segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VENDAVAIS...


Pr. Raul Marques
Vendavais são perturbações marcantes no estado normal da atmosfera. Deslocamento violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão. Os vendavais, também chamados de ventos muito duros, correspondem ao número 10 na escala de Beaufort, compreendendo ventos cujas velocidades variam entre 88,0 a 102,0 km/h. Os ventos com velocidades maiores recebem denominações específicas: 103,0 a 119,0 km/h ciclone extratropical; acima de 120,0 km/h ciclone tropical, furacão ou tufão. O vendaval é fenômeno físico da natureza. Não obstante, existem também os vendavais existenciais, e esses são próprios da natureza humana. Como aqueles, estes também são perturbações marcantes no estado normal dos indivíduos. São violentos deslocamentos de forças da insensatez direcionados contra a racionalidade, visando a perturbação e a inquietação da alma. Os vendavais existenciais também são organizados em escala de gravidade, e a sua velocidade suprema é a força motivadora das angústias que levam ao suicídio. É o ápice do desvario e da loucura. É um ato de suprema possessão do mal. Os vendavais existenciais podem ter início em pequenos insucessos; em detalhes de ciúmes não percebidos; na inveja; na covardia; na traição; na frustração; nos sonhos irrealizados; enfim, no acolhimento do lixo do pecado se avolumando em pequenos cestos... Os vendavais existenciais sacodem as nossas vidas, revolvem os nossos sentimentos, desorganizam pensamentos, apagam as nossas aspirações e minam as nossas esperanças. Os ventos tempestuosos são forças contrárias que planejam nos arremessar contra as rochas em meio a um mar bravio. Eles sempre ocorrem quando o tempo se fecha completamente absorvido pelas trevas. É aí que reside a nossa extrema necessidade da companhia de Jesus. Aquele que conhece plenamente o poder destruidor das tempestades, é o único que pode sempre nos socorrer na hora da angústia. No mar da vida nunca poderemos prescindir da presença de Jesus no barco da nossa existência. É bastante lembrarmos a passagem de Lucas 8.22-25, onde encontramos o questionamento dos discípulos de Jesus: “Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?”. Se as forças da natureza se rendem à voz de Jesus Cristo, porque é tão difícil à natureza humana quedar-se diante dele em meio às tempestades existenciais? Creio que o melhor da vida só nos ocorrerá quando tomarmos a decisão de “passar para a outra margem” no mesmo barco em que Jesus está: o barco da Salvação. Não há vendaval que resista ao poder de Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

LAMENTO INSPIRADO EM JESUS


Pr. Raul Marques


No Evangelho de Mateus 23.37, Jesus faz um lamento sobre Jerusalém que deixa evidentes os seus anseios e o seu amor não correspondido por aquela gente. Ele lamenta ter tanto para dar e não poder oferecer em virtude da dureza do coração do povo. A dureza era tão grande que levou Jesus a fazer uma acusação dolorosa: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados!". Infelizmente esta é uma realidade presente na Terra Santa e enraizada nas igrejas cristãs pelo mundo afora... Recentemente recebi um valioso presente de um amigo-irmão: um livro. Eu amo os meus amigos e amo os meus livros; ambos me ensinam com aquilo que trazem dentro de si. O conteúdo do livro-presente é magnífico! Não podia ter vindo em momento mais oportuno... Estou lendo com paciência e com muita avidez.Pois bem, Jesus e o presente me levaram a fazer igualmente um lamento: Por que sofremos pelas causas erradas? Por que sofremos pelas pessoas erradas? Mas, afinal, vale a pena lamentar os dias passados se eles fatalmente não voltam jamais? Por que então não recomeçar a partir da perspectiva de que os dias que se seguem serão os últimos da minha curtíssima vida? Lamento que deixei de abraçar a muitos, porque outros me impediram com os seus azedumes. Lamento que deixei de visitar a tantos, porque alguns poucos me impediam com os seus julgamentos. Lamento não ter chorado junto com alguns que necessitavam, porque outros que eram sarcásticos riam falsamente. Lamento não ter falado do amor de Jesus para pessoas tão sinceras e carentes, preferindo perder tempo com aquelas que só o conheciam literariamente. Lamento não ter dedicado mais tempo a oração, porque muitos me roubaram tempo com conversas vazias e infundadas. Lamento não ter gasto mais tempo com a família, porque muitos me trancaram no quarto da ambição e vaidade pessoais deles. Lamento não ter lido mais livros, preocupado com gente sem propósitos para viver. Tudo isso eu lamento profundamente, mas não posso me esquecer de que "as misericórdias do Senhor se renovam cada manhã", e assim sendo, ainda tenho tempo para recuperar o tempo perdido vivenciando o presente de maneira intensa e significativa. Aos que me obstacularam a vida, impedindo que fossem realizados planos altruístas e cheios de repercussão, só posso dizer-lhes aquilo mesmo que Jesus expressou ao povo de Jerusalém: "quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quizeste!". Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

COMO AS ESTAÇÕES DO ANO...


Pr. Raul Marques

É incrível como tudo o quanto Deus fez é perfeito! Nada, absolutamente nada, está fora de mutualidade de interação, integração e cooperação. Tudo foi criado com um objetivo muito específico, e por este motivo existe, dentro de uma deliberada interdependência, para que uma parte seja a completude da outra parte, e assim sucessivamente... Vejamos, por exemplo, a imensa semelhança entre a vida individual dos seres humanos e as estações do ano com toda a sua riqueza de conteúdo e circunstância. “Todo mundo já sabe que durante o ano ocorrem quatro estações: Primavera, verão, outono e inverno. As estações do ano acontecem por causa da inclinação da terra em relação ao sol. O movimento do nosso planeta em torno do sol dura um ano. Esse movimento recebe o nome de translação e a sua principal conseqüência é a mudança das estações do ano. Se a Terra não se inclinasse em seu eixo, não existiriam as estações. Cada dia teria 12 horas de luz e 12 horas de escuridão. E como o eixo do planeta terra forma um ângulo com seu plano orbital, existe o verão e o inverno, dias longos e dias curtos. Durante o Verão, os dias amanhecem mais cedo e as noites chegam mais tarde. Ao longo dos três meses desta estação, o sol se volta lentamente para a direção norte e os raios solares diminuem sua inclinação. No início do Outono, os dias e as noites têm a mesma duração: 12 horas. Isso é porque a posição do sol está exatamente na linha do Equador. Porém, o sol, vai continuar se distanciando aparentemente para norte. A partir daí, os raios solares atingem o mínimo de inclinação no início do Inverno, e, ao contrário do Verão, os dias serão mais curtos e as noites mais longas. Então, o Sol vai começar a se deslocar na direção sul. Começando então a Primavera e os dias e as noites terão a mesma duração. Portanto, as estações do ano e a inclinação dos raios solares variam com a mudança da posição da Terra em relação ao Sol. Quando o Pólo Norte se inclina em direção ao Sol, o hemisfério Norte se aquece ao calor do verão. Seis meses mais tarde, a Terra percorreu metade de sua órbita. Agora o Pólo Sul fica em ângulo na posição do Sol. É verão na Austrália e faz frio na América do Norte”. A vida humana também existe em ciclos: na primavera existencial a vida é cheia de flores; os dias não são tão quentes e nem muito frios; há uma enorme manifestação de amor, de produção e de reprodução; no verão, no entanto, um período mais quente é mais comum a busca por lugares frescos, pelos ribeiros de água. Há uma explosão de alegria e nós tendemos a ser mais receptivos; o outono vem com as folhas caindo no chão da nossa existência: são os sonhos que se desfizeram... No inverno, tudo parece muito mais frio; as chuvas são freqüentes e há muita rajada de trovão e relâmpago; nós tendemos à reclusão nesta fase...
Em que período você está agora? Qual a estação existencial que você vive agora? Não importa qual delas venha a ser, o importante mesmo é saber se também em você os ciclos existem porque sua vida gira em torno de Jesus, o sol da justiça; e se esse movimento recebe o nome de adoração, as estações vão e vêm, as mudanças surgem e desaparecem, mas o principal permanece: o amor – cheio de muita esperança e fé – pois este, segundo a Bíblia, jamais acaba!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Nós, o fósforo e a vela...

Pr. Raul Marques


Vasculhando os meus alfarrábios encontrei uma ilustração que eu havia guardado desde a época em que fui seminarista, quando a usei numa redação em um dos períodos da disciplina "Português". Foi muito bom reavê-la, sobretudo porque tive saudades dos colegas, do professor, mas, igualmente por que ela me trouxe a uma realidade presente que, embora dura, é profundamente enriquecedora. A Bíblia nos ensina que se a semente não morrer não pode germinar. Isto significa que tudo tem um tempo de vida; tudo tem um ciclo; tudo tem um propósito. Aliás, a Bíblia também nos ensina que há tempo para todo propósito debaixo do céu... Quando reli a fábula do Fósforo e a Vela logo vi luz jogada sobre minhas circunstâncias vivenciadas presentemente. O fósforo, para ser útil em dissipar as trevas, precisa que lhe esfreguem sobre uma lixa incendiária, e assim brilhará até que vire um minúsculo carvão. Para continuar irradiando o seu brilho será necessário que, antes de perecer, ateie o seu fogo numa vela. A vela, por sua vez, será apenas um pequeno rolo de parafina com um pavio central, fria e sem brilho, até que lhe acendam e assim possa iluminar quantos estejam próximos dos seus raios de luz até que, finalmente, derretida complete o seu ciclo de vida, e outra vela seja posta em seu lugar para continuar brilhando.
Assim também é o ciclo de nossas vidas. Ninguém viverá eternamente sem que tenha vida própria. Para que o nosso brilho seja eterno é necessário que tenhamos em nós a fonte de vida eterna; e esta fonte é JESUS CRISTO. Por este motivo Ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim ainda que esteja morto, viverá" (João 11.25). Todos nós recebemos de Deus uma tarefa a cumprir e devemos fazê-lo com a consciência de que ela tem começo, meio e fim. Quantas vezes nos sentimos meio fósforos, meio velas? Se ainda desejamos que o nosso brilho repercuta, é preciso que acendamos outros fósforos que sejam capazes de acenderem outras velas, afinal de contas, disse-nos Jesus ao nosso respeito: "vós sóis a luz do mundo". Que o Senhor nos ajude a entender o início, o meio e o fim de cada uma das tarefas que nos foram confiadas, e cumpri-las com a dignidade do fósforo e da vela, ainda que tenhamos que perecer... Ainda que venhamos nos assemelhar a um minúsculo pedaço de carvão ou a uma gota de parafina derretida... Mais importante será que tenhamos cumprido a nossa parte de modo a ouvirmos do Senhor: “bem está, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” Mateus 25.21.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O LADO MATERNO DO HOMEM

Pr. Raul Marques
Se existe algo que me deixa extasiado e absurdamente maravilhado, é o fato divino-humano da geração de vida no ventre materno. Não pode existir algo mais sublime e tão complexamente engenhoso! Com esse mesmo sentimento o salmista se expressou quando escreveu o Salmo 139:14 "Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem".
A maternidade é um milagre de Deus: torna as mulheres muito mais bonitas, mais sensíveis, mais frágeis, mais divinas e, sem sombra de dúvidas, mais encorajadoras da raça humana. Através da sensibilidade feminina, sobretudo na gestação, o homem consegue flexibilizar o coração; e, através do fruto do ventre da mulher ele é moldado, de tal maneira que se desencoraja para a guerra e se potencializa para o exercício da paz.
Junto da mulher o homem experimenta o seu lado mãe: ele torna-se capaz de amar com todas as forças do seu coração. Junto da mulher o homem se completa, pois esse é o plano original de Deus. Com o nascimento dos meus filhos eu me vi envolvido na nobreza de ser Pai. Com o nascimento da minha neta, experimentei a sublimidade de ser Pãe, uma forma híbrida de ser pai e mãe. Foram experiências maternas na pele e na alma masculina que Deus criou.
Sempre que me deparo com mulheres grávidas sinto a presença de Deus mais claramente diante de mim. Percebo que nem tudo está perdido. Deste modo posso crer muito mais nos efeitos do amor. A gestação mexe com a minha consciência poética; mexe com a minha aura romântica; mas, mais do que isto, leva-me à majestade infinita de um Deus tão maravilhoso, que na sua graça e misericórdia foi capaz de amar perfeitamente seres tão imperfeitos na sua santidade, tornando-os como Ele, criadores de vida. Que o Senhor conserve sempre em cada homem cristão o lado materno de ser, pensar e agir, ensejando-lhe o caráter e a dignidade de ser homem e de amar.