quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Quantas vezes devemos dar nova chance?


Pr. Raul Marques


É impressionante e indiscutível o quanto somos diferentes de Deus! E é profundamente triste saber que já tivemos a sua imagem e a sua semelhança... que já tivemos os mesmos traços do Pai... e que já não podemos mais dizer o mesmo que disse Jesus: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. Depois que permitimos a entrada do pecado em nossas vidas nunca mais fomos os mesmos. Houve uma ruptura completa entre nós e Deus. Abriu-se um fosso num abismo de separação e diferenças. Isaías 55.8-9 nos explica a causa de tudo isso: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”.
Todos nós sempre exaltamos a misericórdia de Deus, cantando ou recitando salmos, e lembramos que ela dura para sempre, que ela se renova a cada manhã, mas não praticamos essa idéia na relação diária com os nossos semelhantes. Sabemos que todos os seres humanos têm sua complexidade moral, variação de comportamento, camuflagem de caráter, etc. Todos somos assim; uns mais, outros menos. Embora todos careçamos da misericórdia divina, não nos parece comum exercê-la na direção do outro. “Quantas vezes devemos perdoar?” Essa foi a pergunta que Pedro fez a Jesus. A resposta do Senhor trouxe algo novo, que já não estamos sob a Lei, estamos sobre a Graça de Deus. “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18.21,22).
Parece que não compreendemos muito bem a resposta de Jesus, mas PERDOAR é um ato de amor com ingredientes disciplinares imprescindíveis à recuperação dos que parecem perdidos e sem concerto. Os que estão se perdendo estão carentes de amor. Os que estão se distanciando estão frios de relacionamentos e envergonhados dos seus atos. Perderam a estima por Deus e não sentem nenhuma estima por si mesmos. O perdão de que tratou Jesus é o sentimento que produz restauração; não é um sentimento maquiavélico ou egoísta, é liberal e voluntário, ético e justo, corretivo e curador. Daí nos vem a pergunta: “Quantas vezes devo dar uma nova chance?”. É importante agora lembrar o seguinte: “Perdoar é um dos atos básicos da fé cristã, pois, a nossa entrada na vida que Jesus Cristo nos ofereceu, só foi possível porque recebemos perdão de nosso Deus e Pai. Ele nos perdoou, mediante a obra de seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Amor e perdão sempre caminham juntos. “Deus é amor”, é a mais formosa definição que a Bíblia apresenta. E a maior prova do seu amor para conosco foi perdoar todos os nossos pecados. Porque ele nos ama ele nos perdoou. Perdoar é um atributo de Deus. Perdoar é um mandamento da Palavra de Deus. Não é um sentimento, nem depende de nossa vontade ou emoção. A Palavra declara: “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” (Efésios 4.32); “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, casa alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13). Que Deus tenha misericórdia de todos nós!



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