “1 Co 7.1,2 que o casamento existe (em parte) para prevenir porneia. Não é questão de adultério. A situação é nova. Não a Lei de Moisés nem de Jesus - é o mundo gentílico e difícil (v. 26). Não manda e nem impediu que a parte pagã se apartasse da cristã, mas sim, deixou isto à seu próprio critério; porém, para a parte cristã não permitiu que por sua própria iniciativa deliberasse se apartar da sua consorte...:”(Aldo Ferretti, p. 27). Devemos nos abster da aparência do mal (1 Ts 5:22). Promiscuidade entre os gregos era notório Casamento somente no Senhor – 1 Co 7.39 Melhor casar do que viver abrasado – vv. 1,2. 2. A palavra de Paulo não contradiz o que Jesus falou - ela era inspirada. Trata de um problema que Jesus não tocou. Paulo afirma o princípio fundamental que o casamento é um relacionamento de duração da vida toda, portanto o recasamento da pessoa divorciada constitui adultério. v. 10 “Aos casados dou este mandamento, não o Senhor: Que a esposa não se separe (chorizein) do seu marido. Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então reconcilie-se com o seu marido. E o marido não se divorcie da sua mulher.” O texto usa aphiemi – que não deve significar divorciar-se. v. 11 – aqui não há cláusula de exceção como em Mt 5 e 19. Aqui não existe o direito de se separarem. Qualquer que seja o motivo que se reconciliem. A situação em Corinto - alguns pensaram em se separar para uma vida de celibato. vv. 10,11 - chorizem não dá base bíblica para entender que Paulo falava do divórcio. O cristão não deve casar com outrem. Pode ficar separado ou voltar para o marido. Querer uma vida de celibato não é base para o divórcio. 3. Crente casado com não-cristão não abre a porta para o divórcio. Pode ser que ganhe o marido ou mulher. (vv. 12-14). cf. 1 Ped. 3 4. Se o cristão for abandonado, não fica sujeito a servidão (dedouletai). Se o não cristão divorcia a mulher ela esta livre (aparentemente) para casar. Naturalmente, no caso do cônjuge casar ou adulterar primeiro. Até esse momento deve-se viver na expectativa de que Deus lhe conceda o arrependimento e o retorno à sensatez (2 Tm 2.25,26). Cf . vv. 27,28 "ligado e desligado. Por outro lado não há base para o recasamento por um cristão que inicia o abandono. Como diz Ferretti, “Não ocorrendo a reconciliação, então, cessará a esperança de voltar a vida conjugal, outrossim, só a morte de um dos cônjuges, liberará o outro para que possa contrair novo casamento; como assim se lê “A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu arido vive; mas, falecer o seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor: (Rm 7.2,3 e 1 Co 7.39). -Paulo não recomenda o recasamento - e permitido - dedetai - o tempo perfeito indica isto. mas cf. 1 Co 7:39 "a mulher esta ligada enquanto vive, mas se falecer o marido fica livre, mas só no Senhor”. Fica sem resposta se Paulo de fato permitia o recasamento da pessoa abandonada ou não. Rm 7:1-3 dedetai . Paulo não menciona qualquer exceção. Parece que para ele o casamento permanente é ideal. Não ha contradição entre 1 Cor 7:15 e v. 39 e Rm 7: D. O Divórcio na Igreja Gal. 6:1,2 1. Comunhão dos remidos - algumas igrejas não permitem membresia para divorciados mas para ex-ladrões, adúlteros e outros pecadores escandalosos - 1 Cor 6:9-12. Jesus foi amigo dos pecadores. 2. O argumento contra aceitação de divorciados é a posição de que aquele que recasa vive em adultério contínuo. a. Mas casamento após o divórcio não pode ser remediado com outro divórcio.. b. Ha muitos casos de cônjuges ter casado com outros c. Casar com a repudiada é adultério, mas não diz que o adultério se mantêm se continuam casados. A solução é arrependimento - Pelos frutos se vê que a pessoa mudou. Um amigo Howard White.é um caso. d. Tem o fator de "ö inocente" (Dt. 22:24) e. Tem casos de pessoas divorciadas e recasadas antes da conversão (2 Cor. 5:17). Não parece provável que Paulo excluía pessoas divorciadas da igreja se o divórcio aconteceu antes do divórcio. f. E casos de crentes?. Se não for o pecado para a morte então precisa incentivar arrependimento e restauração. Quando não ocorre tem de haver fortes indícios de conversão de verdade. Quando o divórcio não tenha sido calcado em bases bíblicas, o crente é exortado a procurar a reconciliação (1 Co 7.11; Mt 18.21-22) ou permanecer sem se casar (Mt 5.32 e Mc 10.11,12). g. Se alguém casar com uma pessoa divorciada, sem aval bíblico, 7 deve ser reconhecida como adúltera (Mc 10.12). E. Liderança na Igreja 1. 1 Tim. 3:2,12 e Tito 1:6- pode ser poligamia, mas não é provável numa sociedade grega. 2. Outra possibilidade é a exclusão de uma pessoa divorciada e recasada. A opinião de F. F. Bruce, Mais provável seja o caso de pessoas divorciadas e recasadas (veja 1 Tim 5:9). Na casa romana, a fidelidade do marido a sua mulher era normal (ficou livre se relacionar sexualmente com escravas, propriedade sua. 3. O problema da liderança é sério sendo que o que ele faz implica a posição da igreja e não apenas individual. O testemunho da igreja está em jogo. Cf. Lv 21 v. 7 onde os sacerdotes de Israel foram responsáveis para um padrão muito alto no casamento. 4. Não exclui a possibilidade de serviço cristão. F. Perguntas 1. Se um marido pede divórcio e não tem base na Bíblia para o cristão? Pode se aplicar o privilégio de Paulo - se o marido for promíscuo, isto é adúltero (cf.1 Co 6.9). O cristão não é escravizado. Mas os que procuram o divórcio em bases não bíblicas estão sujeitas a disciplina da Igreja, porque rejeitam abertamente a Palavra de Deus. 2. Se uma mulher casar com um marido divorciado antes dele se converter? O padrão bíblico parece ser para cristãos. Não devem se separar. Parece que nem Moisés e nem Paulo forçaram o cristão a manter uma vida de solteiro nos casos dos cônjuges que forem inocentes. 3. Se o marido (professo cristão) divorcia sua esposa sem base cristã (adultério ou abandono). Ela pode re-casar? A Bíblia não admite se ouvirmos a palavra. Não há divórcio para cristãos. Parece que o marido professo não agiu como cristão. Parece que ele se mostra não-cristão e entra na categoria de 1 Cor. 7. 4. Pode o cristão iniciar separação legal (desquite)? Paulo diz que separação não é pecado mas não pode recasar. Casamento com outro fecharia a porta para a reconciliação. Ela continua casada. 5. Se um divorciado se converter ele pode casar de novo? Se a base do divórcio for bíblica. Primeiro deveria buscar a reconciliação com seu cônjuge. 6. Poderia o cristão buscar o divórcio por qualquer motivo? Sim, no caso de porneia, não outro motivo, é a opinião da maioria dos Protestantes. A dificuldade é saber que Jesus queria dizer com esta palavra – aparentemente não significa apenas o adultério, ainda que deve incluir o adultério. Pode ser que seria o caso de união com pessoa não permitida em Levítico 18 como já vimos. 8 7. Alguns têm perguntado se o casamento se legaliza no altar (votos) ou na união sexual? A indicação de Cristo para a mulher de Samaria mostra que o relacionamento sexual não significa casamento, mas Paulo mostra que essa união cria uma “carne” (1 Co 6.13-18 e Ef 5.31 citando Gn 2.24). 8. Em caso de divórcio não calcado em bases bíblicas e que um novo casamento já tenha sido consumado (Mc 10,11,12) a pessoa que se casou está vivendo em “adultério”. Se acontecer arrependimento sincero, outro divórcio só virá complicar a situação (Dt 24.1-5). Neste caso deve permanecer como está. (Igreja Batista de Morumbi). 9. Se um casal está vivendo em "divórcio espiritual" nao seria melhor divorciar? Alguns achariam esta idéia base para viverem juntos antes da legalização do casamento, mas isto mais parece “ética da situação" do que da Bíblia. Mais problemático ainda é "divórcio espiritual". A aliança não foi com apenas outro indivíduo, mas com Deus também. II. Considerações que estariam envolvidos em evitar o divórcio. A. A distinção entre o Corpo e fora do Corpo de Cristo. Dentro do Corpo, Jesus é Senhor e tem o direito de ordenar o procedimento dos seus membros. B. Alguns pecados que promovem o divórcio 1. Soberba, arrogância em vez de pobreza de espírito. 2. Falta de mansidão - uma tentativa de manter os direitos que nós supostamente entregamos para Cristo. 3. Mentindo - lembramos que prometemos amar, sustentar, nutrir para o melhor ou para o pior, até a morte nos separe. Craig Hill nos lembra que há uma distinção séria entre contrato e aliança (de sangue). “É um conceito oriental praticado durante séculos no Médio Oriente onde a Bíblia é situada”. Uma aliança de sangue é o acordo mais intimo, mais sagrado, mais duradouro e mais comprometedor conhecido pelos homens. Jônatas e Davi fizeram tal aliança (1 Sm 18. 1-4). Homens preferiam morrer a quebrar uma aliança de sangue. Aliança é unilateral, irrevogável, indissolúvel, válido pelo menos até a morte. A aliança não depende do desempenho de nenhuma das partes. Um contrato é um acordo bilateral entre duas pessoas, totalmente dependente do desempenho do acordo. Se uma parte falha, a outra não é obrigado a cumprir sua parte. No conceito de aliança: “Estou irrevogavelmente comprometido com você 9 até que a morte nos separe. Meu compromisso com você não tem nada a ver com o seu desempenho ou qualquer escolha que você fizer. É um compromisso unilateral diante de Deus até a morte.” Hb 13.5. 4. Coração endurecido - Dt. 24 comparado com Marcos 10 e Mat. 19 Veja Hb. 3:7ss. 5. Os primeiros dois mandamentos - Mc 12; Mat. 22 e Lc 10; Jo 13:34 6. Críticas destrutivas - artigo de Craig Massey 7. Ódio mantido no coração 8. Desobediência de textos tais como Ef. 4:2; 5:22s 9. Negação da soberania de Deus - Ef 1:11 e Rm 8:28 C. Seguir os textos básicos da Palavra para nunca ter que contemplar o divórcio Dt. 6:4-9; 1 Tm. 2:8-15; 1 Cor. 7 e 11:3; Tito. 2:1-8 Ef. 5:22-6:4 e 1 Ped. 3:1- 7. D. Algumas conseqüências do divórcio nos EUA 1. O índice de pobreza de crianças vivendo na casa de pais separados é cinco vezes maior do que de crianças cujos pais não se separaram. 2. No primeiro ano após o divórcio, os homens aumentam o seu patrimônio em 42%. Já as mulheres divorciadas têm um declínio de 73% da renda. 3. Os filhos do divórcio têm de 40-70% mais chance de repetirem ano ou de serem expulsos da escola. 4. Crianças criadas em lares desfeitos têm menos possibilidade de terminarem o segundo grau. 5. Um número incontável de adolescentes que fogem de casa vêm de lares onde houve divórcio. 6. Crianças cujos pais saíram de casa sofrem de pesadelos e de carência afetiva. 7. Os filhos de pais separados são mais agressivos e tendentes a se envolverem com gangues. 8. As meninas de pais separados sofrem de ansiedade e culpa. 9. Adolescentes vindos do divórcio são mais inclinados a se envolverem sexualmente antes do casamento. 10. Os filhos do divórcio são mais tendentes a depressão, uso de álcool e drogas e têm mais dificuldade de fazerem amizades duradouras. Baseados nos textos da Bíblia e a experiência os casais devem: 1. Fazer Jesus o Senhor como parceiro maior no casamento. Seguir as 10 ordens bíblicas. 2. Comprometer-se com a santidade, permanência, unidade, mutualidade e propósito de Deus no casamento. 3. Submeter-se à corrente de comando no lar. 4. Aceitar todos os requisitos do casamento segundo a Pal. de Deus. a. Marido - Amar sacrificial, como o de Cristo - Providenciar para a esposa e o lar. - Reger sua casa sob Cristo sem autoritarismo b. Esposa - Apoiar, honrar e respeitar o marido - Sujeitar-se em Cristo - Ficar contente sempre e cuidar dos filhos e a casa. c. Saber brigar cristamente 8. Atitudes que mantém o casamento equilibrado 1. Praticar o amor que dá mais do que recebe - evitar o egoísmo 2. Passar tempo juntos conversando, trabalhando, brincando, adorando, lendo a Bíblia e orando juntos. 3. Respeito para a individualidade de todos os membros da família - oferecer uma liberdade equilibrada. 4. Nunca fechar o coração nem a cara - converse e use liberalmente as palavras, "me perdoe, eu te amo”. 5. Cultivar gratidão pelas coisas pequenas. 6. Seja paciente com os outros lembrando que nós nem sempre estamos certos. 8. Barrancos que podem provocar o divórcio 1. Falta de padrão estipulado de gastos - o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Orçamento familiar mantida com cuidado ajuda muito. 2. Cuidado com os pais, parentes e amigos que se intrometem no casamento. A ordem bíblica é separar para se unir Gn 2.24. 3. O sexo é parte essencial e linda do casamento - nunca usar para manipular o cônjuge. 4. Crianças são bênçãos, mas podem separar marido e mulher. O relacionamento de marido e mulher é normalmente acima da com as crianças. 5. Convicções religiosas. Conclusão: Oração para os que enfrentam crises - 11 "Senhor me dá a serenidade e coragem de aceitar o que não posso mudar e o compromisso para mudar o que eu posso, como também a sabedoria para reconhecer a diferença". Deixar muito claro que nada que o cônjuge pode mudar o meu compromisso em manter o casamento. Recomendações do Irmão Lourenço: 25/11/1667 “Ele me disse que Deus sempre nos dá luz no meio de nossas dúvidas quando não temos outro interesse senão agradá-lo e agir apenas para seu amor. “Nossa santificação não depende de nos mudarmos nossas obras, mas em fazer por amor de Deus aquilo que costumeiramente fazemos para nos mesmos. Que era de lamentar ao ver quantas pessoas confundem o fim com os meios, se viciando em certas obras que elas faziam simplesmente por causa de seus interesses humanos. “Que não devemos cansar de fazer cousas pequenas por amor a Deus, porque Ele não se importa com a grandeza da obra, mas o amor com que foi feita”. Linda Waite e Maggie Gallagher extrai de informações sociológicas durante décadas. Conclusões: Casamento é bom para homens e mulheres, muito melhor do que solteiros, amasiados, ou divorciados. Eles têm vida sexual mais satisfatória nos sentidos físicos e emocionais. Vivem mais anos, com mais saúde, mais contentes e recuperam mais rapidamente de doenças. Protege homens e mulheres do suicídio e doença mental. Deus nos criou evidentemente para ser membros de uma família que fornece uma vida decididamente melhor.
ENSINO BÍBLICO SOBRE O DIVÓRCIO
Ser criança é coisa de gente grande!
SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: Uma conversa memorável, Valdir Steuernagel
Texto básico: Lucas 18. 15-27
Textos de apoio
– Mateus 18. 1-5
– 1 Coríntios 14. 20
– Salmo 86. 5
– Êxodo 20. 12-16
– Mateus 6. 19-25
– Jó 42. 2
Introdução
Dois encontros, com representantes de dois grupos sociais separados por um longo abismo, em qualquer sociedade humana: as crianças, de um lado, e os “de posição” ou “importantes”, de outro. Em comum, o mesmo interlocutor: Jesus de Nazaré, o Deus encarnado.
Essas duas narrativas não foram colocadas em conexão, aqui, por acaso. Lucas (juntamente com Mateus e Marcos) desejava transmitir aos seus leitores algum ensino relevante da parte de Jesus. As reações e respostas de Jesus em cada encontro, bem como a de seus discípulos, podem revelar como a nossa escala de valores está distante daquilo que é realmente valorizado por Deus, ao se relacionar conosco. Ou, em outras palavras, revelam a distância entre aquilo que elencamos como mais importante e aquilo que realmente importa para Deus, quando estamos tratando da dignidade e da atenção dispensadas por Ele a cada um de nós.
Afinal de contas, porque as reações de Jesus foram diferentes nesses dois casos? Qual é o “mapa” para se chegar ao Reino de Deus? O que é preciso “fazer” para conseguir a vida eterna? O que significa “ter importância”, ou alcançar determinada “posição”, de acordo com a “medição” de Deus?
Para entender o que a Bíblia fala
- Faça uma comparação entre os dois encontros de Jesus, com as crianças (vv. 15-17) e com o “homem importante” (vv. 18-30; NVI). Quais as semelhanças e diferenças? E os discípulos, como reagiram em cada caso?
- Na sua opinião, por que os discípulos de Jesus reagiram tão asperamente com as pessoas que traziam as criancinhas até Jesus (v. 15)? Isso revela algo sobre o “status” social das crianças na época de Jesus?
- Aparentemente, o “homem importante” do v. 18 se aproxima de Jesus com uma dúvida sincera. A primeira resposta de Jesus parece deixá-lo bem contente (vv. 20-21) – note que Jesus cita apenas os mandamentos que diziam respeito à nossa vida “exterior”. O que isso revela sobre a compreensão daquele homem acerca do “caminho” para a vida eterna?
- Em vez de um “Muito bem! Você foi aprovado!”, Jesus oferece uma segunda resposta (v. 22) que entristeceu o homem. Por que ele ficou triste? O que Jesus queria lhe mostrar sobre o significado profundo dos mandamentos e a verdadeira natureza da vida eterna?
- Jesus foi categórico ao dizer que é impossível um rico “entrar no Reino de Deus” (v.25; a interpretação literal é a melhor alternativa aqui), e consequentemente “herdar a vida eterna”. Como assim? Qual era o verdadeiro problema na riqueza daquele “homem importante” e de todos os “ricos sem céu”?
- Se, para entrar no Reino de Deus, é necessário ser semelhante a uma criança (vv. 16-17), que características ou qualidades estavam em falta no caráter e na vida deste “homem de posição” (v. 18; ARA)?
- Faça uma comparação entre os dois encontros de Jesus, com as crianças (vv. 15-17) e com o “homem importante” (vv. 18-30; NVI). Quais as semelhanças e diferenças? E os discípulos, como reagiram em cada caso?
- Na sua opinião, por que os discípulos de Jesus reagiram tão asperamente com as pessoas que traziam as criancinhas até Jesus (v. 15)? Isso revela algo sobre o “status” social das crianças na época de Jesus?
- Aparentemente, o “homem importante” do v. 18 se aproxima de Jesus com uma dúvida sincera. A primeira resposta de Jesus parece deixá-lo bem contente (vv. 20-21) – note que Jesus cita apenas os mandamentos que diziam respeito à nossa vida “exterior”. O que isso revela sobre a compreensão daquele homem acerca do “caminho” para a vida eterna?
- Em vez de um “Muito bem! Você foi aprovado!”, Jesus oferece uma segunda resposta (v. 22) que entristeceu o homem. Por que ele ficou triste? O que Jesus queria lhe mostrar sobre o significado profundo dos mandamentos e a verdadeira natureza da vida eterna?
- Jesus foi categórico ao dizer que é impossível um rico “entrar no Reino de Deus” (v.25; a interpretação literal é a melhor alternativa aqui), e consequentemente “herdar a vida eterna”. Como assim? Qual era o verdadeiro problema na riqueza daquele “homem importante” e de todos os “ricos sem céu”?
- Se, para entrar no Reino de Deus, é necessário ser semelhante a uma criança (vv. 16-17), que características ou qualidades estavam em falta no caráter e na vida deste “homem de posição” (v. 18; ARA)?
Hora de Avançar
Fui ficando mais velho e “importante” e, ao ter de lidar com coisas sensíveis e complicadas, (…) aprendi a importância de, nesses momentos cruciais, orar dizendo: “Fala, Senhor! Ajuda-me a te ouvir e a te seguir como criança, pois delas é o Reino de Deus!”.
Para pensar
Já na época de Jesus a “posição” social ou “status” de alguém era determinada pelas suas posses ou desempenho. Os que se destacavam neste quesito eram considerados “importantes” ou possuidores de uma “posição”, como o homem descrito no nosso texto, que tinha tudo o que a sociedade considerava admirável e desejável. Nesse contexto, como seriam tratados aqueles que não tinham posses e nem eram “produtivos” para a sociedade, como as crianças, por exemplo?
Era inimaginável que alguém de “posição” ficasse em “desvantagem” em qualquer situação ou perante um benefício. Daí a perplexidade dos discípulos de Jesus: “Bom, se o rico, que é rico, não pode ser salvo, então quem o será?”.
Jesus desafiou a cultura social de sua época, expondo a busca humana por auto suficiência e auto justificação como meios de lograr a salvação eterna, e mostrando que isso sempre será um dom de Deus. E mais, escalou como “cidadão modelo” de Seu Reino aquela que é vista como exemplo de dependência e desapego: a criança!
O que disseram
Sei que sou uma criança. Sou uma criança que, por trás de todas as minhas realizações e sucessos, continua a chorar para que seja protegida com segurança e amada sem condições.(…) Jesus sofreu a cruz para permitir-me recuperar minha “criança”, aquele lugar em mim em que estou fora do controle e em desesperada necessidade de ser levantado e confortado.(Henri Nouwen, “Meditações com Henri J. M. Nouwen”, Danprewan Editora)
Para responder
- Jesus escolheu as crianças como modelo dos súditos que procura para seu Reino, não porque sejam perfeitas, mas devido à algumas características como submissão e dependência de outros, transparência diante de suas fraquezas, ausência de preconceitos, abertura para o perdão, entre outras. Olhando para esta lista, que não é conclusiva, quais qualidades você considera que estão em falta no seu relacionamento com Deus e com o próximo?
- Jesus ajudou aquele “homem de posição” a perceber o seu apego às riquezas. O dinheiro havia ocupado o governo de seu coração, gerando o nascimento de um ídolo. E isso exigia uma reação radical de desapego (v. 22). Você consegue identificar em sua vida algum ídolo que tem tomado o lugar de Deus, exigindo toda sua atenção e sua confiança? Dinheiro? Relacionamentos amorosos? Formação acadêmica? Realização profissional? Liderança e poder ministerial ou eclesiástico? Que reação radical você precisa assumir diante deste ídolo?
- Jesus escolheu as crianças como modelo dos súditos que procura para seu Reino, não porque sejam perfeitas, mas devido à algumas características como submissão e dependência de outros, transparência diante de suas fraquezas, ausência de preconceitos, abertura para o perdão, entre outras. Olhando para esta lista, que não é conclusiva, quais qualidades você considera que estão em falta no seu relacionamento com Deus e com o próximo?
- Jesus ajudou aquele “homem de posição” a perceber o seu apego às riquezas. O dinheiro havia ocupado o governo de seu coração, gerando o nascimento de um ídolo. E isso exigia uma reação radical de desapego (v. 22). Você consegue identificar em sua vida algum ídolo que tem tomado o lugar de Deus, exigindo toda sua atenção e sua confiança? Dinheiro? Relacionamentos amorosos? Formação acadêmica? Realização profissional? Liderança e poder ministerial ou eclesiástico? Que reação radical você precisa assumir diante deste ídolo?
Eu e Deus
Para ser um súdito do Reino de Deus é necessário criar e cultivar uma nova mentalidade, marcada pela dependência, simplicidade e desapego característicos de uma criancinha. Quem se candidata?
Autor do estudo: Reinaldo Percinoto Júnior
AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS
DO ARREPENDIMENTO AUTÊNTICO
“Pois misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos”. Oséias 6: 6
Religião pode se degenerar na arte do autoengano. É isso o que o profeta Oséias afirma que estava acontecendo com a sua geração. As expressões verbais de arrependimento eram aparentemente belas e fortes (Os 6: 1-3). Pessoas se dedicavam com afinco ao sacrifício de animais a fim de ganharem o favor divino. Havia, contudo, muita religião e nenhuma conversão. Isso porque homens e mulheres, ardilosamente, escolhiam o que havia de menos custoso na prática religiosa visando se eximirem do que, acima de tudo, Deus pedia que praticassem.
1. O RESTABELECIMENTO DO VERDADEIRO CULTO.
Os sacrifícios e holocaustos sobre os quais Oséias fala, tratavam-se de expressões de louvor e arrependimento praticadas no templo. O profeta fala de pessoas que haviam sido disciplinadas por Deus e confrontadas pelos profetas e que, em meio à pressão que sofriam, decidiram buscar aplacar a ira divina. O primeiro pensamento que lhes ocorreu foi voltar para o templo a fim de oferecer sacrifícios a Deus. O culto, entretanto, continuava sendo expressão de um arraigado amor próprio, que usava a religião para pacificar a consciência e ganhar o favor divino, mas sem mudar a inclinação do coração. Eles não voltavam da adoração no templo dispostos a amar a Deus e ao próximo. A religião, sendo assim, cumpria profundo papel psicológico: ajuda o adorador a ter uma falsa paz, como resultado de uma vida cheia de religião, mas vazia de amor.
2. O RESTABELECIMENTO DO VERDADEIRO AMOR PELOS HOMENS.
Ao ver aquele mar de pessoas saindo do templo tomadas pela falsa paz, julgando ter ganhado o favor divino, sem, contudo, expressar o verdadeiro fruto do arrependimento - vivendo a vida que sempre viveram -, Oséias as confronta com seu primeiro e gravíssimo equívoco: julgar que poderiam ter sua relação com Deus considerada restaurada sem que isso as levasse a mudar sua atitude em relação ao próximo. Faltava a todos amor. Amor que as levasse a se compadecer dos que sofrem. Amor misericordioso “Misericórdia quero”.
3. O RESTABELECIMENTO DO VERDADEIRO AMOR POR DEUS.
Havia outro fato que Oséias não podia entender na espiritualidade reinante do seu tempo: a falta de interesse pelo conhecimento de Deus. As pessoas simplesmente não revelavam interesse em conhecer o ser e os atributos de Deus, sua vontade revelada na sua lei e o consequente conhecimento de coração, que faz o homem conhecer e amar a Deus.
APLICAÇÃO
1. JAMAIS PERMITA QUE SUA ALMA SE SATISFAÇA COM QUALQUER ESPÉCIE DE LITURGIA QUE NÃO O LEVA A PRATICÁ-LA DO LADO DE FORA DO TEMPLO.
2. JAMAIS IGNORE A DOR HUMANA.
3. JAMAIS BANALIZE O CONHECIMENTO DE DEUS.
CONCLUSÃO
Os pecados do religioso são os mais difíceis de ser confrontados. A anestesia da religião o torna insensível a qualquer confronto. Que jamais nos satisfaçamos com uma religião que não nos conduza a nos compadecermos dos que sofrem e não nos leve a buscarmos o conhecimento de Deus com todo o nosso ser.
O verdadeiro arrependimento sempre leva o homem a amar.
Pr. Antonio Carlos Costa
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A vital importância das Escrituras
Nosso texto: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2Tm 3.16,17).
É importante notarmos que em um mundo tão pluralista e com as mais mirabolantes filosofias humanistas, urge grandiosa necessidade dos cristãos resgatarem a verdadeira e única verdade, que somente pode ser encontrada nas páginas das sagradas escrituras.
Paulo ao escrever a Timóteo deixa-lhe nítido a suma importância que a escritura deveria ter na sua vida. Bem sabemos que durante a época em que a foi escrita a carta endereçada a Timóteo não havia ainda o cânon das escrituras, mas Paulo era desejoso de mostrar ao seu irmão que somente aqueles escritos respaldados pelos profetas e apóstolos do Senhor deveriam servir-lhe como base para a vida cristã. Paulo tinha ciência de que não podia se eximir da responsabilidade de proclamar "a Timóteo, meu amado filho" (1.2) que somente a verdade provinda do filho de Deus deveria governar a sua vida.
A fim de elucidar a questão a Timóteo, Paulo lhe dá algumas diretrizes pelo qual Timóteo deveria andar. Paulo sabia que não havia falcatrua na vida de Timóteo, pois já tinha dito anteriormente que: "Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti" (2Tm 1.5).
Paulo é enfático ao dizer que "toda a Escritura é divinamente inspirada", não deixando a Timóteo (ou a nós) qualquer margem para um suposto relativismo ou intenção malígna de deturpar a verdade. É mister notarmos que Paulo escreve dizendo que "toda a Escritura" deveria ser seguida por Timóteo, a fim de que ele fosse "perfeitamente instruído para toda a boa obra". Tal início de versículo descreve a importância e abrangência das escrituras na vida de Paulo e consequentemente na vida de Timóteo.
É por demais estritecedor saber que existem pessoas que professam o cristianismo e que não crêem que a bíblia seja sua única regra de fé e de vida. Ou melhor, tais pessoas são auto-contraditórias, pois ao mesmo tempo em que dizem crer no senhor Jesus Cristo - pois sabem que "quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" Jo 3.18 - não levam a cabo a importância das palavras do mesmo mestre que lhes diz: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Ora, se ninguém vai ao pai senão por Deus e "toda a Escritura é divinamente inspirada", não é lógico que essa inspiração divina venha do Senhor, haja vista estarmos falando da vida sob o senhorio de Cristo? Infelizmente, muitas vezes o pecado corrompe até mesmo a lógica e não permite o claro entendimento da verdade.
Paulo então diz que a Escritura não é somente inspirada, mas também "proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça". É grandioso erro acharmos que a bíblia nada tem a nos falar acerca de temas como política, modelo de Estado, sociologia, pedagogia, matrimônio ou qualquer tema que se enquadre no senso popular de "secular" ou "não abrangido pela Palavra". Uma pesquisa realizada entre jovens que frequentavam igrejas, quando lhes dito para responderem aquilo que lhes viesse de primeira instância na mente (ou seja, espontaneidade) e lhes perguntado acerca se Deus entendia de Engenharia Química, a grande maioria deu um retumbante "não!". Lamentável olharmos para tal situação e vermos o quão destruída está nossa sociedade em virtude de terem abandonado a supremacia de Deus sobre todas as coisas - negando assim seu atributo de onisciência e destruindo a verdade.
Não podemos seguir as regras desse mundo baseados na desculpa de que "se Deus é soberano, então ele controla tudo". É claro que é fato fundante do verdadeiro cristianismo que Deus seja soberano sobre tudo e todos, contudo, isso não invalida a guerra que os cristãos devem travar em busca de melhorias à conformidade da palavra. O problema reside justamente no fato de muitos professos cristãos não buscarem conhecer a Deus. Para tais pessoas a teologia é algo ultrapassado, fora de moda, ou quando muito, algo apenas para os "eruditos" e amantes das letras.
Bem clareou o assunto o Rev. Wadislau Martins Gomes quando escreveu: "Pense assim: se alguém não sabe coisa alguma sobre o que procura, nem se achar, saberá o que é. Se há alguma coisa sendo tratada, certamente algo é sabido e esperado, mesmo que não seja visto – ainda."¹
Recentemente lemos a infeliz decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em aprovar a união homoafetiva - leia-se unível estável - e dar-lhe as prerrogativas de uma união entre homem e mulher. O jornal brasileiro Estadão resumiu da seguinte forma o raciocínio do Ministro Carlos Ayres Britto: "No entendimento do ministro, se a união gay não é proibida pela legislação brasileira, automaticamente torna-se permitida. E sendo permitida a união homoafetiva, ela deveria ter os mesmos direitos garantidos para as uniões estáveis de heterossexuais."². Paremos por um instante e reflitamos se tal alegação do ministro não nos parece semelhante àqueles que advogam a liberdade de culto e de vida cristã baseados neste mesmo argumento: Se não é proibido, é permitido.
Amados, Paulo não é incompleto em suas palavras - assim como toda a bíblia não é - e baseado nisto é que ele expõe a Timóteo o motivo e finalidade de "toda a Escritura [ser] divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça". Ele descreve essa suficiência das escrituras visando "que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra".
Novamente, muito bem salientou o Rev. Wadislau Martins Gomes quando disse: "Há uma dissociação da identidade humana com a natureza criada, que faz o homem não se diferenciar do mundo material e animal. Conquanto todos tenhamos certeza de não sermos deuses, ainda assim, tentamos assumir o papelé³. Ainda em tempo oportuno, importante é notarmos que embora muitos professem a fé em Jesus Cristo, poucos se preocupam em ter a certeza de que nada mais há para ser revelado, a não ser aquilo que já temos em mãos, a saber, a própria bíblia. Excelente missão há para os filhos de Deus, cujo propósito é divulgar a supremacia de Deus acima de todas as coisas, conforme lemos em Sl 19,1: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."
Que possamos nos dobrar diante da verdade bíblica, mesmo que ela nos custe prazeres efêmeros e sem valor espiritual, pois "melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9.43).
De igual modo, levemos cativo aos nossos corações que somente a verdade e o conhecimento que são "segundo as Escrituras" (1Co 15.3) podem nos assegurar um entendimento correto da sã doutrina.
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A REFORMA PROTESTANTE
Rev. Ricardo Motta
A Reforma Protestante foi muito mais do que um movimento religioso. Em 31 de outubro de 1517, oficializou um estilo de vida. Naquela época a igreja institucionalizada estava sobrecarregada de erros que não poderiam continuar. Algo teria que acontecer!
Práticas religiosas como a oração pelos mortos, missas celebradas de costas para o povo, adoração de imagens, canonização dos santos, adoração da Virgem Maria, legalização da penitência por dinheiro, dogma da virgindade perpétua de Maria e sua ascensão e, sobretudo, o abandono das Escrituras Sagradas deveriam ter fim.
Aprouve ao Espírito Santo de Deus usar o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546) para protestar em meio a tanto desfio da fé bíblica. A iluminação na mente daquele conceituado professor universitário o fez entender que a salvação é pela fé em Cristo Jesus, que as Escrituras Sagradas estão acima da tradição religiosa e que todos devem ter liberdade de consciência.
Mas, a Reforma Protestante não foi apenas uma questão religiosa foi, também, uma questão econômica e educacional. Com o ensino sobre “vocação”, as pessoas aprenderam que Deus também vocaciona e capacita as pessoas para exercerem funções não religiosas. Deus é quem capacita o médico, o jurista e outros. Tal concepção contribuiu para mudar a vida econômica na Europa. Trabalhar, ganhar dinheiro não mais precisaria ser interpretado como algo condenável.
A influência da Reforma Protestante na área educacional foi ainda mais convincente. Naquela época, os filhos deveriam trabalhar e não estudar. O sonho dos pais não era outro a não ser ver seus filhos indo para o mosteiro, seguirem a próspera carreira sacerdotal. Matinho Lutero ensinou a universalidade do saber. A educação é para todos, anunciou o reformador. Os pais deveriam enviar os filhos à escola e, se não o fizessem, estariam pecando contra Deus. O Estado deveria providenciar os meios para que todos tivessem acesso ao saber. Os professores deveriam ser bem preparados e bem remunerados.
A Reforma Protestante contribuiu para mudanças religiosas, econômicas e educacionais. O conhecimento e a prática das Escrituras Sagradas têm o poder de gerar mudanças profundas na vida de um indivíduo e da sociedade. Nesta data em que comemoramos o DIA DA REFORMA PROTESTANTE questionamos se, de fato, tal movimento faz parte de nossa religiosidade, economia e educação. Vivemos em meio a um sincretismo religioso que nos remete às praticas religiosas da Idade Média. Há uma expectativa de que Deus levante homens e mulheres para promoverem o bem comum. Pessoas que recebam de Deus o chamado para, em diferentes funções, exercerem o ministério sagrado. Ansiamos para que Deus “visite sua vinha” e promova um verdadeiro avivamento no meio do seu povo, onde a crendice daria lugar à fé, os escritos meramente humanistas dariam lugar à Bíblia Sagrada e, o estrelismo e personalismo dariam lugar à piedade. Que venha a reforma!
AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS
A vital importância das Escrituras
É importante notarmos que em um mundo tão pluralista e com as mais mirabolantes filosofias humanistas, urge grandiosa necessidade dos cristãos resgatarem a verdadeira e única verdade, que somente pode ser encontrada nas páginas das sagradas escrituras.
Paulo ao escrever a Timóteo deixa-lhe nítido a suma importância que a escritura deveria ter na sua vida. Bem sabemos que durante a época em que a foi escrita a carta endereçada a Timóteo não havia ainda o cânon das escrituras, mas Paulo era desejoso de mostrar ao seu irmão que somente aqueles escritos respaldados pelos profetas e apóstolos do Senhor deveriam servir-lhe como base para a vida cristã. Paulo tinha ciência de que não podia se eximir da responsabilidade de proclamar "a Timóteo, meu amado filho" (1.2) que somente a verdade provinda do filho de Deus deveria governar a sua vida.
A fim de elucidar a questão a Timóteo, Paulo lhe dá algumas diretrizes pelo qual Timóteo deveria andar. Paulo sabia que não havia falcatrua na vida de Timóteo, pois já tinha dito anteriormente que: "Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti" (2Tm 1.5).
Paulo é enfático ao dizer que "toda a Escritura é divinamente inspirada", não deixando a Timóteo (ou a nós) qualquer margem para um suposto relativismo ou intenção malígna de deturpar a verdade. É mister notarmos que Paulo escreve dizendo que "toda a Escritura" deveria ser seguida por Timóteo, a fim de que ele fosse "perfeitamente instruído para toda a boa obra". Tal início de versículo descreve a importância e abrangência das escrituras na vida de Paulo e consequentemente na vida de Timóteo.
É por demais estritecedor saber que existem pessoas que professam o cristianismo e que não crêem que a bíblia seja sua única regra de fé e de vida. Ou melhor, tais pessoas são auto-contraditórias, pois ao mesmo tempo em que dizem crer no senhor Jesus Cristo - pois sabem que "quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" Jo 3.18 - não levam a cabo a importância das palavras do mesmo mestre que lhes diz: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Ora, se ninguém vai ao pai senão por Deus e "toda a Escritura é divinamente inspirada", não é lógico que essa inspiração divina venha do Senhor, haja vista estarmos falando da vida sob o senhorio de Cristo? Infelizmente, muitas vezes o pecado corrompe até mesmo a lógica e não permite o claro entendimento da verdade.
Paulo então diz que a Escritura não é somente inspirada, mas também "proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça". É grandioso erro acharmos que a bíblia nada tem a nos falar acerca de temas como política, modelo de Estado, sociologia, pedagogia, matrimônio ou qualquer tema que se enquadre no senso popular de "secular" ou "não abrangido pela Palavra". Uma pesquisa realizada entre jovens que frequentavam igrejas, quando lhes dito para responderem aquilo que lhes viesse de primeira instância na mente (ou seja, espontaneidade) e lhes perguntado acerca se Deus entendia de Engenharia Química, a grande maioria deu um retumbante "não!". Lamentável olharmos para tal situação e vermos o quão destruída está nossa sociedade em virtude de terem abandonado a supremacia de Deus sobre todas as coisas - negando assim seu atributo de onisciência e destruindo a verdade.
Não podemos seguir as regras desse mundo baseados na desculpa de que "se Deus é soberano, então ele controla tudo". É claro que é fato fundante do verdadeiro cristianismo que Deus seja soberano sobre tudo e todos, contudo, isso não invalida a guerra que os cristãos devem travar em busca de melhorias à conformidade da palavra. O problema reside justamente no fato de muitos professos cristãos não buscarem conhecer a Deus. Para tais pessoas a teologia é algo ultrapassado, fora de moda, ou quando muito, algo apenas para os "eruditos" e amantes das letras.
Bem clareou o assunto o Rev. Wadislau Martins Gomes quando escreveu: "Pense assim: se alguém não sabe coisa alguma sobre o que procura, nem se achar, saberá o que é. Se há alguma coisa sendo tratada, certamente algo é sabido e esperado, mesmo que não seja visto – ainda."¹
Recentemente lemos a infeliz decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em aprovar a união homoafetiva - leia-se unível estável - e dar-lhe as prerrogativas de uma união entre homem e mulher. O jornal brasileiro Estadão resumiu da seguinte forma o raciocínio do Ministro Carlos Ayres Britto: "No entendimento do ministro, se a união gay não é proibida pela legislação brasileira, automaticamente torna-se permitida. E sendo permitida a união homoafetiva, ela deveria ter os mesmos direitos garantidos para as uniões estáveis de heterossexuais."². Paremos por um instante e reflitamos se tal alegação do ministro não nos parece semelhante àqueles que advogam a liberdade de culto e de vida cristã baseados neste mesmo argumento: Se não é proibido, é permitido.
Amados, Paulo não é incompleto em suas palavras - assim como toda a bíblia não é - e baseado nisto é que ele expõe a Timóteo o motivo e finalidade de "toda a Escritura [ser] divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça". Ele descreve essa suficiência das escrituras visando "que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra".
Novamente, muito bem salientou o Rev. Wadislau Martins Gomes quando disse: "Há uma dissociação da identidade humana com a natureza criada, que faz o homem não se diferenciar do mundo material e animal. Conquanto todos tenhamos certeza de não sermos deuses, ainda assim, tentamos assumir o papelé³. Ainda em tempo oportuno, importante é notarmos que embora muitos professem a fé em Jesus Cristo, poucos se preocupam em ter a certeza de que nada mais há para ser revelado, a não ser aquilo que já temos em mãos, a saber, a própria bíblia. Excelente missão há para os filhos de Deus, cujo propósito é divulgar a supremacia de Deus acima de todas as coisas, conforme lemos em Sl 19,1: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."
Que possamos nos dobrar diante da verdade bíblica, mesmo que ela nos custe prazeres efêmeros e sem valor espiritual, pois "melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9.43).
De igual modo, levemos cativo aos nossos corações que somente a verdade e o conhecimento que são "segundo as Escrituras" (1Co 15.3) podem nos assegurar um entendimento correto da sã doutrina.
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A REFORMA PROTESTANTE
O lar, fonte de grande alegria
Tema: A mulher precisa ter qualidades, das quais, depende a felicidade do lar.
“A mulher louca é alvoroçadora; é néscia e não sabe coisa alguma." (Provérbios 9:13).
2. O alvoroço de Rebeca quase causou um assassinato (Gênesis 27:13).
Créditos: Pr. Gilberto Stefano (Pastor da Igreja Batista da Fé – Marília/SP).