A BENGALA
Pr. Raul
Marques
Lendo recentemente um artigo sobre reumatologia, deparei-me
com este trecho sobre o uso da bengala, que me chamou a atenção
para relacioná-lo a outros aspectos da vida em geral, mais especificamente com
relação à fé ou, pelo menos, à nossa relação com o divino: “O momento para a indicação de uma bengala, de acordo com o reumatologista
Ricardo Fuller, membro da Comissão
de Osteoartrite da SBR, deve ser definido por um médico ou fisioterapeuta e
ocorre quando o paciente apresenta limitações ou dor quando caminha, perda do
equilíbrio e quedas frequentes”.
De pronto me veio à mente uma gama de outras utilizações que
se fazem deste instrumento, às vezes invisível e fora do contexto próprio...
Quantas pessoas fazem uso de “bengalas”
sociais? Quantas se utilizam de “bengalas”
espirituais? Para a reumatologia e/ou fisioterapia a bengala é extremamente
positiva, sobretudo porque auxilia o apoio e à mobilidade daqueles que, ou
estão com limitações motoras por acidentes, ou por causa da avançada idade.
Entretanto, é perfeitamente possível perceber que há muitos que fazem uso de “bengalas” para camuflar um amparo às
suas limitações e deficiências morais. Quantas pessoas buscam a “igreja”
porque vêm nela a sua perfeita “bengala”? Quantas buscam entrar na
multidão do “tanque de Betesda” porque esperam encontrar ali uma “bengala”
espiritual? Para estes, a “bengala” está travestida de um “anjo” que descerá para
mover as águas... Quantos, como Nicodemos, um fariseu, mestre na
teologia, referência da religiosidade de sua época, se apoiam numa “bengala”
para questionar a Jesus? Quantos sustentam a “bengala” da hipocrisia tão
somente para se passarem por amigos e companheiros quando, na verdade, são
inimigos e traidores, tal como Judas Escariotes?
“Nos
tempos imperiais do século XIX, no Rio de Janeiro, as famílias fidalgas tiveram
mais oportunidades de frequentar bailes, espetáculos de teatro, comemorações do
calendário oficial da Coroa e as famosas cerimônias do “beija-mão” – já
arcaicas no restante da Europa, mas preservadas pelos portugueses. Nestas
ocasiões, os senhores mais abastados podiam exibir em público seus fraques,
cartolas, bengalas e camisas de seda”. Nota-se que neste contexto as “bengalas”
eram expressão de glamour, ainda que muitos que delas faziam uso estivessem em
queda financeira ou fraqueza política, como no caso da realeza portuguesa ao
chegar ao Brasil.
Que
tipos de “bengalas” são mais percebidas hoje? A “bengala” falaciosa da ascensão das classes sociais; do engodo da mudança repentina de crenças e
dogmas seculares; dos “Pilatos” modernos que aderiram a
Jesus; dos “Herodes” com posturas piedosas; dos “Barrabás” que se amparam
nas multidões incautas e conseguem condenar os “justos”; dos que pensam
possuir procuração de Jesus para representá-lo e dele recebem a seguinte
interpretação: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não
podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são,
e tu os achaste mentirosos” Apocalipse 2:2.
As
nossas fraquezas não podem ser amparadas por “bengalas” espirituais. A
única maneira de termos firmes os nossos passos é a ROCHA, que é Jesus, o
nosso único apoio real!
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