ASFIXIA ESPIRITUAL...
Pr. Raul Marques
A asfixia é a insuficiência ou ausência de oxigenação.
É a interrupção respiratória. É a retirada do fôlego. É a vida se esvaindo.
Quando nos falta o essencial à vida podemos dizer que estamos mergulhados na
asfixia; estamos sendo sufocados pela ausência de conteúdos vitais.
Infelizmente, tem sido muito comum encontrar pessoas asfixiadas
existencialmente. Viver e vencer não têm sido uma tarefa fácil no mundo
moderno, sobretudo porque somos influenciados pelos modismos, pela cultura
capitalista, pela patologia do consumismo, pela religiosidade utilitária que
barganha pela “fé” os “favores” de Deus.
Assim como as empresas têm que dar lucros cada vez maiores, as pessoas
são guiadas cada vez mais para o desejo de ser o que não são; possuir o que não
precisam e a gastar o que não têm. Não nos amamos mais; apenas nos usamos mais.
As famílias se tornaram tão somente um agrupamento de pessoas onde cada um vive
o “seu mundo” particular, completamente indiferente aos sonhos e aspirações do
outro, como se dele de nada dependesse. O estímulo à competição profissional
chegou a um nível tão exacerbado que as pessoas não se vêem mais como pessoas,
e sim, como coisas. O mais dramático em todo esse quadro é a contaminação do
coração e da alma do homem afrontando a Deus. Dói profundamente no coração do
criador a derrocada de toda a sua criação. Estamos vivendo a era da asfixia
espiritual.
“O que é o materialismo, senão o estado do homem que se afastou de
Deus; (...) ele passa unicamente a preocupar-se com os seus interesses
terrestres”. Jean-Paul Sartre. Esta é a dinâmica da
vida humana atualmente. Esta realidade catastrófica atingiu todas as etnias,
todos os povos, línguas, tribos e nações. Por este fato interessa-nos afirmar
que o Senhor não é um Deus nacional, mas universal, pois Ele “amou o
mundo de tal maneira que deu o Filho unigênito para que todo aquele que nele crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
A humanidade sente falta da oxigenação de uma fé madura, alimentada não
pelas ideologias ou filosofias dos homens, mas pela força inconteste de toda
palavra que sai da boca de Deus. Quando deixamos os preceitos de Deus estamos
abdicando do sopro de vida. Quando permitimos que a nossa mente seja comandada
pelos ditames deste mundo, automaticamente estamos iniciando o doloroso
processo de asfixia espiritual, que redundará na morte da nossa alegria e na perda
completa do nosso entusiasmo para com a vida.
Tenho conhecido jovens asfixiados com a vida que levam, perdidos em
sonhos malfadados; desiludidos pelas fantasias das paixões; famílias inteiras
que se arrastam numa sobrevida insignificante, trancadas nas conveniências
sociais que, enfim, lhes fecharam a torneira da respiração. Tenho visto pessoas
cuja fé nada opera, cuja esperança nada traz, cuja alegria pereceu; gente
asfixiada por uma religiosidade decadente, sem propósitos para viver e vencer.
Tenho encontrado pessoas sufocadas pelas decisões impensadas; marcadas por
mágoas e ressentimentos vividos com quem lhes dizia amar.
Tenho absoluta certeza que Jesus também pensava nesse tempo quando
disse: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis
aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” João
16:33; Ele sabia que nos faltaria o ar nestes dias tão difíceis. O ar que
necessitamos para a oxigenação da nossa vida não vem de baixo; ele vem do alto.
Se quisermos de volta o sopro de Deus em nossas narinas devemos começar a fazer
o que Jesus nos ensinou: “Buscai em primeiro lugar o Reino de
Deus e a Sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas". (Mt
6:33). A oxigenação da família é a oração cotidiana; a oxigenação da juventude
é a verdadeira adoração; a oxigenação de todos os homens é o retorno ao
primeiro amor!
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