domingo, 18 de dezembro de 2016

O BOM PASTOR...
Pr. Raul Marques
 “Eu Sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e sou conhecido por elas...” João 10.14


N
ão há situação mais prazerosa e mais reconfortante do que ser reconhecido como quem você realmente é; nem mais, nem menos. É muito agradável conhecer pessoas e, igualmente bom, é dar-se a conhecer por elas. Eu penso que Jesus tinha isto em mente quando, enquanto humano, conheceu o universo dos humanos ao mesmo tempo em que se deu a conhecer por ele. Viu de perto as suas fraquezas e as suas virtudes ao mesmo tempo em que lhes mostrou suas dores mais profundas, a solidão, a angústia e até o seu limite: passa de mim este cálice...”.
Jesus ensinou que devemos amar as pessoas do início ao fim da nossa jornada, conforme demonstrou em João 13. Isto não é fácil e nem é simples, pois, requer abnegação, renúncia do ego, consideração pelas fraquezas do outro, e, sobretudo, um conhecimento maduro e compatível de si mesmo.
Lembro-me agora de um poema que escrevi quando tinha mais ou menos dezoito anos onde, tomado pelo sentimento da dureza da existência humana, expus: eu muitas vezes quero ser um bicho pra pelo menos ir viver em paz.... A humanidade é, ao mesmo tempo, linda e dramática; singela e complexa; necessária e deletéria! Somente agora, na idade madura, torna-se possível mensurar o que tantas vezes ouvi dos mais velhos quando em criança: É mais fácil criar galinhas que lidar com gente!”.
A responsabilidade pastoral muitas vezes se confunde com a incumbência paistoral – um neologismo agridoce... Quem se nega a disciplinar e repreender seu filho não o ama; quem o ama de fato não hesita em corrigi-lo Pv. 13.24. Ocorre que nem sempre é possível corrigir uma ovelha como a um filho... Há filhos dóceis e ovelhas indomáveis.
Quando o Senhor Jesus afirmou: Eu conheço as minhas ovelhas, Ele sabia perfeitamente do que estava falando – Tu formaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe Salmos 139.13. Quando, porém, disse: e sou por elas conhecido, estava evidenciando muito mais sobre a Sua capacidade de se deixar conhecer do que da sinceridade dos que poderiam tê-lo conhecido melhor e mais adequadamente. Porventura, não é esta uma descrição assemelhada entre as pessoas da igreja e o pastor? Este tem a obrigação de conhecer e tratar as feridas e as insanidades daquelas; aquelas, quase sempre, nunca sabem discernir quando ele padece ou carece da compreensão, da sensatez e do abraço...
Realmente, jamais poderia ter sido formado do pó aquele que levaria sobre si os pecados do mundo... Era preciso ter nascido por obra do Espírito Santo! O coração pastoral tem mais de materno do que de si mesmo. Ser pastor não é uma escolha nossa, pessoal, antes pelo contrário, é obra exclusiva de Deus: é chamado, do qual não se pode arredar e discrepar. Ser pastor é viver uma luta diária e renhida contra a sua natureza do άνθρωπος (homem).
Dá-nos forças, Senhor, para que sejamos semelhança do teu Filho, Jesus Cristo, e não nos cansarmos de amar até o fim; para que saibamos conhecer as ovelhas que nos tem confiado e para que sejamos por elas conhecidos. Dá-nos sempre a mesma força da humildade e mansidão dadas ao Teu Santo Filho que, imerso no mais agudo da dor da traição e da incompreensão, clamou: Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!. Dá-nos a alegria e a dignidade de nos sentirmos como Jesus ao ouvir de Ti: Este é o meu Filho muito amado, em quem eu tenho prazer!. Livra-nos do desejo de vingança, pois ela a Ti pertence. Livra-nos de devolver as pedras lançadas. Dá-nos o gozo permanente de simplesmente saber introjetar a Tua promessa: Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós Mateus 5.11-12.     

Um comentário:

Carol disse...

Texto maravilhoso!!! Deus o abençoe pastor! Carol